TEXTO
[...]
Eu sei que ao longe na praça.
Ferve a onda popular,
Que às vezes é pelourinho,
Mas poucas vezes – altar.
Que zombam do bardo atento,
Curvo aos murmúrios do vento
Nas florestas do existir,
Que babam fel e ironia.
Sobre o ovo da utopia
Que guarda a ave do porvir.
Eu sei que o ódio, o egoísmo,
A hipocrisia, a ambição,
Almas escuras de grutas,
Onde não desce um clarão,
Peitos surdos às conquistas,
Olhos fechados às vistas,
Vistas fechadas à luz,
Do poeta solitário
Lançam pedras ao calvário,
Lançam blasfêmias à cruz.
[...]
(ALVES, Castro. Melhores poemas de Castro Alves. São Paulo: Global, 2003. p. 111.)
O poeta escreveu: “Eu sei que ao longe na praça. / Ferve a onda popular [...]”, o que nos faz lembrar os grandes movimentos revolucionários, a exemplo da Revolução Francesa. Um aspecto diferencial das revoluções ocorridas no século XX foi o seu caráter ideológico, com projetos de superação do sistema capitalista. O primeiro movimento vitorioso assim caracterizado ocorreu na Rússia, em 1917.
Sobre ele é correto afirmar que (marque a alternativa correta):
TEXTO
[...]
Eu sei que ao longe na praça.
Ferve a onda popular,
Que às vezes é pelourinho,
Mas poucas vezes – altar.
Que zombam do bardo atento,
Curvo aos murmúrios do vento
Nas florestas do existir,
Que babam fel e ironia.
Sobre o ovo da utopia
Que guarda a ave do porvir.
Eu sei que o ódio, o egoísmo,
A hipocrisia, a ambição,
Almas escuras de grutas,
Onde não desce um clarão,
Peitos surdos às conquistas,
Olhos fechados às vistas,
Vistas fechadas à luz,
Do poeta solitário
Lançam pedras ao calvário,
Lançam blasfêmias à cruz.
[...]
(ALVES, Castro. Melhores poemas de Castro Alves. São Paulo: Global, 2003. p. 111.)
O poeta Castro Alves retrata-nos um cenário de convulsão social e de transformação das ideias vividas no Império brasileiro a partir da segunda metade do século XIX. Na visão das elites da época, o País caminhava para o progresso e, para garanti-lo, era preciso modernizá-lo. Assim, os abolicionistas tomaram para si a tarefa de redimensionar os movimentos dos negros.
Analise as afirmações apresentadas a seguir e marque a alternativa que corresponde corretamente ao projeto dos abolicionistas:
TEXTO
Sacristão
Só tenho a lamentar minha pobreza, que não me permite ajudar os amigos.
Severino
Mais pobre do que Vossa Senhoria é Severino do Aracaju, que não tem ninguém por ele, a não ser seu velho e pobre papo-amarelo. Mas mesmo assim eu quero ajudá-lo, porque Vossa Senhoria é meu amigo. (Tirando o dinheiro.) Três contos! Estou quase pensando em deixar o cangaço. Eu deixava vocês viverem, o bispo demitia o sacristão e me nomeava no lugar dele. Com mais uns cinquenta cachorros que se enterrassem, eu me aposentava. (Sonhador.) Podia comprar uma terrinha e ia criar meus bodes. Umas quatro ou cinco cabeças de gado e podia-se viver em paz e morrer em paz, sem nunca mais ouvir falar no velho papo-amarelo.
Bispo
Mas é uma grande ideia, Severino.
Severino
É uma grande ideia agora, porque a polícia fugiu. Mas ela volta com mais gente e eu não dava três dias para o senhor bispo fazer o enterro do novo sacristão.
[...]
(SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. 32. ed. São Paulo: Agir, 2006. p. 109. Adaptado.)
O cangaço foi um movimento de banditismo social politicamente ambíguo. Sob certos aspectos, era um protesto contra as injustiças, contra os latifúndios e as violências praticadas cotidianamente no mundo sertanejo; porém, cometia, igualmente, violências e podia estar a serviço de coronéis.
Acerca desse tema, pode-se afirmar que:
TEXTO
— Desculpe-me, Prof. Ventrilli; mas são justamente os cantos de guerra que levantam as massas. São eles que entram na alma do povo. A música de guerra e a música folclórica, que exprime o sentimento do homem. Do homem sem pátria, do homem-humanidade, digamos. O homem universal, sem restrições de interesses personalísticos e sem inibições naturais de pátria, religião, família... Não a música clássica que apenas revela a alma de um artista. O sentimento de um homem. E, só excepcionalmente as reações desse artista, desse homem, são as reações de toda uma nação. A música que se batizou de clássica é música para minoria, uma elite. Música para ouvidos educados e não para o coração virgem do homem do povo. Por isso lhe dá sono. A música folclórica, ao contrário, logo que penetra no tímpano, ecoa na alma. Na primeira audição. Seja o folclore argentino ouvido por um dos nossos sertanejos... Sejam as canções do mujique entrando nos ouvidos dos selvagens da América. O aboio das nossas vaquejadas, o fado nostálgico do lusitano, a música quente das castanholas e os rufos bárbaros das populações primitivas. Eis sons que só não agradam àqueles cuja educação incompleta os proíbe de as apreciar. Música de âmago para íntimo. Eu concebo, Professor, a música como a primeira das artes. Mas essa música que a gente sente logo, não a que a gente tem que entender para sentir. Penso mesmo que amanhã só esses raros trechos da música de Chopin, Mozart, Beethoven, Haydn, Tchaikowsky serão ouvidos. Assim mesmo adulterados, com ritmos diferentes, adaptados ao sentimento imutável do povo. Cá no Brasil, as nossas grandes figuras cederão a batuta para um Zequinha de Abreu, um Catulo. [...] É bom que se destrua o que separa os homens. Busquemos só a música que se faz anônima no uso do povo. Música que se situará no meio, entre os tangos, rumbas, sambas, fados de um lado e do outro as sinfonias, as ouvertures pomposas, os prelúdios e as finales barulhentas: que esta seja a música do futuro, Prof. Ventrilli!...
[...]
O ideal seria o povo elevar-se até à compreensão da música dos clássicos. O sentimento se educa. Música imortal tem tanto do sentimento do homem, da humanidade, como os aboios tradicionais. [...]
(LEÃO, Ursulino. Maya. 2. ed. Goiânia: Kelps, 1975. p. 91-93.)
“O ideal seria o povo elevar-se até à compreensão da música dos clássicos”, diz o narrador no Texto 4. Um projeto civilizacional desses moldes foi implantado na corte do Rio de Janeiro à época do Império. Companhias de ópera vinham constantemente apresentar-se no Brasil, e os costumes europeus representavam o modelo de cultura a ser reproduzido nos trópicos. Acerca desse período, reflita sobre as afirmações a seguir:
I-A europeização dos costumes foi um processo rápido, levado à frente pelo sábio imperador D. Pedro
II. Ele, que admirava profundamente a cultura clássica, investiu na criação de bibliotecas e escolas, e financiou o desenvolvimento dos institutos científicos. II-O processo de europeização dos costumes tem como marco a vinda de D. João VI para o Brasil, a abertura dos portos e a instalação dos nobres lusitanos no Rio de Janeiro.
III-As obras escritas pelos viajantes estrangeiros acerca do Brasil influenciaram a visão que a elite nacional tinha de si mesma, apesar de esses livros serem repletos de preconceitos. Isso contribuiu para a imitação do padrão civilizacional europeu.
IV-O projeto de civilizar os trópicos segundo os moldes europeus contribuiu para a extinção dos costumes africanos nas ruas das principais cidades brasileiras. Foram os negros do mundo rural que conseguiram manter suas tradições e sua religiosidade.
De acordo com os itens analisados, marque a alternativa que contém apenas proposições corretas:
TEXTO
Naquele tempo Rudêncio servia numa brigada de baloneiros e tinha feito voos sobre o território dos Aruguas para jogar presentes retirados dos Armazéns Proibidos, aqueles objetos vindos do tempo antigo que não nos servem para nada, mas parecem ter muito valor para os atrasados Aruguas.
Rudêncio foi aos Aruguas como embaixador especial levando vários caixotes cheios daquelas cabacinhas de vidro que dizem que davam luz antigamente, daqueles tijolinhos achatados que tocavam música e falavam, daqueles cataventos de ferro de vários tamanhos que giravam sozinhos quando se apertava um botãozinho que eles têm no pé, e hoje a gente aperta e não acontece nada, aquelas chapinhas pretas com um buraco no meio, que dizem que também tocavam música, e muitas outras dessas bobagens que os antigos adoravam e que hoje nem sabemos ao certo para que servem.
[...]
(VEIGA, José J. Os pecados da tribo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. p. 9-10. Adaptado.)
O Texto nos permite pensar as práticas civilizatórias que foram implementadas nas províncias do Império brasileiro durante a ocupação da terra nas primeiras décadas do século XIX. Os proprietários beneficiados, na ânsia de expandir suas posses, utilizaram-se fartamente dos serviços de índios “civilizados” para o trabalho e do enorme contingente de escravos. Assim, deram a seu modo, sentido à civilização. Analise os itens a seguir quanto à sua correção sobre essas práticas civilizatórias com relação aos indígenas:
I-Os desbravadores de terras faziam “tratados de paz” com os gentios, presenteando-os com ferramentas deixadas nos galhos de árvores e outras bugigangas, como pentes e espelhos, para, em seguida, capturá- -los e transformá-los em mão de obra nas fazendas em formação.
II-Os indígenas, devido a sua passividade e falta de resistência, foram domesticados, disciplinados e transformados em força de trabalho escrava no campo e nas cidades.
III-Civilizar os nativos pelo trabalho e não pela cruz e pela espada, como fizeram os bandeirantes, tornou-se um dos princípios do pensamento liberal do Império brasileiro.
De acordo com os itens analisados, marque a alternativa que contém todas as proposições corretas: