Quem tem o direito de falar?
[1] [...] Há várias maneiras de silêncio. A mais comum é simplesmente calar quem não tem direito à
voz. Isso é o que nos lembram todos aqueles que se engajaram na luta por grupos sociais vulneráveis e
objetos de violência contínua (negros, homossexuais, mulheres, travestis, palestinos, entre tantos outros).
Mas há ainda outra forma de silêncio. Ela consiste em limitar sua fala. Assim, um será a voz dos
[5] negros e pobres, já que o enunciador é negro e pobre. O outro será a voz das mulheres e lésbicas, já que o
enunciador é mulher e lésbica. A princípio, isso pode parecer um ato de dar voz aos excluídos e subalternos,
fazendo com que negros falem sobre os problemas dos negros, mulheres falem sobre os problemas das
mulheres, e por aí vai.
No entanto, essa é apenas uma forma astuta de silêncio, e deveríamos estar mais atentos a tal
[10] estratégia de silenciamento identitário. Ao final, ela quer nos levar a acreditar que negros devem apenas
falar dos problemas dos negros, que mulheres devem apenas falar dos problemas das mulheres.
Pensar a política como circuito de afetos significa compreender que sujeitos políticos são criados
quando conseguem mudar a forma como o espaço comum é afetado.
Posso dar visibilidade a sofrimentos que antes não circulavam, mas quando aceito limitar minha fala
[15] pela identidade que supostamente represento, não mudarei a forma de circulação de afetos, pois não
conseguirei implicar quem não partilha minha identidade na narrativa do meu sofrimento. Minha produção
de afecções continuará circulando em regime restrito, mesmo que agora codificada como região setorizada
do espaço comum.
Ser um sujeito político é conseguir enunciar proposições que implicam todo mundo, que podem
[20] implicar qualquer um, ou seja, que se dirigem a essa dimensão do “qualquer um” que faz parte de cada um
de nós. É quando nos colocamos na posição de qualquer um que temos mais força de desestabilização de
circuitos hegemônicos de afetos.
O verdadeiro medo do poder é que você se coloque na posição de qualquer um.
Fonte: SAFATLE, Vladimir. Quem tem o direito de falar? Jornal Folha de São Paulo. C12 Ilustrada, 25 set. 2015. Adaptado.
Leia a definição a seguir:
Afecção: afeição; vontade (DICIONÁRIO HOUAISS DE LÍNGUA PORTUGUESA, 2001, p. 100).
Indique, entre os enunciados do texto, aquele que se constrói de forma metalinguística, como no exemplo acima.
Quem tem o direito de falar?
[1] [...] Há várias maneiras de silêncio. A mais comum é simplesmente calar quem não tem direito à
voz. Isso é o que nos lembram todos aqueles que se engajaram na luta por grupos sociais vulneráveis e
objetos de violência contínua (negros, homossexuais, mulheres, travestis, palestinos, entre tantos outros).
Mas há ainda outra forma de silêncio. Ela consiste em limitar sua fala. Assim, um será a voz dos
[5] negros e pobres, já que o enunciador é negro e pobre. O outro será a voz das mulheres e lésbicas, já que o
enunciador é mulher e lésbica. A princípio, isso pode parecer um ato de dar voz aos excluídos e subalternos,
fazendo com que negros falem sobre os problemas dos negros, mulheres falem sobre os problemas das
mulheres, e por aí vai.
No entanto, essa é apenas uma forma astuta de silêncio, e deveríamos estar mais atentos a tal
[10] estratégia de silenciamento identitário. Ao final, ela quer nos levar a acreditar que negros devem apenas
falar dos problemas dos negros, que mulheres devem apenas falar dos problemas das mulheres.
Pensar a política como circuito de afetos significa compreender que sujeitos políticos são criados
quando conseguem mudar a forma como o espaço comum é afetado.
Posso dar visibilidade a sofrimentos que antes não circulavam, mas quando aceito limitar minha fala
[15] pela identidade que supostamente represento, não mudarei a forma de circulação de afetos, pois não
conseguirei implicar quem não partilha minha identidade na narrativa do meu sofrimento. Minha produção
de afecções continuará circulando em regime restrito, mesmo que agora codificada como região setorizada
do espaço comum.
Ser um sujeito político é conseguir enunciar proposições que implicam todo mundo, que podem
[20] implicar qualquer um, ou seja, que se dirigem a essa dimensão do “qualquer um” que faz parte de cada um
de nós. É quando nos colocamos na posição de qualquer um que temos mais força de desestabilização de
circuitos hegemônicos de afetos.
O verdadeiro medo do poder é que você se coloque na posição de qualquer um.
Fonte: SAFATLE, Vladimir. Quem tem o direito de falar? Jornal Folha de São Paulo. C12 Ilustrada, 25 set. 2015. Adaptado.
Para o locutor do texto, ausência e restrição da fala constituem
Quem tem o direito de falar?
[1] [...] Há várias maneiras de silêncio. A mais comum é simplesmente calar quem não tem direito à
voz. Isso é o que nos lembram todos aqueles que se engajaram na luta por grupos sociais vulneráveis e
objetos de violência contínua (negros, homossexuais, mulheres, travestis, palestinos, entre tantos outros).
Mas há ainda outra forma de silêncio. Ela consiste em limitar sua fala. Assim, um será a voz dos
[5] negros e pobres, já que o enunciador é negro e pobre. O outro será a voz das mulheres e lésbicas, já que o
enunciador é mulher e lésbica. A princípio, isso pode parecer um ato de dar voz aos excluídos e subalternos,
fazendo com que negros falem sobre os problemas dos negros, mulheres falem sobre os problemas das
mulheres, e por aí vai.
No entanto, essa é apenas uma forma astuta de silêncio, e deveríamos estar mais atentos a tal
[10] estratégia de silenciamento identitário. Ao final, ela quer nos levar a acreditar que negros devem apenas
falar dos problemas dos negros, que mulheres devem apenas falar dos problemas das mulheres.
Pensar a política como circuito de afetos significa compreender que sujeitos políticos são criados
quando conseguem mudar a forma como o espaço comum é afetado.
Posso dar visibilidade a sofrimentos que antes não circulavam, mas quando aceito limitar minha fala
[15] pela identidade que supostamente represento, não mudarei a forma de circulação de afetos, pois não
conseguirei implicar quem não partilha minha identidade na narrativa do meu sofrimento. Minha produção
de afecções continuará circulando em regime restrito, mesmo que agora codificada como região setorizada
do espaço comum.
Ser um sujeito político é conseguir enunciar proposições que implicam todo mundo, que podem
[20] implicar qualquer um, ou seja, que se dirigem a essa dimensão do “qualquer um” que faz parte de cada um
de nós. É quando nos colocamos na posição de qualquer um que temos mais força de desestabilização de
circuitos hegemônicos de afetos.
O verdadeiro medo do poder é que você se coloque na posição de qualquer um.
Fonte: SAFATLE, Vladimir. Quem tem o direito de falar? Jornal Folha de São Paulo. C12 Ilustrada, 25 set. 2015. Adaptado.
Para o locutor do texto, é uma ação positiva:
Quem tem o direito de falar?
[1] [...] Há várias maneiras de silêncio. A mais comum é simplesmente calar quem não tem direito à
voz. Isso é o que nos lembram todos aqueles que se engajaram na luta por grupos sociais vulneráveis e
objetos de violência contínua (negros, homossexuais, mulheres, travestis, palestinos, entre tantos outros).
Mas há ainda outra forma de silêncio. Ela consiste em limitar sua fala. Assim, um será a voz dos
[5] negros e pobres, já que o enunciador é negro e pobre. O outro será a voz das mulheres e lésbicas, já que o
enunciador é mulher e lésbica. A princípio, isso pode parecer um ato de dar voz aos excluídos e subalternos,
fazendo com que negros falem sobre os problemas dos negros, mulheres falem sobre os problemas das
mulheres, e por aí vai.
No entanto, essa é apenas uma forma astuta de silêncio, e deveríamos estar mais atentos a tal
[10] estratégia de silenciamento identitário. Ao final, ela quer nos levar a acreditar que negros devem apenas
falar dos problemas dos negros, que mulheres devem apenas falar dos problemas das mulheres.
Pensar a política como circuito de afetos significa compreender que sujeitos políticos são criados
quando conseguem mudar a forma como o espaço comum é afetado.
Posso dar visibilidade a sofrimentos que antes não circulavam, mas quando aceito limitar minha fala
[15] pela identidade que supostamente represento, não mudarei a forma de circulação de afetos, pois não
conseguirei implicar quem não partilha minha identidade na narrativa do meu sofrimento. Minha produção
de afecções continuará circulando em regime restrito, mesmo que agora codificada como região setorizada
do espaço comum.
Ser um sujeito político é conseguir enunciar proposições que implicam todo mundo, que podem
[20] implicar qualquer um, ou seja, que se dirigem a essa dimensão do “qualquer um” que faz parte de cada um
de nós. É quando nos colocamos na posição de qualquer um que temos mais força de desestabilização de
circuitos hegemônicos de afetos.
O verdadeiro medo do poder é que você se coloque na posição de qualquer um.
Fonte: SAFATLE, Vladimir. Quem tem o direito de falar? Jornal Folha de São Paulo. C12 Ilustrada, 25 set. 2015. Adaptado.
No texto, sujeitos políticos possuem
Quem tem o direito de falar?
[1] [...] Há várias maneiras de silêncio. A mais comum é simplesmente calar quem não tem direito à
voz. Isso é o que nos lembram todos aqueles que se engajaram na luta por grupos sociais vulneráveis e
objetos de violência contínua (negros, homossexuais, mulheres, travestis, palestinos, entre tantos outros).
Mas há ainda outra forma de silêncio. Ela consiste em limitar sua fala. Assim, um será a voz dos
[5] negros e pobres, já que o enunciador é negro e pobre. O outro será a voz das mulheres e lésbicas, já que o
enunciador é mulher e lésbica. A princípio, isso pode parecer um ato de dar voz aos excluídos e subalternos,
fazendo com que negros falem sobre os problemas dos negros, mulheres falem sobre os problemas das
mulheres, e por aí vai.
No entanto, essa é apenas uma forma astuta de silêncio, e deveríamos estar mais atentos a tal
[10] estratégia de silenciamento identitário. Ao final, ela quer nos levar a acreditar que negros devem apenas
falar dos problemas dos negros, que mulheres devem apenas falar dos problemas das mulheres.
Pensar a política como circuito de afetos significa compreender que sujeitos políticos são criados
quando conseguem mudar a forma como o espaço comum é afetado.
Posso dar visibilidade a sofrimentos que antes não circulavam, mas quando aceito limitar minha fala
[15] pela identidade que supostamente represento, não mudarei a forma de circulação de afetos, pois não
conseguirei implicar quem não partilha minha identidade na narrativa do meu sofrimento. Minha produção
de afecções continuará circulando em regime restrito, mesmo que agora codificada como região setorizada
do espaço comum.
Ser um sujeito político é conseguir enunciar proposições que implicam todo mundo, que podem
[20] implicar qualquer um, ou seja, que se dirigem a essa dimensão do “qualquer um” que faz parte de cada um
de nós. É quando nos colocamos na posição de qualquer um que temos mais força de desestabilização de
circuitos hegemônicos de afetos.
O verdadeiro medo do poder é que você se coloque na posição de qualquer um.
Fonte: SAFATLE, Vladimir. Quem tem o direito de falar? Jornal Folha de São Paulo. C12 Ilustrada, 25 set. 2015. Adaptado.
Uma conduta política, segundo o texto, deve, EXCETO
Quem tem o direito de falar?
[1] [...] Há várias maneiras de silêncio. A mais comum é simplesmente calar quem não tem direito à
voz. Isso é o que nos lembram todos aqueles que se engajaram na luta por grupos sociais vulneráveis e
objetos de violência contínua (negros, homossexuais, mulheres, travestis, palestinos, entre tantos outros).
Mas há ainda outra forma de silêncio. Ela consiste em limitar sua fala. Assim, um será a voz dos
[5] negros e pobres, já que o enunciador é negro e pobre. O outro será a voz das mulheres e lésbicas, já que o
enunciador é mulher e lésbica. A princípio, isso pode parecer um ato de dar voz aos excluídos e subalternos,
fazendo com que negros falem sobre os problemas dos negros, mulheres falem sobre os problemas das
mulheres, e por aí vai.
No entanto, essa é apenas uma forma astuta de silêncio, e deveríamos estar mais atentos a tal
[10] estratégia de silenciamento identitário. Ao final, ela quer nos levar a acreditar que negros devem apenas
falar dos problemas dos negros, que mulheres devem apenas falar dos problemas das mulheres.
Pensar a política como circuito de afetos significa compreender que sujeitos políticos são criados
quando conseguem mudar a forma como o espaço comum é afetado.
Posso dar visibilidade a sofrimentos que antes não circulavam, mas quando aceito limitar minha fala
[15] pela identidade que supostamente represento, não mudarei a forma de circulação de afetos, pois não
conseguirei implicar quem não partilha minha identidade na narrativa do meu sofrimento. Minha produção
de afecções continuará circulando em regime restrito, mesmo que agora codificada como região setorizada
do espaço comum.
Ser um sujeito político é conseguir enunciar proposições que implicam todo mundo, que podem
[20] implicar qualquer um, ou seja, que se dirigem a essa dimensão do “qualquer um” que faz parte de cada um
de nós. É quando nos colocamos na posição de qualquer um que temos mais força de desestabilização de
circuitos hegemônicos de afetos.
O verdadeiro medo do poder é que você se coloque na posição de qualquer um.
Fonte: SAFATLE, Vladimir. Quem tem o direito de falar? Jornal Folha de São Paulo. C12 Ilustrada, 25 set. 2015. Adaptado.
Leia o seguinte fragmento do texto:
“Ser um sujeito político é conseguir enunciar proposições que implicam todo mundo, que podem implicar qualquer um, ou seja, que se dirigem a essa dimensão do ‘qualquer um’ que faz parte de cada um de nós.” (Linhas 19-21)
A expressão destacada foi utilizada para