Adeus ao “em off”
Martha Medeiros
Antes de o ano de 2010 terminar, mais um fato explosivo: o vazamento de
informações confidenciais pelo site WikiLeaks, comprometendo as relações
diplomáticas de diversos países, causando muitas saias justas, inclusive no Brasil. Não
tenho opinião sacramentada sobre o assunto. Um lado meu concorda que informações
[5] de trincheira devam vir a público, já que o que é tramado por organizações
governamentais interessa a todos. Mas admito que há aí um certo idealismo, pois
dificilmente conseguiremos destituir o poder do “em off” no universo cavernoso da
política. Já, aqui fora, o “em off” desapareceu de vez.
Outro dia, assisti a uma reportagem sobre a invenção de uma touca de eletrodos
[10] que, ao ser colocada na cabeça, emite sinais ao cérebro do usuário, possibilitando que
ele acione comandos através da força do pensamento. Aposto: num piscar de olhos, será
patenteado e vendido nas Americanas. E não vai parar aí: pesquisas avançam e logo será
possível ler os pensamentos de outras pessoas. Nada me parece mais invasivo.
Considero um atrevimento até para com os criminosos. O pensamento é o único reduto
[15] de liberdade e privacidade que nos resta. O dia em que pudermos ler os pensamentos
uns dos outros, acabou-se todo o mistério da vida.
O mercado de trabalho dos detetives não deve estar fácil. Quem precisa contratar
os serviços de um profissional em plena era do Facebook e do Twiter? Ninguém faz
mais nada escondido. E, se fizer, câmeras estão filmando a criatura desde o momento
[20] em que ela sai pela porta da casa, entra no elevador, cruza a garagem do prédio, circula
pelas ruas e chega ao escritório, sem falar na fiscalização dentro dos bancos,
restaurantes, boates, lojas, agências lotéricas e igrejas. Igrejas, sim, não duvido.
Além disso, você pode ser filmado enquanto faz sexo e pode ser fotografado por
algum celular enquanto tem um ataque epilético na rua. Vai tudo pro YouTube. Todos
[25] sabem o que você fez no verão passado e no minuto que passou também.
Ninguém mais consegue dar uma sumida. Não existem mais portas, não existem
mais paredes. Alguém sabe exatamente onde você está, com quem e em que está
pensando. Se não sabe, você mesmo irá contar.
Julian Assange, o criador do site WikiLeaks, justifica a revelação de documentos
[30] confidenciais com o argumento de que tem “aversão a segredos”. É uma frase que
parece heroica, mas me apavora. Tudo agora é rastreável: não existe mais o secreto, o
particular, o reservado. Estamos dando adeus à matéria-prima da poesia, do sentimento,
da introspecção, do delírio e da liberdade. Optamos por viver todos atados uns nos
outros – curiosamente, com tecnologia wireless.
Fonte: Jornal Zero Hora, 8 de dezembro de 2010.
Quanto à estrutura, a autora, na organização do texto,
Adeus ao “em off”
Martha Medeiros
Antes de o ano de 2010 terminar, mais um fato explosivo: o vazamento de
informações confidenciais pelo site WikiLeaks, comprometendo as relações
diplomáticas de diversos países, causando muitas saias justas, inclusive no Brasil. Não
tenho opinião sacramentada sobre o assunto. Um lado meu concorda que informações
[5] de trincheira devam vir a público, já que o que é tramado por organizações
governamentais interessa a todos. Mas admito que há aí um certo idealismo, pois
dificilmente conseguiremos destituir o poder do “em off” no universo cavernoso da
política. Já, aqui fora, o “em off” desapareceu de vez.
Outro dia, assisti a uma reportagem sobre a invenção de uma touca de eletrodos
[10] que, ao ser colocada na cabeça, emite sinais ao cérebro do usuário, possibilitando que
ele acione comandos através da força do pensamento. Aposto: num piscar de olhos, será
patenteado e vendido nas Americanas. E não vai parar aí: pesquisas avançam e logo será
possível ler os pensamentos de outras pessoas. Nada me parece mais invasivo.
Considero um atrevimento até para com os criminosos. O pensamento é o único reduto
[15] de liberdade e privacidade que nos resta. O dia em que pudermos ler os pensamentos
uns dos outros, acabou-se todo o mistério da vida.
O mercado de trabalho dos detetives não deve estar fácil. Quem precisa contratar
os serviços de um profissional em plena era do Facebook e do Twiter? Ninguém faz
mais nada escondido. E, se fizer, câmeras estão filmando a criatura desde o momento
[20] em que ela sai pela porta da casa, entra no elevador, cruza a garagem do prédio, circula
pelas ruas e chega ao escritório, sem falar na fiscalização dentro dos bancos,
restaurantes, boates, lojas, agências lotéricas e igrejas. Igrejas, sim, não duvido.
Além disso, você pode ser filmado enquanto faz sexo e pode ser fotografado por
algum celular enquanto tem um ataque epilético na rua. Vai tudo pro YouTube. Todos
[25] sabem o que você fez no verão passado e no minuto que passou também.
Ninguém mais consegue dar uma sumida. Não existem mais portas, não existem
mais paredes. Alguém sabe exatamente onde você está, com quem e em que está
pensando. Se não sabe, você mesmo irá contar.
Julian Assange, o criador do site WikiLeaks, justifica a revelação de documentos
[30] confidenciais com o argumento de que tem “aversão a segredos”. É uma frase que
parece heroica, mas me apavora. Tudo agora é rastreável: não existe mais o secreto, o
particular, o reservado. Estamos dando adeus à matéria-prima da poesia, do sentimento,
da introspecção, do delírio e da liberdade. Optamos por viver todos atados uns nos
outros – curiosamente, com tecnologia wireless.
Fonte: Jornal Zero Hora, 8 de dezembro de 2010.
Considerando a forma e a função do texto, é correto afirmar que
Adeus ao “em off”
Martha Medeiros
Antes de o ano de 2010 terminar, mais um fato explosivo: o vazamento de
informações confidenciais pelo site WikiLeaks, comprometendo as relações
diplomáticas de diversos países, causando muitas saias justas, inclusive no Brasil. Não
tenho opinião sacramentada sobre o assunto. Um lado meu concorda que informações
[5] de trincheira devam vir a público, já que o que é tramado por organizações
governamentais interessa a todos. Mas admito que há aí um certo idealismo, pois
dificilmente conseguiremos destituir o poder do “em off” no universo cavernoso da
política. Já, aqui fora, o “em off” desapareceu de vez.
Outro dia, assisti a uma reportagem sobre a invenção de uma touca de eletrodos
[10] que, ao ser colocada na cabeça, emite sinais ao cérebro do usuário, possibilitando que
ele acione comandos através da força do pensamento. Aposto: num piscar de olhos, será
patenteado e vendido nas Americanas. E não vai parar aí: pesquisas avançam e logo será
possível ler os pensamentos de outras pessoas. Nada me parece mais invasivo.
Considero um atrevimento até para com os criminosos. O pensamento é o único reduto
[15] de liberdade e privacidade que nos resta. O dia em que pudermos ler os pensamentos
uns dos outros, acabou-se todo o mistério da vida.
O mercado de trabalho dos detetives não deve estar fácil. Quem precisa contratar
os serviços de um profissional em plena era do Facebook e do Twiter? Ninguém faz
mais nada escondido. E, se fizer, câmeras estão filmando a criatura desde o momento
[20] em que ela sai pela porta da casa, entra no elevador, cruza a garagem do prédio, circula
pelas ruas e chega ao escritório, sem falar na fiscalização dentro dos bancos,
restaurantes, boates, lojas, agências lotéricas e igrejas. Igrejas, sim, não duvido.
Além disso, você pode ser filmado enquanto faz sexo e pode ser fotografado por
algum celular enquanto tem um ataque epilético na rua. Vai tudo pro YouTube. Todos
[25] sabem o que você fez no verão passado e no minuto que passou também.
Ninguém mais consegue dar uma sumida. Não existem mais portas, não existem
mais paredes. Alguém sabe exatamente onde você está, com quem e em que está
pensando. Se não sabe, você mesmo irá contar.
Julian Assange, o criador do site WikiLeaks, justifica a revelação de documentos
[30] confidenciais com o argumento de que tem “aversão a segredos”. É uma frase que
parece heroica, mas me apavora. Tudo agora é rastreável: não existe mais o secreto, o
particular, o reservado. Estamos dando adeus à matéria-prima da poesia, do sentimento,
da introspecção, do delírio e da liberdade. Optamos por viver todos atados uns nos
outros – curiosamente, com tecnologia wireless.
Fonte: Jornal Zero Hora, 8 de dezembro de 2010.
O emprego dos articuladores lógicos já que (linha 5), mas (linha 6) e pois (linha 6) estabelecem, respectivamente, as seguintes relações de sentido:
Adeus ao “em off”
Martha Medeiros
Antes de o ano de 2010 terminar, mais um fato explosivo: o vazamento de
informações confidenciais pelo site WikiLeaks, comprometendo as relações
diplomáticas de diversos países, causando muitas saias justas, inclusive no Brasil. Não
tenho opinião sacramentada sobre o assunto. Um lado meu concorda que informações
[5] de trincheira devam vir a público, já que o que é tramado por organizações
governamentais interessa a todos. Mas admito que há aí um certo idealismo, pois
dificilmente conseguiremos destituir o poder do “em off” no universo cavernoso da
política. Já, aqui fora, o “em off” desapareceu de vez.
Outro dia, assisti a uma reportagem sobre a invenção de uma touca de eletrodos
[10] que, ao ser colocada na cabeça, emite sinais ao cérebro do usuário, possibilitando que
ele acione comandos através da força do pensamento. Aposto: num piscar de olhos, será
patenteado e vendido nas Americanas. E não vai parar aí: pesquisas avançam e logo será
possível ler os pensamentos de outras pessoas. Nada me parece mais invasivo.
Considero um atrevimento até para com os criminosos. O pensamento é o único reduto
[15] de liberdade e privacidade que nos resta. O dia em que pudermos ler os pensamentos
uns dos outros, acabou-se todo o mistério da vida.
O mercado de trabalho dos detetives não deve estar fácil. Quem precisa contratar
os serviços de um profissional em plena era do Facebook e do Twiter? Ninguém faz
mais nada escondido. E, se fizer, câmeras estão filmando a criatura desde o momento
[20] em que ela sai pela porta da casa, entra no elevador, cruza a garagem do prédio, circula
pelas ruas e chega ao escritório, sem falar na fiscalização dentro dos bancos,
restaurantes, boates, lojas, agências lotéricas e igrejas. Igrejas, sim, não duvido.
Além disso, você pode ser filmado enquanto faz sexo e pode ser fotografado por
algum celular enquanto tem um ataque epilético na rua. Vai tudo pro YouTube. Todos
[25] sabem o que você fez no verão passado e no minuto que passou também.
Ninguém mais consegue dar uma sumida. Não existem mais portas, não existem
mais paredes. Alguém sabe exatamente onde você está, com quem e em que está
pensando. Se não sabe, você mesmo irá contar.
Julian Assange, o criador do site WikiLeaks, justifica a revelação de documentos
[30] confidenciais com o argumento de que tem “aversão a segredos”. É uma frase que
parece heroica, mas me apavora. Tudo agora é rastreável: não existe mais o secreto, o
particular, o reservado. Estamos dando adeus à matéria-prima da poesia, do sentimento,
da introspecção, do delírio e da liberdade. Optamos por viver todos atados uns nos
outros – curiosamente, com tecnologia wireless.
Fonte: Jornal Zero Hora, 8 de dezembro de 2010.
Analise as afirmativas relacionadas com a organização do texto.
I- Com relação à forma verbal, a autora usa o verbo, predominantemente, no tempo presente para os comentários e no tempo passado para os relatos.
II-Ao afirmar que, aqui fora, o “em off” desapareceu de vez, a autora insinua que perdemos a privacidade a partir das novas tecnologias.
III- No último parágrafo, a autora emprega o elemento linguístico tudo (linha 31), com o propósito apenas de resumir o que foi dito anteriormente.
Assinale a alternativa correta.
