PRINCÍPIO
No princípio era sol sol sol.
O Amazonas ainda não estava pronto.
As águas atrasadas
derramavam-se em desordem pelo mato.
[5] O rio bebia a floresta.
Depois veio a Cobra Grande. Amassou a terra elástica
e pediu para chamar sono.
As árvores enfastiadas de sol combinaram silêncio.
A floresta imensa chocando um ovo!
[10] Cobra Grande teve uma filha. Ficou moça.
Um dia
ela disse que queria conhecer homem.
Mas não encontraram rasto de homem.
Então
[15] começaram a adivinhar horizontes
e mandaram buscar de muito longe um moço.
Ai! que houve festa na floresta!
Mas a filha da Cobra Grande não queria dormir com o noivo
porque naquele tempo não havia noite.
[20] A noite estava escondida atrás da selva
dentro de um caroço de tucumã.
Ah! então vamos buscar o tucumã
pra dar de presente de casamento.
Veio o Sapo. Jabuti veio também.
[25] O Camaleão estava esperando sono.
A onça não pôde vir porque tinha emprestado os sapatos.
Andaram. Andaram.
As vozes iam na frente procurando caminho.
Desembarcavam árvores. Raízes furavam a lama.
[30] A floresta crescia.
Chô que depois de muito andar chegaram.
- Esta é que é a noite?
- Será mesmo a noite?
- Ah! não acredito.
[35] Então vamos espiar o que tem dentro.
Quando abriram o caroço
houve um estouro imenso
que cobriu tudo de escuro.
A floresta inchou.
[40] Árvores saíram correndo.
Um pedaço da noite entrou na barriga do Sapo.
Então
a filha da Cobra Grande pôde fazer dormezinho com o noivo.
( MASSI, Augusto. (Org. e Coment.) Poesia completa de Raul Bopp. Rio de Janeiro: José Olympio; São Paulo: Edusp, 1998.)
Água, s.f
Da água é uma espécie de remanescente quem já
incorreu ou incorre em concha
Pessoas que ouvem com a boca no chão seus
rumores dormidos pertencem das águas
Se diz que no início eram somente elas
Depois é que veio o murmúrio dos corgos para dar
testemunho do nome de Deus
(BARROS, Manoel de. Arranjos para assobio. Rio de Janeiro: Record, 1998.)
Raul Bopp construiu, mediante o uso de imagens, um poema que tematiza um processo. Cada alternativa apresenta uma imagem retirada do texto e uma interpretação para ela.
Assinale a interpretação NÃO comprovada no texto.
TEXTO I
TEXTO II
A partir da leitura dos textos, analise as afirmativas.
I - O TEXTO I funcionou como ponto de partida para a criação do TEXTO II, que pode ser chamado de intertexto.
II - Na construção do TEXTO II, foram respeitados, além da diagramação, o tipo de letra e o significado do TEXTO I.
III - O TEXTO II dialoga com o TEXTO I à medida que constitui uma paródia.
IV - O TEXTO II pode provocar uma leitura automatizada em função de a logomarca contida no TEXTO I ser familiar ao leitor.
São corretas as afirmativas
TEXTO I
TEXTO II
A palavra Chiclets (TEXTO I) é marca de uma goma de mascar. Com o tempo, chiclets passou a designar qualquer goma de mascar, processo que ocorreu também com a marca BomBril.
Esse recurso de alteração de sentido denomina-se
TEXTO I
TEXTO II
Na construção do TEXTO II, deu-se ênfase aos recursos morfológicos.
Em relação a esses recursos, assinale a afirmativa correta.
PRINCÍPIO
No princípio era sol sol sol.
O Amazonas ainda não estava pronto.
As águas atrasadas
derramavam-se em desordem pelo mato.
[5] O rio bebia a floresta.
Depois veio a Cobra Grande. Amassou a terra elástica
e pediu para chamar sono.
As árvores enfastiadas de sol combinaram silêncio.
A floresta imensa chocando um ovo!
[10] Cobra Grande teve uma filha. Ficou moça.
Um dia
ela disse que queria conhecer homem.
Mas não encontraram rasto de homem.
Então
[15] começaram a adivinhar horizontes
e mandaram buscar de muito longe um moço.
Ai! que houve festa na floresta!
Mas a filha da Cobra Grande não queria dormir com o noivo
porque naquele tempo não havia noite.
[20] A noite estava escondida atrás da selva
dentro de um caroço de tucumã.
Ah! então vamos buscar o tucumã
pra dar de presente de casamento.
Veio o Sapo. Jabuti veio também.
[25] O Camaleão estava esperando sono.
A onça não pôde vir porque tinha emprestado os sapatos.
Andaram. Andaram.
As vozes iam na frente procurando caminho.
Desembarcavam árvores. Raízes furavam a lama.
[30] A floresta crescia.
Chô que depois de muito andar chegaram.
- Esta é que é a noite?
- Será mesmo a noite?
- Ah! não acredito.
[35] Então vamos espiar o que tem dentro.
Quando abriram o caroço
houve um estouro imenso
que cobriu tudo de escuro.
A floresta inchou.
[40] Árvores saíram correndo.
Um pedaço da noite entrou na barriga do Sapo.
Então
a filha da Cobra Grande pôde fazer dormezinho com o noivo.
( MASSI, Augusto. (Org. e Coment.) Poesia completa de Raul Bopp. Rio de Janeiro: José Olympio; São Paulo: Edusp, 1998.)
Água, s.f
Da água é uma espécie de remanescente quem já
incorreu ou incorre em concha
Pessoas que ouvem com a boca no chão seus
rumores dormidos pertencem das águas
Se diz que no início eram somente elas
Depois é que veio o murmúrio dos corgos para dar
testemunho do nome de Deus
(BARROS, Manoel de. Arranjos para assobio. Rio de Janeiro: Record, 1998.)
O poema PRINCÍPIO filia-se à vertente antropofágica do Modernismo Brasileiro.
Assinale a afirmativa que comprova essa filiação.
PRINCÍPIO
No princípio era sol sol sol.
O Amazonas ainda não estava pronto.
As águas atrasadas
derramavam-se em desordem pelo mato.
[5] O rio bebia a floresta.
Depois veio a Cobra Grande. Amassou a terra elástica
e pediu para chamar sono.
As árvores enfastiadas de sol combinaram silêncio.
A floresta imensa chocando um ovo!
[10] Cobra Grande teve uma filha. Ficou moça.
Um dia
ela disse que queria conhecer homem.
Mas não encontraram rasto de homem.
Então
[15] começaram a adivinhar horizontes
e mandaram buscar de muito longe um moço.
Ai! que houve festa na floresta!
Mas a filha da Cobra Grande não queria dormir com o noivo
porque naquele tempo não havia noite.
[20] A noite estava escondida atrás da selva
dentro de um caroço de tucumã.
Ah! então vamos buscar o tucumã
pra dar de presente de casamento.
Veio o Sapo. Jabuti veio também.
[25] O Camaleão estava esperando sono.
A onça não pôde vir porque tinha emprestado os sapatos.
Andaram. Andaram.
As vozes iam na frente procurando caminho.
Desembarcavam árvores. Raízes furavam a lama.
[30] A floresta crescia.
Chô que depois de muito andar chegaram.
- Esta é que é a noite?
- Será mesmo a noite?
- Ah! não acredito.
[35] Então vamos espiar o que tem dentro.
Quando abriram o caroço
houve um estouro imenso
que cobriu tudo de escuro.
A floresta inchou.
[40] Árvores saíram correndo.
Um pedaço da noite entrou na barriga do Sapo.
Então
a filha da Cobra Grande pôde fazer dormezinho com o noivo.
( MASSI, Augusto. (Org. e Coment.) Poesia completa de Raul Bopp. Rio de Janeiro: José Olympio; São Paulo: Edusp, 1998.)
Água, s.f
Da água é uma espécie de remanescente quem já
incorreu ou incorre em concha
Pessoas que ouvem com a boca no chão seus
rumores dormidos pertencem das águas
Se diz que no início eram somente elas
Depois é que veio o murmúrio dos corgos para dar
testemunho do nome de Deus
(BARROS, Manoel de. Arranjos para assobio. Rio de Janeiro: Record, 1998.)
A respeito da construção dos dois poemas, analise as afirmativas abaixo.
I - Os poetas ignoram as manifestações de língua oral e coloquial em sua escritura.
II - Os poemas apresentam construções lingüísticas e imagéticas que quebram a lógica comum, comprovando a influência surrealista.
III - Nos dois poemas, a água metaforiza a origem, o elemento que possibilita o surgimento da vida.
IV - Ambos os poemas fazem referência ao divino, Manoel de Barros o faz de forma explícita e Bopp, pelo diálogo com a passagem bíblica: “No princípio, era o Verbo”.
São corretas as afirmativas