Leia o poema “Ela canta, pobre ceifeira”, do escritor Fernando Pessoa (1888-1935), para responder à questão.
Ela canta, pobre ceifeira1,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,
Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.
Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões p’ra cantar que a vida.
Ah, canta, canta sem razão!
O que em mim sente ’stá pensando.
Derrama no meu coração
A tua incerta voz ondeando!
Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso! Ó céu!
Ó campo! Ó canção! A ciência
Pesa tanto e a vida é tão breve!
Entrai por mim dentro! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai!
(O guardador de rebanhos e outros poemas, 1997.)
1 ceifeira: mulher que trabalha no corte de cereais.
No poema, o escritor recorre a uma construção paradoxal no seguinte verso:
Assim como a mais importante fase da literatura brasileira, em poesia, foi a romântica na segunda metade do século XIX, a mais significativa, em prosa, foi aquela inaugurada por José Américo de Almeida, em 1928, com A bagaceira. É ________ este período (década de 1930, basicamente) que corresponde ________ notável literatura regional do Nordeste brasileiro. E é ________ este período que pertence ciclo da cana-de-açúcar de José Lins do Rego, o mais importante escritor regional de nossa literatura.
(Ivan Cavalcanti Proença. “Apresentação”. In: José Lins do Rego. Menino de engenho, 2013. Adaptado.)
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.
Leia o poema “Ela canta, pobre ceifeira”, do escritor Fernando Pessoa (1888-1935), para responder à questão.
Ela canta, pobre ceifeira1,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,
Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.
Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões p’ra cantar que a vida.
Ah, canta, canta sem razão!
O que em mim sente ’stá pensando.
Derrama no meu coração
A tua incerta voz ondeando!
Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso! Ó céu!
Ó campo! Ó canção! A ciência
Pesa tanto e a vida é tão breve!
Entrai por mim dentro! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai!
(O guardador de rebanhos e outros poemas, 1997.)
1 ceifeira: mulher que trabalha no corte de cereais.
Na construção “Entrai por mim dentro!” (6a estrofe), o escritor faz uso da figura de sintaxe conhecida como