Texto
JC – Gregório de Matos é meio maldito até hoje – seus restos estão no Recife, mas sem nenhuma referência oficial. Ainda é um personagem que precisamos celebrar e homenagear? Talvez sua poesia ainda seja muito forte – em seu conteúdo moral e político –, mesmo para os dias atuais.
ANA MIRANDA – Ah, sim, a poesia satírica dele é forte, às vezes chocante, porque não estamos acostumados a obscenidades, ou a política, ou a crônicas na poesia... a poesia é um lugar de sensibilidades, lirismo, sonhos, amores, insônias, coisas assim – João Cabral é outra exceção temática. E Augusto dos Anjos. Mas a obra de Gregório carrega um esclarecimento fabuloso sobre a nossa identidade brasileira, ela desvenda nossas origens como sociedade e como pessoas. Além disso, é uma obra de grande beleza e carga emocional, grandeza de expressão, e um manancial de palavras e termos. Um espetáculo de linguagem e narrativa. Tem ritmo, tem encanto, promove descobertas... Acho que seria bom, sim, averiguar a sua passagem e morte em Recife, e assinalar, incorporar à imensa riqueza que os pernambucanos guardam em seu baú cultural.
Excerto de entrevista da escritora Ana Miranda ao Jornal do Commercio. Disponível em: https://jc.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2015/09/06/ana-miranda-fala-sobre-a-recriacao-de-gregorio-de-matos-e-seusinteresses-literarios-197682.php. Acesso em: 16 ago. 2021.
Observe, ao longo do Texto, como alguns pronomes são empregados para se referir a outros elementos presentes no texto. Acerca desse recurso referencial, assinale a alternativa CORRETA.
Texto
A arquitetura neoclássica é um estilo arquitetônico que promoveu, entre os séculos XVIII e XIX, um retorno às formas da cultura greco-romana da Antiguidade. O neoclassicismo, que englobou também a literatura, a escultura e a pintura, buscava fazer uma oposição ao barroco e ao rococó, movimentos que privilegiavam o rebuscamento e a complexidade. Para os arquitetos da época, era o momento de trazer de volta as características das arquiteturas grega e romana, adequando-as à Idade Moderna.
O neoclassicismo coincide com a Revolução Francesa, ocorrida em 1789 e com a Revolução Industrial, trazendo mudanças que tiveram como pano de fundo o Iluminismo, movimento intelectual e filosófico que ficou conhecido como “século das luzes”. Com os pensadores iluministas, o interesse pelas obras do passado foi reacendido. [...]
O Brasil possui alguns teatros-monumento que nos mostram o quanto o período entre o século XIX e início do século XX foi importante para o desenvolvimento cultural do país. Eles são prova do quanto a população da época desejava se parecer com a Europa, principalmente com a França.
A cidade do Recife possui um teatro dessa época, motivo de muito orgulho para todos os pernambucanos: o Teatro de Santa Isabel. Além de ser um dos mais bonitos teatros do país, foi o primeiro e é até hoje o principal exemplo de arquitetura neoclássica de Pernambuco. Ele também testemunhou boa parte da vida do Recife nesses quase dois séculos de existência.
Durante sua história, o teatro foi usado para outros fins, não somente para apresentações teatrais. Já no seu primeiro ano de funcionamento, em 1850, foi palco de animados bailes de carnaval. Para que isso fosse possível, foi colocada uma grande estrutura de madeira sobre a plateia na altura do palco. A técnica foi repetida durante a visita de D. Pedro II, em 1859. O Teatro de Santa Isabel foi palco também de calorosos embates literários. Curiosamente, alguns dos mais famosos ocorreram entre Castro Alves e Tobias Barreto, na década de 1860, em defesa das atrizes Eugênia Câmara e Adelaide Amaral. Dizem que eles eram grandes amigos até se envolverem com as duas. Daí em diante viraram inimigos. [...]
Imagens e excertos coletados de: https://laart.art.br/blog/arquitetura-neoclassica e https://www.borapralacomigo.com.br/2015/10/teatro-desanta-isabel-recife.html. Acesso em 16 ago. 2021. Adaptados.
O leitor deve compreender que o autor do Texto não se compromete com a certeza da informação no seguinte trecho:
Texto
“Desta maneira ir-lhes-ei ensinando as orações e doutrinando-os na Fé até serem hábeis para o batismo. Todos estes que tratam conosco, dizem que querem ser como nós, senão que não têm com que se cubram como nós, e este só inconveniente tem. Se ouvem tanger a missa, já acodem e quando nos vêm fazer, tudo fazem, assentam-se de giolos, batem nos peitos, levantam as mãos ao céu [...].”
NÓBREGA, Manuel da. Em defesa das almas indígenas. In: OLIVIERI, Antonio Carlos; VILLA, Marco Antonio (Orgs.). Cronistas do Descobrimento. Série Bom Livro. São Paulo: Editora Ática, 2000. p. 48. Excertos.
No Texto, lemos: “Se ouvem tanger a missa, já acodem [...]”.
Nesse trecho, identificamos uma relação semântica de
Texto
O barroco é estilo ou será a alma do Brasil?
O chamado Século de Ouro, que vai de fins do século XVI a fins do seguinte, é um dos momentos dourados e mais radiantes do Barroco, um estilo artístico que é também uma expressão de vida, uma visão de mundo, uma maneira de sentir, de ver, de se vestir e até de ser. Por isso, volta e meia a gente recorre a esse movimento procurando decifrar o país: será o Brasil um país barroco e, portanto, meio difícil de entender?
Parece que sim. O Brasil não só nasceu culturalmente barroco, como o barroco é “a alma do Brasil”, para citar o livro de Affonso Romano de Sant‟Anna sobre o tema. Graças ao estilo, o país foi capaz de criar esplendores como Ouro Preto, erguer obras-primas como algumas igrejas de Minas, Salvador, Recife e Olinda, e dar ao mundo um gênio como Aleijadinho. É por causa do barroco que o visitante sente aquela vertigem, um quase delírio, uma febre do ouro ao entrar na Igreja de São Francisco, em Salvador, e olhar para as paredes.
O barroco não foi. Ele ainda é, continua presente em quase todas as manifestações da cultura brasileira, da arquitetura à pintura, da comida à moda, passando pelo futebol e pelo corpo feminino. [...] Barroca é a técnica de composição que Villa-Lobos usou para criar suas nove “Bachianas”. Barroco é o cinema de Glauber Rocha, é nossa exuberante natureza, é o futebol de Pelé e de todos os que, driblando a racionalidade burra dos técnicos, preferem a curva misteriosa de um chute ou o esplendor de uma finta. Afinal, o barroco é o estilo em que, ao contrário do renascentista, as regras e a premeditação importam menos que a improvisação. Quer coisa mais barroca que o Guga?
Há ainda certa resistência em aceitar o barroco como expressão de nossa alma. [...] Às vezes se toma depreciativamente o estilo por seus excessos – confusão, ênfase e paradoxos. Mas isso é barroquismo, não é barroco. A evolução etimológica ajuda a entender. Barroco, na origem, designa uma pérola grande e com defeito – assim como um país que a gente conhece.
Zuenir Ventura. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI156437-15518,00.html. Acesso em: 16 ago. 2021. Adaptado.
Para defender seu ponto de vista, o autor do Texto estabelece semelhanças entre o movimento Barroco e o Brasil/o brasileiro.
Segundo o autor, eles têm em comum o fato de
Texto
O barroco é estilo ou será a alma do Brasil?
O chamado Século de Ouro, que vai de fins do século XVI a fins do seguinte, é um dos momentos dourados e mais radiantes do Barroco, um estilo artístico que é também uma expressão de vida, uma visão de mundo, uma maneira de sentir, de ver, de se vestir e até de ser. Por isso, volta e meia a gente recorre a esse movimento procurando decifrar o país: será o Brasil um país barroco e, portanto, meio difícil de entender?
Parece que sim. O Brasil não só nasceu culturalmente barroco, como o barroco é “a alma do Brasil”, para citar o livro de Affonso Romano de Sant‟Anna sobre o tema. Graças ao estilo, o país foi capaz de criar esplendores como Ouro Preto, erguer obras-primas como algumas igrejas de Minas, Salvador, Recife e Olinda, e dar ao mundo um gênio como Aleijadinho. É por causa do barroco que o visitante sente aquela vertigem, um quase delírio, uma febre do ouro ao entrar na Igreja de São Francisco, em Salvador, e olhar para as paredes.
O barroco não foi. Ele ainda é, continua presente em quase todas as manifestações da cultura brasileira, da arquitetura à pintura, da comida à moda, passando pelo futebol e pelo corpo feminino. [...] Barroca é a técnica de composição que Villa-Lobos usou para criar suas nove “Bachianas”. Barroco é o cinema de Glauber Rocha, é nossa exuberante natureza, é o futebol de Pelé e de todos os que, driblando a racionalidade burra dos técnicos, preferem a curva misteriosa de um chute ou o esplendor de uma finta. Afinal, o barroco é o estilo em que, ao contrário do renascentista, as regras e a premeditação importam menos que a improvisação. Quer coisa mais barroca que o Guga?
Há ainda certa resistência em aceitar o barroco como expressão de nossa alma. [...] Às vezes se toma depreciativamente o estilo por seus excessos – confusão, ênfase e paradoxos. Mas isso é barroquismo, não é barroco. A evolução etimológica ajuda a entender. Barroco, na origem, designa uma pérola grande e com defeito – assim como um país que a gente conhece.
Zuenir Ventura. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI156437-15518,00.html. Acesso em: 16 ago. 2021. Adaptado.
Considerando que o Texto exemplifica um texto escrito na “expressão culta” do português, na qual os aspectos formais geralmente atendem às normas estabelecidas, assinale a alternativa CORRETA.