A história da Etiópia moderna tem lugar especial nas narrativas da globalização e do colonialismo africano e na história da diáspora no continente africano. A Etiópia foi o único país africano capaz de preservar sua independência no período da partilha europeia, e o fez pela posse de armas e com a implantação de poderosas instituições e símbolos religiosos e políticos. Para os africanos, que suportaram — e até hoje suportam — o peso do racismo moderno associado com o comércio europeu de escravos e a aventura colonial, o compromisso histórico da Etiópia com a autonomia política e religiosa é um importante testemunho não só do humanismo, mas também da liberdade africana.
Saheed Yinka Adejumobi. Herdeiros de Axum. In: Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 11, n.º 125, jul./2016, p. 35 (com adaptações).
Considerando o fragmento de texto precedente e o contexto histórico ao qual ele se refere, faça o que se pede no item.
Com relação ao contexto histórico que se estende do final do século XVIII até o século XIX, assinale a opção correta.
Todos os homens reconhecem o direito de revolução, isto é, o direito de recusar lealdade ao governo e opor-lhe resistência quando sua tirania ou sua ineficiência tornam-se insuportáveis. (...) Se alguém me dissesse que um governo é ruim porque tributa determinadas mercadorias estrangeiras trazidas a seus portos, é bastante provável que eu não movesse uma palha a respeito, já que posso passar sem elas. Todas as máquinas têm seu atrito, e isto possivelmente tem um lado bom que compensa o lado ruim. De qualquer modo, seria bastante nocivo fazer muito alvoroço por causa disso. Mas, quando o atrito chega ao ponto de controlar a máquina, e a opressão e o roubo se tornam organizados, digo que não devemos mais ficar presos a tal máquina. Em outras palavras, quando um sexto da população de uma nação que se comprometeu a ser o abrigo da liberdade é formado por escravos, e um país inteiro é injustamente invadido e conquistado por um exército estrangeiro e submetido à lei militar, penso que não é demasiado cedo para os homens honestos se rebelarem e darem início a uma revolução. O que torna este dever ainda mais urgente é o fato de que o país invadido não é o nosso, mas é nosso o exército invasor.
Henry D. Thoreau. A desobediência civil. 1849 (com adaptações).
Tendo como referência esse texto de Thoreau, julgue o item.
A guerra dos Estados Unidos da América contra o México foi severamente criticada por Thoreau, que chegou a ser preso por não pagar impostos, em defesa dessa sua crítica.
Em fins do século XVIII, era comum entre camponeses ingleses a ideia de que indivíduos que trabalhavam no trato do gado, especialmente aqueles que se ocupavam em ordenhar vacas, não contraíam a varíola. O Dr. Edward Jenner parece ter-se interessado por essa crença popular pela primeira vez na década de 70 daquele século, quando uma camponesa lhe disse que “não corria o risco de contrair varíola porque havia tido vacina (cowpox)”. A vacina é uma doença que ocorre ocasionalmente nas vacas e que consiste em ulcerações altamente contagiosas. Jenner passou a pesquisar o assunto e notou que, com efeito, certos indivíduos que se ocupavam de ordenhar vacas não contraíam a varíola nas grandes epidemias de bexigas. Soube depois que tais pessoas, tendo esfoladuras nos dedos, contraíam botões semelhantes ao cowpox das vacas. Chegou, assim, à hipótese, que já lhe fora sugerida pela camponesa, de que o indivíduo que contraía o cowpox adquiria imunidade contra a varíola. Realizou, então, experimentos e, após anos de paciente observação, apresentou os resultados de seu trabalho num livreto publicado em 1798. A medicina popular camponesa estava correta e dera a Jenner a pista para a descoberta da vacinação antivariólica.
Sidney Chalhoub. Cidade febril: cortiços e epidemias na corte imperial. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 105-106 (com adaptações).
Tendo como referência inicial o texto precedente, julgue o item.
Na Europa, a vacinação antivariólica foi amplamente aceita pela população, pela classe política e por cientistas ainda no século XIX, o que resultou na erradicação da varíola no final daquele século.
