Leia o texto de Ruy Castro para responder à questão.
Admirável mundo novo
Os jornais deram: a casa do futuro será fabulosamente inteligente. Pelo que entendi, ela dispensará seu morador de ter de decidir se espana ou passa um pano nos móveis, fecha ou abre uma torneira e dá ou não descarga no vaso. Ou seja, cada vez menos esse morador precisará usar a própria inteligência na intimidade do lar. Isso não será de todo mau. O ser humano, descendente de Platão1, Cervantes2 e Humphrey Bogart3, nasceu para coisas mais importantes do que escolher entre lavar ou deixar de lavar as caçarolas.
No futuro, a porta da casa dispensará a chave — abrirá ao contato com a sua impressão digital. As luzes se acenderão assim que você adentrar o recinto e se apagarão à medida que for mudando de aposento. E não só. O ar condicionado ou a calefação começará a funcionar automaticamente, de acordo com a temperatura; as músicas da sua vida surgirão de alguma fonte no volume que você achar ideal.
As mãos serão reservadas a práticas mais nobres, porque muita coisa que, até há pouco, ainda dependia delas será resolvida pelo comando de voz. Hoje, ao tomar certos elevadores, você já não precisa apertar um botão — basta dizer o número do andar e o bicho o leva até lá. Em breve, poderá fazer isto também com os eletrodomésticos, do aspirador, que, obedecendo à sua ordem verbal, sairá cafungando por conta própria pelo seu apartamento, ao chuveiro, que ficará pelando, gelado ou médio de acordo com o seu tom de voz.
Enfim, será um admirável mundo novo, como nem Aldous Huxley4 ousou imaginar.
Liberados das tarefas prosaicas, resta ver de que se ocuparão nossas poéticas cabeças. Francamente, não faço muita fé.
(www.folha.uol.com.br, 22.05.2017. Adaptado.)
1 Platão (427 a.C.?-347 a.C.?): filósofo da Grécia Antiga.
2 Miguel de Cervantes (1547-1616): escritor espanhol, criador do personagem D. Quixote.
3 Humphrey Bogart (1899-1957): ator estadunidense.
4 Aldous Huxley (1894-1963): escritor inglês, autor do romance Admirável mundo novo.
“No futuro, a porta da casa dispensará a chave — abrirá ao contato com a sua impressão digital.” (2º parágrafo)
Preservando-se o sentido original da frase, o travessão pode ser substituído por vírgula seguida da conjunção
Leia o texto de Ruy Castro para responder à questão.
Admirável mundo novo
Os jornais deram: a casa do futuro será fabulosamente inteligente. Pelo que entendi, ela dispensará seu morador de ter de decidir se espana ou passa um pano nos móveis, fecha ou abre uma torneira e dá ou não descarga no vaso. Ou seja, cada vez menos esse morador precisará usar a própria inteligência na intimidade do lar. Isso não será de todo mau. O ser humano, descendente de Platão1, Cervantes2 e Humphrey Bogart3, nasceu para coisas mais importantes do que escolher entre lavar ou deixar de lavar as caçarolas.
No futuro, a porta da casa dispensará a chave — abrirá ao contato com a sua impressão digital. As luzes se acenderão assim que você adentrar o recinto e se apagarão à medida que for mudando de aposento. E não só. O ar condicionado ou a calefação começará a funcionar automaticamente, de acordo com a temperatura; as músicas da sua vida surgirão de alguma fonte no volume que você achar ideal.
As mãos serão reservadas a práticas mais nobres, porque muita coisa que, até há pouco, ainda dependia delas será resolvida pelo comando de voz. Hoje, ao tomar certos elevadores, você já não precisa apertar um botão — basta dizer o número do andar e o bicho o leva até lá. Em breve, poderá fazer isto também com os eletrodomésticos, do aspirador, que, obedecendo à sua ordem verbal, sairá cafungando por conta própria pelo seu apartamento, ao chuveiro, que ficará pelando, gelado ou médio de acordo com o seu tom de voz.
Enfim, será um admirável mundo novo, como nem Aldous Huxley4 ousou imaginar.
Liberados das tarefas prosaicas, resta ver de que se ocuparão nossas poéticas cabeças. Francamente, não faço muita fé.
(www.folha.uol.com.br, 22.05.2017. Adaptado.)
1 Platão (427 a.C.?-347 a.C.?): filósofo da Grécia Antiga.
2 Miguel de Cervantes (1547-1616): escritor espanhol, criador do personagem D. Quixote.
3 Humphrey Bogart (1899-1957): ator estadunidense.
4 Aldous Huxley (1894-1963): escritor inglês, autor do romance Admirável mundo novo.
Na opinião do autor,
Leia o texto de Ruy Castro para responder à questão.
Admirável mundo novo
Os jornais deram: a casa do futuro será fabulosamente inteligente. Pelo que entendi, ela dispensará seu morador de ter de decidir se espana ou passa um pano nos móveis, fecha ou abre uma torneira e dá ou não descarga no vaso. Ou seja, cada vez menos esse morador precisará usar a própria inteligência na intimidade do lar. Isso não será de todo mau. O ser humano, descendente de Platão1, Cervantes2 e Humphrey Bogart3, nasceu para coisas mais importantes do que escolher entre lavar ou deixar de lavar as caçarolas.
No futuro, a porta da casa dispensará a chave — abrirá ao contato com a sua impressão digital. As luzes se acenderão assim que você adentrar o recinto e se apagarão à medida que for mudando de aposento. E não só. O ar condicionado ou a calefação começará a funcionar automaticamente, de acordo com a temperatura; as músicas da sua vida surgirão de alguma fonte no volume que você achar ideal.
As mãos serão reservadas a práticas mais nobres, porque muita coisa que, até há pouco, ainda dependia delas será resolvida pelo comando de voz. Hoje, ao tomar certos elevadores, você já não precisa apertar um botão — basta dizer o número do andar e o bicho o leva até lá. Em breve, poderá fazer isto também com os eletrodomésticos, do aspirador, que, obedecendo à sua ordem verbal, sairá cafungando por conta própria pelo seu apartamento, ao chuveiro, que ficará pelando, gelado ou médio de acordo com o seu tom de voz.
Enfim, será um admirável mundo novo, como nem Aldous Huxley4 ousou imaginar.
Liberados das tarefas prosaicas, resta ver de que se ocuparão nossas poéticas cabeças. Francamente, não faço muita fé.
(www.folha.uol.com.br, 22.05.2017. Adaptado.)
1 Platão (427 a.C.?-347 a.C.?): filósofo da Grécia Antiga.
2 Miguel de Cervantes (1547-1616): escritor espanhol, criador do personagem D. Quixote.
3 Humphrey Bogart (1899-1957): ator estadunidense.
4 Aldous Huxley (1894-1963): escritor inglês, autor do romance Admirável mundo novo.
No contexto do terceiro parágrafo, o pronome destacado em “o bicho o leva até lá” refere-se ao
Leia o texto de Ruy Castro para responder à questão.
Admirável mundo novo
Os jornais deram: a casa do futuro será fabulosamente inteligente. Pelo que entendi, ela dispensará seu morador de ter de decidir se espana ou passa um pano nos móveis, fecha ou abre uma torneira e dá ou não descarga no vaso. Ou seja, cada vez menos esse morador precisará usar a própria inteligência na intimidade do lar. Isso não será de todo mau. O ser humano, descendente de Platão1, Cervantes2 e Humphrey Bogart3, nasceu para coisas mais importantes do que escolher entre lavar ou deixar de lavar as caçarolas.
No futuro, a porta da casa dispensará a chave — abrirá ao contato com a sua impressão digital. As luzes se acenderão assim que você adentrar o recinto e se apagarão à medida que for mudando de aposento. E não só. O ar condicionado ou a calefação começará a funcionar automaticamente, de acordo com a temperatura; as músicas da sua vida surgirão de alguma fonte no volume que você achar ideal.
As mãos serão reservadas a práticas mais nobres, porque muita coisa que, até há pouco, ainda dependia delas será resolvida pelo comando de voz. Hoje, ao tomar certos elevadores, você já não precisa apertar um botão — basta dizer o número do andar e o bicho o leva até lá. Em breve, poderá fazer isto também com os eletrodomésticos, do aspirador, que, obedecendo à sua ordem verbal, sairá cafungando por conta própria pelo seu apartamento, ao chuveiro, que ficará pelando, gelado ou médio de acordo com o seu tom de voz.
Enfim, será um admirável mundo novo, como nem Aldous Huxley4 ousou imaginar.
Liberados das tarefas prosaicas, resta ver de que se ocuparão nossas poéticas cabeças. Francamente, não faço muita fé.
(www.folha.uol.com.br, 22.05.2017. Adaptado.)
1 Platão (427 a.C.?-347 a.C.?): filósofo da Grécia Antiga.
2 Miguel de Cervantes (1547-1616): escritor espanhol, criador do personagem D. Quixote.
3 Humphrey Bogart (1899-1957): ator estadunidense.
4 Aldous Huxley (1894-1963): escritor inglês, autor do romance Admirável mundo novo.
Assinale a alternativa cuja frase está de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
Leia o poema de Mario Quintana para responder à questão.
A casa fantasma
A casa está morta?
Não: a casa é um fantasma,
um fantasma que sonha
com a sua porta de pesada aldrava1,
com os seus intermináveis corredores
que saíam a explorar no escuro os mistérios da noite
e que as luas, por vezes,
enchiam de um lívido2 assombro…
Sim!
agora
a casa está sonhando
com o seu pátio de meninos pássaros.
A casa escuta… Meu Deus! a casa está louca, ela não sabe
que em seu lugar se ergue um monstro de cimento e aço:
há sempre uma cidade dentro de outra
e esse eterno desentendido entre o Espaço e o Tempo.
Casa que teimas em existir
a coitadinha da velha casa!
Eu também não consegui nunca afugentar meus pássaros.
(Baú de espantos, 1986.)
1 aldrava: tranca.
2 lívido: pálido.
Na representação da casa, o eu lírico faz uso
Leia o trecho inicial do romance A cidade e as serras, de Eça de Queirós, para responder à questão.
O meu amigo Jacinto nasceu num palácio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e de olival.
[…]
Seu avô, aquele gordíssimo e riquíssimo Jacinto a quem chamavam em Lisboa o D. Galião, descendo uma tarde pela travessa da Trabuqueta, rente dum muro de quintal que uma parreira toldava, escorregou numa casca de laranja e desabou no lajedo. Da portinha da horta saía nesse momento um homem moreno, escanhoado1, de grosso casaco de baetão2 verde e botas altas de picador, que, galhofando3 e com uma força fácil, levantou o enorme Jacinto – até lhe apanhou a bengala de castão de ouro que rolara para o lixo. Depois, demorando nele os olhos pestanudos e pretos:
– Ó Jacinto Galião, que andas tu aqui, a estas horas, a rebolar pelas pedras?
E Jacinto, aturdido e deslumbrado, reconheceu o Sr. Infante D. Miguel!
Desde essa tarde amou aquele bom Infante como nunca amara, apesar de tão guloso, o seu ventre, e, apesar de tão devoto, o seu Deus! Na sala nobre da sua casa (à Pampulha) pendurou sobre os damascos4 o retrato do “seu Salvador”, enfeitado de palmitos como um retábulo5 e, por baixo, a bengala que as magnânimas mãos reais tinham erguido do lixo.
(A cidade e as serras, 2013. Adaptado.)
1 escanhoado: com barba feita.
2 baetão: agasalho de lã bem grossa.
3 galhofar: debochar, caçoar.
4 damasco: tecido de seda para enfeite.
5 retábulo: parte de um altar.
Assinale a alternativa que apresenta uma interpretação correta desse trecho.