Famílias em transformação*
Rosely Sayão**
1. O projeto de lei que cria o Estatuto da Família colocou na pauta do dia a discussão a respeito do conceito
2. de família. Afinal, o que é família hoje? Alguém aí tem uma definição, para a atualidade, que consiga acolher
3. todos os grupos existentes que vivem em contextos familiares?
4. A Câmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa: “Família é a união entre homem e mu-
5. lher, por meio de casamento ou de união estável, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto
6. com os filhos”.
7. Essa é a definição aprovada pela Câmara para o projeto cuja finalidade é orientar as políticas públicas
8. uanto aos direitos das famílias – essas que se encaixam na definição proposta −, principalmente nas áreas de
9. segurança, saúde e educação. Vou deixar de lado a discussão a respeito das injustiças, preconceitos e exclu-
10. sões que tal definição comporta, para conversar a respeito das famílias da atualidade.
11. Desde o início da segunda metade do século passado, o conceito de família entrou em crise, e uso a
12. palavra “crise” no sentido mais positivo do termo: o que aponta para renovação e transição; mudança, enfim.
13. Até então, tínhamos, na modernidade, uma configuração social hegemônica de família, que era pautada
14. por um tipo de aliança – entre um homem e uma mulher – e por relações de consanguinidade. As mudanças
15. ocorridas no mundo determinaram inúmeras alterações nas famílias, não apenas em seu desenho, mas, prin-
16. cipalmente, em suas dinâmicas.
17. E é importante aceitar esta questão: não foram as famílias que provocaram mudanças na sociedade;
18. esta é que determinou muitas mudanças nas famílias. Só assim vamos conseguir enxergar que a família não é
19. um agente de perturbação da sociedade. É a sociedade que tem perturbado, e muito, o funcionamento familiar.
20. Um exemplo? Algumas mulheres renunciam ao direito de ficar com o filho recém-nascido durante todo
21. o período da licença-maternidade determinado por lei, porque isso pode atrapalhar sua carreira profissional.
22. Em outras palavras: elas entenderam que a sociedade prioriza o trabalho em detrimento da dedicação à famí-
23. lia. É assim ou não é?
24. Se pudéssemos levantar um único quesito que seria fundamental para caracterizar a transformação de
25. um agrupamento de pessoas em família, eu diria que é o vínculo, tanto horizontal quanto vertical. E, hoje, todo
26. mundo conhece grupos de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou que têm relação de parentesco e que não
27. se constituem verdadeiramente em família, por absoluta falta de vínculo entre seus integrantes.
28. Os novos valores sociais têm norteado as pessoas para esse caminho. Vamos nos lembrar de valores
29. decisivos para nossa sociedade: o consumo, que valoriza o trabalho exagerado, a ambição desmedida e o
30. sucesso a qualquer custo; a juventude, que leva adultos, independentemente da idade, a adotarem um estilo
31. de vida juvenil, que dá pouco espaço para o compromisso que os vínculos exigem; a busca da felicidade, iden-
32. tificada com satisfação imediata, que leva a trocas sucessivas nos relacionamentos amorosos, como amizades
33. e par afetivo, só para citar alguns exemplos.
34. O vínculo afetivo tem relação com a vida pessoal. O vínculo social, com a cidadania. Ambos estão bem
35. frágeis, não é?
*Texto publicado na Folha de São Paulo, em 29 set. 2015. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2015/09/1687809-familias-emtransformacao.shtml. Acesso em 01 out. 2015. Adaptação.
** Psicóloga e consultora educacional.
Considerando as regras de regência e de concordância da variante linguística culta, assinale V nas afirmações verdadeiras e F nas falsas.
( ) A substituição do verbo “acolher” (linha 2) por “abrigar” seria adequada semanticamente e não exigiria mudança na relação entre o verbo e seu complemento.
( ) A palavra “ocorridas” (linha 15) poderia ser substituída por “que houveram”, sem prejuízo ao sentido nem infração às regras de concordância.
( ) A substituição do verbo “provocaram” (linha 17) por “acarretaram” seria adequada semântica e sintaticamente.
( ) Se o verbo “renunciam” (linha 20) fosse substituído por “recusam”, o complemento verbal não sofreria nenhuma alteração.
A sequência correta, de cima para baixo, é
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1. O projeto de lei que cria o Estatuto da Família colocou na pauta do dia a discussão a respeito do conceito
2. de família. Afinal, o que é família hoje? Alguém aí tem uma definição, para a atualidade, que consiga acolher
3. todos os grupos existentes que vivem em contextos familiares?
4. A Câmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa: “Família é a união entre homem e mu-
5. lher, por meio de casamento ou de união estável, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto
6. com os filhos”.
7. Essa é a definição aprovada pela Câmara para o projeto cuja finalidade é orientar as políticas públicas
8. uanto aos direitos das famílias – essas que se encaixam na definição proposta −, principalmente nas áreas de
9. segurança, saúde e educação. Vou deixar de lado a discussão a respeito das injustiças, preconceitos e exclu-
10. sões que tal definição comporta, para conversar a respeito das famílias da atualidade.
11. Desde o início da segunda metade do século passado, o conceito de família entrou em crise, e uso a
12. palavra “crise” no sentido mais positivo do termo: o que aponta para renovação e transição; mudança, enfim.
13. Até então, tínhamos, na modernidade, uma configuração social hegemônica de família, que era pautada
14. por um tipo de aliança – entre um homem e uma mulher – e por relações de consanguinidade. As mudanças
15. ocorridas no mundo determinaram inúmeras alterações nas famílias, não apenas em seu desenho, mas, prin-
16. cipalmente, em suas dinâmicas.
17. E é importante aceitar esta questão: não foram as famílias que provocaram mudanças na sociedade;
18. esta é que determinou muitas mudanças nas famílias. Só assim vamos conseguir enxergar que a família não é
19. um agente de perturbação da sociedade. É a sociedade que tem perturbado, e muito, o funcionamento familiar.
20. Um exemplo? Algumas mulheres renunciam ao direito de ficar com o filho recém-nascido durante todo
21. o período da licença-maternidade determinado por lei, porque isso pode atrapalhar sua carreira profissional.
22. Em outras palavras: elas entenderam que a sociedade prioriza o trabalho em detrimento da dedicação à famí-
23. lia. É assim ou não é?
24. Se pudéssemos levantar um único quesito que seria fundamental para caracterizar a transformação de
25. um agrupamento de pessoas em família, eu diria que é o vínculo, tanto horizontal quanto vertical. E, hoje, todo
26. mundo conhece grupos de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou que têm relação de parentesco e que não
27. se constituem verdadeiramente em família, por absoluta falta de vínculo entre seus integrantes.
28. Os novos valores sociais têm norteado as pessoas para esse caminho. Vamos nos lembrar de valores
29. decisivos para nossa sociedade: o consumo, que valoriza o trabalho exagerado, a ambição desmedida e o
30. sucesso a qualquer custo; a juventude, que leva adultos, independentemente da idade, a adotarem um estilo
31. de vida juvenil, que dá pouco espaço para o compromisso que os vínculos exigem; a busca da felicidade, iden-
32. tificada com satisfação imediata, que leva a trocas sucessivas nos relacionamentos amorosos, como amizades
33. e par afetivo, só para citar alguns exemplos.
34. O vínculo afetivo tem relação com a vida pessoal. O vínculo social, com a cidadania. Ambos estão bem
35. frágeis, não é?
*Texto publicado na Folha de São Paulo, em 29 set. 2015. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2015/09/1687809-familias-emtransformacao.shtml. Acesso em 01 out. 2015. Adaptação.
** Psicóloga e consultora educacional.
Considerando o conteúdo do texto, analise as seguintes afirmações.
I – Rosely Sayão não concorda com a definição de família aprovada pela Câmara dos Deputados, visto que implica injustiças, preconceitos e exclusões.
II – A exemplificação apresentada entre as linhas 20 e 21 constitui um argumento que sustenta a tese da autora de que a sociedade tem abalado o funcionamento familiar.
III – Segundo a autora, os novos valores sociais, como o consumo, a juventude e a busca da felicidade, são fundamentais para a consolidação do verdadeiro conceito de família.
Sobre as proposições acima, pode-se afirmar que
Famílias em transformação*
Rosely Sayão**
1. O projeto de lei que cria o Estatuto da Família colocou na pauta do dia a discussão a respeito do conceito
2. de família. Afinal, o que é família hoje? Alguém aí tem uma definição, para a atualidade, que consiga acolher
3. todos os grupos existentes que vivem em contextos familiares?
4. A Câmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa: “Família é a união entre homem e mu-
5. lher, por meio de casamento ou de união estável, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto
6. com os filhos”.
7. Essa é a definição aprovada pela Câmara para o projeto cuja finalidade é orientar as políticas públicas
8. uanto aos direitos das famílias – essas que se encaixam na definição proposta −, principalmente nas áreas de
9. segurança, saúde e educação. Vou deixar de lado a discussão a respeito das injustiças, preconceitos e exclu-
10. sões que tal definição comporta, para conversar a respeito das famílias da atualidade.
11. Desde o início da segunda metade do século passado, o conceito de família entrou em crise, e uso a
12. palavra “crise” no sentido mais positivo do termo: o que aponta para renovação e transição; mudança, enfim.
13. Até então, tínhamos, na modernidade, uma configuração social hegemônica de família, que era pautada
14. por um tipo de aliança – entre um homem e uma mulher – e por relações de consanguinidade. As mudanças
15. ocorridas no mundo determinaram inúmeras alterações nas famílias, não apenas em seu desenho, mas, prin-
16. cipalmente, em suas dinâmicas.
17. E é importante aceitar esta questão: não foram as famílias que provocaram mudanças na sociedade;
18. esta é que determinou muitas mudanças nas famílias. Só assim vamos conseguir enxergar que a família não é
19. um agente de perturbação da sociedade. É a sociedade que tem perturbado, e muito, o funcionamento familiar.
20. Um exemplo? Algumas mulheres renunciam ao direito de ficar com o filho recém-nascido durante todo
21. o período da licença-maternidade determinado por lei, porque isso pode atrapalhar sua carreira profissional.
22. Em outras palavras: elas entenderam que a sociedade prioriza o trabalho em detrimento da dedicação à famí-
23. lia. É assim ou não é?
24. Se pudéssemos levantar um único quesito que seria fundamental para caracterizar a transformação de
25. um agrupamento de pessoas em família, eu diria que é o vínculo, tanto horizontal quanto vertical. E, hoje, todo
26. mundo conhece grupos de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou que têm relação de parentesco e que não
27. se constituem verdadeiramente em família, por absoluta falta de vínculo entre seus integrantes.
28. Os novos valores sociais têm norteado as pessoas para esse caminho. Vamos nos lembrar de valores
29. decisivos para nossa sociedade: o consumo, que valoriza o trabalho exagerado, a ambição desmedida e o
30. sucesso a qualquer custo; a juventude, que leva adultos, independentemente da idade, a adotarem um estilo
31. de vida juvenil, que dá pouco espaço para o compromisso que os vínculos exigem; a busca da felicidade, iden-
32. tificada com satisfação imediata, que leva a trocas sucessivas nos relacionamentos amorosos, como amizades
33. e par afetivo, só para citar alguns exemplos.
34. O vínculo afetivo tem relação com a vida pessoal. O vínculo social, com a cidadania. Ambos estão bem
35. frágeis, não é?
*Texto publicado na Folha de São Paulo, em 29 set. 2015. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2015/09/1687809-familias-emtransformacao.shtml. Acesso em 01 out. 2015. Adaptação.
** Psicóloga e consultora educacional.
Considerando o emprego de verbos e locuções verbais no texto, assinale V nas afirmações verdadeiras e F nas falsas.
( ) As formas verbais “tínhamos” (linha 13) e “era” (linha 13) exprimem uma situação que se estende no marco temporal passado.
( ) O emprego do pretérito perfeito (“provocaram”), na linha 17, expressa que o fato relatado, que teve uma duração precisa, foi consumado no marco temporal passado.
( ) A expressão verbal “vamos conseguir” (linha 18) indica prospecção ou futuridade em relação ao momento da enunciação e poderia ser substituída por “conseguiremos”.
( ) A expressão verbal “tem perturbado” (linha 19) situa o fato relatado no marco temporal passado, indicando que esse fato teve longa duração.
A sequência correta, de cima para baixo, é
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1. O projeto de lei que cria o Estatuto da Família colocou na pauta do dia a discussão a respeito do conceito
2. de família. Afinal, o que é família hoje? Alguém aí tem uma definição, para a atualidade, que consiga acolher
3. todos os grupos existentes que vivem em contextos familiares?
4. A Câmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa: “Família é a união entre homem e mu-
5. lher, por meio de casamento ou de união estável, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto
6. com os filhos”.
7. Essa é a definição aprovada pela Câmara para o projeto cuja finalidade é orientar as políticas públicas
8. uanto aos direitos das famílias – essas que se encaixam na definição proposta −, principalmente nas áreas de
9. segurança, saúde e educação. Vou deixar de lado a discussão a respeito das injustiças, preconceitos e exclu-
10. sões que tal definição comporta, para conversar a respeito das famílias da atualidade.
11. Desde o início da segunda metade do século passado, o conceito de família entrou em crise, e uso a
12. palavra “crise” no sentido mais positivo do termo: o que aponta para renovação e transição; mudança, enfim.
13. Até então, tínhamos, na modernidade, uma configuração social hegemônica de família, que era pautada
14. por um tipo de aliança – entre um homem e uma mulher – e por relações de consanguinidade. As mudanças
15. ocorridas no mundo determinaram inúmeras alterações nas famílias, não apenas em seu desenho, mas, prin-
16. cipalmente, em suas dinâmicas.
17. E é importante aceitar esta questão: não foram as famílias que provocaram mudanças na sociedade;
18. esta é que determinou muitas mudanças nas famílias. Só assim vamos conseguir enxergar que a família não é
19. um agente de perturbação da sociedade. É a sociedade que tem perturbado, e muito, o funcionamento familiar.
20. Um exemplo? Algumas mulheres renunciam ao direito de ficar com o filho recém-nascido durante todo
21. o período da licença-maternidade determinado por lei, porque isso pode atrapalhar sua carreira profissional.
22. Em outras palavras: elas entenderam que a sociedade prioriza o trabalho em detrimento da dedicação à famí-
23. lia. É assim ou não é?
24. Se pudéssemos levantar um único quesito que seria fundamental para caracterizar a transformação de
25. um agrupamento de pessoas em família, eu diria que é o vínculo, tanto horizontal quanto vertical. E, hoje, todo
26. mundo conhece grupos de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou que têm relação de parentesco e que não
27. se constituem verdadeiramente em família, por absoluta falta de vínculo entre seus integrantes.
28. Os novos valores sociais têm norteado as pessoas para esse caminho. Vamos nos lembrar de valores
29. decisivos para nossa sociedade: o consumo, que valoriza o trabalho exagerado, a ambição desmedida e o
30. sucesso a qualquer custo; a juventude, que leva adultos, independentemente da idade, a adotarem um estilo
31. de vida juvenil, que dá pouco espaço para o compromisso que os vínculos exigem; a busca da felicidade, iden-
32. tificada com satisfação imediata, que leva a trocas sucessivas nos relacionamentos amorosos, como amizades
33. e par afetivo, só para citar alguns exemplos.
34. O vínculo afetivo tem relação com a vida pessoal. O vínculo social, com a cidadania. Ambos estão bem
35. frágeis, não é?
*Texto publicado na Folha de São Paulo, em 29 set. 2015. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2015/09/1687809-familias-emtransformacao.shtml. Acesso em 01 out. 2015. Adaptação.
** Psicóloga e consultora educacional.
Em relação ao emprego de recursos que promovem a coesão referencial do texto, assinale a única alternativa correta.
Famílias em transformação*
Rosely Sayão**
1. O projeto de lei que cria o Estatuto da Família colocou na pauta do dia a discussão a respeito do conceito
2. de família. Afinal, o que é família hoje? Alguém aí tem uma definição, para a atualidade, que consiga acolher
3. todos os grupos existentes que vivem em contextos familiares?
4. A Câmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa: “Família é a união entre homem e mu-
5. lher, por meio de casamento ou de união estável, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto
6. com os filhos”.
7. Essa é a definição aprovada pela Câmara para o projeto cuja finalidade é orientar as políticas públicas
8. uanto aos direitos das famílias – essas que se encaixam na definição proposta −, principalmente nas áreas de
9. segurança, saúde e educação. Vou deixar de lado a discussão a respeito das injustiças, preconceitos e exclu-
10. sões que tal definição comporta, para conversar a respeito das famílias da atualidade.
11. Desde o início da segunda metade do século passado, o conceito de família entrou em crise, e uso a
12. palavra “crise” no sentido mais positivo do termo: o que aponta para renovação e transição; mudança, enfim.
13. Até então, tínhamos, na modernidade, uma configuração social hegemônica de família, que era pautada
14. por um tipo de aliança – entre um homem e uma mulher – e por relações de consanguinidade. As mudanças
15. ocorridas no mundo determinaram inúmeras alterações nas famílias, não apenas em seu desenho, mas, prin-
16. cipalmente, em suas dinâmicas.
17. E é importante aceitar esta questão: não foram as famílias que provocaram mudanças na sociedade;
18. esta é que determinou muitas mudanças nas famílias. Só assim vamos conseguir enxergar que a família não é
19. um agente de perturbação da sociedade. É a sociedade que tem perturbado, e muito, o funcionamento familiar.
20. Um exemplo? Algumas mulheres renunciam ao direito de ficar com o filho recém-nascido durante todo
21. o período da licença-maternidade determinado por lei, porque isso pode atrapalhar sua carreira profissional.
22. Em outras palavras: elas entenderam que a sociedade prioriza o trabalho em detrimento da dedicação à famí-
23. lia. É assim ou não é?
24. Se pudéssemos levantar um único quesito que seria fundamental para caracterizar a transformação de
25. um agrupamento de pessoas em família, eu diria que é o vínculo, tanto horizontal quanto vertical. E, hoje, todo
26. mundo conhece grupos de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou que têm relação de parentesco e que não
27. se constituem verdadeiramente em família, por absoluta falta de vínculo entre seus integrantes.
28. Os novos valores sociais têm norteado as pessoas para esse caminho. Vamos nos lembrar de valores
29. decisivos para nossa sociedade: o consumo, que valoriza o trabalho exagerado, a ambição desmedida e o
30. sucesso a qualquer custo; a juventude, que leva adultos, independentemente da idade, a adotarem um estilo
31. de vida juvenil, que dá pouco espaço para o compromisso que os vínculos exigem; a busca da felicidade, iden-
32. tificada com satisfação imediata, que leva a trocas sucessivas nos relacionamentos amorosos, como amizades
33. e par afetivo, só para citar alguns exemplos.
34. O vínculo afetivo tem relação com a vida pessoal. O vínculo social, com a cidadania. Ambos estão bem
35. frágeis, não é?
*Texto publicado na Folha de São Paulo, em 29 set. 2015. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2015/09/1687809-familias-emtransformacao.shtml. Acesso em 01 out. 2015. Adaptação.
** Psicóloga e consultora educacional.
Assinale a única afirmação correta, considerando o sentido do texto e o emprego de articuladores.
Famílias em transformação*
Rosely Sayão**
1. O projeto de lei que cria o Estatuto da Família colocou na pauta do dia a discussão a respeito do conceito
2. de família. Afinal, o que é família hoje? Alguém aí tem uma definição, para a atualidade, que consiga acolher
3. todos os grupos existentes que vivem em contextos familiares?
4. A Câmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa: “Família é a união entre homem e mu-
5. lher, por meio de casamento ou de união estável, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto
6. com os filhos”.
7. Essa é a definição aprovada pela Câmara para o projeto cuja finalidade é orientar as políticas públicas
8. uanto aos direitos das famílias – essas que se encaixam na definição proposta −, principalmente nas áreas de
9. segurança, saúde e educação. Vou deixar de lado a discussão a respeito das injustiças, preconceitos e exclu-
10. sões que tal definição comporta, para conversar a respeito das famílias da atualidade.
11. Desde o início da segunda metade do século passado, o conceito de família entrou em crise, e uso a
12. palavra “crise” no sentido mais positivo do termo: o que aponta para renovação e transição; mudança, enfim.
13. Até então, tínhamos, na modernidade, uma configuração social hegemônica de família, que era pautada
14. por um tipo de aliança – entre um homem e uma mulher – e por relações de consanguinidade. As mudanças
15. ocorridas no mundo determinaram inúmeras alterações nas famílias, não apenas em seu desenho, mas, prin-
16. cipalmente, em suas dinâmicas.
17. E é importante aceitar esta questão: não foram as famílias que provocaram mudanças na sociedade;
18. esta é que determinou muitas mudanças nas famílias. Só assim vamos conseguir enxergar que a família não é
19. um agente de perturbação da sociedade. É a sociedade que tem perturbado, e muito, o funcionamento familiar.
20. Um exemplo? Algumas mulheres renunciam ao direito de ficar com o filho recém-nascido durante todo
21. o período da licença-maternidade determinado por lei, porque isso pode atrapalhar sua carreira profissional.
22. Em outras palavras: elas entenderam que a sociedade prioriza o trabalho em detrimento da dedicação à famí-
23. lia. É assim ou não é?
24. Se pudéssemos levantar um único quesito que seria fundamental para caracterizar a transformação de
25. um agrupamento de pessoas em família, eu diria que é o vínculo, tanto horizontal quanto vertical. E, hoje, todo
26. mundo conhece grupos de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou que têm relação de parentesco e que não
27. se constituem verdadeiramente em família, por absoluta falta de vínculo entre seus integrantes.
28. Os novos valores sociais têm norteado as pessoas para esse caminho. Vamos nos lembrar de valores
29. decisivos para nossa sociedade: o consumo, que valoriza o trabalho exagerado, a ambição desmedida e o
30. sucesso a qualquer custo; a juventude, que leva adultos, independentemente da idade, a adotarem um estilo
31. de vida juvenil, que dá pouco espaço para o compromisso que os vínculos exigem; a busca da felicidade, iden-
32. tificada com satisfação imediata, que leva a trocas sucessivas nos relacionamentos amorosos, como amizades
33. e par afetivo, só para citar alguns exemplos.
34. O vínculo afetivo tem relação com a vida pessoal. O vínculo social, com a cidadania. Ambos estão bem
35. frágeis, não é?
*Texto publicado na Folha de São Paulo, em 29 set. 2015. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2015/09/1687809-familias-emtransformacao.shtml. Acesso em 01 out. 2015. Adaptação.
** Psicóloga e consultora educacional.
Assinale a única alternativa correta em relação ao emprego de sinais de pontuação no texto, considerando as regras da variante linguística culta e o sentido do texto.