Essa incapacidade de atingir, de entender, é que faz com que eu, por instinto de... de quê? procure um modo de falar que me leve mais depressa ao entendimento. Esse modo, esse “estilo” (!), já foi chamado de várias coisas, mas não do que realmente e apenas é: uma procura humilde. Nunca tive um só problema de expressão, meu problema é muito mais grave: é o de concepção. Quando falo em “humildade”, refiro- -me à humildade no sentido cristão (como ideal a poder ser alcançado ou não); refiro-me à humildade que vem da plena consciência de se ser realmente incapaz. E refiro-me à humildade como técnica. Virgem Maria, até eu mesma me assustei com minha falta de pudor; mas é que não é. Humildade como técnica é o seguinte: só se aproximando com humildade da coisa é que ela não escapa totalmente. Descobri este tipo de humildade, o que não deixa de ser uma forma engraçada de orgulho. Orgulho não é pecado, pelo menos não grave: orgulho é coisa infantil em que se cai como se cai em gulodice. Só que orgulho tem a enorme desvantagem de ser um erro grave, com todo o atraso que erro dá à vida, faz perder muito tempo.
(Para não esquecer, 1999.)
“Descobri este tipo de humildade, o que não deixa de ser uma forma engraçada de orgulho.”
O verbo destacado está conjugado em determinados tempo e modo, o que expressa
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve...) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía1.
(Sonetos, 1998.)
É correto afirmar que o eu lírico trata a ideia de mudança a partir de uma perspectiva
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve...) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía1.
(Sonetos, 1998.)
“Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve...) as saudades.”
O segmento entre parênteses expressa
Essa incapacidade de atingir, de entender, é que faz com que eu, por instinto de... de quê? procure um modo de falar que me leve mais depressa ao entendimento. Esse modo, esse “estilo” (!), já foi chamado de várias coisas, mas não do que realmente e apenas é: uma procura humilde. Nunca tive um só problema de expressão, meu problema é muito mais grave: é o de concepção. Quando falo em “humildade”, refiro- -me à humildade no sentido cristão (como ideal a poder ser alcançado ou não); refiro-me à humildade que vem da plena consciência de se ser realmente incapaz. E refiro-me à humildade como técnica. Virgem Maria, até eu mesma me assustei com minha falta de pudor; mas é que não é. Humildade como técnica é o seguinte: só se aproximando com humildade da coisa é que ela não escapa totalmente. Descobri este tipo de humildade, o que não deixa de ser uma forma engraçada de orgulho. Orgulho não é pecado, pelo menos não grave: orgulho é coisa infantil em que se cai como se cai em gulodice. Só que orgulho tem a enorme desvantagem de ser um erro grave, com todo o atraso que erro dá à vida, faz perder muito tempo.
(Para não esquecer, 1999.)
Segundo o texto, “humildade” e “orgulho” são conceitos
Essa incapacidade de atingir, de entender, é que faz com que eu, por instinto de... de quê? procure um modo de falar que me leve mais depressa ao entendimento. Esse modo, esse “estilo” (!), já foi chamado de várias coisas, mas não do que realmente e apenas é: uma procura humilde. Nunca tive um só problema de expressão, meu problema é muito mais grave: é o de concepção. Quando falo em “humildade”, refiro- -me à humildade no sentido cristão (como ideal a poder ser alcançado ou não); refiro-me à humildade que vem da plena consciência de se ser realmente incapaz. E refiro-me à humildade como técnica. Virgem Maria, até eu mesma me assustei com minha falta de pudor; mas é que não é. Humildade como técnica é o seguinte: só se aproximando com humildade da coisa é que ela não escapa totalmente. Descobri este tipo de humildade, o que não deixa de ser uma forma engraçada de orgulho. Orgulho não é pecado, pelo menos não grave: orgulho é coisa infantil em que se cai como se cai em gulodice. Só que orgulho tem a enorme desvantagem de ser um erro grave, com todo o atraso que erro dá à vida, faz perder muito tempo.
(Para não esquecer, 1999.)
“Esse modo, esse ‘estilo’ (!), já foi chamado de várias coisas, mas não do que realmente e apenas é: uma procura humilde.”
A alternativa que reescreve o período e respeita a norma- -padrão da língua portuguesa, sem alteração do sentido original, é:
Estudar um movimento de ideias querendo ignorar o que o precedeu ou o seguiu, abstraindo a situação social e política que o alimentou e sobre a qual, por sua vez, ele pôde agir é trabalho inócuo. O Surrealismo, particularmente, está fortemente engajado no período entre as duas guerras. Dizer, como alguns, que ele não passa, no plano da arte, de uma manifestação pura e simples é de um materialismo por demais simplista: ele constitui também o herdeiro e o continuador dos movimentos artísticos que o precederam sem os quais não teria existido. É, portanto, sob esses dois aspectos ao mesmo tempo que devemos considerá-lo.
Entre 1918 e 1940, foi o contemporâneo de acontecimentos sociais, políticos, científicos, filosóficos de primeira importância. Alguns o marcaram fortemente; a outros deu seu colorido próprio.
Na Exposição Internacional do Surrealismo, realizada em Paris (1938), estavam representados quatorze países. O Surrealismo havia rompido os quadros nacionais da arte. Nenhum movimento artístico antes dele, inclusive o Romantismo, teve essa influência e essa audiência internacionais. Foi o alimento saboroso dos melhores artistas de cada país, o reflexo de uma época que, também no plano artístico, devia encarar seus problemas em escala mundial.
(História do Surrealismo, 2008. Adaptado.)
“O Surrealismo havia rompido os quadros nacionais da arte.”
Assinale a alternativa que expressa, na voz passiva, o conteúdo dessa oração.