Envelhecimento e curso da vida
A preocupação com o envelhecimento populacional é um tema constante do século XX, principalmente a partir do pós-guerra. As mudanças demográficas que acompanham a segunda metade desse período e a expansão progressiva dos sistemas previdenciários estão na raiz da discussão sobre envelhecimento naquele momento. No século XXI, o tema continua a ganhar força, impulsionado pelo aumento global da expectativa de vida, pela redução do número de nascimento e pelo esgotamento político de um modelo de solidariedade geracional baseado na oferta crescente de trabalho formal.
A virada do século XIX para o XX foi o momento histórico de edificação da velhice como um período distinto do curso da vida e dos idosos como uma população identificável socialmente e para a qual deveriam ser destinadas ações de intervenção. Esse contexto foi marcado pelo surgimento e desenvolvimento dos saberes médicos, pela urbanização e industrialização, pela institucionalização das aposentadorias e pensões e pelo aparecimento dos asilos exclusivos como formas de assistência social à velhice desamparada. Passam a existir discursos e ações específicos, dando-lhe visibilidade social. Quando se questiona a utilidade para a produção dos trabalhadores cuja capacidade física encontrase comprometida pela idade, surgem as primeiras formas de gestão da velhice que atribuem ao Estado e às instituições filantrópicas, principalmente religiosas, o amparo e a atenção ao mais velho. A instituição da aposentadoria e os asilos de idosos marcam simbolicamente a identificação entre incapacidade e velhice e inauguram o entendimento dessa como “um problema social”.
Portanto, a velhice ganha visibilidade e atenção, na sociedade ocidental moderna, ligada à dimensão da pobreza e da improdutividade. A aposentadoria é tomada como sinônimo de velhice, e aqueles que não foram incorporados pelo mercado de trabalho formal ao longo de sua trajetória viram alvo da assistência social promovida pelos asilos. A velhice, nessa conjuntura, é pensada e experienciada como um momento de afastamento da vida produtiva, de reclusão ao espaço privado, identificada com a classe trabalhadora que se retira do mundo fabril por força da idade.
A segunda metade do século XX trará uma série de transformações que informarão uma mudança de tom no tratamento da velhice. (...). Os primeiros anos da aposentadoria são marcados pela construção de novos projetos de vida e até pela permanência no mercado de trabalho. Observa-se, a partir das últimas décadas do século XX, uma expansão da população mais velha, um salto significativo no limite da expectativa de vida, podendo hoje chegar até aos cem anos em alguns contextos, e maior diversidade entre os indivíduos que compõem essa população. Diferenças de classe, gênero, etnia, assim como as desigualdades sociais entre idosos, são aspectos que não podem ser deixados de lado em qualquer avaliação sobre essa população no mundo atual.
A produção das Ciências Sociais sobre o envelhecimento desponta a partir do final da década de 1970 e início dos anos 1980, em um campo científico – o primeiro de caráter interdisciplinar – voltado para a pesquisa sobre o tema e a dificuldade de formas saudáveis de envelhecer, tanto no aspecto físico quanto no mental. O discurso gerontológico assume a velhice como um estado do sujeito, no qual ocorrem perdas de habilidades cognitivas, físicas e mesmo sociais. A velhice saudável seria aquela em que se conseguisse dominar os efeitos negativos de sua chegada.
Duas teorias servem como base do discurso gerontológico. A primeira, conhecida com teoria do desengajamento, advoga que um envelhecimento “normal” implica diminuição progressiva dos papéis sociais do indivíduo e redução de suas interações sociais, transformando a natureza de suas relações com o mundo. Essas relações deveriam passar a priorizar mais os laços afetivos em detrimento de outros tipos mais funcionais. Ao fim desse processo, o indivíduo atingiria um novo estado de equilíbrio psicológico. A segunda denomina-se teoria da atividade e defende justamente o contrário. Para essa, um envelhecimento bem-sucedido deve compensar as perdas de certos papéis e habilidades pela intensificação de outros. Trata-se de fomentar, naqueles que envelhecem, uma atitude voluntarista que consista em manter um nível elevado de engajamento em atividades diversificadas, estreitando ao máximo os laços sociais de toda sorte.
MORAES, Andrea. “O corpo no tempo: velhos e envelhecimento”. In: DEL PRIORE, Mary; AMANTINO, Marcia (org.). História do corpo no Brasil. São Paulo: Editora Unesp, 2011, pp. 430 -432.
Assinale V para afirmativas verdadeiras e F para as falsas:
( ) As atividades laborais podem dificultar o fortalecimento de laços afetivos.
( ) O desengajamento das preocupações políticas e ideológicas é resultado imutável do envelhecimento.
( ) A atribuição de muitas atividades e funções impostas aos idosos está em desacordo com um envelhecimento “natural”.
( ) A teoria do desengajamento estigmatiza os idosos como seres inúteis à sociedade.
( ) O equilíbrio psicológico do idoso deve se sobrepor paulatinamente à atuação dele dentro das forças de produção da economia.
A sequência correta é:
Envelhecimento e curso da vida
A preocupação com o envelhecimento populacional é um tema constante do século XX, principalmente a partir do pós-guerra. As mudanças demográficas que acompanham a segunda metade desse período e a expansão progressiva dos sistemas previdenciários estão na raiz da discussão sobre envelhecimento naquele momento. No século XXI, o tema continua a ganhar força, impulsionado pelo aumento global da expectativa de vida, pela redução do número de nascimento e pelo esgotamento político de um modelo de solidariedade geracional baseado na oferta crescente de trabalho formal.
A virada do século XIX para o XX foi o momento histórico de edificação da velhice como um período distinto do curso da vida e dos idosos como uma população identificável socialmente e para a qual deveriam ser destinadas ações de intervenção. Esse contexto foi marcado pelo surgimento e desenvolvimento dos saberes médicos, pela urbanização e industrialização, pela institucionalização das aposentadorias e pensões e pelo aparecimento dos asilos exclusivos como formas de assistência social à velhice desamparada. Passam a existir discursos e ações específicos, dando-lhe visibilidade social. Quando se questiona a utilidade para a produção dos trabalhadores cuja capacidade física encontrase comprometida pela idade, surgem as primeiras formas de gestão da velhice que atribuem ao Estado e às instituições filantrópicas, principalmente religiosas, o amparo e a atenção ao mais velho. A instituição da aposentadoria e os asilos de idosos marcam simbolicamente a identificação entre incapacidade e velhice e inauguram o entendimento dessa como “um problema social”.
Portanto, a velhice ganha visibilidade e atenção, na sociedade ocidental moderna, ligada à dimensão da pobreza e da improdutividade. A aposentadoria é tomada como sinônimo de velhice, e aqueles que não foram incorporados pelo mercado de trabalho formal ao longo de sua trajetória viram alvo da assistência social promovida pelos asilos. A velhice, nessa conjuntura, é pensada e experienciada como um momento de afastamento da vida produtiva, de reclusão ao espaço privado, identificada com a classe trabalhadora que se retira do mundo fabril por força da idade.
A segunda metade do século XX trará uma série de transformações que informarão uma mudança de tom no tratamento da velhice. (...). Os primeiros anos da aposentadoria são marcados pela construção de novos projetos de vida e até pela permanência no mercado de trabalho. Observa-se, a partir das últimas décadas do século XX, uma expansão da população mais velha, um salto significativo no limite da expectativa de vida, podendo hoje chegar até aos cem anos em alguns contextos, e maior diversidade entre os indivíduos que compõem essa população. Diferenças de classe, gênero, etnia, assim como as desigualdades sociais entre idosos, são aspectos que não podem ser deixados de lado em qualquer avaliação sobre essa população no mundo atual.
A produção das Ciências Sociais sobre o envelhecimento desponta a partir do final da década de 1970 e início dos anos 1980, em um campo científico – o primeiro de caráter interdisciplinar – voltado para a pesquisa sobre o tema e a dificuldade de formas saudáveis de envelhecer, tanto no aspecto físico quanto no mental. O discurso gerontológico assume a velhice como um estado do sujeito, no qual ocorrem perdas de habilidades cognitivas, físicas e mesmo sociais. A velhice saudável seria aquela em que se conseguisse dominar os efeitos negativos de sua chegada.
Duas teorias servem como base do discurso gerontológico. A primeira, conhecida com teoria do desengajamento, advoga que um envelhecimento “normal” implica diminuição progressiva dos papéis sociais do indivíduo e redução de suas interações sociais, transformando a natureza de suas relações com o mundo. Essas relações deveriam passar a priorizar mais os laços afetivos em detrimento de outros tipos mais funcionais. Ao fim desse processo, o indivíduo atingiria um novo estado de equilíbrio psicológico. A segunda denomina-se teoria da atividade e defende justamente o contrário. Para essa, um envelhecimento bem-sucedido deve compensar as perdas de certos papéis e habilidades pela intensificação de outros. Trata-se de fomentar, naqueles que envelhecem, uma atitude voluntarista que consista em manter um nível elevado de engajamento em atividades diversificadas, estreitando ao máximo os laços sociais de toda sorte.
MORAES, Andrea. “O corpo no tempo: velhos e envelhecimento”. In: DEL PRIORE, Mary; AMANTINO, Marcia (org.). História do corpo no Brasil. São Paulo: Editora Unesp, 2011, pp. 430 -432.
Sobre o texto “Envelhecimento e curso da vida”, está INCORRETA a alternativa:
Envelhecimento e curso da vida
A preocupação com o envelhecimento populacional é um tema constante do século XX, principalmente a partir do pós-guerra. As mudanças demográficas que acompanham a segunda metade desse período e a expansão progressiva dos sistemas previdenciários estão na raiz da discussão sobre envelhecimento naquele momento. No século XXI, o tema continua a ganhar força, impulsionado pelo aumento global da expectativa de vida, pela redução do número de nascimento e pelo esgotamento político de um modelo de solidariedade geracional baseado na oferta crescente de trabalho formal.
A virada do século XIX para o XX foi o momento histórico de edificação da velhice como um período distinto do curso da vida e dos idosos como uma população identificável socialmente e para a qual deveriam ser destinadas ações de intervenção. Esse contexto foi marcado pelo surgimento e desenvolvimento dos saberes médicos, pela urbanização e industrialização, pela institucionalização das aposentadorias e pensões e pelo aparecimento dos asilos exclusivos como formas de assistência social à velhice desamparada. Passam a existir discursos e ações específicos, dando-lhe visibilidade social. Quando se questiona a utilidade para a produção dos trabalhadores cuja capacidade física encontrase comprometida pela idade, surgem as primeiras formas de gestão da velhice que atribuem ao Estado e às instituições filantrópicas, principalmente religiosas, o amparo e a atenção ao mais velho. A instituição da aposentadoria e os asilos de idosos marcam simbolicamente a identificação entre incapacidade e velhice e inauguram o entendimento dessa como “um problema social”.
Portanto, a velhice ganha visibilidade e atenção, na sociedade ocidental moderna, ligada à dimensão da pobreza e da improdutividade. A aposentadoria é tomada como sinônimo de velhice, e aqueles que não foram incorporados pelo mercado de trabalho formal ao longo de sua trajetória viram alvo da assistência social promovida pelos asilos. A velhice, nessa conjuntura, é pensada e experienciada como um momento de afastamento da vida produtiva, de reclusão ao espaço privado, identificada com a classe trabalhadora que se retira do mundo fabril por força da idade.
A segunda metade do século XX trará uma série de transformações que informarão uma mudança de tom no tratamento da velhice. (...). Os primeiros anos da aposentadoria são marcados pela construção de novos projetos de vida e até pela permanência no mercado de trabalho. Observa-se, a partir das últimas décadas do século XX, uma expansão da população mais velha, um salto significativo no limite da expectativa de vida, podendo hoje chegar até aos cem anos em alguns contextos, e maior diversidade entre os indivíduos que compõem essa população. Diferenças de classe, gênero, etnia, assim como as desigualdades sociais entre idosos, são aspectos que não podem ser deixados de lado em qualquer avaliação sobre essa população no mundo atual.
A produção das Ciências Sociais sobre o envelhecimento desponta a partir do final da década de 1970 e início dos anos 1980, em um campo científico – o primeiro de caráter interdisciplinar – voltado para a pesquisa sobre o tema e a dificuldade de formas saudáveis de envelhecer, tanto no aspecto físico quanto no mental. O discurso gerontológico assume a velhice como um estado do sujeito, no qual ocorrem perdas de habilidades cognitivas, físicas e mesmo sociais. A velhice saudável seria aquela em que se conseguisse dominar os efeitos negativos de sua chegada.
Duas teorias servem como base do discurso gerontológico. A primeira, conhecida com teoria do desengajamento, advoga que um envelhecimento “normal” implica diminuição progressiva dos papéis sociais do indivíduo e redução de suas interações sociais, transformando a natureza de suas relações com o mundo. Essas relações deveriam passar a priorizar mais os laços afetivos em detrimento de outros tipos mais funcionais. Ao fim desse processo, o indivíduo atingiria um novo estado de equilíbrio psicológico. A segunda denomina-se teoria da atividade e defende justamente o contrário. Para essa, um envelhecimento bem-sucedido deve compensar as perdas de certos papéis e habilidades pela intensificação de outros. Trata-se de fomentar, naqueles que envelhecem, uma atitude voluntarista que consista em manter um nível elevado de engajamento em atividades diversificadas, estreitando ao máximo os laços sociais de toda sorte.
MORAES, Andrea. “O corpo no tempo: velhos e envelhecimento”. In: DEL PRIORE, Mary; AMANTINO, Marcia (org.). História do corpo no Brasil. São Paulo: Editora Unesp, 2011, pp. 430 -432.
Relacionando o texto de Andrea Morais com fatos recentes que afetam a sociedade brasileira, coloque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) O crescimento demográfico acentuado no século XXI motivou o Ministério da Saúde a pedir recentemente que as mulheres adiem a gravidez.
( ) O aumento da expectativa de vida dos brasileiros é um dos motivos alegados pelo governo para tentar prorrogar a idade mínima para a aposentadoria.
( ) A reclusão de velhos em asilos é uma prática motivada, na maioria dos casos, pelo abandono afetivo e material dos idosos por seus familiares.
( ) A diminuição de nascimentos e o aumento da longevidade são a principal questão que mobiliza grupos que defendem a criminalização do aborto.
( ) A criação de universidades da terceira idade, a distribuição gratuita de medicamentos de uso contínuo, os projetos de mobilidade e a construção de condomínios para idosos são algumas das ações que indicam a preocupação com a velhice no século XXI.
A sequência correta é:
Envelhecimento e curso da vida
A preocupação com o envelhecimento populacional é um tema constante do século XX, principalmente a partir do pós-guerra. As mudanças demográficas que acompanham a segunda metade desse período e a expansão progressiva dos sistemas previdenciários estão na raiz da discussão sobre envelhecimento naquele momento. No século XXI, o tema continua a ganhar força, impulsionado pelo aumento global da expectativa de vida, pela redução do número de nascimento e pelo esgotamento político de um modelo de solidariedade geracional baseado na oferta crescente de trabalho formal.
A virada do século XIX para o XX foi o momento histórico de edificação da velhice como um período distinto do curso da vida e dos idosos como uma população identificável socialmente e para a qual deveriam ser destinadas ações de intervenção. Esse contexto foi marcado pelo surgimento e desenvolvimento dos saberes médicos, pela urbanização e industrialização, pela institucionalização das aposentadorias e pensões e pelo aparecimento dos asilos exclusivos como formas de assistência social à velhice desamparada. Passam a existir discursos e ações específicos, dando-lhe visibilidade social. Quando se questiona a utilidade para a produção dos trabalhadores cuja capacidade física encontrase comprometida pela idade, surgem as primeiras formas de gestão da velhice que atribuem ao Estado e às instituições filantrópicas, principalmente religiosas, o amparo e a atenção ao mais velho. A instituição da aposentadoria e os asilos de idosos marcam simbolicamente a identificação entre incapacidade e velhice e inauguram o entendimento dessa como “um problema social”.
Portanto, a velhice ganha visibilidade e atenção, na sociedade ocidental moderna, ligada à dimensão da pobreza e da improdutividade. A aposentadoria é tomada como sinônimo de velhice, e aqueles que não foram incorporados pelo mercado de trabalho formal ao longo de sua trajetória viram alvo da assistência social promovida pelos asilos. A velhice, nessa conjuntura, é pensada e experienciada como um momento de afastamento da vida produtiva, de reclusão ao espaço privado, identificada com a classe trabalhadora que se retira do mundo fabril por força da idade.
A segunda metade do século XX trará uma série de transformações que informarão uma mudança de tom no tratamento da velhice. (...). Os primeiros anos da aposentadoria são marcados pela construção de novos projetos de vida e até pela permanência no mercado de trabalho. Observa-se, a partir das últimas décadas do século XX, uma expansão da população mais velha, um salto significativo no limite da expectativa de vida, podendo hoje chegar até aos cem anos em alguns contextos, e maior diversidade entre os indivíduos que compõem essa população. Diferenças de classe, gênero, etnia, assim como as desigualdades sociais entre idosos, são aspectos que não podem ser deixados de lado em qualquer avaliação sobre essa população no mundo atual.
A produção das Ciências Sociais sobre o envelhecimento desponta a partir do final da década de 1970 e início dos anos 1980, em um campo científico – o primeiro de caráter interdisciplinar – voltado para a pesquisa sobre o tema e a dificuldade de formas saudáveis de envelhecer, tanto no aspecto físico quanto no mental. O discurso gerontológico assume a velhice como um estado do sujeito, no qual ocorrem perdas de habilidades cognitivas, físicas e mesmo sociais. A velhice saudável seria aquela em que se conseguisse dominar os efeitos negativos de sua chegada.
Duas teorias servem como base do discurso gerontológico. A primeira, conhecida com teoria do desengajamento, advoga que um envelhecimento “normal” implica diminuição progressiva dos papéis sociais do indivíduo e redução de suas interações sociais, transformando a natureza de suas relações com o mundo. Essas relações deveriam passar a priorizar mais os laços afetivos em detrimento de outros tipos mais funcionais. Ao fim desse processo, o indivíduo atingiria um novo estado de equilíbrio psicológico. A segunda denomina-se teoria da atividade e defende justamente o contrário. Para essa, um envelhecimento bem-sucedido deve compensar as perdas de certos papéis e habilidades pela intensificação de outros. Trata-se de fomentar, naqueles que envelhecem, uma atitude voluntarista que consista em manter um nível elevado de engajamento em atividades diversificadas, estreitando ao máximo os laços sociais de toda sorte.
MORAES, Andrea. “O corpo no tempo: velhos e envelhecimento”. In: DEL PRIORE, Mary; AMANTINO, Marcia (org.). História do corpo no Brasil. São Paulo: Editora Unesp, 2011, pp. 430 -432.
Quanto ao gênero, o texto “Envelhecimento e curso da vida” pode ser classificado prioritariamente como:
Envelhecimento e curso da vida
A preocupação com o envelhecimento populacional é um tema constante do século XX, principalmente a partir do pós-guerra. As mudanças demográficas que acompanham a segunda metade desse período e a expansão progressiva dos sistemas previdenciários estão na raiz da discussão sobre envelhecimento naquele momento. No século XXI, o tema continua a ganhar força, impulsionado pelo aumento global da expectativa de vida, pela redução do número de nascimento e pelo esgotamento político de um modelo de solidariedade geracional baseado na oferta crescente de trabalho formal.
