Leia o texto de José Miguel Wisnik para responder à questão.
Num recente debate com estudantes de letras, o crítico de arte e ficcionista Rodrigo Naves pôs lado a lado, numa boutade1 cheia de razão, Pelé e Machado de Assis. De fato, se a formação da literatura brasileira desemboca em Machado, a do futebol brasileiro desemboca em Pelé. Quem ousaria compará-los? Quem dirá quem é superior? Driblarei a questão indo diretamente ao ponto: como foram possíveis um e outro? Ambos nos dão a impressão de render as condições que os geraram, como se pairassem acima delas. Render, aqui, significa submetê-las (a pobreza, o atraso, a situação periférica do país) levando-as a suas consequências máximas, e superando-as sem negá-las. A discrepância aparentemente aberrante entre o escritor e o jogador de futebol contém nela mesma o xis do problema: ambos são necessários para que se formule a trama de um país mal letrado e exorbitante, cuja destinação passa pelas reversões entre “alta” e “baixa” cultura, pelo confronto e pelo contraponto de raças, pela palavra e pelo corpo, e cuja o“formação” não poderia se dar apenas na literatura: o ser brasileiro pede minimamente – para se expor em sua extensão e intensidade – a literatura, o futebol e a música popular. (Aliás, uma certa intangibilidade enigmática, comum aos dois, pode ser reconhecida também em João Gilberto.)
1boutade: dito espirituoso, gracejo.
(Veneno remédio, 2013. Adaptado.)
“A discrepância aparentemente aberrante entre o escritor e o jogador de futebol contém nela mesma o xis do problema: ambos são necessários para que se formule a trama de um país mal letrado e exorbitante, cuja destinação passa pelas reversões entre ‘alta’ e ‘baixa’ cultura, pelo confronto e pelo contraponto de raças, pela palavra e pelo corpo, e cuja ‘formação’ não poderia se dar apenas na literatura”.
Os termos em destaque podem ser substituídos, de acordo com a norma-padrão e sem alteração do sentido do texto, respectivamente, por:
Leia o texto de José Miguel Wisnik para responder à questão.
Num recente debate com estudantes de letras, o crítico de arte e ficcionista Rodrigo Naves pôs lado a lado, numa boutade1 cheia de razão, Pelé e Machado de Assis. De fato, se a formação da literatura brasileira desemboca em Machado, a do futebol brasileiro desemboca em Pelé. Quem ousaria compará-los? Quem dirá quem é superior? Driblarei a questão indo diretamente ao ponto: como foram possíveis um e outro? Ambos nos dão a impressão de render as condições que os geraram, como se pairassem acima delas. Render, aqui, significa submetê-las (a pobreza, o atraso, a situação periférica do país) levando-as a suas consequências máximas, e superando-as sem negá-las. A discrepância aparentemente aberrante entre o escritor e o jogador de futebol contém nela mesma o xis do problema: ambos são necessários para que se formule a trama de um país mal letrado e exorbitante, cuja destinação passa pelas reversões entre “alta” e “baixa” cultura, pelo confronto e pelo contraponto de raças, pela palavra e pelo corpo, e cuja o“formação” não poderia se dar apenas na literatura: o ser brasileiro pede minimamente – para se expor em sua extensão e intensidade – a literatura, o futebol e a música popular. (Aliás, uma certa intangibilidade enigmática, comum aos dois, pode ser reconhecida também em João Gilberto.)
1boutade: dito espirituoso, gracejo.
(Veneno remédio, 2013. Adaptado.)
O texto permite concluir que:
Leia o texto de José Miguel Wisnik para responder à questão.
Num recente debate com estudantes de letras, o crítico de arte e ficcionista Rodrigo Naves pôs lado a lado, numa boutade1 cheia de razão, Pelé e Machado de Assis. De fato, se a formação da literatura brasileira desemboca em Machado, a do futebol brasileiro desemboca em Pelé. Quem ousaria compará-los? Quem dirá quem é superior? Driblarei a questão indo diretamente ao ponto: como foram possíveis um e outro? Ambos nos dão a impressão de render as condições que os geraram, como se pairassem acima delas. Render, aqui, significa submetê-las (a pobreza, o atraso, a situação periférica do país) levando-as a suas consequências máximas, e superando-as sem negá-las. A discrepância aparentemente aberrante entre o escritor e o jogador de futebol contém nela mesma o xis do problema: ambos são necessários para que se formule a trama de um país mal letrado e exorbitante, cuja destinação passa pelas reversões entre “alta” e “baixa” cultura, pelo confronto e pelo contraponto de raças, pela palavra e pelo corpo, e cuja o“formação” não poderia se dar apenas na literatura: o ser brasileiro pede minimamente – para se expor em sua extensão e intensidade – a literatura, o futebol e a música popular. (Aliás, uma certa intangibilidade enigmática, comum aos dois, pode ser reconhecida também em João Gilberto.)
1boutade: dito espirituoso, gracejo.
(Veneno remédio, 2013. Adaptado.)
Os vocábulos “futebol”, “brasileiro” e “intangibilidade” são formados, respectivamente, a partir de processos de
Leia o texto de João Batista Libânio para responder à questão.
A autonomia tornou-se o ponto inquestionável e irreversível da modernidade e pós-modernidade. Desde a idade mais pequena, a criança já se percebe como sujeito de desejos, vontades, decisões que quer que sejam respeitados pelos pais, professores e adultos em geral. Não aceitam que autoridade de fora, de qualquer natureza que seja, lhe fira a própria lei pessoal, isto é, a autonomia, que significa: auto (própria) + nomos (lei).
Todos se sentem sujeitos e não suportam ser tratados como objetos. Princípio importante para criar imaginário de igualdade, de respeito, de direitos reivindicados. No entanto, falta a contrapartida de toda autonomia, de todo direito e respeito exigidos. Reconhecer a autonomia do outro, cumprir os próprios deveres em relação à sociedade e assumir a responsabilidade pelos próprios atos. Esse outro lado da moeda constitui-se o maior desafio da educação.
Ele só se torna possível se os educadores – pais e escola – mostrarem que autonomia sem responsabilidade dos próprios atos não passa de anarquia destrutiva da possibilidade do convívio humano, social e, no fundo, da própria autonomia. Autonomia só se autossustenta com responsabilidade.
E há passo ainda mais difícil. O aprendizado da responsabilidade passa pelo limite. Se a pessoa não sabe impô-lo a si mesmo, alguém deve fazê-lo. Esse alguém são, em primeiro lugar, os pais. E, em seguida, a escola. O limite na escola chama-se disciplina. Portanto, sem disciplina não há responsabilidade. Sem responsabilidade não há autonomia humana e sociável. Do contrário, teríamos aquele mundo que o inglês Hobbes temia: cada ser humano será um lobo para o outro. Sem responsabilidade e limites, imperará a violência bruta, estúpida, sem lei nem grei. E a convivência se tornará cada vez mais difícil, o medo maior, a vida insuportável. Um pouco desse cenário se desenha nas grandes cidades. A reversão começa na família e na escola.
(http://domtotal.com, 18.07.2012.)
O texto tem como tema central
Leia o texto de João Batista Libânio para responder à questão.
A autonomia tornou-se o ponto inquestionável e irreversível da modernidade e pós-modernidade. Desde a idade mais pequena, a criança já se percebe como sujeito de desejos, vontades, decisões que quer que sejam respeitados pelos pais, professores e adultos em geral. Não aceitam que autoridade de fora, de qualquer natureza que seja, lhe fira a própria lei pessoal, isto é, a autonomia, que significa: auto (própria) + nomos (lei).
Todos se sentem sujeitos e não suportam ser tratados como objetos. Princípio importante para criar imaginário de igualdade, de respeito, de direitos reivindicados. No entanto, falta a contrapartida de toda autonomia, de todo direito e respeito exigidos. Reconhecer a autonomia do outro, cumprir os próprios deveres em relação à sociedade e assumir a responsabilidade pelos próprios atos. Esse outro lado da moeda constitui-se o maior desafio da educação.
Ele só se torna possível se os educadores – pais e escola – mostrarem que autonomia sem responsabilidade dos próprios atos não passa de anarquia destrutiva da possibilidade do convívio humano, social e, no fundo, da própria autonomia. Autonomia só se autossustenta com responsabilidade.
E há passo ainda mais difícil. O aprendizado da responsabilidade passa pelo limite. Se a pessoa não sabe impô-lo a si mesmo, alguém deve fazê-lo. Esse alguém são, em primeiro lugar, os pais. E, em seguida, a escola. O limite na escola chama-se disciplina. Portanto, sem disciplina não há responsabilidade. Sem responsabilidade não há autonomia humana e sociável. Do contrário, teríamos aquele mundo que o inglês Hobbes temia: cada ser humano será um lobo para o outro. Sem responsabilidade e limites, imperará a violência bruta, estúpida, sem lei nem grei. E a convivência se tornará cada vez mais difícil, o medo maior, a vida insuportável. Um pouco desse cenário se desenha nas grandes cidades. A reversão começa na família e na escola.
(http://domtotal.com, 18.07.2012.)
“Ele só se torna possível se os educadores – pais e escola – mostrarem que autonomia sem responsabilidade dos próprios atos não passa de anarquia destrutiva da possibilidade do convívio humano, social e, no fundo, da própria autonomia.” (3o parágrafo)
De acordo com o sentido e a coerência interna do texto, o pronome destacado pode ser corretamente substituído por