Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma estranha pergunta explodiu de minha boca. De que cor eram os olhos de minha mãe? [...]
Sempre ao lado de minha mãe, aprendi a conhecê-la. Decifrava o seu silêncio nas horas de dificuldades, como também sabia reconhecer, em seus gestos, prenúncios de possíveis alegrias. Naquele momento, entretanto, me descobria cheia de culpa, por não recordar de que cor seriam os seus olhos. [...]
Eu me lembrava de algumas histórias da infância de minha mãe. [...] Às vezes, as histórias de minha mãe confundiam-se com as de minha própria infância. Lembro-me de que muitas vezes, quando a mãe cozinhava, da panela subia cheiro algum. Era como se cozinhasse, ali, apenas o nosso desesperado desejo de alimento. As labaredas, sob a água solitária que fervia na panela cheia de fome, pareciam debochar do vazio do nosso estômago, ignorando nossas bocas infantis em que as línguas brincavam a salivar sonho de comida. E era justamente nesses dias de parco ou nenhum alimento que ela mais brincava com as filhas. Nessas ocasiões a brincadeira preferida era aquela em que a mãe era a Senhora, a Rainha. Ela se assentava em seu trono, um pequeno banquinho de madeira. Felizes, colhíamos flores cultivadas em um pequeno pedaço de terra que circundava o nosso barraco.
E foi então que, tomada pelo desespero por não me lembrar de que cor seriam os olhos de minha mãe, naquele momento resolvi deixar tudo e, no dia seguinte, voltar à cidade em que nasci. [...]
E quando, após longos dias de viagem para chegar à minha terra, pude contemplar extasiada os olhos de minha mãe, sabem o que vi?
Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. Mas eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correntezas. Por isso, prantos e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos d’água. [...]
Conceição Evaristo, Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas – Fundação Biblioteca Nacional, 2016.
A personificação é uma figura de linguagem amplamente empregada pela autora, por meio da qual ela dá vida ou traços humanos a objetos inanimados.
Assinale a alternativa em que esse recurso é empregado
De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado em 2021, 3 em cada 10 pessoas em todo o mundo não podiam lavar as mãos com água e sabão em casa durante a pandemia de COVID–19.
O documento afirma ainda que, sem uma injeção urgente de dinheiro, bilhões de pessoas em todo o mundo podem continuar sem acesso à água potável, ao saneamento e a serviços de higiene até 2030.
Apesar dos dados alarmantes, o relatório apresentou algumas boas notícias sobre o acesso universal a serviços de água, saneamento e higiene. Entre os anos de 2016 a 2020, o acesso à água potável aumentou de 70 % para 74 %; os serviços de saneamento subiram de 47 % para 54 %; e instalações de lavagem das mãos com água e sabão passaram de 67 % para 71 %.
https://tinyurl.com/msv3sc5r%20Acesso%20em:%2021.04.2022.%20Adaptado.
Analisando os dados trazidos pela reportagem, podemos concluir corretamente que
Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma estranha pergunta explodiu de minha boca. De que cor eram os olhos de minha mãe? [...]
Sempre ao lado de minha mãe, aprendi a conhecê-la. Decifrava o seu silêncio nas horas de dificuldades, como também sabia reconhecer, em seus gestos, prenúncios de possíveis alegrias. Naquele momento, entretanto, me descobria cheia de culpa, por não recordar de que cor seriam os seus olhos. [...]
Eu me lembrava de algumas histórias da infância de minha mãe. [...] Às vezes, as histórias de minha mãe confundiam-se com as de minha própria infância. Lembro-me de que muitas vezes, quando a mãe cozinhava, da panela subia cheiro algum. Era como se cozinhasse, ali, apenas o nosso desesperado desejo de alimento. As labaredas, sob a água solitária que fervia na panela cheia de fome, pareciam debochar do vazio do nosso estômago, ignorando nossas bocas infantis em que as línguas brincavam a salivar sonho de comida. E era justamente nesses dias de parco ou nenhum alimento que ela mais brincava com as filhas. Nessas ocasiões a brincadeira preferida era aquela em que a mãe era a Senhora, a Rainha. Ela se assentava em seu trono, um pequeno banquinho de madeira. Felizes, colhíamos flores cultivadas em um pequeno pedaço de terra que circundava o nosso barraco.
