O Deus de cada homem
Quando digo “meu Deus”,
afirmo a propriedade.
Há mil deuses pessoais
em nichos da cidade.
Quando digo “meu Deus”,
crio cumplicidade.
Mais fraco, sou mais forte
do que a desirmandade.
Quando digo “meu Deus”,
grito minha orfandade.
O rei que me ofereço
rouba-me a liberdade.
Quando digo “meu Deus”,
choro minha ansiedade.
Não sei que fazer dele
na microeternidade.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O Deus de cada homem. Disponível em: http://blogs.ibahia.com/a/blogs/portugues. Acesso em: nov. 2019.
Em “Mais fraco, sou mais forte / do que a desirmandade.”, percebem-se as figuras de linguagem denominadas de
Não é uma tarefa simples, do ponto de vista teórico, a assimilação da perspectiva da radical diversidade humana, não apenas no terreno biológico, mas, sobretudo, em termos dos projetos pessoais de existência. Tal infinita diversidade, no entanto, não pressupõe uma necessária relação de ordem, ou uma hierarquia entre equivalências, como a muitos, muitas vezes, parece natural.
De fato, cada ser humano pode ser caracterizado por um amplo espectro de habilidades, de interesses, de competências, frequentemente associados à ideia de uma inteligência individual, diretamente associada à capacidade de ter vontades, de estabelecer metas, de criar, de sonhar, de ter projetos. Distintos indivíduos constituem-se como diferentes espectros, a serviço de diferentes projetos de vida, e em múltiplos sentidos tais espectros são incomparáveis: é impossível estruturá-los em uma relação de ordem, distinguindo o melhor, o pior, ou estabelecendo uma hierarquia de valores.
Em termos coletivos, portanto, a diversidade é a regra, e a norma é saber lidar com as diferenças, tanto individuais quanto entre grupos. Toda hierarquização resulta de uma redução no espectro de valores, de uma simplificação que deve ser interpretada dentro de seus limites instituintes. É possível classificar e ordenar diferentes indivíduos quanto à altura, ao peso, ao pendor ou ao interesse por disciplinas específicas, mas nunca globalmente, enquanto seres humanos, enquanto pessoas dotadas de vontades, de projetos. Toda classificação ou ordenação serve apenas a finalidades muito específicas, não podendo extrapolar os limites dos objetivos tópicos que a determinaram, nunca devendo servir para legitimar o tratamento dos próprios indivíduos como objetos, ou para determinar a natureza ou a amplitude de seus projetos.
MACHADO, Nílson José. Sobre a Ideia de Tolerância. Disponível em: www.iea.usp.br/publicacoes/textos. Acesso em: nov. 2019. Adaptado.
Considerando-se os aspectos linguísticos do texto, é correto afirmar:
Sob o olhar filosófico, técnica e tecnologia podem ser consideradas como inerentes à vida humana em sociedade. Historicamente, identifica-se tecnologia como saberes que derivaram de técnicas utilizadas pelos seres humanos para sua sobrevivência frente a fenômenos da natureza. Tornou-se comum a utilização do termo tecnociência, que bem expressa essa relação íntima entre ciência e tecnologia. Técnica, no sentido geral do termo, compreende um conjunto de regras apropriadas a dirigir eficazmente uma determinada atividade.
As tecnologias de atenção à saúde incluem medicamentos, equipamentos, procedimentos técnicos, sistemas organizacionais, educacionais e de suporte, programas e protocolos assistenciais, por meio dos quais a atenção e os cuidados com a saúde são prestados à população. As tecnologias em saúde podem ser estudadas em uma perspectiva histórica identificando os conhecimentos, explicações e técnicas utilizadas nos diversos momentos históricos, desde os primórdios da humanidade até a atualidade.
Toda forma de intervenção ou tecnologia de atenção sempre esteve vinculada a uma explicação sobre as doenças, suas causas e efeitos. Assim, a doença foi associada a causas sobrenaturais, a desequilíbrios de funcionamento e de humores do corpo e a influências das condições climáticas e atmosféricas, com ênfase na capacidade curativa da natureza, associada à alimentação. Indubitavelmente, tornou-se dominante a ideia de doença como disfunção de uma parte, órgão ou sistema do corpo, de origem mono ou multicausal, que fez desenvolver-se um olhar para o indivíduo (para a parte afetada de seu corpo), para o diagnóstico e o tratamento do “mal”, utilizando o hospital como espaço assistencial privilegiado. O hospital e as clínicas são o cenário dos grandes avanços da ciência normal da modernidade, onde são utilizadas técnicas e tecnologias cada vez mais sofisticadas tanto no diagnóstico quanto no tratamento das enfermidades.
Desenvolveu-se uma cultura que vincula satisfação, segurança, dignidade e qualidade de vida ao acesso às tecnologias modernas e ao “novo” (inovação) de cada dia. A necessidade de consumo do “novo” atinge os mais variados bens, desde um medicamento, um automóvel ou o último tipo de televisão. No entanto, não são questionadas as condições de acesso ou a brutal desigualdade no usufruto de bens socialmente produzidos.
Os benefícios proporcionados pelo desenvolvimento tecnológico são muitos e sobre isso parece haver consenso. Não apenas a capacidade técnica tornou os humanos a espécie dominante no planeta, como também o estágio da técnica/tecnologia passou a condicionar a existência humana nos seus diversos momentos, inclusive, na dimensão da subjetividade.
Com o capitalismo, a técnica/tecnologia desloca-se do seu valor de uso e torna-se mercadoria, ganha identidade, desvincula-se do seu fim imediato e de determinado ou específico contexto sociocultural.
LORENZETTI, Jorge et al. Tecnologia, inovação, tecnológica e saúde: uma reflexão necessária. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf. Acesso em: nov. 2019. Adaptado.
Quanto aos recursos linguísticos que compõem o texto, é correto afirmar:
CABRAL, Ivan. Charge. Disponível em: https://www.eosconsultores.com.br. Acesso em: nov. 2019.
O objetivo principal desse texto é, usando a figura do médico,
CABRAL, Ivan. Charge. Disponível em: https://www.eosconsultores.com.br. Acesso em: nov. 2019.
Os termos em destaque, presentes nas falas das personagens, são classificados como