A virada do século XIX para o XX foi o momento histórico de edificação da velhice como um período distinto do curso da vida e dos idosos como uma população identificável socialmente e para a qual deveriam ser destinadas ações de intervenção. Esse contexto foi marcado pelo surgimento e desenvolvimento dos saberes médicos, pela urbanização e industrialização, pela institucionalização das aposentadorias e pensões e pelo aparecimento dos asilos exclusivos como formas de assistência social à velhice desamparada. Passam a existir discursos e ações específicos, dando-lhe visibilidade social. Quando se questiona a utilidade para a produção dos trabalhadores cuja capacidade física encontrase comprometida pela idade, surgem as primeiras formas de gestão da velhice que atribuem ao Estado e às instituições filantrópicas, principalmente religiosas, o amparo e a atenção ao mais velho. A instituição da aposentadoria e os asilos de idosos marcam simbolicamente a identificação entre incapacidade e velhice e inauguram o entendimento dessa como “um problema social”.
Portanto, a velhice ganha visibilidade e atenção, na sociedade ocidental moderna, ligada à dimensão da pobreza e da improdutividade. A aposentadoria é tomada como sinônimo de velhice, e aqueles que não foram incorporados pelo mercado de trabalho formal ao longo de sua trajetória viram alvo da assistência social promovida pelos asilos. A velhice, nessa conjuntura, é pensada e experienciada como um momento de afastamento da vida produtiva, de reclusão ao espaço privado, identificada com a classe trabalhadora que se retira do mundo fabril por força da idade.
A segunda metade do século XX trará uma série de transformações que informarão uma mudança de tom no tratamento da velhice. (...). Os primeiros anos da aposentadoria são marcados pela construção de novos projetos de vida e até pela permanência no mercado de trabalho. Observa-se, a partir das últimas décadas do século XX, uma expansão da população mais velha, um salto significativo no limite da expectativa de vida, podendo hoje chegar até aos cem anos em alguns contextos, e maior diversidade entre os indivíduos que compõem essa população. Diferenças de classe, gênero, etnia, assim como as desigualdades sociais entre idosos, são aspectos que não podem ser deixados de lado em qualquer avaliação sobre essa população no mundo atual.
A produção das Ciências Sociais sobre o envelhecimento desponta a partir do final da década de 1970 e início dos anos 1980, em um campo científico – o primeiro de caráter interdisciplinar – voltado para a pesquisa sobre o tema e a dificuldade de formas saudáveis de envelhecer, tanto no aspecto físico quanto no mental. O discurso gerontológico assume a velhice como um estado do sujeito, no qual ocorrem perdas de habilidades cognitivas, físicas e mesmo sociais. A velhice saudável seria aquela em que se conseguisse dominar os efeitos negativos de sua chegada.
Duas teorias servem como base do discurso gerontológico. A primeira, conhecida com teoria do desengajamento, advoga que um envelhecimento “normal” implica diminuição progressiva dos papéis sociais do indivíduo e redução de suas interações sociais, transformando a natureza de suas relações com o mundo. Essas relações deveriam passar a priorizar mais os laços afetivos em detrimento de outros tipos mais funcionais. Ao fim desse processo, o indivíduo atingiria um novo estado de equilíbrio psicológico. A segunda denomina-se teoria da atividade e defende justamente o contrário. Para essa, um envelhecimento bem-sucedido deve compensar as perdas de certos papéis e habilidades pela intensificação de outros. Trata-se de fomentar, naqueles que envelhecem, uma atitude voluntarista que consista em manter um nível elevado de engajamento em atividades diversificadas, estreitando ao máximo os laços sociais de toda sorte.
MORAES, Andrea. “O corpo no tempo: velhos e envelhecimento”. In: DEL PRIORE, Mary; AMANTINO, Marcia (org.). História do corpo no Brasil. São Paulo: Editora Unesp, 2011, pp. 430 -432.
A teoria da atividade defende que:
Envelhecimento e curso da vida
A preocupação com o envelhecimento populacional é um tema constante do século XX, principalmente a partir do pós-guerra. As mudanças demográficas que acompanham a segunda metade desse período e a expansão progressiva dos sistemas previdenciários estão na raiz da discussão sobre envelhecimento naquele momento. No século XXI, o tema continua a ganhar força, impulsionado pelo aumento global da expectativa de vida, pela redução do número de nascimento e pelo esgotamento político de um modelo de solidariedade geracional baseado na oferta crescente de trabalho formal.
A virada do século XIX para o XX foi o momento histórico de edificação da velhice como um período distinto do curso da vida e dos idosos como uma população identificável socialmente e para a qual deveriam ser destinadas ações de intervenção. Esse contexto foi marcado pelo surgimento e desenvolvimento dos saberes médicos, pela urbanização e industrialização, pela institucionalização das aposentadorias e pensões e pelo aparecimento dos asilos exclusivos como formas de assistência social à velhice desamparada. Passam a existir discursos e ações específicos, dando-lhe visibilidade social. Quando se questiona a utilidade para a produção dos trabalhadores cuja capacidade física encontrase comprometida pela idade, surgem as primeiras formas de gestão da velhice que atribuem ao Estado e às instituições filantrópicas, principalmente religiosas, o amparo e a atenção ao mais velho. A instituição da aposentadoria e os asilos de idosos marcam simbolicamente a identificação entre incapacidade e velhice e inauguram o entendimento dessa como “um problema social”.
Portanto, a velhice ganha visibilidade e atenção, na sociedade ocidental moderna, ligada à dimensão da pobreza e da improdutividade. A aposentadoria é tomada como sinônimo de velhice, e aqueles que não foram incorporados pelo mercado de trabalho formal ao longo de sua trajetória viram alvo da assistência social promovida pelos asilos. A velhice, nessa conjuntura, é pensada e experienciada como um momento de afastamento da vida produtiva, de reclusão ao espaço privado, identificada com a classe trabalhadora que se retira do mundo fabril por força da idade.
A segunda metade do século XX trará uma série de transformações que informarão uma mudança de tom no tratamento da velhice. (...). Os primeiros anos da aposentadoria são marcados pela construção de novos projetos de vida e até pela permanência no mercado de trabalho. Observa-se, a partir das últimas décadas do século XX, uma expansão da população mais velha, um salto significativo no limite da expectativa de vida, podendo hoje chegar até aos cem anos em alguns contextos, e maior diversidade entre os indivíduos que compõem essa população. Diferenças de classe, gênero, etnia, assim como as desigualdades sociais entre idosos, são aspectos que não podem ser deixados de lado em qualquer avaliação sobre essa população no mundo atual.
A produção das Ciências Sociais sobre o envelhecimento desponta a partir do final da década de 1970 e início dos anos 1980, em um campo científico – o primeiro de caráter interdisciplinar – voltado para a pesquisa sobre o tema e a dificuldade de formas saudáveis de envelhecer, tanto no aspecto físico quanto no mental. O discurso gerontológico assume a velhice como um estado do sujeito, no qual ocorrem perdas de habilidades cognitivas, físicas e mesmo sociais. A velhice saudável seria aquela em que se conseguisse dominar os efeitos negativos de sua chegada.
Duas teorias servem como base do discurso gerontológico. A primeira, conhecida com teoria do desengajamento, advoga que um envelhecimento “normal” implica diminuição progressiva dos papéis sociais do indivíduo e redução de suas interações sociais, transformando a natureza de suas relações com o mundo. Essas relações deveriam passar a priorizar mais os laços afetivos em detrimento de outros tipos mais funcionais. Ao fim desse processo, o indivíduo atingiria um novo estado de equilíbrio psicológico. A segunda denomina-se teoria da atividade e defende justamente o contrário. Para essa, um envelhecimento bem-sucedido deve compensar as perdas de certos papéis e habilidades pela intensificação de outros. Trata-se de fomentar, naqueles que envelhecem, uma atitude voluntarista que consista em manter um nível elevado de engajamento em atividades diversificadas, estreitando ao máximo os laços sociais de toda sorte.
MORAES, Andrea. “O corpo no tempo: velhos e envelhecimento”. In: DEL PRIORE, Mary; AMANTINO, Marcia (org.). História do corpo no Brasil. São Paulo: Editora Unesp, 2011, pp. 430 -432.
Assinale a alternativa INCORRETA sobre as teorias gerontológicas.