Para responder à questão, leia o texto a seguir.
TROTE NUNCA MAIS
Eu tive taquicardia e as tripas reviraram quando vi na televisão as novas cenas de violência nos trotes universitários. Lembrei as humilhações que sofri no meu ingresso na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco. Sempre evito escrever sobre o assunto porque não contenho a raiva. Pedro Almodóvar relutou em filmar Má educação, pois não se distanciara bastante dos sofrimentos da infância e adolescência. No filme Os sete samurais, do japonês Akira Kurosawa, um mestre observa dois samurais que se preparam para lutar e informa ao discípulo qual deles irá morrer. O jovem pergunta como ele sabe isso e o mestre responde que o futuro morto é o que expressa raiva.
É possível atenuar o rancor, escrevendo sobre ele. No Recife já não existem trotes, apenas calouradas, festejos para acolher os novos alunos. Mas foi no Recife que aconteceu o primeiro caso de morte em consequência de um trote, quando mataram a facadas o estudante de direito Francisco Cunha e Menezes, no ano de 1831. Vindo desde a Idade Média, o costume ganhou prestígio em Portugal, sobretudo na Universidade de Coimbra, e de lá, como tudo o mais que não presta, veio para o Brasil.
Nos primeiros anos da ditadura militar, o trote era um recurso de expressão e protesto dos jovens estudantes, uma forma de fazer política. Em 1968, o AI-5 fechou o Congresso Nacional e os trotes foram reprimidos, descambando para a violência. Foi nesse clima de terror que me apresentei para a matrícula no curso de medicina. Eu era um estudante vindo do interior do Ceará, que frequentara apenas quatro meses de cursinho, pobre, tímido e feio. Com todos esses predicados desfavoráveis, eu abocanhara uma boa classificação no vestibular das duas faculdades públicas.
Um dos primeiros maus-tratos a que os alunos do segundo e terceiro ano me submeteram foi raspar minha cabeça, expondo o crânio nada bonito. Depois me obrigaram a despir a camisa e baixar a calça para jogarem os meus cabelos dentro dela. Subjugado como um judeu num campo de concentração, ou como o próprio Cristo, me empurraram, espancaram, e fizeram de minha perplexidade motivo de riso e vaias. O pior estava por vir. Obrigaram-me a rolar pelos gramados do pátio e em seguida mergulhar cinco vezes num esgoto a céu aberto, que corria por dentro da faculdade. Meus algozes eram estudantes de medicina e sabiam dos riscos a que estavam me submetendo.
No primeiro ano de curso, os colegas dos anos superiores me aterrorizavam mais do que a polícia da repressão. Eu não compreendia como jovens de classe média que frequentaram bons colégios e que agora estudavam medicina, uma profissão de elite, se entregavam a tais vandalismos. Não achava a menor graça no comportamento cafajeste e infantil de boa parte deles e atribuía à repressão da ditadura o fato de se manterem alienados da política, da cultura e dos valores éticos e filosóficos da profissão para a qual se preparavam.
Passados tantos anos, esquecidos os fantasmas do Quarto Exército, em alguns lugares do Brasil, a instituição do trote continua fazendo suas vítimas. Bem recentemente, numa faculdade de medicina, onde se formam pessoas para cuidar da saúde e restituir a vida, um jovem calouro foi morto. E uma estudante de pedagogia queimou sem escrúpulo suas futuras colegas de educação.
Não era por culpa da ditadura militar que os piores instintos afloravam nos jovens promovedores dos trotes. Não era. A prova é que continuam aflorando em tempos de democracia. O trote "se sustenta na ameaça e promove o terror", como afirma Paulo Denisar Fraga. O mesmo exercício da ditadura no passado recente.
(BRITO, Ronaldo Correia de. Crônicas para ler na escola. R.J.: Fontanar, 2012, p.69-71.)
O autor nomeia, de forma mais incisiva, os estudantes que praticam o trote violento em:
Para responder à questão, leia o texto a seguir.
TROTE NUNCA MAIS
Eu tive taquicardia e as tripas reviraram quando vi na televisão as novas cenas de violência nos trotes universitários. Lembrei as humilhações que sofri no meu ingresso na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco. Sempre evito escrever sobre o assunto porque não contenho a raiva. Pedro Almodóvar relutou em filmar Má educação, pois não se distanciara bastante dos sofrimentos da infância e adolescência. No filme Os sete samurais, do japonês Akira Kurosawa, um mestre observa dois samurais que se preparam para lutar e informa ao discípulo qual deles irá morrer. O jovem pergunta como ele sabe isso e o mestre responde que o futuro morto é o que expressa raiva.
É possível atenuar o rancor, escrevendo sobre ele. No Recife já não existem trotes, apenas calouradas, festejos para acolher os novos alunos. Mas foi no Recife que aconteceu o primeiro caso de morte em consequência de um trote, quando mataram a facadas o estudante de direito Francisco Cunha e Menezes, no ano de 1831. Vindo desde a Idade Média, o costume ganhou prestígio em Portugal, sobretudo na Universidade de Coimbra, e de lá, como tudo o mais que não presta, veio para o Brasil.
Nos primeiros anos da ditadura militar, o trote era um recurso de expressão e protesto dos jovens estudantes, uma forma de fazer política. Em 1968, o AI-5 fechou o Congresso Nacional e os trotes foram reprimidos, descambando para a violência. Foi nesse clima de terror que me apresentei para a matrícula no curso de medicina. Eu era um estudante vindo do interior do Ceará, que frequentara apenas quatro meses de cursinho, pobre, tímido e feio. Com todos esses predicados desfavoráveis, eu abocanhara uma boa classificação no vestibular das duas faculdades públicas.
Um dos primeiros maus-tratos a que os alunos do segundo e terceiro ano me submeteram foi raspar minha cabeça, expondo o crânio nada bonito. Depois me obrigaram a despir a camisa e baixar a calça para jogarem os meus cabelos dentro dela. Subjugado como um judeu num campo de concentração, ou como o próprio Cristo, me empurraram, espancaram, e fizeram de minha perplexidade motivo de riso e vaias. O pior estava por vir. Obrigaram-me a rolar pelos gramados do pátio e em seguida mergulhar cinco vezes num esgoto a céu aberto, que corria por dentro da faculdade. Meus algozes eram estudantes de medicina e sabiam dos riscos a que estavam me submetendo.
No primeiro ano de curso, os colegas dos anos superiores me aterrorizavam mais do que a polícia da repressão. Eu não compreendia como jovens de classe média que frequentaram bons colégios e que agora estudavam medicina, uma profissão de elite, se entregavam a tais vandalismos. Não achava a menor graça no comportamento cafajeste e infantil de boa parte deles e atribuía à repressão da ditadura o fato de se manterem alienados da política, da cultura e dos valores éticos e filosóficos da profissão para a qual se preparavam.
Passados tantos anos, esquecidos os fantasmas do Quarto Exército, em alguns lugares do Brasil, a instituição do trote continua fazendo suas vítimas. Bem recentemente, numa faculdade de medicina, onde se formam pessoas para cuidar da saúde e restituir a vida, um jovem calouro foi morto. E uma estudante de pedagogia queimou sem escrúpulo suas futuras colegas de educação.
Não era por culpa da ditadura militar que os piores instintos afloravam nos jovens promovedores dos trotes. Não era. A prova é que continuam aflorando em tempos de democracia. O trote "se sustenta na ameaça e promove o terror", como afirma Paulo Denisar Fraga. O mesmo exercício da ditadura no passado recente.
(BRITO, Ronaldo Correia de. Crônicas para ler na escola. R.J.: Fontanar, 2012, p.69-71.)
Sobre o texto, pode-se afirmar que:
Para responder à questão, leia o texto a seguir.
TROTE NUNCA MAIS
Eu tive taquicardia e as tripas reviraram quando vi na televisão as novas cenas de violência nos trotes universitários. Lembrei as humilhações que sofri no meu ingresso na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco. Sempre evito escrever sobre o assunto porque não contenho a raiva. Pedro Almodóvar relutou em filmar Má educação, pois não se distanciara bastante dos sofrimentos da infância e adolescência. No filme Os sete samurais, do japonês Akira Kurosawa, um mestre observa dois samurais que se preparam para lutar e informa ao discípulo qual deles irá morrer. O jovem pergunta como ele sabe isso e o mestre responde que o futuro morto é o que expressa raiva.
É possível atenuar o rancor, escrevendo sobre ele. No Recife já não existem trotes, apenas calouradas, festejos para acolher os novos alunos. Mas foi no Recife que aconteceu o primeiro caso de morte em consequência de um trote, quando mataram a facadas o estudante de direito Francisco Cunha e Menezes, no ano de 1831. Vindo desde a Idade Média, o costume ganhou prestígio em Portugal, sobretudo na Universidade de Coimbra, e de lá, como tudo o mais que não presta, veio para o Brasil.
Nos primeiros anos da ditadura militar, o trote era um recurso de expressão e protesto dos jovens estudantes, uma forma de fazer política. Em 1968, o AI-5 fechou o Congresso Nacional e os trotes foram reprimidos, descambando para a violência. Foi nesse clima de terror que me apresentei para a matrícula no curso de medicina. Eu era um estudante vindo do interior do Ceará, que frequentara apenas quatro meses de cursinho, pobre, tímido e feio. Com todos esses predicados desfavoráveis, eu abocanhara uma boa classificação no vestibular das duas faculdades públicas.
Um dos primeiros maus-tratos a que os alunos do segundo e terceiro ano me submeteram foi raspar minha cabeça, expondo o crânio nada bonito. Depois me obrigaram a despir a camisa e baixar a calça para jogarem os meus cabelos dentro dela. Subjugado como um judeu num campo de concentração, ou como o próprio Cristo, me empurraram, espancaram, e fizeram de minha perplexidade motivo de riso e vaias. O pior estava por vir. Obrigaram-me a rolar pelos gramados do pátio e em seguida mergulhar cinco vezes num esgoto a céu aberto, que corria por dentro da faculdade. Meus algozes eram estudantes de medicina e sabiam dos riscos a que estavam me submetendo.
No primeiro ano de curso, os colegas dos anos superiores me aterrorizavam mais do que a polícia da repressão. Eu não compreendia como jovens de classe média que frequentaram bons colégios e que agora estudavam medicina, uma profissão de elite, se entregavam a tais vandalismos. Não achava a menor graça no comportamento cafajeste e infantil de boa parte deles e atribuía à repressão da ditadura o fato de se manterem alienados da política, da cultura e dos valores éticos e filosóficos da profissão para a qual se preparavam.
Passados tantos anos, esquecidos os fantasmas do Quarto Exército, em alguns lugares do Brasil, a instituição do trote continua fazendo suas vítimas. Bem recentemente, numa faculdade de medicina, onde se formam pessoas para cuidar da saúde e restituir a vida, um jovem calouro foi morto. E uma estudante de pedagogia queimou sem escrúpulo suas futuras colegas de educação.
Não era por culpa da ditadura militar que os piores instintos afloravam nos jovens promovedores dos trotes. Não era. A prova é que continuam aflorando em tempos de democracia. O trote "se sustenta na ameaça e promove o terror", como afirma Paulo Denisar Fraga. O mesmo exercício da ditadura no passado recente.
(BRITO, Ronaldo Correia de. Crônicas para ler na escola. R.J.: Fontanar, 2012, p.69-71.)
Assinale a relação INCORRETA entre a passagem do texto e a respectiva interpretação.
Para responder à questão, leia o texto a seguir.
TROTE NUNCA MAIS
Eu tive taquicardia e as tripas reviraram quando vi na televisão as novas cenas de violência nos trotes universitários. Lembrei as humilhações que sofri no meu ingresso na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco. Sempre evito escrever sobre o assunto porque não contenho a raiva. Pedro Almodóvar relutou em filmar Má educação, pois não se distanciara bastante dos sofrimentos da infância e adolescência. No filme Os sete samurais, do japonês Akira Kurosawa, um mestre observa dois samurais que se preparam para lutar e informa ao discípulo qual deles irá morrer. O jovem pergunta como ele sabe isso e o mestre responde que o futuro morto é o que expressa raiva.
É possível atenuar o rancor, escrevendo sobre ele. No Recife já não existem trotes, apenas calouradas, festejos para acolher os novos alunos. Mas foi no Recife que aconteceu o primeiro caso de morte em consequência de um trote, quando mataram a facadas o estudante de direito Francisco Cunha e Menezes, no ano de 1831. Vindo desde a Idade Média, o costume ganhou prestígio em Portugal, sobretudo na Universidade de Coimbra, e de lá, como tudo o mais que não presta, veio para o Brasil.
Nos primeiros anos da ditadura militar, o trote era um recurso de expressão e protesto dos jovens estudantes, uma forma de fazer política. Em 1968, o AI-5 fechou o Congresso Nacional e os trotes foram reprimidos, descambando para a violência. Foi nesse clima de terror que me apresentei para a matrícula no curso de medicina. Eu era um estudante vindo do interior do Ceará, que frequentara apenas quatro meses de cursinho, pobre, tímido e feio. Com todos esses predicados desfavoráveis, eu abocanhara uma boa classificação no vestibular das duas faculdades públicas.
Um dos primeiros maus-tratos a que os alunos do segundo e terceiro ano me submeteram foi raspar minha cabeça, expondo o crânio nada bonito. Depois me obrigaram a despir a camisa e baixar a calça para jogarem os meus cabelos dentro dela. Subjugado como um judeu num campo de concentração, ou como o próprio Cristo, me empurraram, espancaram, e fizeram de minha perplexidade motivo de riso e vaias. O pior estava por vir. Obrigaram-me a rolar pelos gramados do pátio e em seguida mergulhar cinco vezes num esgoto a céu aberto, que corria por dentro da faculdade. Meus algozes eram estudantes de medicina e sabiam dos riscos a que estavam me submetendo.
No primeiro ano de curso, os colegas dos anos superiores me aterrorizavam mais do que a polícia da repressão. Eu não compreendia como jovens de classe média que frequentaram bons colégios e que agora estudavam medicina, uma profissão de elite, se entregavam a tais vandalismos. Não achava a menor graça no comportamento cafajeste e infantil de boa parte deles e atribuía à repressão da ditadura o fato de se manterem alienados da política, da cultura e dos valores éticos e filosóficos da profissão para a qual se preparavam.
Passados tantos anos, esquecidos os fantasmas do Quarto Exército, em alguns lugares do Brasil, a instituição do trote continua fazendo suas vítimas. Bem recentemente, numa faculdade de medicina, onde se formam pessoas para cuidar da saúde e restituir a vida, um jovem calouro foi morto. E uma estudante de pedagogia queimou sem escrúpulo suas futuras colegas de educação.
Não era por culpa da ditadura militar que os piores instintos afloravam nos jovens promovedores dos trotes. Não era. A prova é que continuam aflorando em tempos de democracia. O trote "se sustenta na ameaça e promove o terror", como afirma Paulo Denisar Fraga. O mesmo exercício da ditadura no passado recente.
(BRITO, Ronaldo Correia de. Crônicas para ler na escola. R.J.: Fontanar, 2012, p.69-71.)
O texto NÃO se caracteriza por conter:
Para responder à questão, leia o texto a seguir.
TROTE NUNCA MAIS
Eu tive taquicardia e as tripas reviraram quando vi na televisão as novas cenas de violência nos trotes universitários. Lembrei as humilhações que sofri no meu ingresso na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco. Sempre evito escrever sobre o assunto porque não contenho a raiva. Pedro Almodóvar relutou em filmar Má educação, pois não se distanciara bastante dos sofrimentos da infância e adolescência. No filme Os sete samurais, do japonês Akira Kurosawa, um mestre observa dois samurais que se preparam para lutar e informa ao discípulo qual deles irá morrer. O jovem pergunta como ele sabe isso e o mestre responde que o futuro morto é o que expressa raiva.
É possível atenuar o rancor, escrevendo sobre ele. No Recife já não existem trotes, apenas calouradas, festejos para acolher os novos alunos. Mas foi no Recife que aconteceu o primeiro caso de morte em consequência de um trote, quando mataram a facadas o estudante de direito Francisco Cunha e Menezes, no ano de 1831. Vindo desde a Idade Média, o costume ganhou prestígio em Portugal, sobretudo na Universidade de Coimbra, e de lá, como tudo o mais que não presta, veio para o Brasil.
Nos primeiros anos da ditadura militar, o trote era um recurso de expressão e protesto dos jovens estudantes, uma forma de fazer política. Em 1968, o AI-5 fechou o Congresso Nacional e os trotes foram reprimidos, descambando para a violência. Foi nesse clima de terror que me apresentei para a matrícula no curso de medicina. Eu era um estudante vindo do interior do Ceará, que frequentara apenas quatro meses de cursinho, pobre, tímido e feio. Com todos esses predicados desfavoráveis, eu abocanhara uma boa classificação no vestibular das duas faculdades públicas.
Um dos primeiros maus-tratos a que os alunos do segundo e terceiro ano me submeteram foi raspar minha cabeça, expondo o crânio nada bonito. Depois me obrigaram a despir a camisa e baixar a calça para jogarem os meus cabelos dentro dela. Subjugado como um judeu num campo de concentração, ou como o próprio Cristo, me empurraram, espancaram, e fizeram de minha perplexidade motivo de riso e vaias. O pior estava por vir. Obrigaram-me a rolar pelos gramados do pátio e em seguida mergulhar cinco vezes num esgoto a céu aberto, que corria por dentro da faculdade. Meus algozes eram estudantes de medicina e sabiam dos riscos a que estavam me submetendo.
No primeiro ano de curso, os colegas dos anos superiores me aterrorizavam mais do que a polícia da repressão. Eu não compreendia como jovens de classe média que frequentaram bons colégios e que agora estudavam medicina, uma profissão de elite, se entregavam a tais vandalismos. Não achava a menor graça no comportamento cafajeste e infantil de boa parte deles e atribuía à repressão da ditadura o fato de se manterem alienados da política, da cultura e dos valores éticos e filosóficos da profissão para a qual se preparavam.
Passados tantos anos, esquecidos os fantasmas do Quarto Exército, em alguns lugares do Brasil, a instituição do trote continua fazendo suas vítimas. Bem recentemente, numa faculdade de medicina, onde se formam pessoas para cuidar da saúde e restituir a vida, um jovem calouro foi morto. E uma estudante de pedagogia queimou sem escrúpulo suas futuras colegas de educação.
Não era por culpa da ditadura militar que os piores instintos afloravam nos jovens promovedores dos trotes. Não era. A prova é que continuam aflorando em tempos de democracia. O trote "se sustenta na ameaça e promove o terror", como afirma Paulo Denisar Fraga. O mesmo exercício da ditadura no passado recente.
(BRITO, Ronaldo Correia de. Crônicas para ler na escola. R.J.: Fontanar, 2012, p.69-71.)
Releia a seguinte passagem:
“Eu era um estudante vindo do interior do Ceará, que frequentara apenas quatro meses de cursinho, pobre, tímido e feio. Com todos esses predicados desfavoráveis, eu abocanhara uma boa classificação no vestibular das duas faculdades públicas.”
O início do segundo período desse excerto poderia ser substituído, sem prejuízo de sentido, por:
Para responder à questão, leia o texto a seguir.
PERDÃO
Diz a oração católica que devemos perdoar a quem nos ofendeu (assim como esperamos o perdão divino às nossas ofensas, claro). De fato, a neurociência já sabe que perdoar – tanto pontualmente como por hábito – favorece o bem-estar e a saúde cardiovascular. O perdão põe fim ao estresse causado pelo ódio crônico, que estimula a produção de hormônios de estresse, perturba o sono, aumenta o risco cardiovascular e de depressão e ansiedade.
O que acontece no cérebro que perdoa? Um estudo italiano recrutou voluntários para seguir um roteiro que os orientava a imaginar situações de ofensas pessoais, e em seguida os instruía a perdoar o inimigo imaginário ou, ao contrário, os incitava a planejar vingança. Tudo isso acontecia dentro de um aparelho de ressonância magnética, que permitia à equipe acompanhar as mudanças de atividade no cérebro dos voluntários enquanto eles perdoavam ou não.
O estudo mostrou que tanto o perdão quanto a vingança envolvem ativação nas mesmas estruturas – mas de maneiras diferentes. O perdão ocorre quando a ativação do córtex pré-frontal dorsomedial, que regula nosso comportamento emocional, é comandada por duas estruturas que nos permitem adotar o ponto de vista do agressor e reavaliar o estado emocional deste: o precuneus e o lobo parietal inferior, respectivamente. Isso fomenta a empatia, que coíbe ímpetos de retaliação via o córtex pré-frontal, e traz um estado emocional positivo: o alívio do perdão concedido.
Se não há perdão, o córtex pré-frontal dorsomedial também é ativado, mas sob o controle do giro temporal medial, e não do precuneus e do parietal inferior (que também estão ativos, mas ocupados em julgar o agressor um vilão). O giro temporal medial representa a intenção alheia –nesse caso, de nos fazer mal. Como a agressão foi intencional e não temos empatia com o vilão, o cérebro faz o que é mais sensato: odeia ativamente quem o insultou, sem perdão.
Perdoar, portanto, não depende dos fatos, e sim da nossa avaliação – consciente – da intenção e das emoções de quem nos ofendeu. Quer perdoar? Coloque-se no lugar do outro. Não quer perdoar? Recusese a ver o insulto pelos olhos do seu agressor – o que, francamente, em alguns casos é a coisa sensata a fazer. O perdão católico universal não nos mantém a salvo de quem não presta. Ruminar o ódio faz mal, mas ainda há saída: banir o infrator da sua vida e mente. Quando não há perdão, a distância ajuda.
(HOUZEL, Suzana Herculano- Folha de São Paulo, 18/02/2014, Caderno Equilíbrio, p.5.)
Assinale a alternativa em que haja adequação entre o trecho do texto e os respectivos provérbios.