TEXTO 1
SEQUÊNCIAS
[1] Eu era pequena. A cozinheira Lizarda
tinha nos levado ao mercado, minha
[irmã, eu.
Passava um homem com um abacate
[5] [na mão e eu inconsciente:
“Ome, me dá esse abacate...”
O homem me entregou a fruta
[madura.
Minha irmã, de pronto: “vou contar pra mãe
[10] [que ocê pediu abacate na rua”.
Eu voltava trocando as pernas bambas.
Meus medos crescidos, enormes...
A denúncia confirmada, o auto, a
[comprovação do delito.
[15] O impulso materno... consequência obscura
[da escravidão passada,
o ranço dos castigos corporais.
Eu, aos gritos, esperneando.
O abacate esmagado, pisado, me sujando
[20] [toda.
Durante muitos anos minha repugnância por
[esta fruta
trazendo a recordação permanente do castigo.
Sentia, sem definir, a recreação dos que
[25] [ficaram de fora,
assistentes, acusadores.
Nada mais aprazível no tempo, do que
[presenciar a criança indefesa
espernear numa coça de chineladas.
[30] “É pra seu bem”, diziam, “doutra vez não pedi
[fruita na rua”.
(Cora Coralina. Melhores poemas. p. 158.)
Indique a opção em que se afirma algo verdadeiro sobre a expressão a criança indefesa (verso 18, linhas 27 e 28).
TEXTO 1
SEQUÊNCIAS
[1] Eu era pequena. A cozinheira Lizarda
tinha nos levado ao mercado, minha
[irmã, eu.
Passava um homem com um abacate
[5] [na mão e eu inconsciente:
“Ome, me dá esse abacate...”
O homem me entregou a fruta
[madura.
Minha irmã, de pronto: “vou contar pra mãe
[10] [que ocê pediu abacate na rua”.
Eu voltava trocando as pernas bambas.
Meus medos crescidos, enormes...
A denúncia confirmada, o auto, a
[comprovação do delito.
[15] O impulso materno... consequência obscura
[da escravidão passada,
o ranço dos castigos corporais.
Eu, aos gritos, esperneando.
O abacate esmagado, pisado, me sujando
[20] [toda.
Durante muitos anos minha repugnância por
[esta fruta
trazendo a recordação permanente do castigo.
Sentia, sem definir, a recreação dos que
[25] [ficaram de fora,
assistentes, acusadores.
Nada mais aprazível no tempo, do que
[presenciar a criança indefesa
espernear numa coça de chineladas.
[30] “É pra seu bem”, diziam, “doutra vez não pedi
[fruita na rua”.
(Cora Coralina. Melhores poemas. p. 158.)
Assinale a opção que apresenta o eixo sobre o qual se constrói o poema.
TEXTO 1
SEQUÊNCIAS
[1] Eu era pequena. A cozinheira Lizarda
tinha nos levado ao mercado, minha
[irmã, eu.
Passava um homem com um abacate
[5] [na mão e eu inconsciente:
“Ome, me dá esse abacate...”
O homem me entregou a fruta
[madura.
Minha irmã, de pronto: “vou contar pra mãe
[10] [que ocê pediu abacate na rua”.
Eu voltava trocando as pernas bambas.
Meus medos crescidos, enormes...
A denúncia confirmada, o auto, a
[comprovação do delito.
[15] O impulso materno... consequência obscura
[da escravidão passada,
o ranço dos castigos corporais.
Eu, aos gritos, esperneando.
O abacate esmagado, pisado, me sujando
[20] [toda.
Durante muitos anos minha repugnância por
[esta fruta
trazendo a recordação permanente do castigo.
Sentia, sem definir, a recreação dos que
[25] [ficaram de fora,
assistentes, acusadores.
Nada mais aprazível no tempo, do que
[presenciar a criança indefesa
espernear numa coça de chineladas.
[30] “É pra seu bem”, diziam, “doutra vez não pedi
[fruita na rua”.
(Cora Coralina. Melhores poemas. p. 158.)
Leia o que se diz sobre os versos 7 (linha 11) e 8 (linha 12): Eu voltava trocando as pernas bambas. / Meus medos crescidos, enormes...
I. Trocar as pernas bambas é um indício, não uma prova do medo que a menina sentia.
II. A pluralização do substantivo medo tem o efeito expressivo de tornar a sensação do medo quase física.
III. Há, entre os adjetivos crescidos e enormes, uma gradação ascendente, à qual a reticência parece dar continuidade.
Está correto o que se diz em
TEXTO 1
SEQUÊNCIAS
[1] Eu era pequena. A cozinheira Lizarda
tinha nos levado ao mercado, minha
[irmã, eu.
Passava um homem com um abacate
[5] [na mão e eu inconsciente:
“Ome, me dá esse abacate...”
O homem me entregou a fruta
[madura.
Minha irmã, de pronto: “vou contar pra mãe
[10] [que ocê pediu abacate na rua”.
Eu voltava trocando as pernas bambas.
Meus medos crescidos, enormes...
A denúncia confirmada, o auto, a
[comprovação do delito.
[15] O impulso materno... consequência obscura
[da escravidão passada,
o ranço dos castigos corporais.
Eu, aos gritos, esperneando.
O abacate esmagado, pisado, me sujando
[20] [toda.
Durante muitos anos minha repugnância por
[esta fruta
trazendo a recordação permanente do castigo.
Sentia, sem definir, a recreação dos que
[25] [ficaram de fora,
assistentes, acusadores.
Nada mais aprazível no tempo, do que
[presenciar a criança indefesa
espernear numa coça de chineladas.
[30] “É pra seu bem”, diziam, “doutra vez não pedi
[fruita na rua”.
(Cora Coralina. Melhores poemas. p. 158.)
Nos três versos finais do poema (linhas 27- 31), o sujeito lírico insinua, por parte dos adultos em relação às crianças, uma atitude
TEXTO 1
SEQUÊNCIAS
[1] Eu era pequena. A cozinheira Lizarda
tinha nos levado ao mercado, minha
[irmã, eu.
Passava um homem com um abacate
[5] [na mão e eu inconsciente:
“Ome, me dá esse abacate...”
O homem me entregou a fruta
[madura.
Minha irmã, de pronto: “vou contar pra mãe
[10] [que ocê pediu abacate na rua”.
Eu voltava trocando as pernas bambas.
Meus medos crescidos, enormes...
A denúncia confirmada, o auto, a
[comprovação do delito.
[15] O impulso materno... consequência obscura
[da escravidão passada,
o ranço dos castigos corporais.
Eu, aos gritos, esperneando.
O abacate esmagado, pisado, me sujando
[20] [toda.
Durante muitos anos minha repugnância por
[esta fruta
trazendo a recordação permanente do castigo.
Sentia, sem definir, a recreação dos que
[25] [ficaram de fora,
assistentes, acusadores.
Nada mais aprazível no tempo, do que
[presenciar a criança indefesa
espernear numa coça de chineladas.
[30] “É pra seu bem”, diziam, “doutra vez não pedi
[fruita na rua”.
(Cora Coralina. Melhores poemas. p. 158.)
Releia com atenção o verso 13 (linhas 19- 20), atentando para o contexto em que se encontra: O abacate esmagado, pisado, me sujando toda. Observe o que se diz sobre ele.
I. Na medida em que retrata uma cena da realidade, autoriza uma leitura referencial.
II. Autoriza uma leitura mais profunda: o abacate seria algo ruim que teria levado a menina a ser castigada e que teria deixado uma marca de dor.
III. Os dois versos seguintes (linhas 21-23) corroboram essa segunda leitura.
É correto o que se afirma em
TEXTO 1
SEQUÊNCIAS
[1] Eu era pequena. A cozinheira Lizarda
tinha nos levado ao mercado, minha
[irmã, eu.
Passava um homem com um abacate
[5] [na mão e eu inconsciente:
“Ome, me dá esse abacate...”
O homem me entregou a fruta
[madura.
Minha irmã, de pronto: “vou contar pra mãe
[10] [que ocê pediu abacate na rua”.
Eu voltava trocando as pernas bambas.
Meus medos crescidos, enormes...
A denúncia confirmada, o auto, a
[comprovação do delito.
[15] O impulso materno... consequência obscura
[da escravidão passada,
o ranço dos castigos corporais.
Eu, aos gritos, esperneando.
O abacate esmagado, pisado, me sujando
[20] [toda.
Durante muitos anos minha repugnância por
[esta fruta
trazendo a recordação permanente do castigo.
Sentia, sem definir, a recreação dos que
[25] [ficaram de fora,
assistentes, acusadores.
Nada mais aprazível no tempo, do que
[presenciar a criança indefesa
espernear numa coça de chineladas.
[30] “É pra seu bem”, diziam, “doutra vez não pedi
[fruita na rua”.
(Cora Coralina. Melhores poemas. p. 158.)
De acordo com a maioria dos críticos literários, os textos se estruturam sobre uma oposição básica do tipo tristeza / alegria; civilização / selvageria; passado / presente, etc. Assinale a oposição subjacente à materialidade linguística do texto em análise.