O capítulo, a seguir, extraído de Dias e Dias, de Ana Miranda, integra a segunda parte do livro intitulada “Um sabiá na gaiola”. Leia-o com atenção para responder ao que se pede na questão.
Texto
Astúcia de caçador
Os sabiás são assim: você não pode caçar um sabiá crescido, porque ele nunca se acostuma na gaiola, ele vai definhando, fica tão triste que nem canta mais, e morre, você também não pode caçar os sabiás filhotes porque eles igualmente morrem quando ficam longe da mãe, então o que o papai fazia era caçar toda a ninhada com ninho e tudo, e caçava a mãe, ele punha a ninhada e o ninho dentro de uma gaiola, a mãe ele deixava solta depois que ela aprendia a encontrar os filhotes no ninho, a mãe vinha trazer as minhocas e as sementes para os filhotes no ninho e papai abria a porta da gaiola, a mãe alimentava os filhotes e ia voar, voltava depois, assim as coisas iam se passando, até que um dia os filhotes ficavam grandes, acostumados com a gaiola, e papai separava os filhotes, levava-os para lugares onde a mãe não os encontrava mais, e a mãe ficava triste, definhava, até morrer. Ele era capaz de palmilhar léguas e léguas para negociar um sabiá por sessenta milréis, porque ouvira falar que tinha um assobio diferente, e estava sempre barganhando gaiolas e pios.
MIRANDA, A. Dias e Dias. São Paulo: Cia das Letras, 2002.
No capítulo Astúcia de caçador, percebe-se que o discurso literário se utiliza do tom de convencimento para fazer o leitor acreditar na “astúcia” do pai caçador. Essa característica ocorre no uso do (da)
Texto
Astúcia de caçador
Os sabiás são assim: você não pode caçar um sabiá crescido, porque ele nunca se acostuma na gaiola, ele vai definhando, fica tão triste que nem canta mais, e morre, você também não pode caçar os sabiás filhotes porque eles igualmente morrem quando ficam longe da mãe, então o que o papai fazia era caçar toda a ninhada com ninho e tudo, e caçava a mãe, ele punha a ninhada e o ninho dentro de uma gaiola, a mãe ele deixava solta depois que ela aprendia a encontrar os filhotes no ninho, a mãe vinha trazer as minhocas e as sementes para os filhotes no ninho e papai abria a porta da gaiola, a mãe alimentava os filhotes e ia voar, voltava depois, assim as coisas iam se passando, até que um dia os filhotes ficavam grandes, acostumados com a gaiola, e papai separava os filhotes, levava-os para lugares onde a mãe não os encontrava mais, e a mãe ficava triste, definhava, até morrer. Ele era capaz de palmilhar léguas e léguas para negociar um sabiá por sessenta milréis, porque ouvira falar que tinha um assobio diferente, e estava sempre barganhando gaiolas e pios.
MIRANDA, A. Dias e Dias. São Paulo: Cia das Letras, 2002.
Infere-se da expressão “barganhando”, no texto, ao final do parágrafo, que o pai caçador negociava
Leia o fragmento para responder à questão.
Texto
[...] Caxias já era uma comarca próspera, os portugueses desde muito antigamente tinham se estabelecido lá para negócios de comércio, retalho, exportação, importação, eles animavam a economia, tinham os cargos políticos, controlavam os negócios públicos, até mesmo trocaram o velho churka por um descaroçador de algodão mais novo, construíram casas grandes de negócio e edifícios sólidos de cantaria, eram os donos de tudo por aqui e achavam que aqui era terra deles, sempre foram uns “espetados”, dizia papai. [...]
MIRANDA, A. Dias e Dias. São Paulo: Companhia das Letras, 2002
No plano da expressividade e da intencionalidade discursiva, a caracterização metafórica dos portugueses traz a marca linguística de depreciação no seguinte trecho:
O fragmento a seguir, extraído do capítulo Alma compassiva, serve de referência para responder à questão.
Texto
[...] E dizem em Caxias que sempre fui uma alma boa, titio falava isso, e Natalícia dizia: Ah, ela é uma boa samaritana! [...], sei que a Boa Samaritana queria dizer que eu dava trela mais a um filho de estrangeiro do que a um natural, que eu dava de beber a um inimigo e não a um brasileiro, mas como podia eu ser a boa samaritana se ela teve seis maridos? ou foram oito? ou doze? feliz dela que teve tantos amores, se é que amou, eu tive nenhum marido e apenas um único amor em toda a minha vida, um amor sem modos de o conseguir, [...] Maria Luiza disse que não entende como eu aceito ser uma preterida, [...]
MIRANDA, A. Dias e Dias. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.
O trecho que apresenta marca da intenção comunicativa de negação do falante é o seguinte:
Leia o fragmento a seguir para responder à questão.
Texto
Até ali a viagem tinha sido calma, o barco subindo e descendo suavemente na correnteza do canal. Agora tudo mudava. O mar alto dir-se-ia não querer aceitar no seu dorso o peso da embarcação que o vento empurrava, e de repente reagia, com uma onda alta atrás de outra, sempre rebramindo. A quilha da proa aceitava o desafio, repetindo a investida bravia, e outra vez a toalha de espuma era rasgada ao meio, por entre o rangido da mastreação.
A luz da tarde tinha-se tisnado com as primeiras sombras do anoitecer. Não se via mais a tonalidade rósea, riscada de barras sanguíneas, que tomava o horizonte quando o sol se escondia. [...]
[...] O próprio vento tinha ali uma voz diferente, a esfuziar no velame, a correr por cima das ondas. Criado ouvindo-lhe os gemidos, Pedro agora o desconhecia. Não era o vento que sibilava nas palmas dos coqueiros do quintal [...], nem a brisa crepuscular que levantava o pó do chão [...] espalhava na casa o cheiro ativo das latadas de jasmineiro; porém uma força brutal e cega que enchia as velas, adernava o barco, alteava as ondas bravias, e era assobio e ameaça, vaia e lamento. [...]
MONTELLO, J. Cais da Sagração. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.
Considerando as combinações lexicais responsáveis pelos efeitos de sentido, a explicação coerente sobre as palavras ou as expressões selecionadas é a seguinte:
Para responder à questão.
Texto
Homem e Máquina
Desde que as primeiras máquinas começaram a atuar em fábricas, as queixas sobre a perda de postos de trabalho são constantes. Um estudo divulgado em 2015 revelou que a tecnologia, na verdade, criou mais empregos do que eliminou.
“A tendência de reduzir postos de trabalho na agricultura e na indústria é compensada pelo rápido crescimento nos setores de serviços, criatividade e tecnologia”, dizem os economistas que analisaram dados dos últimos 144 anos para avaliar como os avanços na tecnologia afetaram o emprego na Inglaterra e no País de Gales. Eles falam em uma “mudança profunda” nas relações de trabalho. [...]
Os dados confirmam a ideia de que os robôs livram o homem de trabalhos pesados ou degradantes. As inovações tecnológicas reduziram os postos de trabalho em atividades maçantes, perigosas e repetitivas. O setor agrícola foi o primeiro a se beneficiar disso. [...]
Uma pesquisadora de Massachussets Institute of Technology (MIT), especialista nas relações humanosrobôs, é menos alarmista em relação à perda de postos para as máquinas. “A automação pode até ter substituído os humanos em algumas áreas, mas a tecnologia atual ainda não é suficiente para o trabalho totalmente sem humanos. Isso significa que boa parte do desenvolvimento hoje vai na direção de termos robôs criados para trabalhar com os humanos, em vez de substituí-los”, afirmou à PLANETA.
Um professor do departamento de Ciência da Computação da USP preocupa-se com uma troca de mão de obra. “Os robôs deveriam substituir o trabalho humano apenas em duas condições: na medida em que o trabalho desagrada o ser humano e na medida em que se dê um trabalho mais digno para a pessoa substituída”, avalia. Para ele, há risco de as pessoas tratarem colegas como máquinas.
Revista Planeta. 2017. (Adaptado).
Considerando as ideias expostas no texto sobre a relação homem e máquina, compreende-se que o artigo apresenta