Leia o trecho inicial do conto “Último capítulo”, de Machado de Assis, para responder à questão.
Há entre os suicidas um excelente costume, que é não deixar a vida sem dizer o motivo e as circunstâncias que os armam contra ela. Os que se vão calados, raramente é por orgulho; na maior parte dos casos ou não têm tempo, ou não sabem escrever. Costume excelente: em primeiro lugar, é um ato de cortesia, não sendo este mundo um baile, de onde um homem possa esgueirar-se antes do cotilhão1 ; em segundo lugar, a imprensa recolhe e divulga os bilhetes póstumos, e o morto vive ainda um dia ou dois, às vezes uma semana mais.
Pois, apesar da excelência do costume, era meu propósito sair calado. A razão é que, tendo sido caipora2 em minha vida toda, temia que qualquer palavra última pudesse levar- -me alguma complicação à eternidade. Mas um incidente de há pouco trocou-me o plano, e retiro-me deixando, não só um escrito, mas dois. O primeiro é o meu testamento, que acabo de compor e fechar, e está aqui em cima da mesa, ao pé da pistola carregada. O segundo é este resumo de autobiografia. E note-se que não dou o segundo escrito senão porque é preciso esclarecer o primeiro, que pareceria absurdo ou ininteligível, sem algum comentário. Disponho ali que, vendidos os meus poucos livros, roupa de uso e um casebre que possuo em Catumbi, alugado a um carpinteiro, seja o produto empregado em sapatos e botas novas, que se distribuirão por um modo indicado, e confesso que extraordinário. Não explicada a razão de um tal legado, arrisco a validade do testamento. Ora, a razão do legado brotou do incidente de há pouco, e o incidente liga-se à minha vida inteira.
(Contos: uma antologia, 1998.)
1cotilhão: estilo antigo de dança que, costumeiramente, encerrava o baile.
2caipora: pessoa que involuntariamente traz azar a si ou a outra pessoa.
“Pois, apesar da excelência do costume, era meu propósito sair calado” (2° parágrafo)
No contexto em que está inserido, o segmento sublinhado tem sentido de
Leia o trecho inicial do conto “Último capítulo”, de Machado de Assis, para responder à questão.
Há entre os suicidas um excelente costume, que é não deixar a vida sem dizer o motivo e as circunstâncias que os armam contra ela. Os que se vão calados, raramente é por orgulho; na maior parte dos casos ou não têm tempo, ou não sabem escrever. Costume excelente: em primeiro lugar, é um ato de cortesia, não sendo este mundo um baile, de onde um homem possa esgueirar-se antes do cotilhão1 ; em segundo lugar, a imprensa recolhe e divulga os bilhetes póstumos, e o morto vive ainda um dia ou dois, às vezes uma semana mais.
Pois, apesar da excelência do costume, era meu propósito sair calado. A razão é que, tendo sido caipora2 em minha vida toda, temia que qualquer palavra última pudesse levar- -me alguma complicação à eternidade. Mas um incidente de há pouco trocou-me o plano, e retiro-me deixando, não só um escrito, mas dois. O primeiro é o meu testamento, que acabo de compor e fechar, e está aqui em cima da mesa, ao pé da pistola carregada. O segundo é este resumo de autobiografia. E note-se que não dou o segundo escrito senão porque é preciso esclarecer o primeiro, que pareceria absurdo ou ininteligível, sem algum comentário. Disponho ali que, vendidos os meus poucos livros, roupa de uso e um casebre que possuo em Catumbi, alugado a um carpinteiro, seja o produto empregado em sapatos e botas novas, que se distribuirão por um modo indicado, e confesso que extraordinário. Não explicada a razão de um tal legado, arrisco a validade do testamento. Ora, a razão do legado brotou do incidente de há pouco, e o incidente liga-se à minha vida inteira.
(Contos: uma antologia, 1998.)
1cotilhão: estilo antigo de dança que, costumeiramente, encerrava o baile.
2caipora: pessoa que involuntariamente traz azar a si ou a outra pessoa.
“Costume excelente: em primeiro lugar, é um ato de cortesia, não sendo este mundo um baile, de onde um homem possa esgueirar-se antes do cotilhão” (1° parágrafo)
Com a imagem do baile, o narrador defende que
Leia o trecho inicial do conto “Último capítulo”, de Machado de Assis, para responder à questão.
Há entre os suicidas um excelente costume, que é não deixar a vida sem dizer o motivo e as circunstâncias que os armam contra ela. Os que se vão calados, raramente é por orgulho; na maior parte dos casos ou não têm tempo, ou não sabem escrever. Costume excelente: em primeiro lugar, é um ato de cortesia, não sendo este mundo um baile, de onde um homem possa esgueirar-se antes do cotilhão1 ; em segundo lugar, a imprensa recolhe e divulga os bilhetes póstumos, e o morto vive ainda um dia ou dois, às vezes uma semana mais.
Pois, apesar da excelência do costume, era meu propósito sair calado. A razão é que, tendo sido caipora2 em minha vida toda, temia que qualquer palavra última pudesse levar- -me alguma complicação à eternidade. Mas um incidente de há pouco trocou-me o plano, e retiro-me deixando, não só um escrito, mas dois. O primeiro é o meu testamento, que acabo de compor e fechar, e está aqui em cima da mesa, ao pé da pistola carregada. O segundo é este resumo de autobiografia. E note-se que não dou o segundo escrito senão porque é preciso esclarecer o primeiro, que pareceria absurdo ou ininteligível, sem algum comentário. Disponho ali que, vendidos os meus poucos livros, roupa de uso e um casebre que possuo em Catumbi, alugado a um carpinteiro, seja o produto empregado em sapatos e botas novas, que se distribuirão por um modo indicado, e confesso que extraordinário. Não explicada a razão de um tal legado, arrisco a validade do testamento. Ora, a razão do legado brotou do incidente de há pouco, e o incidente liga-se à minha vida inteira.
(Contos: uma antologia, 1998.)
1cotilhão: estilo antigo de dança que, costumeiramente, encerrava o baile.
2caipora: pessoa que involuntariamente traz azar a si ou a outra pessoa.
“um incidente de há pouco trocou-me o plano” (2° parágrafo)
Passada à voz passiva, com correção gramatical e mantido o sentido original, a oração transforma-se em:
Leia o texto de Martha San Juan França para responder à questão.
A clonagem mexe tanto com o imaginário popular que foi até tema de novela de TV. O assunto lembra a criação de pessoas em série, iguais a uma matriz, agindo e pensando da mesma maneira. Por isso mesmo, os cientistas que defendem a clonagem terapêutica não gostam nem mesmo de chamá-la por esse nome. Preferem dizer transferência do núcleo da célula somática, que significa a possibilidade de reverter a diferenciação de uma célula para transformá-la em qualquer tipo celular. Foi essa a técnica utilizada para a criação da ovelha Dolly, em 1997, o primeiro animal clonado a partir de células de um adulto e marco da evolução das pesquisas com células-tronco.
Antes do nascimento de Dolly não se acreditava ser possível fazer com que uma célula de mamífero, já diferenciada, pudesse ser reprogramada ao estágio inicial, de modo que se comportasse como um óvulo recém-fecundado por um espermatozoide. Só para recordar: a ovelha Dolly (sacrificada seis anos após o seu nascimento, por sofrer de uma doença pulmonar incurável) originou-se da transferência do núcleo de uma célula da glândula mamária de uma fêmea para um óvulo vazio. Para a obtenção do clone, o óvulo tratado foi inserido em um útero de uma ovelha “barriga de aluguel”.
Se o princípio da clonagem terapêutica é o mesmo do da reprodutiva, os objetivos são diferentes. Os cientistas que se empenham na aprovação dessas pesquisas não pretendem desenvolver gêmeos em série nem criar indivíduos. A clonagem, nesses casos, seria utilizada como fonte de tecidos e órgãos.
(Células-tronco, 2007. Adaptado.)
“Antes do nascimento de Dolly não se acreditava ser possível fazer com que uma célula de mamífero, já diferenciada, pudesse ser reprogramada ao estágio inicial” (2° parágrafo)
O sujeito da oração centrada no verbo destacado é:
Leia o texto de Veronica Stigger para responder à questão.
Em 1° de dezembro de 1964, na galeria René Block, em Berlim, Joseph Beuys foi enrolado numa espécie de tapete de feltro, onde permaneceu por nove horas. Em cada extremidade do rolo formado pelo corpo do artista, achava-se uma lebre morta; e, em cada canto da galeria, viam-se montículos de gordura. Deitado no chão, Beuys emitia sons imitando gemidos de animais. Os espectadores podiam acompanhar a ação de trás da porta de acesso à sala. Passadas nove horas, o artista foi desenrolado do tapete e a sua ação foi encerrada.
Nesse trabalho de Beuys, chamado Der Chef, a produção artística se manifesta num evento não só oficiado mas principalmente vivido pelo artista e presenciado por um número determinado de espectadores. Estabelece-se uma relação mais explícita não apenas com o espaço circundante (há também aqui um espaço específico e delimitado, mesmo dentro da galeria), mas também com o tempo: o tempo em que Beuys se manteve no chão, enrolado num tapete de feltro. E esse recorte de tempo é, como o evento, único, efêmero. Aqui é a própria efemeridade do ato que irá dotá-la de um ar de mistério. O ato não se repete. Apenas os parcos registros fotográficos dão fé do ocorrido.
Há uma série de elementos postos em cena – elementos que são tanto materiais quanto, digamos, performáticos: uma espécie de tapete de feltro, as lebres mortas, a gordura nos cantos da galeria, o espaço reservado, os sons emitidos pelo artista e o próprio artista. Os elementos, à primeira vista, parecem desconexos. Podemos imaginar que as lebres mortas têm relação com os sons de animais produzidos pelo artista. Mas qual a conexão do resto? Será que há sentido nisso tudo?
(Arte, crítica e mundialização, 2008. Adaptado.)
Diferentemente da apresentação de Joseph Beuys, um quadro exposto em um museu tem:
Leia o texto de Veronica Stigger para responder à questão.
Em 1° de dezembro de 1964, na galeria René Block, em Berlim, Joseph Beuys foi enrolado numa espécie de tapete de feltro, onde permaneceu por nove horas. Em cada extremidade do rolo formado pelo corpo do artista, achava-se uma lebre morta; e, em cada canto da galeria, viam-se montículos de gordura. Deitado no chão, Beuys emitia sons imitando gemidos de animais. Os espectadores podiam acompanhar a ação de trás da porta de acesso à sala. Passadas nove horas, o artista foi desenrolado do tapete e a sua ação foi encerrada.
Nesse trabalho de Beuys, chamado Der Chef, a produção artística se manifesta num evento não só oficiado mas principalmente vivido pelo artista e presenciado por um número determinado de espectadores. Estabelece-se uma relação mais explícita não apenas com o espaço circundante (há também aqui um espaço específico e delimitado, mesmo dentro da galeria), mas também com o tempo: o tempo em que Beuys se manteve no chão, enrolado num tapete de feltro. E esse recorte de tempo é, como o evento, único, efêmero. Aqui é a própria efemeridade do ato que irá dotá-la de um ar de mistério. O ato não se repete. Apenas os parcos registros fotográficos dão fé do ocorrido.
Há uma série de elementos postos em cena – elementos que são tanto materiais quanto, digamos, performáticos: uma espécie de tapete de feltro, as lebres mortas, a gordura nos cantos da galeria, o espaço reservado, os sons emitidos pelo artista e o próprio artista. Os elementos, à primeira vista, parecem desconexos. Podemos imaginar que as lebres mortas têm relação com os sons de animais produzidos pelo artista. Mas qual a conexão do resto? Será que há sentido nisso tudo?
(Arte, crítica e mundialização, 2008. Adaptado.)
“Nesse trabalho de Beuys, chamado Der Chef, a produção artística se manifesta num evento não só oficiado mas principalmente vivido pelo artista e presenciado por um número determinado de espectadores” (2° parágrafo)
No contexto, o sentido da palavra “evento” é: