Aedes: uma emergência internacional
O aparecimento do vírus zika colocou o Aedes aegypti no foco de pesquisadores nacionais e internacionais a partir da possível relação do vírus com a microcefalia, má-formação que afeta o cérebro e pode trazer sérias consequências para bebês. [...] No começo era a febre amarela. Depois veio a dengue. Mais recentemente a chikungunya e logo depois o zika. Entre especialistas em epidemias, o pensamento é um só: sabe-se lá o que mais pode vir daqui para frente.
Em comum, todas as doenças compartilham o mesmo vetor de transmissão, o mosquito Aedes aegypti. Sabe-se, na literatura médica, que pelo menos mais 17 outros vírus podem ser carregados pelo mesmo mosquito, mas ninguém se arrisca a dizer se algum deles pode se mover nem qual poderia ser o próximo a chegar ao Brasil.
Não que o Brasil não estivesse à espera de ser “visitado” por outro vírus transmitido por mosquitos. Desde 1999, quando o vírus do Nilo Ocidental causou um surto em Nova York e passou a se espalhar pelos Estados Unidos – depois de passar anos sem se mexer na África e saltar para a Europa em meados dos anos 1990, o País iniciou um trabalho de vigilância para ver se ele chegava por aqui.
“No Ministério da Saúde começamos a monitorar aves migratórias que vêm dos Estados Unidos para o Brasil para ver se elas traziam o vírus, mas nunca encontramos nada”, conta Expedito Luna, pesquisador do Laboratório de Epidemiologia do Instituto de Medicina Tropical da USP, que na época colaborou com o ministério. “É muito difícil saber o que pode desencadear a dispersão de um vírus. Passamos anos fazendo a previsão de que o Nilo Ocidental chegaria aqui e não aconteceu. Aí veio o zika”, comenta Francisco Chiaravalloti Neto, da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Tampouco se sabe por que o Culex daqui até agora não passou a transmitir nem o Nilo Ocidental nem a encefalite japonesa – vírus geneticamente próximo do zika, conforme mostrou o genoma do vírus publicado na semana passada –, que é concentrado na Ásia. Pode ser alguma barreira do clima local, ou a falta de outro hospedeiro, ou mesmo que a espécie brasileira não seja competente para transmitir esses vírus.
Disponível em: <http://www.estadao.com.br/saúde>. Acesso em: fev. 2016. Adaptado.
De acordo com o texto, assinale a opção incorreta.