Segurança e crise econômica*
Claudio Lamachia**
[1] O Rio Grande do Sul, aparentemente, chegou ao ápice da insegurança. O cidadão comum sabe, há
[2] muito tempo, que não está seguro. Quem ainda não sofreu na pele as agruras da violência certamente conhece
[3] alguém que já passou por momentos terríveis nas mãos de bandidos.
[4] Estamos, sem exceção, com a liberdade cerceada. Presos atrás de grades que dão uma falsa sensação
[5] de segurança, com os vidros do carro permanentemente fechados e preocupados ao andar na rua, ao sair ou
[6] ao chegar a casa.
[7] O fato é que nem mesmo a polícia e as autoridades estão imunes. Quantos carros oficiais foram alvo de
[8] roubo ou furto ao longo dos últimos anos? Quantos policiais foram covardemente assassinados?
[9] Segurança pública, assim como saúde, educação e justiça, faz parte de um conjunto de direitos da
[10] sociedade que, quando funcionam de maneira eficiente, têm a capacidade de promover a prosperidade. Uma
[11] sociedade que vive com medo não tem condições de alcançar o seu desenvolvimento pleno e não terá condi-
[12] ções de superar o ciclo vicioso do atraso, nem mesmo de superar as barreiras que hoje limitam o avanço social
[13] e econômico.
[14] Não há, até agora, uma gestão de segurança pública eficiente no combate ao avanço da criminalidade,
[15] ao mesmo tempo em que não se percebe qualquer efetividade nas atitudes dos governos para frear o caos.
[16] Também não tem sido realizado o investimento necessário para a qualificação ou ampliação dos quadros de
[17] policiais. Não há policiamento ostensivo, nem mesmo a utilização de métodos óbvios de vigilância, como o uso
[18] de câmeras de monitoramento ligadas às delegacias de polícia em número suficiente para prevenir a ação de
[19] criminosos.
[20] Se faltam recursos para suprir necessidades tão básicas, como crer que o serviço de inteligência, capaz
[21] de prevenir ameaças de grande risco à sociedade, possa estar devidamente aparelhado?
[22] A criminalidade não é apenas consequência da estagnação econômica que enfrentamos. Ela é tam-
[23] bém um dos fatores primordiais para que a pequena economia − maior geradora de empregos − não consiga
[24] desenvolver-se. Esse ciclo vicioso precisa ser interrompido com urgência e criatividade.
[25] Os governantes precisam comprometer-se com políticas efetivas que garantam o bem-estar da socie-
[26] dade. Isso deve ser política de Estado, não de governos.
*Texto publicado no jornal Zero Hora, em 11 de agosto de 2016. Disponível em:
2016/08/claudio-lamachia-seguranca-e-crise-economica7235450.html#>. Acesso em 05 set. 2016. Adaptação.
** Presidente nacional da OAB.
Considerando a relação entre a forma e o sentido no texto, analise as seguintes afirmações.
I – As frases interrogativas compreendidas entre as linhas 7 e 8 são perguntas retóricas, diante das quais o autor afirma que muitos carros oficiais foram alvo de roubo ou furto ao longo dos últimos anos e que muitos policiais foram covardemente assassinados.
II – A oração “que vive com medo” (linha 11) cumpre o papel de restringir a expressão “Uma sociedade” (linhas 10-11), referente retomado pelo pronome relativo “que”.
III – A conjunção “Se” (linha 20) expressa uma condição hipotética: a falta de recursos para suprir necessidades básicas da segurança pública.
Sobre as proposições acima, pode-se afirmar que
Memória nos dá a chance de crescer com os erros e ter um futuro melhor*
Suzana Herculano-Houzel**
[1] Que tal ter uma chance de recomeçar um dia malfadado – especialmente se este for o dia em que
[2] você morre? No filme “No Limite do Amanhã”, que acabou ficando mais conhecido pelo subtítulo “Viva. Morra.
[3] Repita”, o recomeço a cada morte acontece com o personagem principal, major Cage, vivido por Tom Cruise,
[4] como efeito colateral de ter morrido coberto com o sangue do alienígena que ele acabara de explodir.
[5] O recurso, que torna o filme interessante (é um dos meus filmes de ficção científica favoritos), arrancava
[6] gargalhadas do meu filho ontem à noite cada vez que Cage, moribundo ou apenas ferido, mas incapaz de
[7] continuar a missão, era sumariamente executado pela parceira – e assim o dia recomeçava, com uma nova
[8] chance de vencer os alienígenas.
[9] Mas o ciclo só funciona porque o personagem está contaminado de sangue alienígena e somente ele
[10] retém a memória de tudo o que aconteceu no dia de cada uma das suas (muitas) mortes anteriores. O contraste
[11] com os demais personagens, para quem o dia que recomeça é apenas mais um novo dia, é uma alegoria
[12] excelente do que nos dota de uma história pessoal: não apenas um cérebro, mas um cérebro com memória.
[13] É graças à capacidade de ser modificado de acordo com sua própria atividade, ao sabor dos acontecimentos,
[14] que o cérebro tem memória. Com a licença poética da ficção, o cérebro de todos, menos o de Cage,
[15] é restaurado ao seu estado de origem no dia que recomeça repetidas vezes. Cage, ao contrário, mantém a
[16] vantagem que todos nós temos na vida real: transportar o aprendizado do dia anterior para o dia seguinte.
[17] É por isso que recomeços, na vida real, são, em geral, muito mais bacanas e ricos do que na ficção.
[18] Muda-se para uma nova cidade, mas não se esquecem as lições aprendidas na anterior; troca-se de emprego,
[19] mas não se perdem todas as habilidades, manhas e truques desenvolvidos com a experiência passada; novas
[20] amizades são feitas, mas isso não torna as anteriores menos importantes ou queridas. Pelo contrário: as novas
[21] amizades se beneficiam de nossos erros e acertos do passado.
[22] Graças à memória, nossa bagagem só faz crescer ao longo da vida. Mesmo os acontecimentos ruins, as
[23] pessoas que não merecem lugar na memória, os dissabores têm seu valor, como marcos que nos dizem “evite
[24] que isso aconteça de novo”. Recomeçar, na vida real, é começar mais uma vez – e melhor.
*Texto publicado no jornal Folha de São Paulo, em 02 de agosto de 2016. Disponível em . Acesso em 02 set. 2016. Adaptação.
**Neurocientista.
Considerando o sentido do texto, assinale a alternativa correta.
Memória nos dá a chance de crescer com os erros e ter um futuro melhor*
Suzana Herculano-Houzel**
[1] Que tal ter uma chance de recomeçar um dia malfadado – especialmente se este for o dia em que
[2] você morre? No filme “No Limite do Amanhã”, que acabou ficando mais conhecido pelo subtítulo “Viva. Morra.
[3] Repita”, o recomeço a cada morte acontece com o personagem principal, major Cage, vivido por Tom Cruise,
[4] como efeito colateral de ter morrido coberto com o sangue do alienígena que ele acabara de explodir.
[5] O recurso, que torna o filme interessante (é um dos meus filmes de ficção científica favoritos), arrancava
[6] gargalhadas do meu filho ontem à noite cada vez que Cage, moribundo ou apenas ferido, mas incapaz de
[7] continuar a missão, era sumariamente executado pela parceira – e assim o dia recomeçava, com uma nova
[8] chance de vencer os alienígenas.
[9] Mas o ciclo só funciona porque o personagem está contaminado de sangue alienígena e somente ele
[10] retém a memória de tudo o que aconteceu no dia de cada uma das suas (muitas) mortes anteriores. O contraste
[11] com os demais personagens, para quem o dia que recomeça é apenas mais um novo dia, é uma alegoria
[12] excelente do que nos dota de uma história pessoal: não apenas um cérebro, mas um cérebro com memória.
[13] É graças à capacidade de ser modificado de acordo com sua própria atividade, ao sabor dos acontecimentos,
[14] que o cérebro tem memória. Com a licença poética da ficção, o cérebro de todos, menos o de Cage,
[15] é restaurado ao seu estado de origem no dia que recomeça repetidas vezes. Cage, ao contrário, mantém a
[16] vantagem que todos nós temos na vida real: transportar o aprendizado do dia anterior para o dia seguinte.
[17] É por isso que recomeços, na vida real, são, em geral, muito mais bacanas e ricos do que na ficção.
[18] Muda-se para uma nova cidade, mas não se esquecem as lições aprendidas na anterior; troca-se de emprego,
[19] mas não se perdem todas as habilidades, manhas e truques desenvolvidos com a experiência passada; novas
[20] amizades são feitas, mas isso não torna as anteriores menos importantes ou queridas. Pelo contrário: as novas
[21] amizades se beneficiam de nossos erros e acertos do passado.
[22] Graças à memória, nossa bagagem só faz crescer ao longo da vida. Mesmo os acontecimentos ruins, as
[23] pessoas que não merecem lugar na memória, os dissabores têm seu valor, como marcos que nos dizem “evite
[24] que isso aconteça de novo”. Recomeçar, na vida real, é começar mais uma vez – e melhor.
*Texto publicado no jornal Folha de São Paulo, em 02 de agosto de 2016. Disponível em . Acesso em 02 set. 2016. Adaptação.
**Neurocientista.
Considerando o emprego de sinais de pontuação na variante linguística culta e o sentido do texto, assinale a alternativa correta.
Memória nos dá a chance de crescer com os erros e ter um futuro melhor*
Suzana Herculano-Houzel**
[1] Que tal ter uma chance de recomeçar um dia malfadado – especialmente se este for o dia em que
[2] você morre? No filme “No Limite do Amanhã”, que acabou ficando mais conhecido pelo subtítulo “Viva. Morra.
[3] Repita”, o recomeço a cada morte acontece com o personagem principal, major Cage, vivido por Tom Cruise,
[4] como efeito colateral de ter morrido coberto com o sangue do alienígena que ele acabara de explodir.
[5] O recurso, que torna o filme interessante (é um dos meus filmes de ficção científica favoritos), arrancava
[6] gargalhadas do meu filho ontem à noite cada vez que Cage, moribundo ou apenas ferido, mas incapaz de
[7] continuar a missão, era sumariamente executado pela parceira – e assim o dia recomeçava, com uma nova
[8] chance de vencer os alienígenas.
[9] Mas o ciclo só funciona porque o personagem está contaminado de sangue alienígena e somente ele
[10] retém a memória de tudo o que aconteceu no dia de cada uma das suas (muitas) mortes anteriores. O contraste
[11] com os demais personagens, para quem o dia que recomeça é apenas mais um novo dia, é uma alegoria
[12] excelente do que nos dota de uma história pessoal: não apenas um cérebro, mas um cérebro com memória.
[13] É graças à capacidade de ser modificado de acordo com sua própria atividade, ao sabor dos acontecimentos,
[14] que o cérebro tem memória. Com a licença poética da ficção, o cérebro de todos, menos o de Cage,
[15] é restaurado ao seu estado de origem no dia que recomeça repetidas vezes. Cage, ao contrário, mantém a
[16] vantagem que todos nós temos na vida real: transportar o aprendizado do dia anterior para o dia seguinte.
[17] É por isso que recomeços, na vida real, são, em geral, muito mais bacanas e ricos do que na ficção.
[18] Muda-se para uma nova cidade, mas não se esquecem as lições aprendidas na anterior; troca-se de emprego,
[19] mas não se perdem todas as habilidades, manhas e truques desenvolvidos com a experiência passada; novas
[20] amizades são feitas, mas isso não torna as anteriores menos importantes ou queridas. Pelo contrário: as novas
[21] amizades se beneficiam de nossos erros e acertos do passado.
[22] Graças à memória, nossa bagagem só faz crescer ao longo da vida. Mesmo os acontecimentos ruins, as
[23] pessoas que não merecem lugar na memória, os dissabores têm seu valor, como marcos que nos dizem “evite
[24] que isso aconteça de novo”. Recomeçar, na vida real, é começar mais uma vez – e melhor.
*Texto publicado no jornal Folha de São Paulo, em 02 de agosto de 2016. Disponível em . Acesso em 02 set. 2016. Adaptação.
**Neurocientista.
Considerando o uso de verbos no texto, assinale a alternativa correta.
Memória nos dá a chance de crescer com os erros e ter um futuro melhor*
Suzana Herculano-Houzel**
[1] Que tal ter uma chance de recomeçar um dia malfadado – especialmente se este for o dia em que
[2] você morre? No filme “No Limite do Amanhã”, que acabou ficando mais conhecido pelo subtítulo “Viva. Morra.
[3] Repita”, o recomeço a cada morte acontece com o personagem principal, major Cage, vivido por Tom Cruise,
[4] como efeito colateral de ter morrido coberto com o sangue do alienígena que ele acabara de explodir.
[5] O recurso, que torna o filme interessante (é um dos meus filmes de ficção científica favoritos), arrancava
[6] gargalhadas do meu filho ontem à noite cada vez que Cage, moribundo ou apenas ferido, mas incapaz de
[7] continuar a missão, era sumariamente executado pela parceira – e assim o dia recomeçava, com uma nova
[8] chance de vencer os alienígenas.
[9] Mas o ciclo só funciona porque o personagem está contaminado de sangue alienígena e somente ele
[10] retém a memória de tudo o que aconteceu no dia de cada uma das suas (muitas) mortes anteriores. O contraste
[11] com os demais personagens, para quem o dia que recomeça é apenas mais um novo dia, é uma alegoria
[12] excelente do que nos dota de uma história pessoal: não apenas um cérebro, mas um cérebro com memória.
[13] É graças à capacidade de ser modificado de acordo com sua própria atividade, ao sabor dos acontecimentos,
[14] que o cérebro tem memória. Com a licença poética da ficção, o cérebro de todos, menos o de Cage,
[15] é restaurado ao seu estado de origem no dia que recomeça repetidas vezes. Cage, ao contrário, mantém a
[16] vantagem que todos nós temos na vida real: transportar o aprendizado do dia anterior para o dia seguinte.
[17] É por isso que recomeços, na vida real, são, em geral, muito mais bacanas e ricos do que na ficção.
[18] Muda-se para uma nova cidade, mas não se esquecem as lições aprendidas na anterior; troca-se de emprego,
[19] mas não se perdem todas as habilidades, manhas e truques desenvolvidos com a experiência passada; novas
[20] amizades são feitas, mas isso não torna as anteriores menos importantes ou queridas. Pelo contrário: as novas
[21] amizades se beneficiam de nossos erros e acertos do passado.
[22] Graças à memória, nossa bagagem só faz crescer ao longo da vida. Mesmo os acontecimentos ruins, as
[23] pessoas que não merecem lugar na memória, os dissabores têm seu valor, como marcos que nos dizem “evite
[24] que isso aconteça de novo”. Recomeçar, na vida real, é começar mais uma vez – e melhor.
*Texto publicado no jornal Folha de São Paulo, em 02 de agosto de 2016. Disponível em . Acesso em 02 set. 2016. Adaptação.
**Neurocientista.
Considerando a coesão sequencial e referencial no texto, assinale V nas afirmações verdadeiras e F nas falsas.
( ) O advérbio “assim” (linha 7) retoma o fato de que Cage, personagem do filme “No Limite do Amanhã”, era sumariamente executado pela parceira.
( ) O pronome “isso” (linha 17) refere-se, no texto, à vantagem de transportar o aprendizado do dia anterior para o dia seguinte.
( ) A sequência textual “novas amizades são feitas, mas isso não torna as anteriores menos importantes ou queridas” (linhas 19-20) poderia ser assim reescrita, mantendo-se a orientação argumentativa original: “embora novas amizades sejam feitas, isso não torna as anteriores menos importantes ou queridas”.
( ) A expressão “Graças à memória” (linha 22) poderia ser substituída por “Devido à memória” e expressa causalidade: memória (causa) → crescimento de nossa bagagem ao longo da vida (consequência).
A única sequência correta, de cima para baixo, é
Memória nos dá a chance de crescer com os erros e ter um futuro melhor*
Suzana Herculano-Houzel**
[1] Que tal ter uma chance de recomeçar um dia malfadado – especialmente se este for o dia em que
[2] você morre? No filme “No Limite do Amanhã”, que acabou ficando mais conhecido pelo subtítulo “Viva. Morra.
[3] Repita”, o recomeço a cada morte acontece com o personagem principal, major Cage, vivido por Tom Cruise,
[4] como efeito colateral de ter morrido coberto com o sangue do alienígena que ele acabara de explodir.
[5] O recurso, que torna o filme interessante (é um dos meus filmes de ficção científica favoritos), arrancava
[6] gargalhadas do meu filho ontem à noite cada vez que Cage, moribundo ou apenas ferido, mas incapaz de
[7] continuar a missão, era sumariamente executado pela parceira – e assim o dia recomeçava, com uma nova
[8] chance de vencer os alienígenas.
[9] Mas o ciclo só funciona porque o personagem está contaminado de sangue alienígena e somente ele
[10] retém a memória de tudo o que aconteceu no dia de cada uma das suas (muitas) mortes anteriores. O contraste
[11] com os demais personagens, para quem o dia que recomeça é apenas mais um novo dia, é uma alegoria
[12] excelente do que nos dota de uma história pessoal: não apenas um cérebro, mas um cérebro com memória.
[13] É graças à capacidade de ser modificado de acordo com sua própria atividade, ao sabor dos acontecimentos,
[14] que o cérebro tem memória. Com a licença poética da ficção, o cérebro de todos, menos o de Cage,
[15] é restaurado ao seu estado de origem no dia que recomeça repetidas vezes. Cage, ao contrário, mantém a
[16] vantagem que todos nós temos na vida real: transportar o aprendizado do dia anterior para o dia seguinte.
[17] É por isso que recomeços, na vida real, são, em geral, muito mais bacanas e ricos do que na ficção.
[18] Muda-se para uma nova cidade, mas não se esquecem as lições aprendidas na anterior; troca-se de emprego,
[19] mas não se perdem todas as habilidades, manhas e truques desenvolvidos com a experiência passada; novas
[20] amizades são feitas, mas isso não torna as anteriores menos importantes ou queridas. Pelo contrário: as novas
[21] amizades se beneficiam de nossos erros e acertos do passado.
[22] Graças à memória, nossa bagagem só faz crescer ao longo da vida. Mesmo os acontecimentos ruins, as
[23] pessoas que não merecem lugar na memória, os dissabores têm seu valor, como marcos que nos dizem “evite
[24] que isso aconteça de novo”. Recomeçar, na vida real, é começar mais uma vez – e melhor.
*Texto publicado no jornal Folha de São Paulo, em 02 de agosto de 2016. Disponível em . Acesso em 02 set. 2016. Adaptação.
**Neurocientista.
Considerando a estrutura e os processos de formação de palavras, assinale a única alternativa correta.