Leia os textos para responder à questão.
TEXTO 1
Lei da palmada. (...) Ou: Um recado a Xuxa
Após confusão envolvendo a apresentadora Xuxa e o pastor Eurico, que trouxe à tona a “agressão” da “Rainha dos Baixinhos” ao fazer um filme erótico com um adolescente no passado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou a “Lei da Palmada”, agora rebatizada de “Menino Bernardo”.
O deputado petista Alessandro Molon justificou a medida: “O projeto cria regras para proteger as crianças contra tortura, tratamento humilhante. Tem criança sendo queimada com ferro, com colher, sendo espancada e morta. Não há punição para os pais, é só orientação”. Queimada com ferro? Espancada? Morta? E… isso hoje é, por acaso, permitido por lei?
(...)
E com um recado direto a Xuxa: você tem todo o direito de se arrepender de seu passado, de desejar ardentemente apagar da memória, sua e coletiva, as cenas daquele filme. Tem também o direito de acreditar que essa bandeira política representa o melhor caminho para isso, ou então de se empenhar genuinamente em uma luta em prol das crianças.
Trata-se de uma nobre causa, sem dúvida. Mas…
Cuidado! Tome muito cuidado para não bancar a inocente útil de revolucionários que pretendem implantar de vez um regime totalitário, com todo o poder concentrado no estado. Há muitos lobos em pele de cordeiro por aí. De boas intenções o inferno está cheio, já diz o conhecido ditado. (...)
O que está por trás desse movimento, Xuxa, não é nada disso; e sim a disputa por um tipo de mentalidade: cabe ao estado tomar conta da forma de educar nossos filhos, ou cabe a cada família decidir por conta própria, dentro de certos limites óbvios que respeitem a integridade física de cada indivíduo, e que já existem em nossas leis?
O pastor pode ter se excedido no ataque, pode ter sido infeliz, mas não acredite no pedido de desculpas em nome de seu partido, pois é véspera de eleição, e nenhum candidato quer ter uma famosa e influente apresentadora indignada contra ele.
A verdade é que ele falou em nome de muitos brasileiros, de milhões de brasileiros, gente de classe média, evangélica ou não, mas que quer preservar a instituição familiar contra os crescentes avanços estatais, o ovo da serpente do totalitarismo. Não ignore isso, Xuxa!
O tempo é o senhor da razão, e mostrará consequências nefastas dessas medidas. Na História, lá estará o seu nome, como ícone de uma lei que representou um importante passo rumo ao controle absoluto do estado sobre nossas vidas, invadindo nossos lares, incitando filhos contra pais, determinando até mesmo como colocá-los de castigo, e tratando um pai ou uma mãe, tirados do sério pela típica manha juvenil clamando por limites, que resolvam aplicar um beliscão ou dar uma palmada no rebento, como criminosos, assassinos!
Rodrigo Constantino. Revista Veja. 22 de maio 2014. Disponível em:< http://goo.gl/f3sOKE.> Acesso em : 23 ago. 2014. (Adaptado).
TEXTO 2
Lei da Palmada diverge opiniões de pais e especialistas do Alto Tietê
Essa semana completa-se um mês que a chamada Lei da Palmada, que proíbe qualquer castigo físico por parte dos pais, entrou em vigor. A legislação ainda deixa muitas dúvidas e divide opiniões, já que a “palmadinha" - que seria só para educar - para os especialistas, é cultural e ainda tem defensores. Porém, a lei é clara e garante às crianças e adolescentes o direito de serem educados sem castigos físicos que provoquem dor ou lesão.
“A palmada é uma maneira de educar também, porque a gente conversa uma, duas, três vezes, mas uma hora que a criança quer enfrentar o pai, parece que ela acha que está certa e não entende mesmo. De vez em quando tem que dar uma palmadinha. Não tem como”, opina a estudante Vitória Moreira da Silva, mãe de um menino de oito anos.
Ela afirma que toma cuidado para não machucar a criança. “Geralmente é na parte traseira e não tem como ser com força porque a gente acaba batendo com amor. A gente bate com dor no coração. É só para levar a aquele susto e ele entender que está errado”, continua Vitória.
A mãe dela sofre e é contra as palmadas. “Eu nunca bati nela. Eu só deixava ela de castigo. Prefiro uma conversa, chamar a criança e explicar direitinho. Eles vão entender”, afirma a aposentada Terezinha Gregório Moreira.
A lei aprovada pelo Congresso pretende acabar com as palmadinhas. De acordo com o texto, as crianças e os adolescentes têm que ser educados sem castigo físico que provoque dor ou lesão. As agressões verbais e humilhações também são inaceitáveis.
(...)
Agostinho Caporalli, especialista em psicologia infantil, é totalmente contra qualquer tipo de agressão. “Eu acho que todo tipo de agressão, independente do grau, deve ser evitada. Não importa se você dá um tapinha, um beliscão ou uma surra. Se você dá um tapinha hoje, amanhã você pode estar irritado e descontar na criança se ela fizer alguma coisa.
Vai além do tapinha”, afirma. Para ele, um simples tapa na criança pode causar danos futuros. “A criança se sente lesada, humilhada, com raiva. Ela aprende que quando ela crescer vai poder colocar essa mesma agressividade para fora. Existem formas mais inteligentes. A criança aprontou? Coloque ela de castigo, pense num castigo proporcional ao que a criança está fazendo”, orienta. (...)
G1. 24 de jul. 2014. Disponível em: < http://goo.gl/bXE2aT>. Acesso em 26 ago. 2014.
É CORRETO afirmar que o texto 1 e o texto 2 convergem ao: