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Centenário da Guerra do Contestado é evocado na Assembleia Legislativa
A Assembleia Legislativa lembrou na noite de ontem (16 de outubro) os 100 anos da Guerra do Contestado, conflito épico e marcante para a história de Santa Catarina, iniciado em outubro de 1912. O episódio mudou o cenário do estado depois de conflagrar uma área de aproximadamente 20 mil quilômetros quadrados, banhando de sangue, durante longos 46 meses, a região que vai do Planalto Catarinense (Curitibanos, Lages, Canoinhas e Porto União), chegando ao Meio Oeste (passando por Caçador, Joaçaba, até a região de Irani). Convocada pelo deputado Antonio Aguiar (PMDB), a sessão especial foi aprovada pela Mesa da Assembleia em reverência a todos os que participaram do episódio.
Aguiar falou aos mais jovens, que talvez não façam ideia da extensão daquele conflito. Para dar a dimensão do que foi, da sua amplitude, lembrou que, “em sucessivos combates pereceram entre 5 mil e 8 mil integrantes das forças insurgentes da região, e entre 800 e mil soldados, de guarnições do governo federal e dos estados. Foram destruídos, durante o período do Contestado, cerca de 9 mil casas e casebres em toda a região, incluindo povoados inteiros. Morreram homens, mulheres, velhos e crianças”.
O parlamentar contextualizou a questão política dos limites de Santa Catarina e do Paraná, apenas um dos componentes de deflagração de conflitos, numa esfera político-administrativa e ressaltou a importância ainda maior do componente social. “Aquela gente sofrida, então revoltada, começou a se organizar, inclusive com alguns fazendeiros que também tiveram suas terras expropriadas. E ganhou força um terceiro ingrediente para o conflito, que foi a questão religiosa.”
O escritor Péricles Prade, membro da Academia Catarinense de Letras e um dos homenageados da noite, destacou o fundo de natureza messiânica na Guerra do Contestado. Segundo ele, por conta da precariedade da medicina e do papel dos monges na promoção de curas, na salvação de doentes com rezas e no conhecimento de remédios naturais, feitos com infusões, eles conquistavam fiéis e eram reconhecidos como expoentes religiosos.
“Esta visão messiânica é também de natureza antropológica, pois é marcante a posição do homem que integra determinada comunidade. Dessa forma, a sociologia também se faz importante com um fundamento que se pode determinar econômico. Do lado positivo, houve abertura para o progresso. Do lado negativo, houve a dizimação de milhares de vidas. Hoje nada se comemora, tragédia não se comemora, evoca-se. Evoca-se a repercussão de um episódio histórico”, finalizou.
O conflito, que passou por muitos episódios, em que o sangue correu em vários rincões de Santa Catarina, acabou com os insurgentes derrotados, pela exaustão e pela fome. Mas ainda assim pode ser considerado responsável pela integração de Santa Catarina, pois uma grande área do estado passou a ser reconhecida como território catarinense, a ponto de o Contestado ser uma grande marca do regionalismo local.
O historiador e chefe de gabinete da prefeitura de Canoinhas, Fernando Tokarski, estudioso da guerra, fez um resgate histórico e citou o também historiador da região do Contestado Nilson Thomé, para quem a Guerra do Contestado foi o evento bélico mais importante da história de Santa Catarina, envolvendo a população sertaneja de um lado, forças militares e nacionais do outro. “O evento, que aconteceu em terras administradas por Santa Catarina e leste do Rio do Peixe, é definido por estudiosos como ‘insurreição xucra’ ou ‘guerra civil’ para religiosos, ocorreu uma ‘rebelião de fanáticos’; para sociólogos, houve um ‘conflito social’; para antropólogos, foi um ‘movimento messiânico’; para políticos, uma tentativa de desestabilização das oligarquias; para administradores públicos, aconteceu uma ‘questão de limites’; para militares, tratou-se de uma ‘campanha militar’; para socialistas, aconteceu uma ‘luta pela terra’. Entretanto, para historiadores regionais da atualidade, a Guerra do Contestado foi tudo isso simultaneamente”. (Nilson Thomé)
Disponível em:< www.unc.br/index.php?...id...guerra-docontestado....> Acesso em: 31/10/2012. Adaptado.
De acordo com o texto 1, é possível afirmar que: