Desde o fim do século XIX uma verdadeira fonte de inovação criativa autônoma vinha se acumulando nos setores populares e de diversão de algumas grandes cidades. A revolução nas comunicações levou seus produtos muito além de seus ambientes originais. Assim, o tango argentino provavelmente atingiu o auge nas décadas de 1920 e 1930. O samba, destinado a simbolizar o Brasil como o tango a Argentina, é filho da democratização do carnaval do Rio na década de 1920. Contudo, o acontecimento mais impressionante foi o desenvolvimento do jazz nos EUA, sob o impacto da migração dos negros dos estados do Sul para as grandes cidades.
(Eric J. Hobsbawn. Era dos extremos, 1995. Adaptado.)
O excerto descreve um traço muito particular da história contemporânea em que
A tela de Tarsila do Amaral (1886-1973) foi feita em Paris antes de sua volta ao Brasil em dezembro de 1923, e é um marco da pintura modernista. Atrás da figura negra, uma série de listras paralelas, traçadas com um geometrismo preciso. Sofisticado, isento e inorgânico, esse segundo plano parece mimetizar o mundo cultural europeu. No primeiro plano, recortando-se contra esse painel decorativo, a figura totêmica, monumental da negra, de anatomia exuberante. Entre seu corpo de barro e o fundo geométrico, uma única folha de bananeira estilizada serve de ligação. A folha se estende na diagonal, contendo em si elementos de ambos os planos – as linhas marcadas do fundo e as formas arredondadas da figura – e parece um híbrido de natureza e cultura. Como de resto no modernismo em geral, as tendências estéticas europeias ficam no segundo plano, e sobre ele se recorta a face da nova arte brasileira.
(In: Taisa Palhares (org.). Arte brasileira na Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2009. Adaptado.)
O comentário da historiadora de arte Vera D’Horta refere- -se à pintura reproduzida em: