A imagem tem a composição clássica de uma pintura renascentista: a luminosa figura da madonna é o centro para o qual
todos os outros elementos do quadro convergem. A madonna, neste caso, não é “uma” madonna, mas “a” Madonna. E as
crianças não são anjos, mas meninos pobres do Maláui.
Divulgada há alguns dias pelas agências de notícias, a fotografia de Madonna cercada por crianças africanas é como
aqueles passatempos em que se procuram os sete erros em uma imagem. Há algo fora do lugar ali, embo ra não seja fácil
apontar as incoerências sem deter-se alguns minutos nos detalhes da foto.
Uma imagem não é apenas uma imagem, mas todo o repertório de informações prévias que evoca. Olhando Madonna
sentada no chão em um dos países mais pobres do mundo, é impossível não pensar em tudo o que sabemos sobre ela, sobre
celebridades, sobre filantropia. De alguma forma, todas essas informações vão sendo processadas em nosso cérebro até que
chegamos a um veredicto íntimo que nos faz: a) ficar indiferentes, b) desconfiar dos interesses por trás da foto, c) achar que
Madonna é uma pessoa bacana, d) ficar com pena das crianças pobres, e) pensar que também deveríamos estar
fazendo trabalho voluntário.
Não sendo uma pessoa de natureza cínica, daquelas que vê intenções ocultas por trás de qualquer gesto de generosidade
aparentemente desinteressado, fiquei incomodada com essa fotografia. Há algo naquela roupa branca, naqueles joelhos
dobrados sobre a terra escura, no olhar indiferente das crianças em contraste com o olhar estudado da visitante, nas risadas
dos adultos no fundo da foto, na gratuidade do gesto de sentar-se em meio a crianças sem interagir com elas, que grita para o
espectador: “Oi, você sabe quem eu sou e agora sabe também que sou tão legal, que nem me importo de estar aqui sujando a
minha calça branca”.
Celebridades usam o trabalho voluntário como uma espécie de Omo Total da imagem pública. Não há nada que limpe uma
barra e tenha um efeito tão imediato quanto uma boa fotografia de um astro sujando os sapatos na terra escura do mundo real.
Por outro lado, não há divulgação mais eficiente para uma causa humanitária do que associá-la a uma celebridade. É um toma
lá dá cá que pode, sim, beneficiar ambos os lados – e é preciso ser pragmático com relação a isso.
Mas para que a imagem de uma pessoa comprometida com causas sociais se consolide, como nos casos de Audrey
Hepburn, Lady Di e agora Angelina Jolie, não basta uma viagem ao Haiti e um sorriso. É preciso persistência e consistência,
qualidades que nem todos os samaritanos de ocasião conseguem desenvolver – o que me parece ser o caso de Madonna.
No Brasil, que está longe de ter uma cultura de trabalho voluntário regular e organizada, as empresas mais antenadas
começam a dar importância a esse tipo de experiência na hora de contratar funcionários. É um outro tipo de toma lá dá cá – e
pode ajudar o país a começar a usar o seu enorme potencial de solidariedade de forma mais sistemática.
E mesmo isso pode ser produto, em parte, da visibilidade que as celebridades vêm dando ao trabalho voluntário. De
coração ou não.
LAITANO, Cláudia. Madonna e os meninos, Zero Hora, Porto Alegre, 13 abr. 2013. Segundo Caderno.
Assinale a alternativa correta acerca do elenco de ideias apresentado nas linhas 10 a 12.
A imagem tem a composição clássica de uma pintura renascentista: a luminosa figura da madonna é o centro para o qual
todos os outros elementos do quadro convergem. A madonna, neste caso, não é “uma” madonna, mas “a” Madonna. E as
crianças não são anjos, mas meninos pobres do Maláui.
Divulgada há alguns dias pelas agências de notícias, a fotografia de Madonna cercada por crianças africanas é como
aqueles passatempos em que se procuram os sete erros em uma imagem. Há algo fora do lugar ali, embo ra não seja fácil
apontar as incoerências sem deter-se alguns minutos nos detalhes da foto.
