No livro Calibã e a Bruxa, Silvia Federici, ao tratar do período de transição entre o feudalismo e o capitalismo, foca sua análise na história, no lugar e nas experiências vivenciadas pelas mulheres nesse processo. Entre outras questões, Federici demonstra os impactos do conjunto de transformações que marcaram essa época na vida e na sociabilidade cotidiana das mulheres, especialmente no que diz respeito ao controle de seus corpos e de demonstrar as perseguições a que foram submetidas no período. Nesse sentido, ao analisar a relação entre o que acontecia na Europa e nas regiões coloniais, a autora escreve:
Na Europa da Era da Razão, eram colocadas focinheiras nas mulheres acusadas de serem desbocadas, como se fossem cães, e elas eram exibidas pelas ruas; as prostitutas eram açoitadas ou enjauladas e submetidas a simulações de afogamentos, ao passo que se instaurava a pena de morte para mulheres condenadas por adultério. Não é exagero dizer que as mulheres eram tratadas com a mesma hostilidade e com o mesmo senso de distanciamento que se concedia aos “índios selvagens” na literatura produzida depois da Conquista. O paralelismo não é casual. Em ambos os casos, a depreciação literária e cultural estava a serviço de um projeto de expropriação. (...), a demonização dos povos indígenas americanos serviu para justificar sua escravização e o saque de seus recursos. Na Europa, o ataque contra as mulheres justificou a apropriação de seu trabalho pelos homens e a criminalização de seu controle sobre a reprodução. O preço da resistência era, sempre, o extermínio. Nenhuma das táticas empregadas contra as mulheres europeias e contra os sujeitos coloniais poderia ter obtido êxito se não tivesse sido sustentada por uma campanha de terror. No caso das mulheres europeias, foi a caça às bruxas que exerceu o papel principal na construção de sua nova função social e na degradação de sua identidade social”.
FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa. Mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017, p. 203.
A partir deste trecho, assinale a alternativa CORRETA.
Observe atentamente o trecho abaixo:
Às portas de assenhorar-se de um império, Roma não tinha uma identidade definida. A cidade era um amálgama confuso de romanos, italianos, estrangeiros, escravos e libertos. A identidade romana teve que ser recriada para servir de parâmetro para o Império. Nunca foi uma identidade étnica, nem monolítica, nem mesmo imune à ação do tempo. Mas à época de Augusto houve um esforço consciente em fixá-la dentro de certos parâmetros. Nesse processo de criação identitária, teve um papel central a produção de uma cultura letrada latina.
GUARINELLO, Norberto Luiz. História Antiga. São Paulo: Editora Contexto, 2014, p. 143-144.
A respeito de autores que escreveram no período histórico do Império Romano, assinale a alternativa CORRETA.
Leia o trecho abaixo:
Os séculos XIV e XV, na Europa Ocidental, foram palco de acontecimentos que aparentam marcar o colapso da ordem medieval: é o caso da crise do Papado, da Guerra dos Cem Anos, das crises alimentares, da peste, entre outros. Até pouco tempo, os historiadores costumavam utilizar expressões como “Outono da Idade Média” ou ainda “crise do sistema feudal” para designar o conjunto desses acontecimentos.
SILVA, Marcelo Cândido da. História Medieval. São Paulo: Contexto, 2019, p.115.
Sobre os séculos XIV e XV na Europa Ocidental, assinale a alternativa CORRETA.
Leia atentamente o trecho abaixo:
Conflito [entre Peru e Equador] leva mais de 500 anos. Um ex-diplomata argentino, que serviu como embaixador no Peru e conhece profundamente a área de conflito, explica que quando Pizarro chegou à América já encontrou os incas divididos e mergulhados numa guerra civil. Lutavam pelo controle do império, Huascar, o rei de Cusco — o que depois viria a ser o Peru —, o favorito da aristocracia, e seu irmão Atahualpa, rei de Quito, o favorito do exército. Huascar, de certa forma, era o herdeiro legítimo e Atahualpa era o mais questionado. Mas seu pai, o inca Huaina Capacen, no seu leito de morte, dividiu o império entre os dois e isso originou a guerra civil entre Quito e Cusco. “Este antecedente nos dá uma referência de mais ou menos 500 anos para entender este conflito”, afirma ex-diplomata argentino. A Espanha, por sua vez, trazia o peso da sua própria guerra civil. Porque os pizarristas enfrentavam os homens de Almagro, o outro conquistador ibérico, que estava no Chile. Ou seja, nesta região houve, naquele remoto momento da conquista espanhola, uma dupla guerra civil: a do invasor que vinha dividido da Europa e a dos incas, que lutavam entre si. Segundo especialistas na história da região e antropólogos, no Equador e no Peru havia entre 40 e 50 diferentes nações indígenas. O império (inca) unificava estas nações do ponto de vista de um Estado central, mas elas mantinham seu próprio idioma, sua cultura, sua religião.
MONTENEGRO, M. “Uma guerra injustificada”. Revista Terceiro Mundo. nº 183, p. 28-30, março 1995. Disponível em: http://repositorio.im.ufirj.br:8080/jspui/bitstream/1235813/484/1/CTM Edicao Brasileira Ano Numero 183 012 UmaGuerraInjustificada.pdf. Acesso em: 15 out. 2022 (adaptado).
Considerando as indicações expressas pela historicidade de conflitos na região que compõe o atual território do Equador e do Peru, assinale a alternativa CORRETA.
Primeiramente, realize a leitura do trecho a seguir:
Poucos personagens históricos despertaram tanta admiração quanto Alexandre, o Grande, o soberano macedônio que, em pouco mais de dez anos, de 334 a 323 a.C., fez-se senhor do imenso império persa e conduziu seu exército até a Índia. Já na Antiguidade ele se tornara um herói lendário e, ao longo dos séculos, continuou sendo o modelo de todos os grandes estrategos, de todos os grandes conquistadores, de todos aqueles que, em determinado momento da história, almejaram o poder supremo.
MOSSÉ, Claude. Alexandre, o Grande. São Paulo: Estação Liberdade, 2004, p. 09.
Sobre a história de Alexandre, o Grande, e do período da civilização helenística, assinale a alternativa CORRETA.
Leia atentamente o seguinte trecho:
No dia 5 de outubro de 2009, a Constituição Federal completou 21 anos de vigência, atingindo, portanto, a maioridade. Conhecida como a Constituição Cidadã, mereceu essa alcunha em virtude da inclusão, como direitos fundamentais, de uma série de direitos sociais que a colocaram em contemporaneidade com os anseios da sociedade brasileira (...)
Esses avanços foram obtidos graças à organização e mobilização de expressivos segmentos da sociedade brasileira, desde meados da década de 1970, sendo que entre as bandeiras democráticas colocadas por esses segmentos estava a de uma Constituinte livre e soberana. Instalou-se, no entanto, um Congresso Nacional Constituinte, eleito em 1986, com uma composição predominantemente conservadora, no contexto do governo Sarney (...)
Entretanto, foram decisivas a mobilização social e a eleição de uma minoria atuante de parlamentares constituintes com origem nos movimentos sindical e popular, bem como em outras organizações da sociedade civil, com vínculo com suas bases e comprometidos com as propostas democráticas. (...)
Mesmo com as investidas de desconstrução, os avanços assegurados pela Constituição de 1988 são relevantes se se compara o sistema de proteção social no Brasil com o de outros países da América Latina. E as propostas do neoliberalismo, de Estado mínimo e privatização dos serviços públicos, não foram implementadas de forma tão radical no Brasil como em outros países dessa região (...).
OLIVEIRA, Carlindo Rodrigues; OLIVEIRA, Regina Coeli. Direitos sociais na constituição cidadã: um balanço de 21 anos. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 105, p. 5-29, jan./mar. 2011. p. 6-7, 25.
Sobre a Constituição Brasileira de 1988, assinale a alternativa INCORRETA.