A questão refere-se diretamente ao conteúdo do texto abaixo. LEIA-O com ATENÇÃO.
BOATO FORTE
O boato se tornou tema de pesquisa para psicólogos, sociólogos, antropólogos e historiadores bem como para os especialistas no estudo da comunicação. A abordagem quanto ao estudo do fenômeno, que pode ser definido como “um relato curto, anônimo e não confirmado quanto a um suposto evento”, deixou de ser negativa e passou a ser positiva. Originalmente transmitido de pessoa para pessoa, o boato hoje em dia se incluiu nas histórias que circulam nos jornais, na televisão e na Internet, bem como na conversa cotidiana.
No passado descartado como patológico e como exemplo de informação indigna de confiança, o boato começa ser encarado com seriedade cada vez maior, na forma de narrativa, produto coletivo para o qual muitas pessoas contribuem à medida que a história se difunde.
É tolice acreditar literalmente em boatos, mas é igualmente tolo descartá-los por inteiro, porque essas histórias revelam alguma coisa sobre as preocupações, interesses, esperanças e medos dos indivíduos e grupos que as transmitem. Os estudos sobre o boato chegaram a algumas conclusões fascinantes quanto às circunstâncias que favorecem sua difusão, as maneiras pelas quais as narrativas são elaboradas e sobre as funções sociais que elas têm a cumprir.
(....) Um dos mais notáveis estudos sobre os boatos foi publicado na França, mais de 30 anos atrás, pelo sociólogo Edgar Morin sob o título “O Boato de Orléans”, cidade onde começou a circular um boato sobre o rapto de meninas nos provadores de seis lojas de roupas, todas elas propriedade de judeus. Morin e sua equipe de pesquisadores se deslocaram imediatamente para Orléans a fim de investigar o boato (...) O livro que resultou desse trabalho de investigação oferece diversas conclusões interessantes. (....)
O boato pode expressar uma esperança, como o retorno do líder heróico (rei Artur, dom Sebastião, Emiliano Zapata e assim por diante) para libertar seu povo e fazer justiça. No entanto temas mais comuns envolvem desastres como incêndios, fomes, doenças, assassinatos, seqüestros e assim por diante. Eventos que ficam em larga medida excluídos do controle humano, como o grande incêndio de Londres, em 1666, ou a difusão da peste negra, em 1348, da cólera, no século 19, e da Aids, mais recentemente, foram todos atribuídos a conspirações por parte de “vilões culturais” de uma determinada era e local, como as feiticeiras, os saqueadores, os judeus, os católicos, os jesuítas, os maçons, os comunistas,(...). Dois temas recorrentes vêm sobrevivendo desde a Idade Média (se não muito antes) até os nossos dias: um é a história de que alguém está envenenando os suprimentos de água – como ocorreu em Los Angeles, Tel Aviv e outros locais; o outro é o boato quanto ao rapto, abuso e assassinato de crianças. Na Europa da Era Medieval e dos séculos 16 e 17, esses crimes eram atribuídos aos judeus e/ou às bruxas. Mesmo a despeito da zombaria e do desprezo dos iluministas (séc.XVIII), os boatos não desapareceram. Tanto é que ressurgiram nos anos 80 em diversas partes da Europa e dos EUA, onde aconteceram diversas ondas de pânico relacionadas ao suposto rapto de crianças, especialmente as loiras de olhos azuis, por membros de um “culto” satânico imaginado como uma organização secreta (...)
As circunstâncias que favorecem a difusão de boatos incluem uma atmosfera de medo e incerteza provocada por alguma forma de crise, como guerras, onda de fome, epidemias e revoluções. (...)
Os elementos do boato que os ouvintes recordam e transmitem aos outros dependem de seus interesses, preconceitos e ansiedades. Assim, os personagens da trama se transformam em vilões estereotipados, e a história se torna um mito. Os mitos desempenham funções sociais.
Uma crise cria demanda por notícias, mas, especialmente em tempo de guerra, a livre circulação de notícias não é permitida, e o lugar delas é ocupado por boatos que preenchem as necessidades das pessoas desejosas de explicações vívidas. Nesse caso, a ênfase em conspirações poderia ser descrita como “paranóica”, mas apenas no sentido mais amplo do termo, pela sua presença entre pessoas normais. Um boato também poderia ser descrito de forma igualmente apropriada como tentativa de solucionar um problema.