Em fins do século XVIII, era comum entre camponeses ingleses a ideia de que indivíduos que trabalhavam no trato do gado, especialmente aqueles que se ocupavam em ordenhar vacas, não contraíam a varíola. O Dr. Edward Jenner parece ter-se interessado por essa crença popular pela primeira vez na década de 70 daquele século, quando uma camponesa lhe disse que “não corria o risco de contrair varíola porque havia tido vacina (cowpox)”. A vacina é uma doença que ocorre ocasionalmente nas vacas e que consiste em ulcerações altamente contagiosas. Jenner passou a pesquisar o assunto e notou que, com efeito, certos indivíduos que se ocupavam de ordenhar vacas não contraíam a varíola nas grandes epidemias de bexigas. Soube depois que tais pessoas, tendo esfoladuras nos dedos, contraíam botões semelhantes ao cowpox das vacas. Chegou, assim, à hipótese, que já lhe fora sugerida pela camponesa, de que o indivíduo que contraía o cowpox adquiria imunidade contra a varíola. Realizou, então, experimentos e, após anos de paciente observação, apresentou os resultados de seu trabalho num livreto publicado em 1798. A medicina popular camponesa estava correta e dera a Jenner a pista para a descoberta da vacinação antivariólica.
Sidney Chalhoub. Cidade febril: cortiços e epidemias na corte imperial. São Paulo: Companhia das Letras, 2004, p. 105-106 (com adaptações).
Tendo como referência inicial o texto precedente, julgue o item.
Considerando o texto apresentado, o contexto nele abordado e a Revolução Industrial, assinale a opção correta.
O medo das vacinas não é novo no Brasil. É até mais antigo que a emblemática Revolta da Vacina, de 1904. O país viveu um drama sanitário do mesmo tipo no decorrer do século XIX. A doença em questão era a varíola — hoje erradicada do mundo. Apesar de os governos de Dom João VI, Dom Pedro I e Dom Pedro II terem oferecido a vacina gratuitamente aos súditos, muitos fugiam dos vacinadores, o que contribuía para que as epidemias de varíola fossem recorrentes e devastadoras.
Documentos históricos guardados no Arquivo do Senado, em Brasília, mostram que a baixa adesão às campanhas de vacinação foi um problema que atormentou os senadores do início ao fim do Império. “Em Santa Catarina, têm morrido para cima de 2.000 pessoas”, discursou em 1826 o senador João Rodrigues de Carvalho (CE), citando a província da qual fora presidente (governador): “Eu estabeleci ali a vacina, deixando-a encarregada a um cirurgião hábil, mas quase ninguém compareceu. Os povos estão no erro de que a vacina não faz efeito. Quando o interesse público não se identifica com o interesse particular, nada se consegue”.
Ricardo Westin. Fake News sabotaram campanhas de vacinação na época do Império no Brasil. In: El País, 25/12/2020 (com adaptações).
Considerando o assunto do texto anterior e os vários aspectos a ele relacionados, julgue o item.
Infere-se do texto que a desconfiança em relação à eficácia das vacinas levou a população a rejeitá-las e que isso concorreu para que epidemias de varíola fossem constantes no Brasil.
O medo das vacinas não é novo no Brasil. É até mais antigo que a emblemática Revolta da Vacina, de 1904. O país viveu um drama sanitário do mesmo tipo no decorrer do século XIX. A doença em questão era a varíola — hoje erradicada do mundo. Apesar de os governos de Dom João VI, Dom Pedro I e Dom Pedro II terem oferecido a vacina gratuitamente aos súditos, muitos fugiam dos vacinadores, o que contribuía para que as epidemias de varíola fossem recorrentes e devastadoras.
Documentos históricos guardados no Arquivo do Senado, em Brasília, mostram que a baixa adesão às campanhas de vacinação foi um problema que atormentou os senadores do início ao fim do Império. “Em Santa Catarina, têm morrido para cima de 2.000 pessoas”, discursou em 1826 o senador João Rodrigues de Carvalho (CE), citando a província da qual fora presidente (governador): “Eu estabeleci ali a vacina, deixando-a encarregada a um cirurgião hábil, mas quase ninguém compareceu. Os povos estão no erro de que a vacina não faz efeito. Quando o interesse público não se identifica com o interesse particular, nada se consegue”.
Ricardo Westin. Fake News sabotaram campanhas de vacinação na época do Império no Brasil. In: El País, 25/12/2020 (com adaptações).
Considerando o assunto do texto anterior e os vários aspectos a ele relacionados, julgue o item.
As precárias condições sanitárias nas cidades brasileiras, comuns nos períodos colonial e imperial, associadas ao desconhecimento da população sobre as formas de transmissão de doenças altamente contagiosas e aos movimentos contrários à vacinação são circunstâncias superadas e ausentes na história contemporânea.