Uma imagem não é apenas uma imagem, mas todo o repertório de informações prévias que evoca. Olhando Madonna
sentada no chão em um dos países mais pobres do mundo, é impossível não pensar em tudo o que sabemos sobre ela, sobre
celebridades, sobre filantropia. De alguma forma, todas essas informações vão sendo processadas em nosso cérebro até que
chegamos a um veredicto íntimo que nos faz: a) ficar indiferentes, b) desconfiar dos interesses por trás da foto, c) achar que
Madonna é uma pessoa bacana, d) ficar com pena das crianças pobres, e) pensar que também deveríamos estar
fazendo trabalho voluntário.
Não sendo uma pessoa de natureza cínica, daquelas que vê intenções ocultas por trás de qualquer gesto de generosidade
aparentemente desinteressado, fiquei incomodada com essa fotografia. Há algo naquela roupa branca, naqueles joelhos
dobrados sobre a terra escura, no olhar indiferente das crianças em contraste com o olhar estudado da visitante, nas risadas
dos adultos no fundo da foto, na gratuidade do gesto de sentar-se em meio a crianças sem interagir com elas, que grita para o
espectador: “Oi, você sabe quem eu sou e agora sabe também que sou tão legal, que nem me importo de estar aqui sujando a
minha calça branca”.
Celebridades usam o trabalho voluntário como uma espécie de Omo Total da imagem pública. Não há nada que limpe uma
barra e tenha um efeito tão imediato quanto uma boa fotografia de um astro sujando os sapatos na terra escura do mundo real.
Por outro lado, não há divulgação mais eficiente para uma causa humanitária do que associá-la a uma celebridade. É um toma
lá dá cá que pode, sim, beneficiar ambos os lados – e é preciso ser pragmático com relação a isso.
Mas para que a imagem de uma pessoa comprometida com causas sociais se consolide, como nos casos de Audrey
Hepburn, Lady Di e agora Angelina Jolie, não basta uma viagem ao Haiti e um sorriso. É preciso persistência e consistência,
qualidades que nem todos os samaritanos de ocasião conseguem desenvolver – o que me parece ser o caso de Madonna.
No Brasil, que está longe de ter uma cultura de trabalho voluntário regular e organizada, as empresas mais antenadas
começam a dar importância a esse tipo de experiência na hora de contratar funcionários. É um outro tipo de toma lá dá cá – e
pode ajudar o país a começar a usar o seu enorme potencial de solidariedade de forma mais sistemática.
E mesmo isso pode ser produto, em parte, da visibilidade que as celebridades vêm dando ao trabalho voluntário. De
coração ou não.
LAITANO, Cláudia. Madonna e os meninos, Zero Hora, Porto Alegre, 13 abr. 2013. Segundo Caderno.
Considere as seguintes afirmações:
I. O texto é uma notícia, pois relata um fato de forma a levar o leitor a posicionar-se a respeito dele.
II. No texto, a figura de Madonna representa um estereótipo do comportamento humano, uma vez que retrata padrões existentes entre celebridades.
III. O texto apresenta a análise de um fato a partir da explicitação de um ponto de vista.
Está correto o que se afirma em:
A imagem tem a composição clássica de uma pintura renascentista: a luminosa figura da madonna é o centro para o qual
todos os outros elementos do quadro convergem. A madonna, neste caso, não é “uma” madonna, mas “a” Madonna. E as
crianças não são anjos, mas meninos pobres do Maláui.
Divulgada há alguns dias pelas agências de notícias, a fotografia de Madonna cercada por crianças africanas é como
aqueles passatempos em que se procuram os sete erros em uma imagem. Há algo fora do lugar ali, embo ra não seja fácil
apontar as incoerências sem deter-se alguns minutos nos detalhes da foto.
Uma imagem não é apenas uma imagem, mas todo o repertório de informações prévias que evoca. Olhando Madonna
sentada no chão em um dos países mais pobres do mundo, é impossível não pensar em tudo o que sabemos sobre ela, sobre
celebridades, sobre filantropia. De alguma forma, todas essas informações vão sendo processadas em nosso cérebro até que
chegamos a um veredicto íntimo que nos faz: a) ficar indiferentes, b) desconfiar dos interesses por trás da foto, c) achar que
Madonna é uma pessoa bacana, d) ficar com pena das crianças pobres, e) pensar que também deveríamos estar
fazendo trabalho voluntário.
Não sendo uma pessoa de natureza cínica, daquelas que vê intenções ocultas por trás de qualquer gesto de generosidade
aparentemente desinteressado, fiquei incomodada com essa fotografia. Há algo naquela roupa branca, naqueles joelhos
dobrados sobre a terra escura, no olhar indiferente das crianças em contraste com o olhar estudado da visitante, nas risadas
dos adultos no fundo da foto, na gratuidade do gesto de sentar-se em meio a crianças sem interagir com elas, que grita para o
espectador: “Oi, você sabe quem eu sou e agora sabe também que sou tão legal, que nem me importo de estar aqui sujando a
minha calça branca”.
Celebridades usam o trabalho voluntário como uma espécie de Omo Total da imagem pública. Não há nada que limpe uma
barra e tenha um efeito tão imediato quanto uma boa fotografia de um astro sujando os sapatos na terra escura do mundo real.
Por outro lado, não há divulgação mais eficiente para uma causa humanitária do que associá-la a uma celebridade. É um toma
lá dá cá que pode, sim, beneficiar ambos os lados – e é preciso ser pragmático com relação a isso.
Mas para que a imagem de uma pessoa comprometida com causas sociais se consolide, como nos casos de Audrey
Hepburn, Lady Di e agora Angelina Jolie, não basta uma viagem ao Haiti e um sorriso. É preciso persistência e consistência,
qualidades que nem todos os samaritanos de ocasião conseguem desenvolver – o que me parece ser o caso de Madonna.
No Brasil, que está longe de ter uma cultura de trabalho voluntário regular e organizada, as empresas mais antenadas
começam a dar importância a esse tipo de experiência na hora de contratar funcionários. É um outro tipo de toma lá dá cá – e
pode ajudar o país a começar a usar o seu enorme potencial de solidariedade de forma mais sistemática.
E mesmo isso pode ser produto, em parte, da visibilidade que as celebridades vêm dando ao trabalho voluntário. De
coração ou não.
LAITANO, Cláudia. Madonna e os meninos, Zero Hora, Porto Alegre, 13 abr. 2013. Segundo Caderno.
Sobre o segmento “Há algo naquela roupa branca, naqueles joelhos dobrados sobre a terra escura, no olhar indiferente das crianças em contraste com o olhar estudado da visitante, nas risadas dos adultos no fundo da foto, na gratuidade do gesto de sentar-se em meio a crianças sem interagir com elas” (linhas 14 a 16), é correto afirmar que:
A imagem tem a composição clássica de uma pintura renascentista: a luminosa figura da madonna é o centro para o qual
todos os outros elementos do quadro convergem. A madonna, neste caso, não é “uma” madonna, mas “a” Madonna. E as
crianças não são anjos, mas meninos pobres do Maláui.
Divulgada há alguns dias pelas agências de notícias, a fotografia de Madonna cercada por crianças africanas é como
aqueles passatempos em que se procuram os sete erros em uma imagem. Há algo fora do lugar ali, embo ra não seja fácil
apontar as incoerências sem deter-se alguns minutos nos detalhes da foto.
Uma imagem não é apenas uma imagem, mas todo o repertório de informações prévias que evoca. Olhando Madonna
sentada no chão em um dos países mais pobres do mundo, é impossível não pensar em tudo o que sabemos sobre ela, sobre
celebridades, sobre filantropia. De alguma forma, todas essas informações vão sendo processadas em nosso cérebro até que
chegamos a um veredicto íntimo que nos faz: a) ficar indiferentes, b) desconfiar dos interesses por trás da foto, c) achar que
Madonna é uma pessoa bacana, d) ficar com pena das crianças pobres, e) pensar que também deveríamos estar
fazendo trabalho voluntário.
Não sendo uma pessoa de natureza cínica, daquelas que vê intenções ocultas por trás de qualquer gesto de generosidade
aparentemente desinteressado, fiquei incomodada com essa fotografia. Há algo naquela roupa branca, naqueles joelhos
dobrados sobre a terra escura, no olhar indiferente das crianças em contraste com o olhar estudado da visitante, nas risadas
dos adultos no fundo da foto, na gratuidade do gesto de sentar-se em meio a crianças sem interagir com elas, que grita para o
espectador: “Oi, você sabe quem eu sou e agora sabe também que sou tão legal, que nem me importo de estar aqui sujando a
minha calça branca”.
Celebridades usam o trabalho voluntário como uma espécie de Omo Total da imagem pública. Não há nada que limpe uma
barra e tenha um efeito tão imediato quanto uma boa fotografia de um astro sujando os sapatos na terra escura do mundo real.
Por outro lado, não há divulgação mais eficiente para uma causa humanitária do que associá-la a uma celebridade. É um toma
lá dá cá que pode, sim, beneficiar ambos os lados – e é preciso ser pragmático com relação a isso.
Mas para que a imagem de uma pessoa comprometida com causas sociais se consolide, como nos casos de Audrey
Hepburn, Lady Di e agora Angelina Jolie, não basta uma viagem ao Haiti e um sorriso. É preciso persistência e consistência,
qualidades que nem todos os samaritanos de ocasião conseguem desenvolver – o que me parece ser o caso de Madonna.
No Brasil, que está longe de ter uma cultura de trabalho voluntário regular e organizada, as empresas mais antenadas
começam a dar importância a esse tipo de experiência na hora de contratar funcionários. É um outro tipo de toma lá dá cá – e
pode ajudar o país a começar a usar o seu enorme potencial de solidariedade de forma mais sistemática.
E mesmo isso pode ser produto, em parte, da visibilidade que as celebridades vêm dando ao trabalho voluntário. De
coração ou não.
LAITANO, Cláudia. Madonna e os meninos, Zero Hora, Porto Alegre, 13 abr. 2013. Segundo Caderno.
Em relação aos recursos do texto, assinale a única alternativa incorreta.
A imagem tem a composição clássica de uma pintura renascentista: a luminosa figura da madonna é o centro para o qual
todos os outros elementos do quadro convergem. A madonna, neste caso, não é “uma” madonna, mas “a” Madonna. E as
crianças não são anjos, mas meninos pobres do Maláui.
Divulgada há alguns dias pelas agências de notícias, a fotografia de Madonna cercada por crianças africanas é como
aqueles passatempos em que se procuram os sete erros em uma imagem. Há algo fora do lugar ali, embo ra não seja fácil
apontar as incoerências sem deter-se alguns minutos nos detalhes da foto.
Uma imagem não é apenas uma imagem, mas todo o repertório de informações prévias que evoca. Olhando Madonna
sentada no chão em um dos países mais pobres do mundo, é impossível não pensar em tudo o que sabemos sobre ela, sobre
celebridades, sobre filantropia. De alguma forma, todas essas informações vão sendo processadas em nosso cérebro até que
chegamos a um veredicto íntimo que nos faz: a) ficar indiferentes, b) desconfiar dos interesses por trás da foto, c) achar que
Madonna é uma pessoa bacana, d) ficar com pena das crianças pobres, e) pensar que também deveríamos estar
fazendo trabalho voluntário.
Não sendo uma pessoa de natureza cínica, daquelas que vê intenções ocultas por trás de qualquer gesto de generosidade
aparentemente desinteressado, fiquei incomodada com essa fotografia. Há algo naquela roupa branca, naqueles joelhos
dobrados sobre a terra escura, no olhar indiferente das crianças em contraste com o olhar estudado da visitante, nas risadas
dos adultos no fundo da foto, na gratuidade do gesto de sentar-se em meio a crianças sem interagir com elas, que grita para o
espectador: “Oi, você sabe quem eu sou e agora sabe também que sou tão legal, que nem me importo de estar aqui sujando a
minha calça branca”.
Celebridades usam o trabalho voluntário como uma espécie de Omo Total da imagem pública. Não há nada que limpe uma
barra e tenha um efeito tão imediato quanto uma boa fotografia de um astro sujando os sapatos na terra escura do mundo real.
Por outro lado, não há divulgação mais eficiente para uma causa humanitária do que associá-la a uma celebridade. É um toma
lá dá cá que pode, sim, beneficiar ambos os lados – e é preciso ser pragmático com relação a isso.
Mas para que a imagem de uma pessoa comprometida com causas sociais se consolide, como nos casos de Audrey
Hepburn, Lady Di e agora Angelina Jolie, não basta uma viagem ao Haiti e um sorriso. É preciso persistência e consistência,
qualidades que nem todos os samaritanos de ocasião conseguem desenvolver – o que me parece ser o caso de Madonna.
No Brasil, que está longe de ter uma cultura de trabalho voluntário regular e organizada, as empresas mais antenadas
começam a dar importância a esse tipo de experiência na hora de contratar funcionários. É um outro tipo de toma lá dá cá – e
pode ajudar o país a começar a usar o seu enorme potencial de solidariedade de forma mais sistemática.
