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Como cães farejadores podem se tornar arma no combate à malária em países pobres
Cães farejadores estão sendo treinados para ajudar a diagnosticar malária em locais com dificuldade de acesso a sistema de saúde, com bons índices de sucesso. A ideia, segundo os cientistas, é conseguir análises rápidas em um processo simples e barato, que será realizado sem necessidade de exames de sangue.
O trabalho foi apresentado nesta segunda-feira no congresso anual da Sociedade Americana de Medicina e Higiene Tropical, em Nova Orleans, nos Estados Unidos. “As principais vantagens desse método com cães é que os testes são muito rápidos, não requerem coleta de sangue e podem funcionar facilmente em áreas remotas”, afirmou à BBC News Brasil o entomologista Steve Lindsay, principal autor do trabalho.
A nova técnica ainda está em fase de estudos. “Mas, em princípio, demonstramos que os cães podem ser treinados para detectar pessoas infectadas com a malária pelo seu odor”, diz Lindsay. Os cientistas acreditam que, com o método não invasivo de análise, seja possível diagnosticar um maior número de pessoas, ajudando assim a impedir a disseminação da malária e ampliando o tratamento precoce da doença.
“Os cães são treinados com uma meia de uma criança com forte infecção por malária”, explica o pesquisador. "O animal é ensinado a recuperar a meia, e a tarefa progressivamente vai se tornando mais difícil, escondendo a meia da vista do cão. Gradualmente, os animais começam a distinguir meias infectadas e não infectadas." Conforme ele contou à reportagem, dois cães − um mestiço labrador e golden retriever chamado Lexi, e Sally, da raça labrador − foram treinados para fazer isso. “Um levou 19 semanas para estar treinado, outro, 24”, diz. No processo, eles utilizaram meias de náilon que foram vestidas por crianças e adolescentes aparentemente saudáveis, com idades entre 5 e 14 anos, todos moradores na região do rio Gâmbia. As mesmas crianças também foram submetidas a um exame de sangue convencional para detecção do parasita da malária, o Plasmodium falciparum. No total, foram 175 amostras. Trinta crianças foram diagnosticadas como portadoras do parasita, 145, não.
Os cientistas lembram que o método, pela facilidade, possibilita verdadeiros mutirões de análises, já que exames de sangue acabam sendo inviáveis em grandes populações remotas − pelas dificuldades de coleta e transporte do material. “Os cães identificaram corretamente 70% das amostras de meias utilizadas por crianças infectadas com malária e 90% de crianças não infectadas”, conta Lindsay. Pelos padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS), os diagnósticos de malária precisam ter uma precisão superior a 75% em testes com amostras acima de 200 parasitas por microlitro. “Considerando apenas essa proporção, nossos cães obtiveram 82% de êxito”, diz o cientista. “Portanto, acima do padrão.” Ele ressalta, contudo, que novos testes precisam ser feitos, com uma amostragem maior. “Estamos bem adiantados no projeto. Calculo que dentro de 3 a 5 anos poderemos ter o método aplicado como um programa”, planeja.
De acordo com a psicóloga Claire Guest, cofundadora e diretora da instituição Medical Detection Dogs, o uso de cães neste tipo de trabalho é algo que deve ser “muito utilizado no futuro”. “Já registramos resultados positivos no treinamento de cães para diversas doenças, incluindo câncer e diabetes. Eles podem perceber alterações de açúcar pelo odor”, afirma. “Esta foi a primeira vez que treinamos os animais para detectar infecção parasitária. Estamos muito satisfeitos com os resultados iniciais.” Ela vislumbra a possibilidade de utilizar método semelhante para diversas outras doenças tropicais, como a leishmaniose e a tripanossomíase, sobretudo em países com dificuldades de diagnóstico.
(Texto adaptado, disponível em: https://g1.globo.com)
No 3º parágrafo, seu odor refere-se a: