Leia o trecho do texto Oração do Milho, de Cora Coralina:
[...]
Senhor, nada valho.
Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das
lavouras pobres.
Meu grão, perdido por acaso,
nasce e cresce na terra descuidada.
[...]
dou espigas e devolvo em muitos grãos
o grão perdido inicial, salvo por milagre,
que a terra fecundou.
[...]
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo
e de mim não se faz o pão alvo universal.
O Justo não me consagrou Pão de Vida, nem
lugar me foi dado nos altares.
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que
trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre,
[...]
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado.
Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que
amanhece.
[...]
Sou a pobreza vegetal agradecida a Vós, Senhor,
que me fizestes necessário e humilde.
Sou o milho.
(CORALINA, Cora. Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. São Paulo: Global, 2014. p. 156-157. Adaptado.)
Com base na leitura do fragmento desse poema, é possível inferir que o milho
I - enquanto eu poético apresenta-se como a personificação de determinados indivíduos, ou de um grupo social, marginalizados pela sociedade.
II - reforça a ideia de humildade do eu lírico ao apresentar referências bíblicas em seu discurso.
III - nesse contexto, assume apenas a função de alimento, uma vez que é um ser inanimado.
Sobre a representação do milho como voz narrativa do poema, assinale a única alternativa correta:
Faça uma leitura atenta do fragmento do texto Sob neblinas, de Maria José Silveira:
Da minha janela, vejo o perfil pontiagudo dos prédios distantes se dissolvendo na bruma, tornando-se algo misterioso, como se se desfizessem no ar. Penso que, por sua vez, quem estiver naqueles prédios ao longe também verá este meu prédio dentro de nuvens, em solidária reciprocidade.
[...]
Baixo meu olhar para a rua, poucas pessoas, nenhum carro. Até me dá uma pequena vontade de sair para uma caminhada na neblina. [...]
Não é uma neblina suavezinha como na minha infância, quando em dias que sem razão eu despertava muito cedo, nas férias na casa da minha avó, e do alpendre a via, com sua fiel escudeira Bastiana, desaparecerem entre as nuvens baixas, rumo à primeira missa do dia. [...]
Ainda dava tempo de ir até o fundo da casa espaçosa, destrancar a porta da cozinha e me apoiar na murada [...]. De lá via a neblina orvalhada se desvanecendo com os primeiros raios do sol [...].
[...]
[...]. Essa momentânea neblina da infância era prenúncio de um dia radiante. Neblina baixa, sol que racha, dizia-se então.
Pena que esta bruma que vejo hoje da minha janela não prenuncie radiâncias. Parece apenas querer se estabilizar por um bom tempo, deixando os prédios dependurados em seu corpo impreciso. Quando a neblina se dissipar, a cidade voltará a sua cotidiana normalidade.
[...]
(SILVEIRA, Maria José. Sob neblinas. Crônicas & outras histórias. O Popular, Goiânia, 20/10/2021. Caderno Magazine, Adaptado.)
Na construção de um gênero textual, é comum coexistirem sequências tipológicas.
Nesse fragmento, os tipos textuais que se destacam na organização temática são (marque a única alternativa correta)
Leia atentamente o texto humorístico, Boateiro, de Stanislaw Ponte Preta:
Diz que era um sujeito tão boateiro que chegava a arrepiar. Onde houvesse um grupinho, ele estava na conversa e, em pouco tempo, estava informando:“Já prenderam o novo Presidente”, “Na Bahia os comunistas estão incendiando as igrejas”, “Mataram agorinha um cardeal”; enfim, essas boatices. O boateiro encheu tanto que um coronel resolveu dar-lhe uma lição. Mandou prender o sujeito e, no quartel, levou-o até um paredão, colocou o pelotão de fuzilamento na frente, vendou-lhe os olhos e berrou:
___ Fogooooo !!!
Ouviu-se aquele barulho de tiros, e o boateiro caiu desmaiado.
Sim, caiu desmaiado, porque o coronel queria apenas dar-lhe um susto. Quando o boateiro acordou na enfermaria do quartel, o coronel falou para ele:
___ Olhe, seu pilantra, isto foi apenas para lhe dar uma lição. Fique espalhando mais boato idiota por aí, que eu lhe mando prender outra vez e aí não vou fuzilar com bala de festim, não.
Daí soltou o cara que saiu meio escaldado pela rua e logo na primeira esquina encontrou uns conhecidos
__ Quais são as novidades? ___ perguntaram os conhecidos.
O boateiro olhou pros lados, tomou ar de cumplicidade e disse baixinho:
___ O nosso exército está completamente sem munição.
(PRETA, Stanislaw Ponte. Boateiro. In: ANTUNES, Irandé. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola Editorial, 2010, p. 195-196. Adaptado.)
Analise as assertivas a seguir sobre os recursos linguísticos empregados na construção do texto Boateiro:
I - O uso da expressão “Daí” expressa marca da ordem sequencial da narrativa.
