........ me perguntam: quantas palavras
uma pessoa sabe? Essa é uma pergunta
importante, principalmente para quem ensina
línguas estrangeiras. Seria muito útil para
[5] quem planeja um curso de francês ou japonês
ter uma estimativa de quantas palavras um
nativo conhece; e quantas os alunos precisam
aprender para usar a língua com certa
facilidade. Essas informações seriam preciosas
[10] para quem está preparando um manual que
inclua, entre outras coisas, um planejamento
cuidadoso da introdução gradual de vocabulário.
À parte isso, a pergunta tem seu
interesse próprio. Uma língua não é apenas
[15] composta de palavras: ela inclui também regras
gramaticais e um mundo de outros elementos
que também precisam ser dominados. Mas as
palavras são particularmente numerosas, e é
notável como qualquer pessoa, instruída ou
[20] não, ........ acesso a esse acervo imenso de
informação com facilidade e rapidez. Assim,
perguntar quantas palavras uma pessoa sabe
é parte do problema geral de o que é que
uma pessoa tem em sua mente e que ........
[25] permite usar a língua, falando e entendendo.
Antes de mais nada, porém, o que é uma
palavra? Ora, alguém vai dizer, “todo mundo
sabe o que é uma palavra”. Mas não é bem
assim. Considere a palavra olho. É muito claro
[30] que isso aí é uma palavra – mas será que
olhos é a mesma palavra (só que no plural)?
Ou será outra palavra?
Bom, há razões para responder das duas
maneiras: é a mesma palavra, porque significa a
[35] mesma coisa (mas com a ideia de plural); e é
outra palavra, porque se pronuncia diferentemente
(olhos tem um “s” final que olho não tem, além
da diferença de timbre das vogais tônicas).
Entretanto, a razão principal por que julgamos
[40] que olho e olhos sejam a mesma palavra é
que a relação entre elas é extremamente
regular; ou seja, vale não apenas para esse
par, mas para milhares de outros pares de
elementos da língua: olho/olhos, orelha/orelhas,
[45] gato/gatos, etc. E, semanticamente, a relação
é a mesma em todos os pares: a forma sem
“s” denota um objeto só, a forma com “s”
denota mais de um objeto. Daí se tira uma
consequência importante: não é preciso aprender
[50] e guardar permanentemente na memória
cada caso individual; aprendemos uma regra
geral (“faz-se o plural acrescentando um “s” ao
singular”), e estamos prontos.
Adaptado de: PERINI, Mário A. Semântica lexical. ReVEL, v. 11, n. 20, 2013.
O autor fala da diferença de timbre das vogais tônicas (l. 38) entre olho (em sua forma singular) e olhos (em sua forma plural). Assinale a alternativa que apresenta uma palavra cuja flexão de número acarrete essa mesma diferença de timbre vocálico mencionado pelo autor.
Nada mais importante para chamar a
atenção sobre uma verdade do que exagerá-
la. Mas também, nada mais perigoso, ........
um dia vem a reação indispensável e a relega
[5] injustamente para a categoria do erro, até
que se efetue a operação difícil de chegar a
um ponto de vista objetivo, sem desfigurá-la
de um lado nem de outro. É o que tem
ocorrido com o estudo da relação entre a obra
[10] e o seu condicionamento social, que a certa
altura chegou a ser vista como chave para
compreendê-la, depois foi rebaixada como
falha de visão, — e talvez só agora comece a
ser proposta nos devidos termos.
[15] De fato, antes se procurava mostrar que
o valor e o significado de uma obra
dependiam de ela exprimir ou não certo
aspecto da realidade, e que este aspecto
constituía o que ela tinha de essencial.
[20] Depois, chegou-se à posição oposta,
procurando-se mostrar que a matéria de uma
obra é secundária, e que a sua importância
deriva das operações formais postas em jogo,
conferindo-lhe uma peculiaridade que a torna
[25] de fato independente de quaisquer
condicionamentos, sobretudo social,
considerado inoperante como elemento de
compreensão. Hoje sabemos que a
integridade da obra não permite adotar
[30] nenhuma dessas visões ........ ; e que só a
podemos entender fundindo texto e contexto
numa interpretação dialeticamente íntegra,
em que tanto o velho ponto de vista que
explicava pelos fatores externos, quanto o
[35] outro, norteado pela convicção de que a
estrutura é virtualmente independente, se
combinam como momentos necessários do
processo interpretativo. Sabemos, ainda, que
o externo (no caso, o social) importa, não
[40] como causa, nem como significado, mas como
elemento que desempenha certo papel na
constituição da estrutura, tornando-se,
portanto, interno.
Neste caso, saímos dos aspectos
[45] periféricos da sociologia, ou da história
sociologicamente orientada, para chegar a
uma interpretação estética que assimilou a
dimensão social como fator de arte. Quando
isto se dá, ocorre o paradoxo assinalado
[50] inicialmente: o externo se torna interno e a
crítica deixa de ser sociológica, para ser
apenas crítica. Segundo esta ordem de ideias, ]
o ângulo sociológico adquire uma validade
maior do que tinha. Em ........, não pode mais
[55] ser imposto como critério único, ou mesmo
preferencial, pois a importância de cada fator
depende do caso a ser analisado. Uma crítica
que se queira integral deve deixar de ser
unilateralmente sociológica, psicológica ou
[60] linguística, para utilizar livremente os
elementos capazes de conduzirem a uma
interpretação coerente.
Adaptado de: CANDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. 9. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das linhas 03, 30 e 54, nessa ordem.
Nada mais importante para chamar a
atenção sobre uma verdade do que exagerá-
la. Mas também, nada mais perigoso, ........
um dia vem a reação indispensável e a relega
[5] injustamente para a categoria do erro, até
que se efetue a operação difícil de chegar a
um ponto de vista objetivo, sem desfigurá-la
de um lado nem de outro. É o que tem
ocorrido com o estudo da relação entre a obra
[10] e o seu condicionamento social, que a certa
altura chegou a ser vista como chave para
compreendê-la, depois foi rebaixada como
falha de visão, — e talvez só agora comece a
ser proposta nos devidos termos.
[15] De fato, antes se procurava mostrar que
o valor e o significado de uma obra
dependiam de ela exprimir ou não certo
aspecto da realidade, e que este aspecto
constituía o que ela tinha de essencial.
[20] Depois, chegou-se à posição oposta,
procurando-se mostrar que a matéria de uma
obra é secundária, e que a sua importância
deriva das operações formais postas em jogo,
conferindo-lhe uma peculiaridade que a torna
[25] de fato independente de quaisquer
condicionamentos, sobretudo social,
considerado inoperante como elemento de
compreensão. Hoje sabemos que a
integridade da obra não permite adotar
[30] nenhuma dessas visões ........ ; e que só a
podemos entender fundindo texto e contexto
numa interpretação dialeticamente íntegra,
em que tanto o velho ponto de vista que
explicava pelos fatores externos, quanto o
[35] outro, norteado pela convicção de que a
estrutura é virtualmente independente, se
combinam como momentos necessários do
processo interpretativo. Sabemos, ainda, que
o externo (no caso, o social) importa, não
[40] como causa, nem como significado, mas como
elemento que desempenha certo papel na
constituição da estrutura, tornando-se,
portanto, interno.
Neste caso, saímos dos aspectos
[45] periféricos da sociologia, ou da história
sociologicamente orientada, para chegar a
uma interpretação estética que assimilou a
dimensão social como fator de arte. Quando
isto se dá, ocorre o paradoxo assinalado
[50] inicialmente: o externo se torna interno e a
crítica deixa de ser sociológica, para ser
apenas crítica. Segundo esta ordem de ideias, ]
o ângulo sociológico adquire uma validade
maior do que tinha. Em ........, não pode mais
[55] ser imposto como critério único, ou mesmo
preferencial, pois a importância de cada fator
depende do caso a ser analisado. Uma crítica
que se queira integral deve deixar de ser
unilateralmente sociológica, psicológica ou
[60] linguística, para utilizar livremente os
elementos capazes de conduzirem a uma
interpretação coerente.
Adaptado de: CANDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. 9. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
Assinale a afirmação que está de acordo com a argumentação defendida pelo autor no texto.
Nada mais importante para chamar a
atenção sobre uma verdade do que exagerá-
la. Mas também, nada mais perigoso, ........
um dia vem a reação indispensável e a relega
[5] injustamente para a categoria do erro, até
que se efetue a operação difícil de chegar a
um ponto de vista objetivo, sem desfigurá-la
de um lado nem de outro. É o que tem
ocorrido com o estudo da relação entre a obra
[10] e o seu condicionamento social, que a certa
altura chegou a ser vista como chave para
compreendê-la, depois foi rebaixada como
falha de visão, — e talvez só agora comece a
ser proposta nos devidos termos.
[15] De fato, antes se procurava mostrar que
o valor e o significado de uma obra
dependiam de ela exprimir ou não certo
aspecto da realidade, e que este aspecto
constituía o que ela tinha de essencial.
[20] Depois, chegou-se à posição oposta,
procurando-se mostrar que a matéria de uma
obra é secundária, e que a sua importância
deriva das operações formais postas em jogo,
conferindo-lhe uma peculiaridade que a torna
[25] de fato independente de quaisquer
condicionamentos, sobretudo social,
considerado inoperante como elemento de
compreensão. Hoje sabemos que a
integridade da obra não permite adotar
[30] nenhuma dessas visões ........ ; e que só a
podemos entender fundindo texto e contexto
numa interpretação dialeticamente íntegra,
em que tanto o velho ponto de vista que
explicava pelos fatores externos, quanto o
[35] outro, norteado pela convicção de que a
estrutura é virtualmente independente, se
combinam como momentos necessários do
processo interpretativo. Sabemos, ainda, que
o externo (no caso, o social) importa, não
[40] como causa, nem como significado, mas como
elemento que desempenha certo papel na
constituição da estrutura, tornando-se,
portanto, interno.
Neste caso, saímos dos aspectos
[45] periféricos da sociologia, ou da história
sociologicamente orientada, para chegar a
uma interpretação estética que assimilou a
dimensão social como fator de arte. Quando
isto se dá, ocorre o paradoxo assinalado
[50] inicialmente: o externo se torna interno e a
crítica deixa de ser sociológica, para ser
apenas crítica. Segundo esta ordem de ideias, ]
o ângulo sociológico adquire uma validade
maior do que tinha. Em ........, não pode mais
[55] ser imposto como critério único, ou mesmo
preferencial, pois a importância de cada fator
depende do caso a ser analisado. Uma crítica
que se queira integral deve deixar de ser
unilateralmente sociológica, psicológica ou
[60] linguística, para utilizar livremente os
elementos capazes de conduzirem a uma
interpretação coerente.
Adaptado de: CANDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. 9. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
Considere as seguintes afirmações sobre a síntese de cada parágrafo do texto.
I - O primeiro parágrafo situa a problemática relacionada à relação da obra com o seu condicionamento social, com a apresentação de duas posições.
II - O segundo parágrafo apresenta os modos de abordagem da relação entre a obra e a realidade, constituídos no tempo.
III- O terceiro parágrafo procura separar as diferentes posições acerca da análise literária para inserir a relação entre obra e realidade como um fator de arte.
Quais estão de acordo com o texto?
Nada mais importante para chamar a
atenção sobre uma verdade do que exagerá-
la. Mas também, nada mais perigoso, ........
um dia vem a reação indispensável e a relega
[5] injustamente para a categoria do erro, até
que se efetue a operação difícil de chegar a
um ponto de vista objetivo, sem desfigurá-la
de um lado nem de outro. É o que tem
ocorrido com o estudo da relação entre a obra
[10] e o seu condicionamento social, que a certa
altura chegou a ser vista como chave para
compreendê-la, depois foi rebaixada como
falha de visão, — e talvez só agora comece a
ser proposta nos devidos termos.
[15] De fato, antes se procurava mostrar que
o valor e o significado de uma obra
dependiam de ela exprimir ou não certo
aspecto da realidade, e que este aspecto
constituía o que ela tinha de essencial.
[20] Depois, chegou-se à posição oposta,
procurando-se mostrar que a matéria de uma
obra é secundária, e que a sua importância
deriva das operações formais postas em jogo,
conferindo-lhe uma peculiaridade que a torna
[25] de fato independente de quaisquer
condicionamentos, sobretudo social,
considerado inoperante como elemento de
compreensão. Hoje sabemos que a
integridade da obra não permite adotar
[30] nenhuma dessas visões ........ ; e que só a
podemos entender fundindo texto e contexto
numa interpretação dialeticamente íntegra,
em que tanto o velho ponto de vista que
explicava pelos fatores externos, quanto o
[35] outro, norteado pela convicção de que a
estrutura é virtualmente independente, se
combinam como momentos necessários do
processo interpretativo. Sabemos, ainda, que
o externo (no caso, o social) importa, não
[40] como causa, nem como significado, mas como
elemento que desempenha certo papel na
constituição da estrutura, tornando-se,
portanto, interno.
Neste caso, saímos dos aspectos
[45] periféricos da sociologia, ou da história
sociologicamente orientada, para chegar a
uma interpretação estética que assimilou a
dimensão social como fator de arte. Quando
isto se dá, ocorre o paradoxo assinalado
[50] inicialmente: o externo se torna interno e a
crítica deixa de ser sociológica, para ser
apenas crítica. Segundo esta ordem de ideias, ]
o ângulo sociológico adquire uma validade
maior do que tinha. Em ........, não pode mais
[55] ser imposto como critério único, ou mesmo
preferencial, pois a importância de cada fator
depende do caso a ser analisado. Uma crítica
que se queira integral deve deixar de ser
unilateralmente sociológica, psicológica ou
[60] linguística, para utilizar livremente os
elementos capazes de conduzirem a uma
interpretação coerente.
Adaptado de: CANDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. 9. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
Considere as seguintes propostas de substituição de nexos do texto e assinale com 1 aquelas que mantêm o sentido do texto e com 2 aquelas que alteram.
( ) Mas (l. 03) por sobretudo.
( ) De fato (l. 15) por No entanto.
( ) portanto (l. 43) por todavia.
( ) pois (l. 56) por porque.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Nada mais importante para chamar a
atenção sobre uma verdade do que exagerá-
la. Mas também, nada mais perigoso, ........
um dia vem a reação indispensável e a relega
[5] injustamente para a categoria do erro, até
que se efetue a operação difícil de chegar a
um ponto de vista objetivo, sem desfigurá-la
de um lado nem de outro. É o que tem
ocorrido com o estudo da relação entre a obra
[10] e o seu condicionamento social, que a certa
altura chegou a ser vista como chave para
compreendê-la, depois foi rebaixada como
falha de visão, — e talvez só agora comece a
ser proposta nos devidos termos.
[15] De fato, antes se procurava mostrar que
o valor e o significado de uma obra
dependiam de ela exprimir ou não certo
aspecto da realidade, e que este aspecto
constituía o que ela tinha de essencial.
[20] Depois, chegou-se à posição oposta,
procurando-se mostrar que a matéria de uma
obra é secundária, e que a sua importância
deriva das operações formais postas em jogo,
conferindo-lhe uma peculiaridade que a torna
[25] de fato independente de quaisquer
condicionamentos, sobretudo social,
considerado inoperante como elemento de
compreensão. Hoje sabemos que a
integridade da obra não permite adotar
[30] nenhuma dessas visões ........ ; e que só a
podemos entender fundindo texto e contexto
numa interpretação dialeticamente íntegra,
em que tanto o velho ponto de vista que
explicava pelos fatores externos, quanto o
[35] outro, norteado pela convicção de que a
estrutura é virtualmente independente, se
combinam como momentos necessários do
processo interpretativo. Sabemos, ainda, que
o externo (no caso, o social) importa, não
[40] como causa, nem como significado, mas como
elemento que desempenha certo papel na
constituição da estrutura, tornando-se,
portanto, interno.
Neste caso, saímos dos aspectos
[45] periféricos da sociologia, ou da história
sociologicamente orientada, para chegar a
uma interpretação estética que assimilou a
dimensão social como fator de arte. Quando
isto se dá, ocorre o paradoxo assinalado
[50] inicialmente: o externo se torna interno e a
crítica deixa de ser sociológica, para ser
apenas crítica. Segundo esta ordem de ideias, ]
o ângulo sociológico adquire uma validade
maior do que tinha. Em ........, não pode mais
[55] ser imposto como critério único, ou mesmo
preferencial, pois a importância de cada fator
depende do caso a ser analisado. Uma crítica
que se queira integral deve deixar de ser
unilateralmente sociológica, psicológica ou
[60] linguística, para utilizar livremente os
elementos capazes de conduzirem a uma
interpretação coerente.
Adaptado de: CANDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. 9. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
Considere as seguintes afirmações sobre o uso de pronomes no texto.
I - O pronome a (l. 04) faz referência à expressão a reação indispensável (l. 04).
II - A forma pronominal la (l. 07) faz referência à expressão uma verdade (l. 02).
III- O pronome se (l. 42) faz referência à expressão o externo (l. 39).
Quais das afirmações acima estão corretas?