Estamira: ⎯ O homem não pode ser incivilizado. Todos os homens têm que ser iguais. (...) Não é obrigado todos a trabalhar num serviço só, não é obrigado todos comer uma coisa só, mas a igualdade é a ordenança que deu quem revelou o homem como o único condicional. E o homem é o único condicional, seja que cor for. Eu sou Estamira, eu não importo. Eu podia ser da cor que fosse. Eu, formato homem, par, mas eu sou Estamira, mas eu não admito, eu não gosto que ninguém ofende cores, nem formosura. O que importa, bonito, é o que fez e o que faz. Feio é o que fez e o que faz. Isso é feio. A incivilização é que é feio.
Marcos Prado. Estamira (com adaptações).
Com relação à obra Estamira, de Marcos Prado, ao fragmento apresentado, dela extraído, e aos diversos aspectos por ele suscitados, julgue o item seguinte.
Estamira não admite ofensas às cores nem à formosura porque sofre de transtorno mental.
Há mulheres altas e mulheres baixas; mulheres bonitas e mulheres feias; mulheres gordas e mulheres magras; mulheres caseiras e mulheres rueiras; mulheres fecundas e mulheres estéreis; mulheres primíparas e mulheres multíparas; mulheres extrovertidas e mulheres inconsúteis; mulheres homófagas e mulheres inapetentes; mulheres suaves e mulheres wagnerianas; mulheres simples e mulheres fatais; ⎯ mulheres de toda sorte e toda sorte de mulheres no nosso mundo de homens.
Vinicius de Moraes. Química orgânica (com adaptações).
No texto precedente, Vinicius de Moraes classifica as mulheres em variáveis dicotômicas. Algumas das características citadas, como peso e estatura, se distribuem na população seguindo uma distribuição normal. Com relação ao texto e aos múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue o item seguinte.
No texto, o emprego de adjetivos associados ao campo da natureza, da estética ou das emoções para caracterizar as mulheres e a ausência de características que as vincule ao campo da cultura, da inteligência e da razão reforça o papel subalterno socialmente atribuído às mulheres “no nosso mundo de homens”.
No filme Meu amigo Nietzsche, de Fáuston da Silva, o protagonista Lucas é uma criança com dificuldades na escola. Sua professora recomenda que ele leia mais. Ao encontrar no lixão um livro de Nietzsche, o jovem inicia a leitura e sofre transformações em sua vida, melhorando suas notas em todas as avaliações. No entanto, essas transformações não são compreendidas por sua família, nem por sua professora. Ele pergunta à sua mãe se Deus está morto. Sua mãe, então, leva-o para uma igreja. A professora, ao falar sobre as boas notas das avaliações, ouve de Lucas: “avaliar é criar, sem avaliação, a existência seria oca”, e a partir disso acredita que o garoto enlouqueceu. No final, a mãe joga o livro no lixo e diz ao filho que fez isso por amor, ao que ele responde: “Mãe, tudo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal”.
Fáuston da Silva. Meu amigo Nietzsche.
Considerando o fragmento de texto apresentado, bem como o filme Meu amigo Nietzsche, de Fáuston da Silva, julgue o item que se seguem.
No diálogo com professora, o garoto Lucas afirma que a existência é oca se não é possível avaliar a criação divina.
No filme Meu amigo Nietzsche, de Fáuston da Silva, o protagonista Lucas é uma criança com dificuldades na escola. Sua professora recomenda que ele leia mais. Ao encontrar no lixão um livro de Nietzsche, o jovem inicia a leitura e sofre transformações em sua vida, melhorando suas notas em todas as avaliações. No entanto, essas transformações não são compreendidas por sua família, nem por sua professora. Ele pergunta à sua mãe se Deus está morto. Sua mãe, então, leva-o para uma igreja. A professora, ao falar sobre as boas notas das avaliações, ouve de Lucas: “avaliar é criar, sem avaliação, a existência seria oca”, e a partir disso acredita que o garoto enlouqueceu. No final, a mãe joga o livro no lixo e diz ao filho que fez isso por amor, ao que ele responde: “Mãe, tudo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal”.
Fáuston da Silva. Meu amigo Nietzsche.
Considerando o fragmento de texto apresentado, bem como o filme Meu amigo Nietzsche, de Fáuston da Silva, julgue o item que se seguem.
Conforme mostra o texto, quando Lucas rompe com a expectativa do papel social de aluno fracassado que se esperava que ele desempenhasse, o mundo social a sua volta o constrange, considerando-o louco, para que ele retorne à posição social original.
No filme Meu amigo Nietzsche, de Fáuston da Silva, o protagonista Lucas é uma criança com dificuldades na escola. Sua professora recomenda que ele leia mais. Ao encontrar no lixão um livro de Nietzsche, o jovem inicia a leitura e sofre transformações em sua vida, melhorando suas notas em todas as avaliações. No entanto, essas transformações não são compreendidas por sua família, nem por sua professora. Ele pergunta à sua mãe se Deus está morto. Sua mãe, então, leva-o para uma igreja. A professora, ao falar sobre as boas notas das avaliações, ouve de Lucas: “avaliar é criar, sem avaliação, a existência seria oca”, e a partir disso acredita que o garoto enlouqueceu. No final, a mãe joga o livro no lixo e diz ao filho que fez isso por amor, ao que ele responde: “Mãe, tudo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal”.
Fáuston da Silva. Meu amigo Nietzsche.
Considerando o fragmento de texto apresentado, bem como o filme Meu amigo Nietzsche, de Fáuston da Silva, julgue o item que se seguem.
Da organização do texto conclui-se que, ao levar Lucas a uma igreja, sua mãe lhe oferece uma resposta não verbal para sua pergunta acerca da morte de Deus.
Fabiano sentou-se desanimado na ribanceira do
bebedouro, carregou lentamente a espingarda com chumbo
miúdo e não socou a bucha, para a carga espalhar-se e
alcançar muitos inimigos. (...) Reacendeu o cigarro,
[5] procurou distrair-se falando baixo. Sinha Terta era pessoa
de muito saber naquelas beiradas. Como andariam as
contas com o patrão? Estava ali o que ele não conseguiria
nunca decifrar. Aquele negócio de juros engolia tudo, e
afinal o branco ainda achava que fazia favor. O soldado
[10] amarelo...
Fabiano, encaiporado, fechou as mãos e deu murros
na coxa. Diabo. Esforçava-se por esquecer uma
infelicidade, e vinham outras infelicidades. Não queria
lembrar-se do patrão nem do soldado amarelo. Mas
[15] lembrava-se, com desespero, enroscando-se como uma
cascavel assanhada. Era um infeliz, era a criatura mais
infeliz do mundo. Devia ter ferido naquela tarde o soldado
amarelo, devia tê-lo cortado a facão. Cabra ordinário,
mofino, encolhera-se e ensinara o caminho. Esfregou a
[20] testa suada e enrugada. Para que recordar vergonha? Pobre
dele. Estava então decidido que viveria sempre assim?
Cabra safado, mole. Se não fosse tão fraco, teria entrado no
cangaço e feito misérias. Depois levaria um tiro de
emboscada ou envelheceria na cadeia cumprindo sentença,
[25] mas isto não era melhor que acabar-se numa beira de
caminho, assando no calor, a mulher e os filhos
acabando-se também.
[...]
Desceu da ribanceira, agachou-se à beira da água
[30] salobra, pôs-se a beber ruidosamente nas palmas das mãos.
Uma nuvem de arribações voou assustada. Fabiano
levantou-se, um brilho de indignação nos olhos.
⎯ Miseráveis.
A cólera dele se voltava de novo contra as aves.
[35] Tornou a sentar-se na ribanceira, atirou muitas vezes nos
ramos do mulungu, o chão ficou todo coberto de
cadáveres. Iam ser salgados, estendidos em cordas.
Tencionou aproveitá-los como alimento na viagem
próxima. Devia gastar o resto do dinheiro em chumbo e
[40] pólvora, passar um dia no bebedouro, depois largar-se pelo
mundo. Seria necessário mudar-se? Apesar de saber
perfeitamente que era necessário, agarrou-se a esperanças
frágeis. Talvez a seca não viesse, talvez chovesse. Aqueles
malditos bichos é que lhe faziam medo. Procurou
[45] esquecê-los. Mas como poderia esquecê-los se estavam ali,
voando-lhe em torno da cabeça, agitando-se na lama,
empoleirados nos galhos, espalhados no chão, mortos? Se
não fossem eles, a seca não existiria. Pelo menos não
existiria naquele momento: viria depois, seria mais curta.
Graciliano Ramos. Vidas secas. Ed. Record, 2003, p. 123-5 (com adaptações).
Tendo como referência a obra Vidas secas, de Graciliano Ramos, e o fragmento de texto precedente, dela extraído, julgue o item.
No trecho apresentado, Fabiano reflete sobre as inúmeras dificuldades que lhe afligem, relacionadas a suas finanças, a sua relação com o poder, a alterações climáticas bem como ao paradeiro de sua família.