II - A expressão “[...] enfim, esses boatos” aponta o sentido de encerramento de uma enumeração.
III - A alternância entre o artigo indefinido e o artigo definido em “uns conhecidos” e “os conhecidos” sinaliza um elo de correferencialidade entre as duas expressões.
IV - A escolha do vocabulário, predominantemente coloquial, compromete a coerência, uma vez que se trata de narração de episódio anedótico.
Assinale a única alternativa que apresenta todos os itens corretos:
Leia o texto a seguir, considerando o emprego das linguagens verbal e não verbal:
Alexandre Beck, na construção de sua tirinha, tendo em vista a intencionalidade de sua mensagem, utiliza recursos linguísticos que evidenciam uma função de linguagem.
O autor reforça a presença da função (marque a única alternativa correta)
Leia o fragmento do texto O lugar onde vivo esteve no pódio da Olimpíada de Língua Portuguesa:
Quarta-feira, dia 20 de outubro: eu chorei diante de centenas de estudantes do 3o ano do Ensino Médio de escolas públicas de todo o Brasil. Convidado a falar na 7a Olimpíada de Língua Portuguesa para semifinalistas do concurso, a emoção, literalmente, subiu ao pódio. Todos nós ganhamos.
As lágrimas foram inevitáveis quando a imagem de Deusane e Luzimar, professoras de uma das escolas por onde passei, em Barra doChoça (BA),surgiu logo no começo de minha apresentação. Na imagem de sete anos atrás, elas mostravam em um painel fotos e crônicas usadas para estimular seus alunos na categoria “crônica” da Olimpíada de Língua Portuguesa daquele ano. No painel estava eu.
Os textos retratavam o cotidiano do povoado que havia ficado para trás, assim que me mudei para Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo.
Nesta semana, falar com estudantes na Olimpíada foi resgatar essa lembrança. Foi poder ler de Lucicarla, moradora do povoado onde cresci, na Bahia, a seguinte mensagem: “Eu era dessa época. Você me inspirou a gostar de escrever”.
Entre inspirações, tive o prazer de estar acompanhado, nesta Olimpíada, por Cintia Gomes, diretora institucional da Agência Mural.
Ela mostrou, para os estudantes, como um jornal escolar, criado durante o Ensino Médio, foi a fagulha para, anos mais tarde, acender a chama pela profissão de jornalista e, assim, poder escrever as histórias não contadas sobre seu bairro.
[...]
A jornalista destacou: “Nascer e estar na periferia é algo que a gente carrega conosco. Nasreportagens da faculdade, eu sempre queria escrever sobre o meu bairro, contar o que via e não encontrava nos grandes veículos” [...].
[...]
Nesta Olimpíada, cujo mote foi“O lugar onde vivo”, todos nós ganhamos.
(ALENCAR, Vagner de. O lugar onde vivo esteve no pódio da Olimpíada de Língua Portuguesa. Folha de São Paulo, São Paulo, 22 out. 2021. Acesso em: 23 out. 2021. Adaptado).
Considere o excerto do texto lido e analise as assertivas a seguir:
I - No fragmento, o autor se vale da argumentação para analisar, avaliar e até responder a uma questão.
II - Com base na leitura do fragmento, pode-se afirmar que uma das intenções do autor foi relatar sua participação na 7a Olimpíada de Língua Portuguesa.
III - Infere-se do texto que o ponto principal de emoção do autor foi o diálogo entre as situações vividas no passado e sua realidade presente.
Em relação às proposições analisadas, assinale a única alternativa correta:
Faça uma leitura atenta do fragmento do texto de Vagner de Alencar:
Quarta-feira, dia 20 de outubro: eu chorei diante de centenas de estudantes do 3o ano do Ensino Médio de escolas públicas de todo o Brasil. Convidado a falar na 7a Olimpíada de Língua Portuguesa para semifinalistas do concurso, a emoção, literalmente, subiu ao pódio.
As lágrimas foram inevitáveis quando a imagem de Deusane e Luzimar, professoras de uma das escolas por onde passei, em Barra do Choça (BA), surgiu logo no começo de minha apresentação. [...]
[...]
Entre inspirações, tive o prazer de estar acompanhado, nesta Olimpíada, por Cintia Gomes, diretora institucional da Agência Mural.
Ela mostrou, para os estudantes, como um jornal escolar, criado durante o Ensino Médio, foi a fagulha para, anos mais tarde, acender a chama pela profissão de jornalista e, assim, poder escrever as histórias não contadas sobre seu bairro. [...]
(ALENCAR, Vagner de. O lugar onde vivo esteve no pódio da Olimpíada de Língua Portuguesa. Folha de São Paulo, São Paulo, 22 out. 2021. Acesso em: 23 out. 2021. Adaptado.)
Observe o emprego da vírgula nas orações a seguir e marque a única alternativa que apresenta a possibilidade de eliminar a(s) vírgula(s), sem violar a norma padrão da Língua Portuguesa: