“Você, leitora e leitor, que já não aguenta mais o pensamento único que impera nos grandes jornais diários, nas revistas semanais de notícias e nas emissoras de rádio e televisão, todos alinhados na defesa dos interesses do mercado; que já não confia mais nas notícias que vê pela internet, muitas delas fakes; que se vê obrigado a selecionar as fontes de informação para ficar a par dos acontecimentos e evitar ser manipulado: este editorial é para você”.
Disponível: http://diplomatique.org.br/a-solidariedade-entre-nos/. Acesso em out. 2017.
O gênero discursivo a que pertence o excerto em questão é o editorial. No entanto, o tipo de linguagem utilizada pelo autor estabelece uma aproximação com marcas características de outro gênero, a saber:
No mundo, foram vendidos 1,4 bilhão de smartphones em 2015, 200 milhões a mais que no ano anterior. Um terço da humanidade carrega um computador no bolso. Manipular esse aparelho tão prático é algo de tal forma óbvio que quase nos faz esquecer o que ele nos impõe em troca e sobre o que repousa toda a economia digital: as empresas do Vale do Silício oferecem aplicativos a usuários que, em contrapartida, lhes entregam seus dados pessoais. Localização, histórico da atividade on-line, contatos etc. são coletados sem pudor, analisados e revendidos a anunciantes publicitários felizes em mirar as “pessoas certas, transmitindo-lhes sua mensagem certa no momento certo”, como alardeia a direção do Facebook. “Se é gratuito, então você é o produto”, já anunciava um slogan dos anos 1970. Enquanto as controvérsias sobre vigilância se multiplicam desde as revelações de Edward Snowden, em 2013, a extorsão de dados com objetivos comerciais quase não é percebida como uma questão política, ou seja, ligada às escolhas comuns e podendo se tornar objeto de uma deliberação coletiva. Fora das associações especializadas, ela praticamente não mobiliza ninguém. Talvez porque é pouco conhecida.
Disponível em http://diplomatique.org.br/dados-pessoais-uma-questao-politica/. Acesso em out. 2017.
Leia as afirmativas a seguir, considerando o apresentado no excerto acima.
I. As aspas usadas nos trechos “pessoas certas, transmitindo-lhes sua mensagem certa no momento certo” e “Se é gratuito, então você é o produto” estão empregadas seguindo-se a mesma regra de uso das aspas.
II. O objetivo central do texto é propor uma crítica ao fato de que as informações sobre vigilância digital são pouco conhecidas pelas pessoas.
III. De acordo com o texto, a máxima claramente defendida pelas redes sociais é resumida no slogan “Se é gratuito, você é o produto”.
Está CORRETO o que se afirma em
“Você, leitora e leitor, que já não aguenta mais o pensamento único que impera nos grandes jornais diários, nas revistas semanais de notícias e nas emissoras de rádio e televisão, todos alinhados na defesa dos interesses do mercado; que já não confia mais nas notícias que vê pela internet, muitas delas fakes; que se vê obrigado a selecionar as fontes de informação para ficar a par dos acontecimentos e evitar ser manipulado: este editorial é para você”.
Disponível: http://diplomatique.org.br/a-solidariedade-entre-nos/. Acesso em out. 2017.
O trecho em questão apresenta, predominantemente, a função
“Você, leitora e leitor, que já não aguenta mais o pensamento único que impera nos grandes jornais diários, nas revistas semanais de notícias e nas emissoras de rádio e televisão, todos alinhados na defesa dos interesses do mercado; que já não confia mais nas notícias que vê pela internet, muitas delas fakes; que se vê obrigado a selecionar as fontes de informação para ficar a par dos acontecimentos e evitar ser manipulado: este editorial é para você”.
Disponível: http://diplomatique.org.br/a-solidariedade-entre-nos/. Acesso em out. 2017.
Leia as afirmativas a seguir, considerando o excerto.
I. Os termos “que” destacados no texto têm, nesse contexto, a mesma função sintática.
II. A gradação é utilizada, nesse texto, como recurso de convencimento.
III. Na frase “este editorial é para você”, o pronome demonstrativo tem função anafórica.
IV. A palavra fakes aparece em itálico por se tratar de empréstimo vocabular.
Está CORRETO o que se afirma em
Jacques Lacan (o psicanalista francês, 1901-1981) não gostava muito do termo "paciente" para designar as pessoas que se analisavam com ele. "Paciente" lhe parecia passivo demais para quem se engaja no processo de inventar e dizer seus desejos. Lacan propôs, então, o termo "analysant", que significa "aquele que analisa", ou, se você preferir, aquele que se analisa. A tradução de "analysant" (que seria, em latim, um particípio presente) é "analisante", como amante, seguinte, dançante etc. Como não há particípio presente em português, decidiu-se usar o gerúndio, e "analysant" se tornou "analisando". O que é bizarro, porque o gerúndio latim designa um dever-ser passivo: por exemplo, Cartago é "delenda"; como dizia Catão, o Velho, significa que Cartago deve ser destruída. "Amanda" é aquela que deve ser amada, "agenda" são as coisas que devem ser feitas. Ou seja, "analisando" é aquele que deve ser analisado. O contrário do que Lacan queria dizer com "analysant". Uma análise e mesmo uma psicoterapia não são coisas que se prescrevam. São coisas que é preciso querer. Ninguém é analisando, porque ninguém "tem que" ser analisado. Agora, na conversa familiar e nos botecos, o analisando existe: ele é sempre o outro, aquele que, contrariamente a mim, "deveria se tratar". Quem manda o outro se tratar está sempre expressando uma dúvida sobre si mesmo. Mandamos o outro procurar um tratamento do qual nós precisamos (mas não queremos saber que precisamos).
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2017/10/1926422-quem-manda-o-outro-se-tratar-expressa-uma-duvida-sobre-si-mesmo.shtml. Acesso em out. 2017. Adaptado.
Assinale a alternativa que apresenta uma inferência CORRETA do texto.
“Foi correndo, estava celebrando, raspou distraído o sapato lindo na beira de tijolo do canteiro (palavrão), parou botando um pouco de guspe no raspão, depois engraxo, tomou o bonde pra cidade, mas dando uma voltinha pra não passar pelos companheiros da Estação. Que alvoroço por dentro, ainda havia de aplaudir os homens. Tomou o outro bonde pro Brás. Não dava mais tempo, ele percebia, eram quase nove horas quando chegou na cidade, ao passar pelo Palácio das Indústrias, o relógio da torre indicava nove e dez, mas o trem da Central sempre atrasa, quem sabe? bom: às quatorze horas venho aqui, não perco, mas devo ir, são nossos deputados no tal de congresso, devo ir. Os jornais não falavam nada dos trabalhistas, só falavam dum que insultava muito a religião e exigia divórcio, o divórcio o 35 achava necessário (a moça do apartamento...), mas os jornais contavam que toda a gente achava graça no homenzinho "Vós, burgueses", e toda a gente, os jornais contavam, acabaram se rindo do tal do deputado. E o 35 acabou não achando mais graça nele. Teve até raiva do tal, um soco é que merecia. E agora estava torcendo pra não chegar com tempo na Estação.”
“Primeiro de maio” in Contos novos, Mário de Andrade.
Sobre o fragmento de texto acima, e mais largamente sobre o conto, qual alternativa abaixo é INCORRETA?