Leia o texto a seguir e responda às questão.
As vacinas são uma das mais belas criações da humanidade. Uma delas erradicou a varíola, outras derrubaram as mortes por febre amarela, sarampo e meningite e são elas que agora sustentam a volta à vida depois do período mais duro da pandemia de Covid-19. Seu princípio básico de funcionamento é tremendamente simples: estimular o corpo a identificar e combater um agente estranho ao organismo. Baseados nesse conceito, há décadas pesquisadores na área do câncer perguntam-se qual seria o efeito do recurso contra a doença, uma vez que os tumores são conglomerados anormais de células crescendo entre os tecidos, configurando-se, portanto, em algo alheio à natureza dos órgãos. Não tem sido fácil achar a resposta, mas o anúncio feito há duas semanas pela Cleveland Clinic, dos Estados Unidos, mostra que os estudiosos raciocinam no caminho certo.
Considerado um dos melhores do mundo, o centro americano de tratamento e pesquisa em saúde informou o início de um estudo clínico para testar a eficácia e segurança de uma vacina na prevenção e tratamento do tipo mais agressivo de câncer de mama. Se der certo, será o primeiro imunizante capaz de evitar diretamente o surgimento de um tumor. Atualmente, há opções de proteção indireta, como as vacinas de HPV e da hepatite B. A primeira atua sobre alguns tipos do Papilomavírus humano responsáveis por tumores, como o que causa câncer de colo de útero. A segunda protege de infecções pelo vírus da hepatite B, doença que promove inflamação crônica do fígado, tornando as células do órgão vulneráveis à proliferação descontrolada (característica do câncer).
Participarão do ensaio clínico entre 18 e 24 pacientes que tiveram o diagnóstico do câncer em etapa inicial nos últimos três anos, encontram-se sem o tumor, mas apresentam grande risco de recidiva. Até setembro de 2022, quando esse braço da pesquisa será encerrado, cada uma receberá três doses da vacina, aplicadas com intervalos de duas semanas entre cada uma. Nessa fase, o objetivo é examinar a resposta imune desencadeada pela vacina e efeitos colaterais. Ou seja, avaliar o desempenho do imunizante do ponto de vista terapêutico.
Adaptado de: PEREIRA, Cilene. Uma vacina tão esperada. Veja. São Paulo: Ed. Abril. 10 de novembro de 2021. ed. 2763, ano 54, nº 44, p. 62-63.
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, um fato comprovado pelo texto.
Leia o texto a seguir e responda à questão.
No universo virtual, é comum quem diga: “Não leia os comentários! Não leia os comentários! Não leia os comentários!” – uma vez que parecem males saídos da Caixa de Pandora de tão violentos que são. Entretanto, utilizando a Ciência como guia, pode-se navegar de modo crítico e embasado pelas afirmações que são feitas nestas seções.
Com base no texto e nos conhecimentos matemáticos, considere as afirmativas a seguir.
I. A probabilidade de se escolher, ao acaso, dentre as mulheres de todas as idades em território brasileiro, uma vítima representada pela pesquisa é de 17%.
II. Ao noticiar que uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos foi vítima de algum tipo de violência durante a pandemia, infere-se que todo brasileiro conhece, a cada quatro mulheres de seu entorno, uma que tenha sofrido violência nas condições pesquisadas.
III. A reportagem noticia que 24,4% das mulheres do segmento pesquisado representam 17 milhões de vítimas, do que se conclui que o estudo está equivocado, pois este percentual representa 24,4 milhões de mulheres.
IV. A autora aproximou 24,4% por 25% ao utilizar a expressão “uma em cada quatro mulheres”. Caso escolhesse aproximar os mesmos 24,4% por 24%, escreveria “seis em cada 25 mulheres”.
Assinale a alternativa correta.
Leia o fragmento retirado da obra Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, e responda à questão.
TIÃO – Papai...
OTÁVIO – Me desculpe, mas seu pai ainda não chegou. Ele deixou um recado comigo, mandou dizê pra você que
ficou muito admirado, que se enganou. E pediu pra você tomá outro rumo, porque essa não é casa de fura-greve!
TIÃO – Eu vinha me despedir e dizer só uma coisa: não foi por covardia!
OTÁVIO – Seu pai me falou sobre isso. Ele também procura acreditá que num foi por covardia. Ele acha que você
até que teve peito. Furou a greve e disse pra todo mundo, não fez segredo. Não fez como o Jesuíno que furou a
greve sabendo que tava errado. Ele acha, o seu pai, que você é ainda mais filho da mãe! Que você é um traidô
dos seus companheiro e da sua classe, mas um traidô que pensa que tá certo! Não um traidô por covardia, um
traidô por convicção!
TIÃO – Eu queria que o senhor desse um recado a meu pai...
OTÁVIO – Vá dizendo.
TIÃO – Que o filho dele não é um “filho da mãe”. Que o filho dele gosta de sua gente, mas que o filho dele tinha
um problema e quis resolvê esse problema de maneira mais segura. Que o filho dele é um homem que quer bem!
Adaptado de: GUARNIERI, Gianfrancesco. Eles não usam black-tie. 36ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019. p. 101-102.
Acerca dos recursos linguístico-semânticos utilizados no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. A língua escrita é a mais “correta”, enquanto a língua oral é repleta de “erros”, “falhas”, “inculta”, o que pode ser comprovado pelos exemplos: “Me desculpe”, “dizê”, “tomá”, “traidô”.
II. Há no texto uma influência da oralidade. Na língua, as expressões distinguem-se geográfica, social e historicamente. A fala espontânea varia da mesma forma: não há as mesmas atitudes linguísticas na burguesia e na classe operária, na conversação de adultos e na de adolescentes.
III. Os termos “dizê”, “acreditá”, “traidô”, “tava” e “resolvê” são exemplos da variedade linguística do grupo social retratado no texto teatral.
IV. O texto teatral dialoga com seu público-alvo. Em muitos textos escritos, encontram-se “pegadas” da fala a fim de persuadir o leitor e torná-lo participante ativo da mensagem em seu papel de interlocutor.
Assinale a alternativa correta.
Leia a crônica a seguir, retirada do livro Histórias que os jornais não contam, de Moacyr Scliar, e responda à questão.
Nesta enquete eleitoral a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. (23/10/2005)
O estatístico acordou e, como sempre o fazia, espiou pela janela. Céu nublado. Deveria levar o guarda-chuva? Com base em sua experiência pregressa, avaliou a possibilidade de chuva em 38%, com uma margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Decidiu não levar o guarda-chuva, mesmo porque já havia esquecido três ou quatro no escritório.
A mulher dormia ainda e ele decidiu não acordá-la; professora universitária, ela tinha ficado até a meianoite corrigindo trabalhos. Merecia o descanso. E de repente uma pergunta lhe ocorreu: será que ainda se amavam? Qual era a possibilidade de que isso acontecesse depois de quinze anos, três meses e oito dias de casamento, depois de dois filhos, um com treze anos, seis meses e sete dias, outro com dez anos, dois meses e 20 dias? Poderia arriscar uma cifra, mas decidiu não fazê-lo, mesmo porque estava atrasado. Engoliu rapidamente o café (frio: cerca de 32 graus, concluiu, e não costumava errar: sua chance de acertar a temperatura dos líquidos era de cerca de 91%, com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos). Desceu para a garagem do prédio e entrou no carro, um velho Gol. O motor não quis pegar, e por um momento ele temeu que o automóvel o deixasse na mão. Mas as chances de que isso acontecesse eram de apenas 12%, com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e logo ele estava no trânsito, congestionado como sempre. Estimou a sua chance de chegar no horário em 72%, com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. De fato, às nove em ponto estava sentando à sua mesa.
Tinha várias pesquisas para examinar naquele dia. As chances de uma marca de sabão ser preferida em relação à outra, as chances de um candidato à presidência de empresa ser eleito em relação a outro. Um trabalho a que estava habituado e que em geral transcorria com facilidade; as chances de concluir a análise de uma pesquisa em duas horas e trinta e oito minutos eram de 83%, com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O fato, porém, é que uma pergunta o atormentava: será que ainda amava a esposa? Na semana anterior a empresa havia admitido uma nova estatística, moça simpática e linda que fizera balançar o seu coração.
Naquele momento o telefone tocou. Era a mulher: só queria dizer que o amava. E ele, jubiloso, concluiu que também a amava. As chances eram de 100%. Com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais, só para mais.
SCLIAR, Moacyr. Para mais ou para menos. In: Histórias que os jornais não contam. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. p.121-122.
Com base na crônica, assinale a alternativa correta.
Leia a crônica a seguir, retirada do livro Histórias que os jornais não contam, de Moacyr Scliar, e responda à questão.
Nesta enquete eleitoral a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. (23/10/2005)
O estatístico acordou e, como sempre o fazia, espiou pela janela. Céu nublado. Deveria levar o guarda-chuva? Com base em sua experiência pregressa, avaliou a possibilidade de chuva em 38%, com uma margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Decidiu não levar o guarda-chuva, mesmo porque já havia esquecido três ou quatro no escritório.
A mulher dormia ainda e ele decidiu não acordá-la; professora universitária, ela tinha ficado até a meianoite corrigindo trabalhos. Merecia o descanso. E de repente uma pergunta lhe ocorreu: será que ainda se amavam? Qual era a possibilidade de que isso acontecesse depois de quinze anos, três meses e oito dias de casamento, depois de dois filhos, um com treze anos, seis meses e sete dias, outro com dez anos, dois meses e 20 dias? Poderia arriscar uma cifra, mas decidiu não fazê-lo, mesmo porque estava atrasado. Engoliu rapidamente o café (frio: cerca de 32 graus, concluiu, e não costumava errar: sua chance de acertar a temperatura dos líquidos era de cerca de 91%, com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos). Desceu para a garagem do prédio e entrou no carro, um velho Gol. O motor não quis pegar, e por um momento ele temeu que o automóvel o deixasse na mão. Mas as chances de que isso acontecesse eram de apenas 12%, com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e logo ele estava no trânsito, congestionado como sempre. Estimou a sua chance de chegar no horário em 72%, com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. De fato, às nove em ponto estava sentando à sua mesa.
Tinha várias pesquisas para examinar naquele dia. As chances de uma marca de sabão ser preferida em relação à outra, as chances de um candidato à presidência de empresa ser eleito em relação a outro. Um trabalho a que estava habituado e que em geral transcorria com facilidade; as chances de concluir a análise de uma pesquisa em duas horas e trinta e oito minutos eram de 83%, com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O fato, porém, é que uma pergunta o atormentava: será que ainda amava a esposa? Na semana anterior a empresa havia admitido uma nova estatística, moça simpática e linda que fizera balançar o seu coração.
Naquele momento o telefone tocou. Era a mulher: só queria dizer que o amava. E ele, jubiloso, concluiu que também a amava. As chances eram de 100%. Com uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais, só para mais.
SCLIAR, Moacyr. Para mais ou para menos. In: Histórias que os jornais não contam. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. p.121-122.
Sobre as características tipológicas da crônica, considere as afirmativas a seguir.
I. A estrutura do texto narrativo mantém relação com determinados tempos verbais do modo indicativo, principalmente os pretéritos perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito, como comprova a crônica.
II. O pretérito perfeito exprime um fato concluído e o mais-que-perfeito é usado para retomar um acontecimento ainda mais anterior aos fatos que narra, como no trecho “moça simpática e linda que fizera balançar o seu coração”.
III. Os tempos verbais utilizados no texto configuram um tipo de discurso comentado, com características descritivas, típico do gênero jornalístico ao qual a crônica pertence.
IV. O presente histórico é utilizado para enfatizar fatos passados como se estivessem acontecendo no momento da fala, pois, ao narrar, o cronista menciona fatos ocorridos e, portanto, anteriores ao tempo em que se fala.
Assinale
Leia o fragmento a seguir, retirado da obra O vendedor de passados, de José Eduardo Agualusa, e responda às questões 43 e 44.
Félix conheceu Ângela Lúcia na inauguração de uma mostra de pintura. Creio – mas isto é mera suposição – que se apaixonou por ela assim que trocaram as primeiras palavras, porque a vida inteira o preparara para se entregar à primeira mulher que, vendo-o, não recuasse horrorizada. Quando digo recuar, entendam-me, não é para ser tomado de forma literal. Ao serem apresentadas a Félix Ventura, há mulheres que recuam realmente, dão um curto passo atrás, ao mesmo tempo que lhe estendem a mão. A maior parte, porém, recua em espírito, isto é, estendem-lhe a mão (ou o rosto), dizem “muito prazer”, e a seguir desviam os olhos e lançam algum comentário frouxo sobre o estado do tempo. Ângela Lúcia estendeu-lhe o rosto, ele beijou-a, ela beijou-o, e depois disse:
- É a primeira vez que beijo um albino.
Adaptado de. AGUALUSA, José Eduardo. O vendedor de passados. São Paulo: Planeta do Brasil, 2018. p. 131-132.
Quanto aos recursos coesivos presentes no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. No fragmento “Ao serem apresentadas a Félix Ventura”, fica evidente o sentido condicional condizente à sequência do que é narrado depois.
II. Em “... dizem ’muito prazer’, e a seguir desviam os olhos”, há na expressão entre aspas um exemplo de discurso indireto livre.
III. A expressão “recua em espírito” caracteriza uso conotativo da linguagem, em conformidade ao que foi expresso anteriormente: “não é para ser tomado de forma literal”.
IV. Ao longo do trecho, as ocorrências dos pronomes “o” e “lhe” fazem referência direta a Félix Ventura.
Assinale a alternativa correta.