E mesmo isso pode ser produto, em parte, da visibilidade que as celebridades vêm dando ao trabalho voluntário. De
coração ou não.
LAITANO, Cláudia. Madonna e os meninos, Zero Hora, Porto Alegre, 13 abr. 2013. Segundo Caderno.
Assinale a única afirmação correta acerca dos recursos linguísticos do primeiro parágrafo do texto.
A imagem tem a composição clássica de uma pintura renascentista: a luminosa figura da madonna é o centro para o qual
todos os outros elementos do quadro convergem. A madonna, neste caso, não é “uma” madonna, mas “a” Madonna. E as
crianças não são anjos, mas meninos pobres do Maláui.
Divulgada há alguns dias pelas agências de notícias, a fotografia de Madonna cercada por crianças africanas é como
aqueles passatempos em que se procuram os sete erros em uma imagem. Há algo fora do lugar ali, embo ra não seja fácil
apontar as incoerências sem deter-se alguns minutos nos detalhes da foto.
Uma imagem não é apenas uma imagem, mas todo o repertório de informações prévias que evoca. Olhando Madonna
sentada no chão em um dos países mais pobres do mundo, é impossível não pensar em tudo o que sabemos sobre ela, sobre
celebridades, sobre filantropia. De alguma forma, todas essas informações vão sendo processadas em nosso cérebro até que
chegamos a um veredicto íntimo que nos faz: a) ficar indiferentes, b) desconfiar dos interesses por trás da foto, c) achar que
Madonna é uma pessoa bacana, d) ficar com pena das crianças pobres, e) pensar que também deveríamos estar
fazendo trabalho voluntário.
Não sendo uma pessoa de natureza cínica, daquelas que vê intenções ocultas por trás de qualquer gesto de generosidade
aparentemente desinteressado, fiquei incomodada com essa fotografia. Há algo naquela roupa branca, naqueles joelhos
dobrados sobre a terra escura, no olhar indiferente das crianças em contraste com o olhar estudado da visitante, nas risadas
dos adultos no fundo da foto, na gratuidade do gesto de sentar-se em meio a crianças sem interagir com elas, que grita para o
espectador: “Oi, você sabe quem eu sou e agora sabe também que sou tão legal, que nem me importo de estar aqui sujando a
minha calça branca”.
Celebridades usam o trabalho voluntário como uma espécie de Omo Total da imagem pública. Não há nada que limpe uma
barra e tenha um efeito tão imediato quanto uma boa fotografia de um astro sujando os sapatos na terra escura do mundo real.
Por outro lado, não há divulgação mais eficiente para uma causa humanitária do que associá-la a uma celebridade. É um toma
lá dá cá que pode, sim, beneficiar ambos os lados – e é preciso ser pragmático com relação a isso.
Mas para que a imagem de uma pessoa comprometida com causas sociais se consolide, como nos casos de Audrey
Hepburn, Lady Di e agora Angelina Jolie, não basta uma viagem ao Haiti e um sorriso. É preciso persistência e consistência,
qualidades que nem todos os samaritanos de ocasião conseguem desenvolver – o que me parece ser o caso de Madonna.
No Brasil, que está longe de ter uma cultura de trabalho voluntário regular e organizada, as empresas mais antenadas
começam a dar importância a esse tipo de experiência na hora de contratar funcionários. É um outro tipo de toma lá dá cá – e
pode ajudar o país a começar a usar o seu enorme potencial de solidariedade de forma mais sistemática.
E mesmo isso pode ser produto, em parte, da visibilidade que as celebridades vêm dando ao trabalho voluntário. De
coração ou não.
LAITANO, Cláudia. Madonna e os meninos, Zero Hora, Porto Alegre, 13 abr. 2013. Segundo Caderno.
Releia os seguintes excertos do texto e avalie as afirmações I e II.
É impossível não pensar em tudo o que sabemos sobre ela (linha 8). Fiquei incomodada com essa fotografia (linha 14).
I. A flutuação entre o uso da primeira pessoa do singular e da primeira do plural é comum em textos desse gêneroPORQUE REVELA
II. ocorrência do discurso indireto livre, forma de expressão que aproxima leitor e personagem, veiculando a impressão de que falam em uníssono.
A respeito das afirmações I e II, assinale a opção correta: