No começo do século XX, houve um Movimento de Vanguarda que propunha a destruição dos valores burgueses e usava o nonsense como forma de crítica à sociedade.
Havia uma receita para se fazer uma poesia:
Pegue um jornal.
Pegue uma tesoura.
Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pensa dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Depois, recorte cuidadosamente todas as palavras que formam o artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Seguidamente, tire os recortes um por um.
Copie conscienciosamente pela ordem em que saem do saco.
O poema será parecido consigo.
E pronto: será um escritor infinitamente original e duma adorável sensibilidade, embora incompreendido pelo vulgo.
No sexto verso: “Agite suavemente”, o verbo está no Imperativo Afirmativo.
Reescrevendo a frase no Imperativo Negativo, na 2ª pessoa do plural, teremos:
Os versos abaixo são de Fernando Pessoa, no heterônimo de Ricardo Reis.
Quando, Lídia, vier o nosso outono
Com o inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos
Senão para o que fica do que passa
O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.
No 1º verso, o termo Lídia tem a função sintática de:
Leia o fragmento de uma carta de amor escrita pelo compositor erudito alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827).
Bom dia! Todavia, na cama se multiplicam os meus pensamentos em ti, minha amada imortal, tão alegres como tristes, esperando ver se o destino quer ouvir-nos. Viver sozinho é-me possível, ou inteiramente contigo, ou completamente sem ti. Quero ir bem longe até que possa voar para os teus braços e sentir-me num lugar que seja só nosso, podendo enviar a minha alma ao reino dos espíritos envolta contigo. Tu concordarás comigo, tanto mais que conheces a minha fidelidade, e que nunca nenhuma outra possuirá meu coração; nunca, nunca… Oh, Deus! Por que viver separados, quando se ama assim?
[...]
Eternamente teu,
eternamente minha,
eternamente nossos.
Ludwig van Beethoven.
Sobre a carta lida, está incorreto afirmar que:
Leia Manoel de Barros para responder à questão.
Uma didática da invenção
VII
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a
criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele
delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer
nascimentos —
O verbo tem que pegar delírio.
ARROS, Manoel de. In: O livro das ignorãças. 9. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000. p. 15. (Fragmento).
Assinale a única alternativa que não se aplica à composição “Uma didática da invenção”.