Observe os conhecidos versos de Vinícius de Moraes (de Soneto da Fidelidade), abaixo:
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Analise as assertivas:
I. Uma figura de estilo que se destaca, entre outras, é o assíndeto, marcado pelas vírgulas no segundo verso.
II. “De tudo”, que abre a estrofe, complementa o adjetivo “atento”, evidenciando um caso de inversão.
III. “Que”, no terceiro verso, é um conectivo consecutivo, pois inicia a oração “mesmo em face do maior encanto”, com significado de consequência em relação ao zelo pelo amor.
IV. O sujeito “meu pensamento” é um caso de anástrofe, entre várias outras ocorrências de inversão presentes na estrofe.
V. “ele”, no último verso, tem como referente “o meu amor” (primeiro verso), constituindo-se como um caso de coesão referencial.
Com relação às assertivas acima, estão corretas apenas
Os conectivos, sabemos, contribuem para a coesão e a coerência de um texto. Pois, além de ligarem partes do discurso, conferem-lhe, quase sempre, sentido. Observe os excertos abaixo, todos de A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade, e estabeleça associação entre as colunas, conforme o sentido do conectivo destacado.
(I) Consequência
(IV) Comparação
(II) Tempo
(V) Explicação
(III) Concessão
(VI) Causa
( ) “Que confusão de coisas ao crepúsculo!
Que riqueza! sem préstimo, é verdade.
Bom seria captá-las e compô-las
Num todo sábio, posto que sensível”
(Versos à boca da noite)
( ) “E depois das memórias vem o tempo
Trazer novo sentimento de memórias,
até que, fatigado, te recuses
E não saibas se a vida é ou foi.”
( ) “O beijo ainda é um sinal, perdido embora,
da ausência de comércio,
boiando em tempos sujos.”
(Consideração do poema)
( ) “Ele é tão baixo que sequer o escuta
ouvido rente ao chão. Mas é tão alto
que as pedras o absorvem. Está na mesa”
(Consideração do poema)
( ) “Ai, fardo inútil
que antes me carregas
do que és carregado,
para onde me levas?”
(Carrego comigo)
( ) “O seu vestido de renda
de colo mui devassado
mais mostrava que escondia
as partes da pecadora”
(Caso do vestido)
( ) “A cola se dissolve
e todo seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete
qual mito desmontado.”
(O elefante)
( ) “Não rimarei a palavra sono
Com a incorrespondente palavra outono.
Rimarei com a palavra carne
ou qualquer outra, que todas me convêm.”
(Consideração do poema)
Associando as duas colunas, assinale a alternativa que contém a ordem correta.
Observe o excerto do romance A Biblioteca, de Aloísio Dantas:
“Caí estirado no chão. Desmaiei, ou, como diziam na região, tive uma turica. Em poucos segundos, abri os olhos e sentei-me num sofá. Meu filho, você está com fome, vou buscar ali um pão com queijo, faço café num minutinho. Comi dois pães, além de beber umas xícaras de café.”
(DANTAS, Aloísio. Guaratinguetá: Penalux, 2018, p. 160)
O trecho em destaque está em
Respeitando-se a norma culta, dentre os excertos abaixo, aponte o único que NÃO contém desvio gramatical (Obs.: todos os exemplos foram transcritos de A Biblioteca, de Aloísio Dantas, Guaratinguetá: Penalux, 2018)
“Uma vida é tão pouco, penso. Às seis
os teus passos se alastram feito música.
O teu riso é um jazz. O azul em inglês
toma conta do tempo e a nós dois dubla.”
(BASÍLIO, Astier. Servir a quem vence, Ilhéus: Mondrongo, p. 77)
A estrofe aqui transcrita, do poema Clichê número Dois,
I. é um exemplo de função poética da linguagem, contribuindo para isso o emprego de símile (“os teus passos se alastram feito música”) e metáfora (“o teu riso é um jazz”), além de outros recursos poéticos sonoros.
II. enquadra-se predominantemente na função emotiva da linguagem, pois percebe-se a presença do “eu”, emprestando lirismo ao texto, além de uma linguagem carregada de emoção. Contribui ainda para isso o aspecto musical, tanto no emprego de aliterações e assonâncias, quanto em outros aspectos melódicos.
III. configura-se como um misto de função metalinguística e referencial, pois apropria-se da forma poética para referir-se ao sentimento de paixão do emissor pelo receptor da mensagem.
IV. exemplifica muito bem um caso misto de função poética e apelativa, pois, como se sabe, todo poema tem linguagem poética e , além disso, o poeta usa as palavras para comover a amada, apelando para seus sentimentos.
É correto o que se afirma apenas em
A poesia, sabemos, permite-se licenças poéticas que a prosa não literária rejeita. Abaixo seguem versos de Nova Cantada, de Astier Basílio.
“Você é mais bonita que a Estação Ciência
cercada de anoitecer por todos os seus finais,
mais bonita que Pola Oloixarac,
que o Cabo Branco despencando da Praça de
Iemanjá, mais
bonita que o trecho do Grande Sertão
que diz: ‘Diadorim é minha neblina’ ou a cena
que Riobaldo
tenta segurá-la com os olhos”
(BASÍLIO, Astier. Servir a quem vence, Ilhéus: Mondrongo, p. 57)
Em “a cena que Riobaldo tenta...”, o processo de relativização formal, quanto ao emprego do relativo “que”, para uma regência de acordo com a norma culta, exigiria como alternativa correta
I. que o relativo viesse regido da preposição “em”, cujo resultado seria “em que”.
II. que o relativo fosse substituído por “a qual”, regido da preposição “em”, resultando em “na qual”.
III. que o relativo fosse substituído pelo advérbio de lugar “onde”.
IV. que o relativo fosse substituído pelo pronome “cuja”.
É correto o que se afirma apenas em