Vamos falar sobre suicídio?
É possível que recentemente você tenha recebido a notícia da perda de uma pessoa próxima. Aconteceu comigo.
Não virei a página do jornal de hoje quando passei pelo artigo da jornalista Paula Fontenelle, na Folha de S. Paulo.
Desviar os olhos do texto sobre suicídio poderia ter sido um gesto automático para quem ainda mastigava o café da manhã.
Reconheço que o tema é indigesto, mas ignorá-lo não o tira da sala.
Em períodos de crise econômica, o número de suicídios tende a crescer. Não duvido que recentemente você tenha
recebido a notícia da perda de uma pessoa próxima. Aconteceu comigo. No ano passado, um vizinho e duas colegas se foram.
Duas jornalistas com quem, anos antes da tragédia, tive o prazer de trabalhar. Uma se foi depois dos 50 anos. Outra,
pouco além dos 30. A mais jovem havia retornado ao Brasil depois de concluir um concorrido mestrado nos Estados Unidos.
Minha primeira reação, após o choque, foi procurar respostas. Uma busca tola. Corri ao Facebook para reler comentários
e trocas de mensagens. Como não percebemos indícios de que o sofrimento era tão profundo? Poderíamos ter feito alguma
coisa? Onde erramos tão absurdamente?
Se existia um traço comum nas últimas postagens dessas duas mulheres que não se conheciam era o profundo
desencanto com o estado geral das coisas. Elas compartilhavam o peso da perda das ilusões políticas e da falta de
perspectivas num mercado profissional em frangalhos. Um sentimento comum a tantos brasileiros neste momento.
A causa foi essa? Especular seria inútil. Julgar é desumano. Embora a relação entre suicídio e transtornos mentais
(depressão, abuso de álcool, entre outros) esteja comprovada, muitos dos casos ocorrem impulsivamente em momentos de
crise.
As pessoas tiram a própria vida quando perdem a habilidade de lidar com fatores altamente estressantes. A origem da
dor (problemas financeiros, emocionais, violência, discriminação etc.) e a capacidade de suportá-la variam. São as sutilezas de
cada história.
A soma dessas sutilezas faz do suicídio a segunda causa de morte na faixa etária dos 15 aos 29 anos. São mortes
evitáveis. Amanhã, dia 10, será o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. “Conectar. Comunicar. Cuidar” é o lema da campanha
da Organização Mundial da Saúde.
Conectar, comunicar e cuidar é o que podemos fazer para evitar perdas que deixam, atrás de si, feridas abertas para
sempre.
(SEGATTO, Cristiane. Disponível em: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/cristiane-segatto/noticia/2016/09/vamos-falar-sobre-suicidio-2.html, 10/09/2016.)
A autora apresenta, como proposta articulada ao tema desenvolvido no texto, o lema da campanha da Organização Mundial da Saúde: “Conectar. Comunicar. Cuidar”. Pode-se inferir de acordo com o assunto tratado que o lema apresentado
Vamos falar sobre suicídio?
É possível que recentemente você tenha recebido a notícia da perda de uma pessoa próxima. Aconteceu comigo.
Não virei a página do jornal de hoje quando passei pelo artigo da jornalista Paula Fontenelle, na Folha de S. Paulo.
Desviar os olhos do texto sobre suicídio poderia ter sido um gesto automático para quem ainda mastigava o café da manhã.
Reconheço que o tema é indigesto, mas ignorá-lo não o tira da sala.
Em períodos de crise econômica, o número de suicídios tende a crescer. Não duvido que recentemente você tenha
recebido a notícia da perda de uma pessoa próxima. Aconteceu comigo. No ano passado, um vizinho e duas colegas se foram.
Duas jornalistas com quem, anos antes da tragédia, tive o prazer de trabalhar. Uma se foi depois dos 50 anos. Outra,
pouco além dos 30. A mais jovem havia retornado ao Brasil depois de concluir um concorrido mestrado nos Estados Unidos.
Minha primeira reação, após o choque, foi procurar respostas. Uma busca tola. Corri ao Facebook para reler comentários
e trocas de mensagens. Como não percebemos indícios de que o sofrimento era tão profundo? Poderíamos ter feito alguma
coisa? Onde erramos tão absurdamente?
Se existia um traço comum nas últimas postagens dessas duas mulheres que não se conheciam era o profundo
desencanto com o estado geral das coisas. Elas compartilhavam o peso da perda das ilusões políticas e da falta de
perspectivas num mercado profissional em frangalhos. Um sentimento comum a tantos brasileiros neste momento.
A causa foi essa? Especular seria inútil. Julgar é desumano. Embora a relação entre suicídio e transtornos mentais
(depressão, abuso de álcool, entre outros) esteja comprovada, muitos dos casos ocorrem impulsivamente em momentos de
crise.
As pessoas tiram a própria vida quando perdem a habilidade de lidar com fatores altamente estressantes. A origem da
dor (problemas financeiros, emocionais, violência, discriminação etc.) e a capacidade de suportá-la variam. São as sutilezas de
cada história.
A soma dessas sutilezas faz do suicídio a segunda causa de morte na faixa etária dos 15 aos 29 anos. São mortes
evitáveis. Amanhã, dia 10, será o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. “Conectar. Comunicar. Cuidar” é o lema da campanha
da Organização Mundial da Saúde.
Conectar, comunicar e cuidar é o que podemos fazer para evitar perdas que deixam, atrás de si, feridas abertas para
sempre.
(SEGATTO, Cristiane. Disponível em: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/cristiane-segatto/noticia/2016/09/vamos-falar-sobre-suicidio-2.html, 10/09/2016.)
Considere a palavra “que”, destacada nos trechos. Sobre a função sintática exercida por ela, analise os trechos a seguir.
I. “É possível que recentemente você tenha recebido a notícia […]”
II. “Não duvido que recentemente você tenha recebido a notícia […]” (2º§)
III. “[…] dessas duas mulheres que não se conheciam […]” (5º§)
IV. “[…] perdas que deixam, atrás de si, feridas abertas para sempre.” (9º§)
Assinale a alternativa correta.
Vamos falar sobre suicídio?
É possível que recentemente você tenha recebido a notícia da perda de uma pessoa próxima. Aconteceu comigo.
Não virei a página do jornal de hoje quando passei pelo artigo da jornalista Paula Fontenelle, na Folha de S. Paulo.
Desviar os olhos do texto sobre suicídio poderia ter sido um gesto automático para quem ainda mastigava o café da manhã.
Reconheço que o tema é indigesto, mas ignorá-lo não o tira da sala.
Em períodos de crise econômica, o número de suicídios tende a crescer. Não duvido que recentemente você tenha
recebido a notícia da perda de uma pessoa próxima. Aconteceu comigo. No ano passado, um vizinho e duas colegas se foram.
Duas jornalistas com quem, anos antes da tragédia, tive o prazer de trabalhar. Uma se foi depois dos 50 anos. Outra,
pouco além dos 30. A mais jovem havia retornado ao Brasil depois de concluir um concorrido mestrado nos Estados Unidos.
Minha primeira reação, após o choque, foi procurar respostas. Uma busca tola. Corri ao Facebook para reler comentários
e trocas de mensagens. Como não percebemos indícios de que o sofrimento era tão profundo? Poderíamos ter feito alguma
coisa? Onde erramos tão absurdamente?
Se existia um traço comum nas últimas postagens dessas duas mulheres que não se conheciam era o profundo
desencanto com o estado geral das coisas. Elas compartilhavam o peso da perda das ilusões políticas e da falta de
perspectivas num mercado profissional em frangalhos. Um sentimento comum a tantos brasileiros neste momento.
A causa foi essa? Especular seria inútil. Julgar é desumano. Embora a relação entre suicídio e transtornos mentais
(depressão, abuso de álcool, entre outros) esteja comprovada, muitos dos casos ocorrem impulsivamente em momentos de
crise.
As pessoas tiram a própria vida quando perdem a habilidade de lidar com fatores altamente estressantes. A origem da
dor (problemas financeiros, emocionais, violência, discriminação etc.) e a capacidade de suportá-la variam. São as sutilezas de
cada história.
A soma dessas sutilezas faz do suicídio a segunda causa de morte na faixa etária dos 15 aos 29 anos. São mortes
evitáveis. Amanhã, dia 10, será o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. “Conectar. Comunicar. Cuidar” é o lema da campanha
da Organização Mundial da Saúde.
Conectar, comunicar e cuidar é o que podemos fazer para evitar perdas que deixam, atrás de si, feridas abertas para
sempre.
(SEGATTO, Cristiane. Disponível em: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/cristiane-segatto/noticia/2016/09/vamos-falar-sobre-suicidio-2.html, 10/09/2016.)
A escolha linguística serve para conseguir a adesão do interlocutor ao que está sendo pressuposto pelo locutor. Apesar de haver ocorrências do emprego de verbos na primeira pessoa do singular, é possível identificar pontualmente o uso de verbos na primeira pessoa do plural como em: “Como não percebemos indícios de que o sofrimento era tão profundo?” (4º§) A escolha linguística poderia ser alterada, alterando-se também a intenção comunicativa, mas sem que houvesse prejuízo em relação à norma culta com a seguinte reescrita:
Vamos falar sobre suicídio?
É possível que recentemente você tenha recebido a notícia da perda de uma pessoa próxima. Aconteceu comigo.
Não virei a página do jornal de hoje quando passei pelo artigo da jornalista Paula Fontenelle, na Folha de S. Paulo.
Desviar os olhos do texto sobre suicídio poderia ter sido um gesto automático para quem ainda mastigava o café da manhã.
Reconheço que o tema é indigesto, mas ignorá-lo não o tira da sala.
Em períodos de crise econômica, o número de suicídios tende a crescer. Não duvido que recentemente você tenha
recebido a notícia da perda de uma pessoa próxima. Aconteceu comigo. No ano passado, um vizinho e duas colegas se foram.
Duas jornalistas com quem, anos antes da tragédia, tive o prazer de trabalhar. Uma se foi depois dos 50 anos. Outra,
pouco além dos 30. A mais jovem havia retornado ao Brasil depois de concluir um concorrido mestrado nos Estados Unidos.
Minha primeira reação, após o choque, foi procurar respostas. Uma busca tola. Corri ao Facebook para reler comentários
e trocas de mensagens. Como não percebemos indícios de que o sofrimento era tão profundo? Poderíamos ter feito alguma
coisa? Onde erramos tão absurdamente?
Se existia um traço comum nas últimas postagens dessas duas mulheres que não se conheciam era o profundo
desencanto com o estado geral das coisas. Elas compartilhavam o peso da perda das ilusões políticas e da falta de
perspectivas num mercado profissional em frangalhos. Um sentimento comum a tantos brasileiros neste momento.
A causa foi essa? Especular seria inútil. Julgar é desumano. Embora a relação entre suicídio e transtornos mentais
(depressão, abuso de álcool, entre outros) esteja comprovada, muitos dos casos ocorrem impulsivamente em momentos de
crise.
As pessoas tiram a própria vida quando perdem a habilidade de lidar com fatores altamente estressantes. A origem da
dor (problemas financeiros, emocionais, violência, discriminação etc.) e a capacidade de suportá-la variam. São as sutilezas de
cada história.
A soma dessas sutilezas faz do suicídio a segunda causa de morte na faixa etária dos 15 aos 29 anos. São mortes
evitáveis. Amanhã, dia 10, será o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. “Conectar. Comunicar. Cuidar” é o lema da campanha
da Organização Mundial da Saúde.
Conectar, comunicar e cuidar é o que podemos fazer para evitar perdas que deixam, atrás de si, feridas abertas para
sempre.
(SEGATTO, Cristiane. Disponível em: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/cristiane-segatto/noticia/2016/09/vamos-falar-sobre-suicidio-2.html, 10/09/2016.)
Leia as afirmativas a seguir.
I. A resposta para a indagação feita acerca da causa da tragédia tratada no texto como assunto principal é ignorada.
II. O efeito de sentido produzido pelo questionamento feito no título do texto pode ser associado às ideias expressas no primeiro parágrafo do texto.
III. Por tratar-se de um texto dissertativo-argumentativo, ou seja, aquele que apresenta ideias e informações; apresenta como uma de suas características, constante e permanente impessoalidade.
De acordo com as informações e ideias trazidas ao texto, está correto o que se afirma apenas em:
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
(Carlos Drummond de Andrade In Poesias. Ed. José Olympio, 1942.© Graña Drummond.)
Em “Se você gritasse, / se você gemesse, / se você tocasse / a valsa vienense,” é correto afirmar quanto às formas verbais empregadas que
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
(Carlos Drummond de Andrade In Poesias. Ed. José Olympio, 1942.© Graña Drummond.)
Os versos seguintes “Mas você não morre, / você é duro, José!” são introduzidos por um termo que, de acordo com o contexto apresentado,