Instrução: Leia o trecho inicial de Quincas Borba, de Machado de Assis, para responder à questão.
Rubião fitava a enseada - eram oito horas da manhã. Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em outra coisa. Cotejava o passado com o presente. Que era há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista. Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade.
“Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas”, pensa ele. Se mana Piedade tem casado com Quincas Borba, apenas me daria uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e aqui está tudo comigo; de modo que o que parecia uma desgraça...
Que abismo que há entre o espírito e o coração! O espírito do ex-professor, vexado daquele pensamento, arrepiou caminho, buscou outro assunto, uma canoa que ia passando; o coração, porém, deixou-se estar a bater de alegria. Que lhe importa a canoa nem o canoeiro, que os olhos de Rubião acompanham, arregalados? Ele, coração, vai dizendo que, uma vez que a mana Piedade tinha de morrer, foi bom que não se casasse; podia vir um filho ou uma filha... – Bonita canoa! – Antes assim! – Como obedece bem aos remos do homem! – O certo é que eles estão no céu!
(Machado de Assis. Quincas Borba, 1997.)
Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu.
Do ponto de vista sintático, é possível dizer que o trecho
Instrução: Leia o texto para responder à questão.
O Amazonas das musas e dos poetas esquecidos
Sem sombra de dúvida, o Amazonas possui um dos mais talentosos grupos de poetas do Brasil. Alguém já havia dito que, historicamente, sempre tivemos uma tendência à poesia, não importando, num primeiro momento, se era boa ou ruim.
Os mais destacados poetas amazonenses são justamente os que romperam a fronteira do regionalismo literário e construíram uma poesia afinada com o seu tempo, passando ao largo dos adoradores de gramática. Aos novos pesquisadores, uma tarefa torna-se imprescindível: revisar criticamente nossa historiografia, quase sempre regionalista e centrada na região Sudeste do país. As outras regiões figuram em muitos estudos como nota de rodapé e, quando muito, em um parágrafo à parte. Com as exceções de praxe, claro.
(Márcio Braz. www.emtempo.com.br. Adaptado.)
No primeiro parágrafo, os verbos apresentam-se no presente e no pretérito. Para substituir o tempo composto havia dito por tempo simples, mantendo a adequada correlação dos tempos verbais, a forma a ser empregada deve ser:
Instrução: Leia o texto para responder à questão.
O Amazonas das musas e dos poetas esquecidos
Sem sombra de dúvida, o Amazonas possui um dos mais talentosos grupos de poetas do Brasil. Alguém já havia dito que, historicamente, sempre tivemos uma tendência à poesia, não importando, num primeiro momento, se era boa ou ruim.
Os mais destacados poetas amazonenses são justamente os que romperam a fronteira do regionalismo literário e construíram uma poesia afinada com o seu tempo, passando ao largo dos adoradores de gramática. Aos novos pesquisadores, uma tarefa torna-se imprescindível: revisar criticamente nossa historiografia, quase sempre regionalista e centrada na região Sudeste do país. As outras regiões figuram em muitos estudos como nota de rodapé e, quando muito, em um parágrafo à parte. Com as exceções de praxe, claro.
(Márcio Braz. www.emtempo.com.br. Adaptado.)
Aos novos pesquisadores, uma tarefa torna-se imprescindível: revisar criticamente nossa historiografia, quase sempre regionalista e centrada na região Sudeste do país.
A alternativa que reescreve a primeira parte da frase na ordem direta é:
Instrução: Leia um fragmento de O Cortiço, para responder à questão.
Jerônimo levantou-se, quase que maquinalmente, e seguido por Piedade, aproximou-se da grande roda que se formara em torno dos dois mulatos. Aí, de queixo grudado às costas das mãos contra uma cerca de jardim, permaneceu, sem tugir nem mugir, entregue de corpo e alma àquela cantiga sedutora e voluptuosa que o enleava e tolhia, como à robusta gameleira brava o cipó flexível, carinhoso e traiçoeiro.
E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus, para dançar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua coma de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher.
[...]
O chorado arrastava-os a todos, despoticamente, desesperando aos que não sabiam dançar. Mas, ninguém como a Rita; só ela, só aquele demônio, tinha o mágico segredo daqueles movimentos de cobra amaldiçoada; aqueles requebros que não podiam ser sem o cheiro que a mulata soltava de si e sem aquela voz doce, quebrada, harmoniosa, arrogante, meiga e suplicante.
E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.
(Aluísio Azevedo. O Cortiço. www.dominiopublico.gov.br.)
Jerônimo levantou-se, quase que maquinalmente, e seguido por Piedade, aproximou-se da grande roda que se formara em torno dos dois mulatos.
Na última oração do período, o pronome relativo que desempenha a função sintática de