Leia o texto de Guila Flint para responder à questão.
Durante os cinco anos que durou seu julgamento, o assassino Igal Amir apresentou uma atitude fria e arrogante. Sempre sorrindo e mascando chiclete, destruiu todos os argumentos da defesa, que tentava provar insanidade mental. Houve um consenso inusitado entre a acusação, a defesa e os juízes de que Amir fez praticamente todo o trabalho para a acusação. Basta observar as declarações feitas por ele durante o julgamento para perceber por que vários advogados da defesa se demitiram, e a acusação não teve de trabalhar muito para provar o assassinato premeditado. “Agi de forma lúcida e premeditada”, disse Amir, admitindo que se preparou durante dois anos para o crime. “Tudo que fiz foi em nome de Deus e para o bem do povo de Israel”, afirmou. “Aquele homem (Rabin) queria sacrificar o povo de Israel pelo poder, sacrifiquei a minha vida pelo povo, um dia vocês entenderão que tinha razão”. Afirmou ainda, várias vezes, “Deus deu a terra de Israel ao povo de Israel!”.
Os psiquiatras que examinaram Amir concluíram que ele não sofre de distúrbios mentais, é uma pessoa articulada e seu QI é acima da média. Até o último momento do processo não manifestou arrependimento algum pelo crime. Mas quando ouviu a sentença, seu sorriso permanente finalmente desapareceu.
(Miragem de paz: Israel e Palestina, 2009. Adaptado.)
“Deus deu a terra de Israel ao povo de Israel!” (1º parágrafo) Assinale a alternativa que expressa, na voz passiva, o conteúdo dessa oração.
Leia o poema de Augusto dos Anjos para responder à questão.
Versos íntimos
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera1.
Somente a Ingratidão − esta pantera −
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
(Eu e outras poesias, 2011.)
1quimera: fantasia, utopia.
“Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!” (4ª estrofe)
O termo em destaque é um verbo
Leia o trecho do conto “Mundo, não aborreça”, de Dalton Trevisan, para responder à questão.
Me diga, você. Me dê um só motivo pra querer a morte de Cecília. Se era o sustento da casa. Ganhava mais do que eu. Não tinha seguro de vida. Nem herança pra deixar.
Ela me pediu. Fervesse a água e botasse a garrafa de plástico nos pés, estava morrendo de frio. Daí dormimos. Meio da noite rebenta a garrafa. Queimou todo o seu pé direito. E a perna soltava uma pele negra. Fomos de táxi ao pronto-socorro. Feito o curativo, nos mandaram pra casa. Não fosse a maldita diabete…
Quem dela cuidou por dez anos? Sim, dez anos esteve doente. Não é verdade que a maltratasse. Ou deixei de acudir esse tempo todo. Imagine largar na desgraça a única irmã. Lidei com essa ferida na perna por dez anos.
Ceci ganhava mais do que eu. Fornecia a casa e me ajudou na precisão. Agora fiquei sozinha e abandonada.
Bem que ela teve assistência médica. E quem a valeu todos os dias? Serviu de enfermeira? Sempre ao seu lado. Sem descanso nem sossego. Exausta, cabeceando numa cadeira dura.
(O maníaco do olho verde, 2008.)
Segundo a voz que enuncia o texto,
Leia o trecho do conto “Mundo, não aborreça”, de Dalton Trevisan, para responder à questão.
Me diga, você. Me dê um só motivo pra querer a morte de Cecília. Se era o sustento da casa. Ganhava mais do que eu. Não tinha seguro de vida. Nem herança pra deixar.
Ela me pediu. Fervesse a água e botasse a garrafa de plástico nos pés, estava morrendo de frio. Daí dormimos. Meio da noite rebenta a garrafa. Queimou todo o seu pé direito. E a perna soltava uma pele negra. Fomos de táxi ao pronto-socorro. Feito o curativo, nos mandaram pra casa. Não fosse a maldita diabete…
Quem dela cuidou por dez anos? Sim, dez anos esteve doente. Não é verdade que a maltratasse. Ou deixei de acudir esse tempo todo. Imagine largar na desgraça a única irmã. Lidei com essa ferida na perna por dez anos.
Ceci ganhava mais do que eu. Fornecia a casa e me ajudou na precisão. Agora fiquei sozinha e abandonada.
Bem que ela teve assistência médica. E quem a valeu todos os dias? Serviu de enfermeira? Sempre ao seu lado. Sem descanso nem sossego. Exausta, cabeceando numa cadeira dura.
(O maníaco do olho verde, 2008.)
“Ela me pediu. Fervesse a água e botasse a garrafa de plástico nos pés, estava morrendo de frio.”
Assinale a alternativa que reescreve o período com correção gramatical e mantém o sentido contextual original.
Leia o trecho do conto “Mundo, não aborreça”, de Dalton Trevisan, para responder à questão.
Me diga, você. Me dê um só motivo pra querer a morte de Cecília. Se era o sustento da casa. Ganhava mais do que eu. Não tinha seguro de vida. Nem herança pra deixar.
Ela me pediu. Fervesse a água e botasse a garrafa de plástico nos pés, estava morrendo de frio. Daí dormimos. Meio da noite rebenta a garrafa. Queimou todo o seu pé direito. E a perna soltava uma pele negra. Fomos de táxi ao pronto-socorro. Feito o curativo, nos mandaram pra casa. Não fosse a maldita diabete…
Quem dela cuidou por dez anos? Sim, dez anos esteve doente. Não é verdade que a maltratasse. Ou deixei de acudir esse tempo todo. Imagine largar na desgraça a única irmã. Lidei com essa ferida na perna por dez anos.
Ceci ganhava mais do que eu. Fornecia a casa e me ajudou na precisão. Agora fiquei sozinha e abandonada.
Bem que ela teve assistência médica. E quem a valeu todos os dias? Serviu de enfermeira? Sempre ao seu lado. Sem descanso nem sossego. Exausta, cabeceando numa cadeira dura.
(O maníaco do olho verde, 2008.)
“Fomos de táxi ao pronto-socorro. Feito o curativo, nos mandaram pra casa.”
O trecho em destaque pode ser substituído, respeitando-se o contexto, por:
Leia o texto de Gerald Ramsey para responder à questão.
Imagine… que acorda de manhã. As suas pernas não são compridas o suficiente para tocar o chão de madeira do seu quarto. Esfregando os olhos de sono, você caminha para o banheiro e sobe no pequeno tamborete, erguendo o olhar para o espelho retangular. Você chora por dentro ao defrontar-se com uma menina de cabelos medianamente longos, ao invés do garoto de cabelos curtos que vive nos seus sonhos. A sua angústia cresce quando você senta na privada. É verdade que por vezes você urina de pé, mas não é muito prático e você receia ser apanhada novamente pela sua mãe.
Hoje é domingo, e sua família espera que você se vista para ir à igreja. É o único dia da semana em que é obrigada a usar um vestido. Você vasculha o guarda-roupas, indo de uma triste escolha a outra. Antes de dar por isso, está chorando novamente. Sua mãe logo irá subir e começarão a discutir. Você dirá que não tem nada para vestir, e ela responderá que tem lindas roupas. “Os vestidos são lindos”, você diz a si mesma, “mas não quando eu visto”.
O seu único refúgio são os seus sonhos e fantasias, e também eles começam a frustrá-la. Entre as suas fantasias preferidas estão caçar com seu pai, jogar bola com os colegas no time da escola, lutar com os outros rapazes até se sujar todo (e vencer, e voltar a casa com cheiro de sujeira nas roupas), e ser um advogado criminal (e após cada caso o juiz dirá, “Meu jovem, como advogado você honrou a barra deste tribunal”).
Agora você tem doze anos e há não muito tempo ficou histérico, depois envergonhadíssimo, quando começou a menstruar. Como se já não bastasse, os seus seios estão crescendo e você tem atraído mais atenção do que nunca, já que foi abençoado com seios grandes. Agora, quando joga futebol, os garotos arranjam desculpas para se chocar com você e agarrá-lo…
(Transexuais: perguntas e respostas, 1998. Adaptado.)
O texto descreve o cotidiano de