Os boatos muitas vezes fazem com que coisas aconteçam, mobilizando a população em geral. Os preços das ações nas Bolsas de todo o mundo flutuam em resposta a boatos. O exemplo das Bolsas nos lembra que, a despeito de seus elementos arcaicos, os boatos continuam a ter papel muito importante na vida cotidiana de pessoas educadas e em sociedades modernas, quer circulem por telefone, e-mail ou nas páginas do jornal diário.
(Peter Burke - FOLHA DE SÃO PAULO - 28 nov.2004 - texto adaptado)
Considerando os aspectos de gênero (1) e de tipo textual (2), marque a alternativa que caracteriza CORRETAMENTE o texto acima.
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BOATO FORTE
O boato se tornou tema de pesquisa para psicólogos, sociólogos, antropólogos e historiadores bem como para os especialistas no estudo da comunicação. A abordagem quanto ao estudo do fenômeno, que pode ser definido como “um relato curto, anônimo e não confirmado quanto a um suposto evento”, deixou de ser negativa e passou a ser positiva. Originalmente transmitido de pessoa para pessoa, o boato hoje em dia se incluiu nas histórias que circulam nos jornais, na televisão e na Internet, bem como na conversa cotidiana.
No passado descartado como patológico e como exemplo de informação indigna de confiança, o boato começa ser encarado com seriedade cada vez maior, na forma de narrativa, produto coletivo para o qual muitas pessoas contribuem à medida que a história se difunde.
É tolice acreditar literalmente em boatos, mas é igualmente tolo descartá-los por inteiro, porque essas histórias revelam alguma coisa sobre as preocupações, interesses, esperanças e medos dos indivíduos e grupos que as transmitem. Os estudos sobre o boato chegaram a algumas conclusões fascinantes quanto às circunstâncias que favorecem sua difusão, as maneiras pelas quais as narrativas são elaboradas e sobre as funções sociais que elas têm a cumprir.
(....) Um dos mais notáveis estudos sobre os boatos foi publicado na França, mais de 30 anos atrás, pelo sociólogo Edgar Morin sob o título “O Boato de Orléans”, cidade onde começou a circular um boato sobre o rapto de meninas nos provadores de seis lojas de roupas, todas elas propriedade de judeus. Morin e sua equipe de pesquisadores se deslocaram imediatamente para Orléans a fim de investigar o boato (...) O livro que resultou desse trabalho de investigação oferece diversas conclusões interessantes. (....)
O boato pode expressar uma esperança, como o retorno do líder heróico (rei Artur, dom Sebastião, Emiliano Zapata e assim por diante) para libertar seu povo e fazer justiça. No entanto temas mais comuns envolvem desastres como incêndios, fomes, doenças, assassinatos, seqüestros e assim por diante. Eventos que ficam em larga medida excluídos do controle humano, como o grande incêndio de Londres, em 1666, ou a difusão da peste negra, em 1348, da cólera, no século 19, e da Aids, mais recentemente, foram todos atribuídos a conspirações por parte de “vilões culturais” de uma determinada era e local, como as feiticeiras, os saqueadores, os judeus, os católicos, os jesuítas, os maçons, os comunistas,(...). Dois temas recorrentes vêm sobrevivendo desde a Idade Média (se não muito antes) até os nossos dias: um é a história de que alguém está envenenando os suprimentos de água – como ocorreu em Los Angeles, Tel Aviv e outros locais; o outro é o boato quanto ao rapto, abuso e assassinato de crianças. Na Europa da Era Medieval e dos séculos 16 e 17, esses crimes eram atribuídos aos judeus e/ou às bruxas. Mesmo a despeito da zombaria e do desprezo dos iluministas (séc.XVIII), os boatos não desapareceram. Tanto é que ressurgiram nos anos 80 em diversas partes da Europa e dos EUA, onde aconteceram diversas ondas de pânico relacionadas ao suposto rapto de crianças, especialmente as loiras de olhos azuis, por membros de um “culto” satânico imaginado como uma organização secreta (...)
As circunstâncias que favorecem a difusão de boatos incluem uma atmosfera de medo e incerteza provocada por alguma forma de crise, como guerras, onda de fome, epidemias e revoluções. (...)
Os elementos do boato que os ouvintes recordam e transmitem aos outros dependem de seus interesses, preconceitos e ansiedades. Assim, os personagens da trama se transformam em vilões estereotipados, e a história se torna um mito. Os mitos desempenham funções sociais.
Uma crise cria demanda por notícias, mas, especialmente em tempo de guerra, a livre circulação de notícias não é permitida, e o lugar delas é ocupado por boatos que preenchem as necessidades das pessoas desejosas de explicações vívidas. Nesse caso, a ênfase em conspirações poderia ser descrita como “paranóica”, mas apenas no sentido mais amplo do termo, pela sua presença entre pessoas normais. Um boato também poderia ser descrito de forma igualmente apropriada como tentativa de solucionar um problema.
Os boatos muitas vezes fazem com que coisas aconteçam, mobilizando a população em geral. Os preços das ações nas Bolsas de todo o mundo flutuam em resposta a boatos. O exemplo das Bolsas nos lembra que, a despeito de seus elementos arcaicos, os boatos continuam a ter papel muito importante na vida cotidiana de pessoas educadas e em sociedades modernas, quer circulem por telefone, e-mail ou nas páginas do jornal diário.
(Peter Burke - FOLHA DE SÃO PAULO - 28 nov.2004 - texto adaptado)
O título “Boato Forte” aponta para a idéia de que
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BOATO FORTE
O boato se tornou tema de pesquisa para psicólogos, sociólogos, antropólogos e historiadores bem como para os especialistas no estudo da comunicação. A abordagem quanto ao estudo do fenômeno, que pode ser definido como “um relato curto, anônimo e não confirmado quanto a um suposto evento”, deixou de ser negativa e passou a ser positiva. Originalmente transmitido de pessoa para pessoa, o boato hoje em dia se incluiu nas histórias que circulam nos jornais, na televisão e na Internet, bem como na conversa cotidiana.
No passado descartado como patológico e como exemplo de informação indigna de confiança, o boato começa ser encarado com seriedade cada vez maior, na forma de narrativa, produto coletivo para o qual muitas pessoas contribuem à medida que a história se difunde.
É tolice acreditar literalmente em boatos, mas é igualmente tolo descartá-los por inteiro, porque essas histórias revelam alguma coisa sobre as preocupações, interesses, esperanças e medos dos indivíduos e grupos que as transmitem. Os estudos sobre o boato chegaram a algumas conclusões fascinantes quanto às circunstâncias que favorecem sua difusão, as maneiras pelas quais as narrativas são elaboradas e sobre as funções sociais que elas têm a cumprir.
(....) Um dos mais notáveis estudos sobre os boatos foi publicado na França, mais de 30 anos atrás, pelo sociólogo Edgar Morin sob o título “O Boato de Orléans”, cidade onde começou a circular um boato sobre o rapto de meninas nos provadores de seis lojas de roupas, todas elas propriedade de judeus. Morin e sua equipe de pesquisadores se deslocaram imediatamente para Orléans a fim de investigar o boato (...) O livro que resultou desse trabalho de investigação oferece diversas conclusões interessantes. (....)
O boato pode expressar uma esperança, como o retorno do líder heróico (rei Artur, dom Sebastião, Emiliano Zapata e assim por diante) para libertar seu povo e fazer justiça. No entanto temas mais comuns envolvem desastres como incêndios, fomes, doenças, assassinatos, seqüestros e assim por diante. Eventos que ficam em larga medida excluídos do controle humano, como o grande incêndio de Londres, em 1666, ou a difusão da peste negra, em 1348, da cólera, no século 19, e da Aids, mais recentemente, foram todos atribuídos a conspirações por parte de “vilões culturais” de uma determinada era e local, como as feiticeiras, os saqueadores, os judeus, os católicos, os jesuítas, os maçons, os comunistas,(...). Dois temas recorrentes vêm sobrevivendo desde a Idade Média (se não muito antes) até os nossos dias: um é a história de que alguém está envenenando os suprimentos de água – como ocorreu em Los Angeles, Tel Aviv e outros locais; o outro é o boato quanto ao rapto, abuso e assassinato de crianças. Na Europa da Era Medieval e dos séculos 16 e 17, esses crimes eram atribuídos aos judeus e/ou às bruxas. Mesmo a despeito da zombaria e do desprezo dos iluministas (séc.XVIII), os boatos não desapareceram. Tanto é que ressurgiram nos anos 80 em diversas partes da Europa e dos EUA, onde aconteceram diversas ondas de pânico relacionadas ao suposto rapto de crianças, especialmente as loiras de olhos azuis, por membros de um “culto” satânico imaginado como uma organização secreta (...)
As circunstâncias que favorecem a difusão de boatos incluem uma atmosfera de medo e incerteza provocada por alguma forma de crise, como guerras, onda de fome, epidemias e revoluções. (...)
Os elementos do boato que os ouvintes recordam e transmitem aos outros dependem de seus interesses, preconceitos e ansiedades. Assim, os personagens da trama se transformam em vilões estereotipados, e a história se torna um mito. Os mitos desempenham funções sociais.
Uma crise cria demanda por notícias, mas, especialmente em tempo de guerra, a livre circulação de notícias não é permitida, e o lugar delas é ocupado por boatos que preenchem as necessidades das pessoas desejosas de explicações vívidas. Nesse caso, a ênfase em conspirações poderia ser descrita como “paranóica”, mas apenas no sentido mais amplo do termo, pela sua presença entre pessoas normais. Um boato também poderia ser descrito de forma igualmente apropriada como tentativa de solucionar um problema.
Os boatos muitas vezes fazem com que coisas aconteçam, mobilizando a população em geral. Os preços das ações nas Bolsas de todo o mundo flutuam em resposta a boatos. O exemplo das Bolsas nos lembra que, a despeito de seus elementos arcaicos, os boatos continuam a ter papel muito importante na vida cotidiana de pessoas educadas e em sociedades modernas, quer circulem por telefone, e-mail ou nas páginas do jornal diário.
(Peter Burke - FOLHA DE SÃO PAULO - 28 nov.2004 - texto adaptado)
O principal ponto de vista do autor deste texto é o de que
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BOATO FORTE
O boato se tornou tema de pesquisa para psicólogos, sociólogos, antropólogos e historiadores bem como para os especialistas no estudo da comunicação. A abordagem quanto ao estudo do fenômeno, que pode ser definido como “um relato curto, anônimo e não confirmado quanto a um suposto evento”, deixou de ser negativa e passou a ser positiva. Originalmente transmitido de pessoa para pessoa, o boato hoje em dia se incluiu nas histórias que circulam nos jornais, na televisão e na Internet, bem como na conversa cotidiana.
No passado descartado como patológico e como exemplo de informação indigna de confiança, o boato começa ser encarado com seriedade cada vez maior, na forma de narrativa, produto coletivo para o qual muitas pessoas contribuem à medida que a história se difunde.
É tolice acreditar literalmente em boatos, mas é igualmente tolo descartá-los por inteiro, porque essas histórias revelam alguma coisa sobre as preocupações, interesses, esperanças e medos dos indivíduos e grupos que as transmitem. Os estudos sobre o boato chegaram a algumas conclusões fascinantes quanto às circunstâncias que favorecem sua difusão, as maneiras pelas quais as narrativas são elaboradas e sobre as funções sociais que elas têm a cumprir.
(....) Um dos mais notáveis estudos sobre os boatos foi publicado na França, mais de 30 anos atrás, pelo sociólogo Edgar Morin sob o título “O Boato de Orléans”, cidade onde começou a circular um boato sobre o rapto de meninas nos provadores de seis lojas de roupas, todas elas propriedade de judeus. Morin e sua equipe de pesquisadores se deslocaram imediatamente para Orléans a fim de investigar o boato (...) O livro que resultou desse trabalho de investigação oferece diversas conclusões interessantes. (....)
O boato pode expressar uma esperança, como o retorno do líder heróico (rei Artur, dom Sebastião, Emiliano Zapata e assim por diante) para libertar seu povo e fazer justiça. No entanto temas mais comuns envolvem desastres como incêndios, fomes, doenças, assassinatos, seqüestros e assim por diante. Eventos que ficam em larga medida excluídos do controle humano, como o grande incêndio de Londres, em 1666, ou a difusão da peste negra, em 1348, da cólera, no século 19, e da Aids, mais recentemente, foram todos atribuídos a conspirações por parte de “vilões culturais” de uma determinada era e local, como as feiticeiras, os saqueadores, os judeus, os católicos, os jesuítas, os maçons, os comunistas,(...). Dois temas recorrentes vêm sobrevivendo desde a Idade Média (se não muito antes) até os nossos dias: um é a história de que alguém está envenenando os suprimentos de água – como ocorreu em Los Angeles, Tel Aviv e outros locais; o outro é o boato quanto ao rapto, abuso e assassinato de crianças. Na Europa da Era Medieval e dos séculos 16 e 17, esses crimes eram atribuídos aos judeus e/ou às bruxas. Mesmo a despeito da zombaria e do desprezo dos iluministas (séc.XVIII), os boatos não desapareceram. Tanto é que ressurgiram nos anos 80 em diversas partes da Europa e dos EUA, onde aconteceram diversas ondas de pânico relacionadas ao suposto rapto de crianças, especialmente as loiras de olhos azuis, por membros de um “culto” satânico imaginado como uma organização secreta (...)
As circunstâncias que favorecem a difusão de boatos incluem uma atmosfera de medo e incerteza provocada por alguma forma de crise, como guerras, onda de fome, epidemias e revoluções. (...)
Os elementos do boato que os ouvintes recordam e transmitem aos outros dependem de seus interesses, preconceitos e ansiedades. Assim, os personagens da trama se transformam em vilões estereotipados, e a história se torna um mito. Os mitos desempenham funções sociais.
Uma crise cria demanda por notícias, mas, especialmente em tempo de guerra, a livre circulação de notícias não é permitida, e o lugar delas é ocupado por boatos que preenchem as necessidades das pessoas desejosas de explicações vívidas. Nesse caso, a ênfase em conspirações poderia ser descrita como “paranóica”, mas apenas no sentido mais amplo do termo, pela sua presença entre pessoas normais. Um boato também poderia ser descrito de forma igualmente apropriada como tentativa de solucionar um problema.
Os boatos muitas vezes fazem com que coisas aconteçam, mobilizando a população em geral. Os preços das ações nas Bolsas de todo o mundo flutuam em resposta a boatos. O exemplo das Bolsas nos lembra que, a despeito de seus elementos arcaicos, os boatos continuam a ter papel muito importante na vida cotidiana de pessoas educadas e em sociedades modernas, quer circulem por telefone, e-mail ou nas páginas do jornal diário.
(Peter Burke - FOLHA DE SÃO PAULO - 28 nov.2004 - texto adaptado)
Segundo o texto, são elementos comuns envolvidos nos boatos, EXCETO:
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BOATO FORTE
O boato se tornou tema de pesquisa para psicólogos, sociólogos, antropólogos e historiadores bem como para os especialistas no estudo da comunicação. A abordagem quanto ao estudo do fenômeno, que pode ser definido como “um relato curto, anônimo e não confirmado quanto a um suposto evento”, deixou de ser negativa e passou a ser positiva. Originalmente transmitido de pessoa para pessoa, o boato hoje em dia se incluiu nas histórias que circulam nos jornais, na televisão e na Internet, bem como na conversa cotidiana.
No passado descartado como patológico e como exemplo de informação indigna de confiança, o boato começa ser encarado com seriedade cada vez maior, na forma de narrativa, produto coletivo para o qual muitas pessoas contribuem à medida que a história se difunde.
É tolice acreditar literalmente em boatos, mas é igualmente tolo descartá-los por inteiro, porque essas histórias revelam alguma coisa sobre as preocupações, interesses, esperanças e medos dos indivíduos e grupos que as transmitem. Os estudos sobre o boato chegaram a algumas conclusões fascinantes quanto às circunstâncias que favorecem sua difusão, as maneiras pelas quais as narrativas são elaboradas e sobre as funções sociais que elas têm a cumprir.
(....) Um dos mais notáveis estudos sobre os boatos foi publicado na França, mais de 30 anos atrás, pelo sociólogo Edgar Morin sob o título “O Boato de Orléans”, cidade onde começou a circular um boato sobre o rapto de meninas nos provadores de seis lojas de roupas, todas elas propriedade de judeus. Morin e sua equipe de pesquisadores se deslocaram imediatamente para Orléans a fim de investigar o boato (...) O livro que resultou desse trabalho de investigação oferece diversas conclusões interessantes. (....)
O boato pode expressar uma esperança, como o retorno do líder heróico (rei Artur, dom Sebastião, Emiliano Zapata e assim por diante) para libertar seu povo e fazer justiça. No entanto temas mais comuns envolvem desastres como incêndios, fomes, doenças, assassinatos, seqüestros e assim por diante. Eventos que ficam em larga medida excluídos do controle humano, como o grande incêndio de Londres, em 1666, ou a difusão da peste negra, em 1348, da cólera, no século 19, e da Aids, mais recentemente, foram todos atribuídos a conspirações por parte de “vilões culturais” de uma determinada era e local, como as feiticeiras, os saqueadores, os judeus, os católicos, os jesuítas, os maçons, os comunistas,(...). Dois temas recorrentes vêm sobrevivendo desde a Idade Média (se não muito antes) até os nossos dias: um é a história de que alguém está envenenando os suprimentos de água – como ocorreu em Los Angeles, Tel Aviv e outros locais; o outro é o boato quanto ao rapto, abuso e assassinato de crianças. Na Europa da Era Medieval e dos séculos 16 e 17, esses crimes eram atribuídos aos judeus e/ou às bruxas. Mesmo a despeito da zombaria e do desprezo dos iluministas (séc.XVIII), os boatos não desapareceram. Tanto é que ressurgiram nos anos 80 em diversas partes da Europa e dos EUA, onde aconteceram diversas ondas de pânico relacionadas ao suposto rapto de crianças, especialmente as loiras de olhos azuis, por membros de um “culto” satânico imaginado como uma organização secreta (...)
As circunstâncias que favorecem a difusão de boatos incluem uma atmosfera de medo e incerteza provocada por alguma forma de crise, como guerras, onda de fome, epidemias e revoluções. (...)
Os elementos do boato que os ouvintes recordam e transmitem aos outros dependem de seus interesses, preconceitos e ansiedades. Assim, os personagens da trama se transformam em vilões estereotipados, e a história se torna um mito. Os mitos desempenham funções sociais.
Uma crise cria demanda por notícias, mas, especialmente em tempo de guerra, a livre circulação de notícias não é permitida, e o lugar delas é ocupado por boatos que preenchem as necessidades das pessoas desejosas de explicações vívidas. Nesse caso, a ênfase em conspirações poderia ser descrita como “paranóica”, mas apenas no sentido mais amplo do termo, pela sua presença entre pessoas normais. Um boato também poderia ser descrito de forma igualmente apropriada como tentativa de solucionar um problema.
Os boatos muitas vezes fazem com que coisas aconteçam, mobilizando a população em geral. Os preços das ações nas Bolsas de todo o mundo flutuam em resposta a boatos. O exemplo das Bolsas nos lembra que, a despeito de seus elementos arcaicos, os boatos continuam a ter papel muito importante na vida cotidiana de pessoas educadas e em sociedades modernas, quer circulem por telefone, e-mail ou nas páginas do jornal diário.
(Peter Burke - FOLHA DE SÃO PAULO - 28 nov.2004 - texto adaptado)
SÓ NÃO pode ser confirmada pelo texto a afirmação de que
A questão refere-se diretamente ao conteúdo do texto abaixo. LEIA-O com ATENÇÃO.
BOATO FORTE
O boato se tornou tema de pesquisa para psicólogos, sociólogos, antropólogos e historiadores bem como para os especialistas no estudo da comunicação. A abordagem quanto ao estudo do fenômeno, que pode ser definido como “um relato curto, anônimo e não confirmado quanto a um suposto evento”, deixou de ser negativa e passou a ser positiva. Originalmente transmitido de pessoa para pessoa, o boato hoje em dia se incluiu nas histórias que circulam nos jornais, na televisão e na Internet, bem como na conversa cotidiana.
No passado descartado como patológico e como exemplo de informação indigna de confiança, o boato começa ser encarado com seriedade cada vez maior, na forma de narrativa, produto coletivo para o qual muitas pessoas contribuem à medida que a história se difunde.
É tolice acreditar literalmente em boatos, mas é igualmente tolo descartá-los por inteiro, porque essas histórias revelam alguma coisa sobre as preocupações, interesses, esperanças e medos dos indivíduos e grupos que as transmitem. Os estudos sobre o boato chegaram a algumas conclusões fascinantes quanto às circunstâncias que favorecem sua difusão, as maneiras pelas quais as narrativas são elaboradas e sobre as funções sociais que elas têm a cumprir.
(....) Um dos mais notáveis estudos sobre os boatos foi publicado na França, mais de 30 anos atrás, pelo sociólogo Edgar Morin sob o título “O Boato de Orléans”, cidade onde começou a circular um boato sobre o rapto de meninas nos provadores de seis lojas de roupas, todas elas propriedade de judeus. Morin e sua equipe de pesquisadores se deslocaram imediatamente para Orléans a fim de investigar o boato (...) O livro que resultou desse trabalho de investigação oferece diversas conclusões interessantes. (....)
O boato pode expressar uma esperança, como o retorno do líder heróico (rei Artur, dom Sebastião, Emiliano Zapata e assim por diante) para libertar seu povo e fazer justiça. No entanto temas mais comuns envolvem desastres como incêndios, fomes, doenças, assassinatos, seqüestros e assim por diante. Eventos que ficam em larga medida excluídos do controle humano, como o grande incêndio de Londres, em 1666, ou a difusão da peste negra, em 1348, da cólera, no século 19, e da Aids, mais recentemente, foram todos atribuídos a conspirações por parte de “vilões culturais” de uma determinada era e local, como as feiticeiras, os saqueadores, os judeus, os católicos, os jesuítas, os maçons, os comunistas,(...). Dois temas recorrentes vêm sobrevivendo desde a Idade Média (se não muito antes) até os nossos dias: um é a história de que alguém está envenenando os suprimentos de água – como ocorreu em Los Angeles, Tel Aviv e outros locais; o outro é o boato quanto ao rapto, abuso e assassinato de crianças. Na Europa da Era Medieval e dos séculos 16 e 17, esses crimes eram atribuídos aos judeus e/ou às bruxas. Mesmo a despeito da zombaria e do desprezo dos iluministas (séc.XVIII), os boatos não desapareceram. Tanto é que ressurgiram nos anos 80 em diversas partes da Europa e dos EUA, onde aconteceram diversas ondas de pânico relacionadas ao suposto rapto de crianças, especialmente as loiras de olhos azuis, por membros de um “culto” satânico imaginado como uma organização secreta (...)
As circunstâncias que favorecem a difusão de boatos incluem uma atmosfera de medo e incerteza provocada por alguma forma de crise, como guerras, onda de fome, epidemias e revoluções. (...)
Os elementos do boato que os ouvintes recordam e transmitem aos outros dependem de seus interesses, preconceitos e ansiedades. Assim, os personagens da trama se transformam em vilões estereotipados, e a história se torna um mito. Os mitos desempenham funções sociais.
Uma crise cria demanda por notícias, mas, especialmente em tempo de guerra, a livre circulação de notícias não é permitida, e o lugar delas é ocupado por boatos que preenchem as necessidades das pessoas desejosas de explicações vívidas. Nesse caso, a ênfase em conspirações poderia ser descrita como “paranóica”, mas apenas no sentido mais amplo do termo, pela sua presença entre pessoas normais. Um boato também poderia ser descrito de forma igualmente apropriada como tentativa de solucionar um problema.
Os boatos muitas vezes fazem com que coisas aconteçam, mobilizando a população em geral. Os preços das ações nas Bolsas de todo o mundo flutuam em resposta a boatos. O exemplo das Bolsas nos lembra que, a despeito de seus elementos arcaicos, os boatos continuam a ter papel muito importante na vida cotidiana de pessoas educadas e em sociedades modernas, quer circulem por telefone, e-mail ou nas páginas do jornal diário.
(Peter Burke - FOLHA DE SÃO PAULO - 28 nov.2004 - texto adaptado)
De acordo com o texto, a presença de boatos em tempos de guerra SE JUSTIFICA porque