O Banheiro
Não é o lar o último recesso do homem civilizado, sua última fuga, o derradeiro
recanto em que pode esconder suas mágoas e dores. Não é o lar o castelo do homem. O
castelo do homem é seu banheiro. Num mundo atribulado, numa época convulsa, numa
sociedade desgovernada, numa família dissolvida ou dissoluta só o banheiro é um
[5] recanto livre, só essa dependência da casa e do mundo dá ao homem um hausto de
tranquilidade. É ali que ele sonha suas derradeiras filosofias e seus moribundos cálculos
de paz e sossego. Outrora, em outras eras do mundo, havia jardins livres, particulares e
públicos, onde o homem podia se entregar à sua meditação e à sua prece. [...]
Desapareceram os jardins particulares, [...] o homem foi recuando, desesperou e só
[10] obteve um instante de calma no dia em que de novo descobriu seu santuário dentro de
sua própria casa — o banheiro. Se não lhe batem à porta outros homens (pois um lar
por definição é composto de mulher, marido, filho, filha e um outro parente,
próximo ou remoto, todos com suas necessidades físicas e morais) ele, ali e só ali,
por alguns instantes, se oculta, se introspecciona, se reflete, se calcula e julga. Está só
[15] consigo mesmo, tudo é segredo, ninguém o interroga, pressiona, compele, tenta, sugere,
assalta. [...]
O banheiro é o que resta de indevassável para a alma e o corpo do homem e queira
Deus que Le Corbusier ou Niemeyer não pensem em fazê-lo também de vidro, numa
adaptação total ao espírito de uma humanidade cada vez mais gregária, sem o
[20] necessário e apaixonante sentimento de solidão ocasional.
FERNANDES, Millor. O banheiro. Disponível em: http://releituras.com/millor_banheiro.asp. Acesso em: 28 abr. 2017. (Fragmento)
No texto, nas linhas 11, 12 e 13, o autor usa a explicação, contida nos parênteses, para
A doação de sangue e o preconceito contra homossexuais
Preconceito contra doação de sangue de gays e bissexuais aumenta o déficit de sangue nos hemocentros do País, diz Alexino Ferreira
O professor Ricardo Alexino Ferreira, em sua coluna semanal para a Rádio USP, aborda a questão do preconceito a gays e bissexuais por parte do Ministério da Saúde, no qual, mesmo com o déficit de sangue nos hemocentros do País, faz restrições quanto à doação de homens que tenham tido relações sexuais com outros homens.
Segundo Alexino Ferreira, a portaria 2712 do Ministério da Saúde, datada de novembro de 2013, parece insistir no grupo de risco (1), em detrimento ao comportamento de risco (1). Afinal, já se estabeleceu, desde há muito, que o vírus HIV, transmissor da aids, não faz distinção de orientação sexual e que, portanto (2), heterossexuais, bissexuais ou homossexuais podem ser igualmente contaminados em situações de risco, ou seja, quando não se faz uso de preservativos nas relações sexuais ou quando se tem contato direto com sangue contaminado.
De fato, o colunista aponta uma contradição na própria portaria, a qual prevê que os serviços de hemoterapia não devem (3) manifestar preconceito ou discriminação com relação à orientação sexual ou com a identidade de gênero do doador.
Alexino Ferreira diz ainda que as organizações de direitos LGBTs vêm denunciando (4) esse tipo de preconceito. De acordo com elas, existem casais homoafetivos estáveis, que não têm relações extraconjugais, ou mesmo homens homossexuais ou bissexuais que fazem sexo seguro com outros homens e não são usuários de drogas. Com esse tipo de restrição, o Brasil perde 18 milhões de litros de sangue ao ano.
FERREIRA, Ricardo Alexino. Disponível em: http://jornal.usp.br/atualidades/a-doacao-de-sangue-e-opreconceito-contra-homossexuais. Acesso em: 28 abr. 2017.
Com base na leitura do texto e nos trechos numerados, assinale a alternativa INCORRETA.
Analise a presença da partícula se nos exemplos abaixo. A seguir, faça a correspondência dos exemplos com as explicações dadas
I. Se você não chegar cedo, teremos de improvisar um apresentador para o recital.
II. Com tantos problemas, vive-se um dia de cada vez.
III. Os irmãos, João e Luísa, deram-se as mãos.
IV. Naquele condomínio, vendem-se casas.
( ) O se, no exemplo, indica que a frase está na voz passiva, ou seja, o sujeito sofre a ação praticada por outro agente.
( ) O se, nesse caso, é chamado de índice de indeterminação do sujeito. É utilizado em frases cujo sujeito é indeterminado.
( ) O se, no exemplo, é pronome pessoal. Nesse caso, a ação envolve dois sujeitos, sendo que um pratica a ação sobre o outro e, portanto, ambos sofrem a consequência da ação praticada.
( ) O se, nesse caso, indica uma condição para a oração principal.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
Leia os trechos do diário abaixo. A seguir, numere-os de 1 a 5, de modo a organizar o texto com coesão e coerência. Em seguida, assinale a alternativa correta.
( ) Tomara que amanhã isso não aconteça. Sobre isso, estive pensando qual profissão gostaria de ter no futuro e não cheguei numa conclusão concreta. Uma coisa eu sei: quero ajudar as pessoas e fazer diferença no mundo. Tenho fé nisso!!! Termino esse dia com a frase de um autor que gosto muito, do Drummond: “Há campeões de tudo, inclusive de perda de campeonatos. Boa noite! Helena
( ) No recreio, não tive coragem de falar com elas e fiquei no meu canto, lendo a matéria de história e aproveitando para responder as questões que o prof. passou na aula passada. Quando cheguei em casa, almocei e fiquei enfiada no quarto o dia inteiro pensando que não quero mais voltar pra escola. Nem fome eu tive!
( ) Na sala de aula, a Ana e a Célia ficaram dando risadinhas e olhando pra mim. Depois veio o Hugo e me disse que eu tinha um chiclete no cabelo. A minha questão foi: Quem colocou ele ali? E porque ao invés de me falarem ficaram rindo da minha cara? Fiquei muito chateada com a atitude delas e de outras pessoas que passavam bilhetinho enquanto aproveitavam para olhar pra minha cabeça. Ainda bem que bateu o sinal para o intervalo.
( ) Depois de tanto pensar, resolvi enfrentar o problema e escrevi uma carta pra Ana e pra Célia. Acho que ficou bem legal, ainda que no texto eu não reprovei a atitude delas. Pelo contrário, convidei elas para serem minhas amigas. Gosto delas, mas não gosto de injustiças, de caçoar dos outros. Acho muito feio rir de um defeito ou da desgraça alheia. Eu sei: tenho um coração mole!!!.
( ) Londrina, 05 de julho de 2013. Querido Diário, hoje já acordei com uma sensação estranha. Talvez por ser o “dia das bruxas”. Como habitual, fui à escola e logo pude entender que algo inusitado iria acontecer. Tivemos duas aulas vagas, pois o professor de geografia ficou doente. Ficamos de boa na sala.
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/genero-textual-diario. Acesso em: 03 mai. 2017. (Adaptado).
A sequência correta, de cima para baixo, é:
Por que temos de aprender Língua Portuguesa?
Essa pergunta certamente tem estado na cabeça de muitos estudantes nos mais diversos níveis de ensino ao longo de suas caminhadas de aprendizagem, de construção de conhecimentos, competências e habilidades. Essa enumeração de formas de representar o desenvolvimento cognitivo também nos remete à mesma pergunta – por que “ensinar” Língua Portuguesa?
Se nossos aprendizes são falantes nativos do idioma, por qual razão muitos deles sentem que não conhecem sua língua materna e que não fazem um bom uso das formas de dizer nos mais variados contextos de interação pela linguagem?
O fato é que há contingentes de analfabetos funcionais que, embora tenham sido alfabetizados, não desenvolveram a competência de uso da língua em situações comunicativas específicas.
Ler, compreender e produzir sentido(s). Tudo muito simples, mas há lacunas, faltam condições para que os aprendizes de leitura e de escrita conquistem sua autonomia, para que exerçam com plenitude a condição de sujeitos de seu dizer, de participantes ativos da produção dos sentidos que os discursos potencializam em suas múltiplas formas.
[...] Muitos pesquisadores do campo da linguística têm defendido o ensino de língua materna como um espaço de riqueza linguística, de diversidade de textos, que torne mais rica e significativa a experiência com a linguagem.
Disponível em: http://www.gazetadosul.com.b. Acesso em: 25 abr. 2017. (Fragmento adaptado)
Com o objetivo de responder à pergunta do título do texto, o autor, no segundo parágrafo, questiona o fato de os nativos do idioma sentirem que não conhecem sua língua materna.
Infere-se que a crítica apresentada no texto diz respeito ao papel do(a)
Desafios atuais e ameaças
Nos 514 anos desde que os europeus chegaram ao Brasil, os povos indígenas
sofreram genocídio em grande escala, e perda da maioria de suas terras.
‘Nós não sabíamos que os brancos iam tirar a nossa terra. Nós não sabíamos de
nada sobre o desmatamento. Nós não sabíamos sobre as leis dos homens brancos.’
[5] (Enawenê Nawê)
Hoje, o Brasil tem planos agressivos para desenvolver e industrializar a Amazônia.
Até os territórios mais remotos estão agora sob ameaça. Vários complexos de barragens
hidrelétricas estão sendo construídos perto de tribos isoladas, e eles também irão privar
milhares de outros índios da terra, água e meios de subsistência. Os complexos de
[10] barragens irão fornecer energia barata para as empresas de mineração, que estão
prestes a realizar a mineração em grande escala nas terras indígenas se o Congresso
aprovar um projeto de lei que está sendo empurrado duramente pelo lobby de mineração.
Muitas tribos do sul do país como os Guarani vivem em condições desumanas sob
barracos de lona em beiras de estradas. Seus líderes estão sendo sistematicamente
[15] atacados e mortos por milícias privadas de pistoleiros contratados pelos fazendeiros para
evitar que eles ocupem sua terra ancestral. Muitos Guarani cometem suicídio em
desespero com a falta de qualquer futuro significativo.
Os Guarani estão se suicidando por falta da terra. ‘A gente antigamente tinha a
liberdade, mas hoje em dia nós não temos mais liberdade. Então, por isso, os nossos
[20] jovens vivem pensando que eles não têm mais condições de viver. Eles se sentam e
pensam muito, se perdem e se suicidam.’ Rosalino Ortiz, Guarani
Disponível em: http://www.survivalbrasil.org/povos/indios-brasileiros. Acesso em: 28 abr. 2017.
Com base na leitura do texto e nas expressões em destaque, assinale a alternativa INCORRETA.