E foi então que, tomada pelo desespero por não me lembrar de que cor seriam os olhos de minha mãe, naquele momento resolvi deixar tudo e, no dia seguinte, voltar à cidade em que nasci. [...]
E quando, após longos dias de viagem para chegar à minha terra, pude contemplar extasiada os olhos de minha mãe, sabem o que vi?
Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. Mas eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correntezas. Por isso, prantos e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos d’água. [...]
Conceição Evaristo, Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas – Fundação Biblioteca Nacional, 2016.
A trajetória de vida da narradora-personagem é marcada pela fome, diante da qual a mãe utilizava brincadeiras para distrair as filhas, gerando no texto uma oposição poética entre a ausência (de alimentos) e a abundância (de imaginação).
Assinale a alternativa em que as expressões representam, respectivamente, o contraste exposto.
Uma das metas estabelecidas pelos ODS é acabar com o tráfico de espécies da fauna e da flora.
Suponha que, em uma determinada agência governamental,
• todas as investigações sobre tráfico de espécies ou são apenas casos que envolvem espécies da fauna ou são apenas casos que envolvem espécies da flora; e
• as investigações sobre casos que envolvem espécies da fauna não serão arquivadas.
É correto concluir que
Leia os quadrinhos.
Os quadrinhos apresentados abordam uma temática relevante para a sociedade utilizando linguagem coloquial.
Analisando-se as informações verbais e não verbais utilizadas na construção da tirinha, afirma-se corretamente que o humor decorre
Em 12 de julho de 2013, Malala Yousafzai discursou durante uma reunião dos jovens líderes na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.
“Queridos irmãos e irmãs, [...] aqui estou eu, uma menina, entre tantas. Eu falo não por mim, mas por aqueles cujas vozes não podem ser ouvidas. Por aqueles que têm lutado por seus direitos. O seu direito de viver em paz. O seu direito de ser tratado com dignidade. O seu direito à igualdade de oportunidades. O seu direito à educação.
Nós percebemos a importância da luz quando vemos a escuridão. Percebemos a importância da nossa voz quando somos silenciados. O sábio ditado que diz “A caneta é mais poderosa que a espada” é verdadeiro. Os extremistas têm medo dos livros e das canetas. O poder da educação os assusta e eles têm medo das mulheres. O poder da voz das mulheres os apavora.
[...]
Hoje eu estou focando nos direitos das mulheres e na educação das meninas porque elas são as que mais sofrem. Houve um tempo em que as ativistas mulheres pediam aos homens para defender seus direitos. Mas desta vez, nós vamos fazer isto por conta própria. Eu não estou dizendo para os homens não falarem mais dos direitos das mulheres, mas estou focando na ideia das mulheres serem independentes e lutarem por si mesmas.
Queridos irmãos e irmãs, queremos escolas e educação para o futuro brilhante de todas as crianças. Vamos continuar a nossa jornada para o nosso destino de paz e educação. Nós acreditamos no poder e na força de nossas palavras. [...]
Queridos irmãos e irmãs, nós não podemos nos esquecer de que milhões de pessoas estão sofrendo com a pobreza, a injustiça e a ignorância. Nós não devemos nos esquecer de que milhões de crianças estão fora da escola.
Deixem-nos, portanto, travar uma luta gloriosa contra o analfabetismo, a pobreza e o terrorismo. Deixem-nos pegar nossos livros e canetas porque estas são as nossas armas mais poderosas. Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo.”
https://tinyurl.com/s7n3xuj%20Acesso%20em:%2021.04.2022.%20Adaptado.
Ocorre, no texto, a repetição da expressão “queridos irmãos e irmãs”.
O frequente uso dessa expressão, além de identificar os seus interlocutores, expressa