Texto 1
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
(Carlos Drumond de Andrade. Alguma poesia, 2002.)
No poema de Drummond, a construção dos versos vale-se dos seguintes recursos coesivos:
Texto 1
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
(Carlos Drumond de Andrade. Alguma poesia, 2002.)
A leitura comparativa deixa claro que os dois textos
Corte na inovação
O governo brasileiro afirma dar alta prioridade ao reforço da competitividade do setor produtivo.
Entre os esforços nessa direção, as autoridades enfatizam o estímulo às áreas irmãs da ciência e tecnologia e da pesquisa e desenvolvimento. Essas atividades são a base para a inovação: a criação de novos produtos e processos e sua difusão pela economia – que se torna mais eficiente e, portanto, mais competitiva.
No entanto, no recente anúncio de cortes no Orçamento da União, o MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) foi um dos mais sacrificados. O corte de verbas chegou a 22%, o que reduziu em R$ 1,5 bilhão os recursos à disposição da pasta para despesas não obrigatórias.
Contradições entre o discurso e a prática do governo estão longe de constituir novidade. Basta lembrar que, em 2011, ao anunciar cortes no Orçamento, o governo prometeu poupar os investimentos – e, ao final do ano, constatou-se que eles minguaram para 1% do PIB (contra 1,2 % em 2010).(Folha de S.Paulo, 03.03.2012. Adaptado.)
A conjunção No entanto, que introduz o terceiro parágrafo do texto, estabelece na organização textual relação de sentido equivalente à qual se verifica no seguinte enunciado, adaptado de Folha de S.Paulo, 01.01.2012:
Texto 1
E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus, para dançar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua cama de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher.
(Aluísio de Azevedo. O cortiço, 1999.)
Texto 2
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.(José de Alencar. Iracema, 2005.)
A passagem – A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua cama de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível [...]. –, sem prejuízo de sentido e das relações gramaticais definidas no enunciado, em norma-padrão da língua portuguesa, equivale a: