TEXTO:
Os americanos, através do radar, entraram em
contato com a lua, o que não deixa de ser emocionante.
Mas o fato mais importante da semana aconteceu com
o meu pé de milho.
[5] Aconteceu que no meu quintal, em um monte de
terra trazido pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que
podia ser um pé de capim — mas descobri que era um
pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro na
frente da casa. Secaram as pequenas folhas, pensei
[10] que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava do
tamanho de um palmo veio um amigo e declarou
desdenhosamente que na verdade aquilo era capim.
Quando estava com dois palmos veio outro amigo e
afirmou que era cana.
[15] Sou um ignorante, um pobre homem de cidade.
Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros,
lança as suas folhas além do muro — e é um esplêndido
pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca
tinha visto. Tinha visto centenas de milharais — mas é
[20] diferente. Um pé de milho sozinho, em um canteiro,
espremido, junto do portão, numa esquina de rua — não
é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente.
Suas raízes roxas se agarram no chão e suas folhas
longas e verdes nunca estão imóveis. Detesto
[25] comparações surrealistas — mas na glória de seu
crescimento, tal como o vi em uma noite de luar, o pé de
milho parecia um cavalo empinado, as crinas ao
vento — e em outra madrugada parecia um galo
cantando.
[30] Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que
nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de
milho pendoou. Há muitas flores belas no mundo, e a
flor de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão
firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer
[35] nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria
que fazem bem. É alguma coisa de vivo que se afirma
com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto
da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que
vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou um
[40] rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos.
BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. 37 ed. Rio de Janeiro: Record, p. 77, 2014.
A partir das ideias trabalhadas na narrativa, é correto afirmar que a realidade focalizada é vista de uma forma
TEXTO:
Os americanos, através do radar, entraram em
contato com a lua, o que não deixa de ser emocionante.
Mas o fato mais importante da semana aconteceu com
o meu pé de milho.
[5] Aconteceu que no meu quintal, em um monte de
terra trazido pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que
podia ser um pé de capim — mas descobri que era um
pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro na
frente da casa. Secaram as pequenas folhas, pensei
[10] que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava do
tamanho de um palmo veio um amigo e declarou
desdenhosamente que na verdade aquilo era capim.
Quando estava com dois palmos veio outro amigo e
afirmou que era cana.
[15] Sou um ignorante, um pobre homem de cidade.
Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros,
lança as suas folhas além do muro — e é um esplêndido
pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca
tinha visto. Tinha visto centenas de milharais — mas é
[20] diferente. Um pé de milho sozinho, em um canteiro,
espremido, junto do portão, numa esquina de rua — não
é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente.
Suas raízes roxas se agarram no chão e suas folhas
longas e verdes nunca estão imóveis. Detesto
[25] comparações surrealistas — mas na glória de seu
crescimento, tal como o vi em uma noite de luar, o pé de
milho parecia um cavalo empinado, as crinas ao
vento — e em outra madrugada parecia um galo
cantando.
[30] Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que
nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de
milho pendoou. Há muitas flores belas no mundo, e a
flor de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão
firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer
[35] nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria
que fazem bem. É alguma coisa de vivo que se afirma
com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto
da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que
vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou um
[40] rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos.
BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. 37 ed. Rio de Janeiro: Record, p. 77, 2014.
O texto
TEXTO:
Os americanos, através do radar, entraram em
contato com a lua, o que não deixa de ser emocionante.
Mas o fato mais importante da semana aconteceu com
o meu pé de milho.
[5] Aconteceu que no meu quintal, em um monte de
terra trazido pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que
podia ser um pé de capim — mas descobri que era um
pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro na
frente da casa. Secaram as pequenas folhas, pensei
[10] que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava do
tamanho de um palmo veio um amigo e declarou
desdenhosamente que na verdade aquilo era capim.
Quando estava com dois palmos veio outro amigo e
afirmou que era cana.
[15] Sou um ignorante, um pobre homem de cidade.
Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros,
lança as suas folhas além do muro — e é um esplêndido
pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca
tinha visto. Tinha visto centenas de milharais — mas é
[20] diferente. Um pé de milho sozinho, em um canteiro,
espremido, junto do portão, numa esquina de rua — não
é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente.
Suas raízes roxas se agarram no chão e suas folhas
longas e verdes nunca estão imóveis. Detesto
[25] comparações surrealistas — mas na glória de seu
crescimento, tal como o vi em uma noite de luar, o pé de
milho parecia um cavalo empinado, as crinas ao
vento — e em outra madrugada parecia um galo
cantando.
[30] Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que
nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de
milho pendoou. Há muitas flores belas no mundo, e a
flor de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão
firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer
[35] nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria
que fazem bem. É alguma coisa de vivo que se afirma
com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto
da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que
vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou um
[40] rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos.
BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. 37 ed. Rio de Janeiro: Record, p. 77, 2014.
O que motivou o cronista para a feitura do seu texto, de acordo com a narrativa, está evidenciado em
TEXTO:
Os americanos, através do radar, entraram em
contato com a lua, o que não deixa de ser emocionante.
Mas o fato mais importante da semana aconteceu com
o meu pé de milho.
[5] Aconteceu que no meu quintal, em um monte de
terra trazido pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que
podia ser um pé de capim — mas descobri que era um
pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro na
frente da casa. Secaram as pequenas folhas, pensei
[10] que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava do
tamanho de um palmo veio um amigo e declarou
desdenhosamente que na verdade aquilo era capim.
Quando estava com dois palmos veio outro amigo e
afirmou que era cana.
[15] Sou um ignorante, um pobre homem de cidade.
Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros,
lança as suas folhas além do muro — e é um esplêndido
pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca
tinha visto. Tinha visto centenas de milharais — mas é
[20] diferente. Um pé de milho sozinho, em um canteiro,
espremido, junto do portão, numa esquina de rua — não
é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente.
Suas raízes roxas se agarram no chão e suas folhas
longas e verdes nunca estão imóveis. Detesto
[25] comparações surrealistas — mas na glória de seu
crescimento, tal como o vi em uma noite de luar, o pé de
milho parecia um cavalo empinado, as crinas ao
vento — e em outra madrugada parecia um galo
cantando.
[30] Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que
nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de
milho pendoou. Há muitas flores belas no mundo, e a
flor de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão
firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer
[35] nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria
que fazem bem. É alguma coisa de vivo que se afirma
com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto
da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que
vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou um
[40] rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos.
BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. 37 ed. Rio de Janeiro: Record, p. 77, 2014.
A alternativa em que a substituição proposta não altera a estrutura e/ou o significado do texto é a
TEXTO:
Os americanos, através do radar, entraram em
contato com a lua, o que não deixa de ser emocionante.
Mas o fato mais importante da semana aconteceu com
o meu pé de milho.
[5] Aconteceu que no meu quintal, em um monte de
terra trazido pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que
podia ser um pé de capim — mas descobri que era um
pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro na
frente da casa. Secaram as pequenas folhas, pensei
[10] que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava do
tamanho de um palmo veio um amigo e declarou
desdenhosamente que na verdade aquilo era capim.
Quando estava com dois palmos veio outro amigo e
afirmou que era cana.
[15] Sou um ignorante, um pobre homem de cidade.
Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros,
lança as suas folhas além do muro — e é um esplêndido
pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca
tinha visto. Tinha visto centenas de milharais — mas é
[20] diferente. Um pé de milho sozinho, em um canteiro,
espremido, junto do portão, numa esquina de rua — não
é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente.
Suas raízes roxas se agarram no chão e suas folhas
longas e verdes nunca estão imóveis. Detesto
[25] comparações surrealistas — mas na glória de seu
crescimento, tal como o vi em uma noite de luar, o pé de
milho parecia um cavalo empinado, as crinas ao
vento — e em outra madrugada parecia um galo
cantando.
[30] Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que
nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de
milho pendoou. Há muitas flores belas no mundo, e a
flor de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão
firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer
[35] nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria
que fazem bem. É alguma coisa de vivo que se afirma
com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto
da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que
vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou um
[40] rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos.
BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. 37 ed. Rio de Janeiro: Record, p. 77, 2014.
A personificação está presente no fragmento:
TEXTO:
Os americanos, através do radar, entraram em
contato com a lua, o que não deixa de ser emocionante.
Mas o fato mais importante da semana aconteceu com
o meu pé de milho.
[5] Aconteceu que no meu quintal, em um monte de
terra trazido pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que
podia ser um pé de capim — mas descobri que era um
pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro na
frente da casa. Secaram as pequenas folhas, pensei
[10] que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava do
tamanho de um palmo veio um amigo e declarou
desdenhosamente que na verdade aquilo era capim.
Quando estava com dois palmos veio outro amigo e
afirmou que era cana.
[15] Sou um ignorante, um pobre homem de cidade.
Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros,
lança as suas folhas além do muro — e é um esplêndido
pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca
tinha visto. Tinha visto centenas de milharais — mas é
[20] diferente. Um pé de milho sozinho, em um canteiro,
espremido, junto do portão, numa esquina de rua — não
é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente.
Suas raízes roxas se agarram no chão e suas folhas
longas e verdes nunca estão imóveis. Detesto
[25] comparações surrealistas — mas na glória de seu
crescimento, tal como o vi em uma noite de luar, o pé de
milho parecia um cavalo empinado, as crinas ao
vento — e em outra madrugada parecia um galo
cantando.
[30] Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que
nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de
milho pendoou. Há muitas flores belas no mundo, e a
flor de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão
firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer
[35] nosso canteirinho vulgar com uma força e uma alegria
que fazem bem. É alguma coisa de vivo que se afirma
com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto
da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que
vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou um
[40] rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos.
BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. 37 ed. Rio de Janeiro: Record, p. 77, 2014.
“Detesto comparações surrealistas — mas na glória de seu crescimento, tal como o vi em uma noite de luar, o pé de milho parecia um cavalo empinado, as crinas ao vento — e em outra madrugada parecia um galo cantando.” (l. 24-29)
Sobre esse fragmento, é correto afirmar: