A ascensão de movimentos de ultradireita na Europa e a eleição de líderes políticos como Donald Trump parecem resultar do crescimento de um mal-estar gerado pela globalização. Acrescentem-se, como fator desse mal-estar, as transferências de fábricas de metrópoles norte-americanas e europeias a países asiáticos e africanos, em que a exploração de trabalhadores é maior. A acumulação de vacinas em 10 países centrais é um escândalo que contradiz a lógica da globalização.
(Néstor G. Canclini. “Antropólogo da Contemporaneidade.” Revista Pesquisa FAPESP, julho de 2021. Adaptado.)
O excerto refere-se à história do tempo presente e
Leia o texto de Jaime Pinsky para responder a questão.
Um presente do Nilo
Heródoto, historiador grego que viveu no século V, tem uma célebre frase em que afirma ser o Egito uma dádiva, um presente do Nilo. A frase atravessou séculos e é repetida acriticamente por todos os manuais de história que falam do Egito. Fica, para muitos, a impressão que Heródoto efetivamente quis passar, ou seja, que mais importante do que a ação do homem, é o dom da natureza. Etnocêntricos e pretensiosos, os gregos tinham um despeito enorme do Egito, sabidamente já uma grande civilização, quando eles mesmos ainda viviam em aldeias isoladas. Considerando-se superiores, não podiam aceitar esse fato a não ser atribuindo-o a razões sobrenaturais ou, simplesmente, a razões geográficas.
Que os gregos subestimassem os egípcios é, pois, compreensível. O que não é aceitável, contudo, é a repetição do mesmo preconceito, livro após livro. Na verdade, não há um milagre egípcio, ele tem bases muito concretas. O rio, em si, oferece condições potenciais, que foram aproveitadas pela força de trabalho dos camponeses egípcios — os felás —, organizados por um poder central, no período faraônico. Trabalho e organização foram, pois, os ingredientes principais da civilização egípcia. O rio, em si, como pode ser visto em ilustrações, ao mesmo tempo que fertilizava, inundava. A cheia atingia de modo violento as regiões mais ribeirinhas e parcamente as mais distantes. Era necessário organizar a distribuição da água de forma mais ampla, para se poderem evitar alagados ou pântanos em algumas áreas e terrenos secos em outras. A solução foi o trabalho coletivo e solidário, intenso e organizado.
(As primeiras civilizações, 1994. Adaptado.)
Segundo o autor, a afirmação de Heródoto de que o Egito seria um “presente do Nilo” representa
Pela primeira vez durante minha carreira, a região começa a “cheirar” cada vez mais como a América Latina dos anos 1970. Sobretudo a partir das situações no Chile, na Bolívia, no México, na Colômbia, entre outras.
(www.bbc.com, 13.07.2021. Adaptado.)
O excerto faz referência a um contexto da América Latina, no século XX, marcado pela
Os “sínodos da paz” detalharam as normas de comportamento para os milites desejosos de se converter aos novos ideais: tais normas continham em germe a “ética cavalheiresca”, codificada entre os séculos XI e XIII nos tratados, canções e romances. A Igreja de Roma [...] incitou daí em diante os guerreiros a adotar um novo tipo de conversio: em vez de deporem as armas e ocuparem o claustro dos mosteiros, como se tinha sugerido até então, os guerreiros deveriam conservar seu lugar no mundo.
(Franco Cardini. “Guerra e Cruzada”. In: Jacques Le Goff, Jean-Claude Schmitt (orgs.) Dicionário analítico do Ocidente medieval, vol. I, 2017.)
O excerto descreve um momento da história da Idade Média ocidental em que
Traziam fios de algodão enrolados e papagaios e azagaias e outras coisinhas mais e trocavam tudo por qualquer coisa que se lhe déssemos. Eu estava atento e me esforçava em saber se havia ouro. E percebi que alguns deles traziam um pedaço de ouro preso em uma agulha que têm no nariz. Por sinais pude entender que, navegando para o sul ou explorando o sul daquela ilha, existia um rei que possuía grandes vasos de ouro.
(Cristóvão Colombo. Diário de bordo, 2010. Adaptado.)
Cristóvão Colombo relata aos reis da Espanha os seus primeiros contatos com os povos das terras que acabou de descobrir, em 1492.
Nesse seu relato, transparece
Em 1887, às vésperas da abolição da escravidão, um dos principais jornais paulistas, o Correio Paulistano, publicava anúncios de escravos fugidos, oferecendo recompensa para aqueles que os capturassem e entregassem aos seus senhores, e muitos fazendeiros anunciavam com orgulho a previsão de libertarem seus escravos na década de 1890.
(Denise A. S. de Moura. “Relações de trabalho e convívio em um município paulista cafeeiro (Campinas, 1871-1885.) In: Nilo Odália e João R. de C. Caldeira (orgs.) História do estado de São Paulo: a formação da unidade paulista, 2010.)
O excerto resume a situação socioeconômica da província de São Paulo no final do século XIX, acentuando