Adeus ao “em off”
Martha Medeiros
Antes de o ano de 2010 terminar, mais um fato explosivo: o vazamento de
informações confidenciais pelo site WikiLeaks, comprometendo as relações
diplomáticas de diversos países, causando muitas saias justas, inclusive no Brasil. Não
tenho opinião sacramentada sobre o assunto. Um lado meu concorda que informações
[5] de trincheira devam vir a público, já que o que é tramado por organizações
governamentais interessa a todos. Mas admito que há aí um certo idealismo, pois
dificilmente conseguiremos destituir o poder do “em off” no universo cavernoso da
política. Já, aqui fora, o “em off” desapareceu de vez.
Outro dia, assisti a uma reportagem sobre a invenção de uma touca de eletrodos
[10] que, ao ser colocada na cabeça, emite sinais ao cérebro do usuário, possibilitando que
ele acione comandos através da força do pensamento. Aposto: num piscar de olhos, será
patenteado e vendido nas Americanas. E não vai parar aí: pesquisas avançam e logo será
possível ler os pensamentos de outras pessoas. Nada me parece mais invasivo.
Considero um atrevimento até para com os criminosos. O pensamento é o único reduto
[15] de liberdade e privacidade que nos resta. O dia em que pudermos ler os pensamentos
uns dos outros, acabou-se todo o mistério da vida.
O mercado de trabalho dos detetives não deve estar fácil. Quem precisa contratar
os serviços de um profissional em plena era do Facebook e do Twiter? Ninguém faz
mais nada escondido. E, se fizer, câmeras estão filmando a criatura desde o momento
[20] em que ela sai pela porta da casa, entra no elevador, cruza a garagem do prédio, circula
pelas ruas e chega ao escritório, sem falar na fiscalização dentro dos bancos,
restaurantes, boates, lojas, agências lotéricas e igrejas. Igrejas, sim, não duvido.
Além disso, você pode ser filmado enquanto faz sexo e pode ser fotografado por
algum celular enquanto tem um ataque epilético na rua. Vai tudo pro YouTube. Todos
[25] sabem o que você fez no verão passado e no minuto que passou também.
Ninguém mais consegue dar uma sumida. Não existem mais portas, não existem
mais paredes. Alguém sabe exatamente onde você está, com quem e em que está
pensando. Se não sabe, você mesmo irá contar.
Julian Assange, o criador do site WikiLeaks, justifica a revelação de documentos
[30] confidenciais com o argumento de que tem “aversão a segredos”. É uma frase que
parece heroica, mas me apavora. Tudo agora é rastreável: não existe mais o secreto, o
particular, o reservado. Estamos dando adeus à matéria-prima da poesia, do sentimento,
da introspecção, do delírio e da liberdade. Optamos por viver todos atados uns nos
outros – curiosamente, com tecnologia wireless.
Fonte: Jornal Zero Hora, 8 de dezembro de 2010.
Em “É uma frase que parece heroica, mas me apavora” (linhas 30 e 31), podemos dizer que, a partir dos elementos fornecidos pelo texto, esse sentimento é manifestado
Adeus ao “em off”
Martha Medeiros
Antes de o ano de 2010 terminar, mais um fato explosivo: o vazamento de
informações confidenciais pelo site WikiLeaks, comprometendo as relações
diplomáticas de diversos países, causando muitas saias justas, inclusive no Brasil. Não
tenho opinião sacramentada sobre o assunto. Um lado meu concorda que informações
[5] de trincheira devam vir a público, já que o que é tramado por organizações
governamentais interessa a todos. Mas admito que há aí um certo idealismo, pois
dificilmente conseguiremos destituir o poder do “em off” no universo cavernoso da
política. Já, aqui fora, o “em off” desapareceu de vez.
Outro dia, assisti a uma reportagem sobre a invenção de uma touca de eletrodos
[10] que, ao ser colocada na cabeça, emite sinais ao cérebro do usuário, possibilitando que
ele acione comandos através da força do pensamento. Aposto: num piscar de olhos, será
patenteado e vendido nas Americanas. E não vai parar aí: pesquisas avançam e logo será
possível ler os pensamentos de outras pessoas. Nada me parece mais invasivo.
Considero um atrevimento até para com os criminosos. O pensamento é o único reduto
[15] de liberdade e privacidade que nos resta. O dia em que pudermos ler os pensamentos
uns dos outros, acabou-se todo o mistério da vida.
O mercado de trabalho dos detetives não deve estar fácil. Quem precisa contratar
os serviços de um profissional em plena era do Facebook e do Twiter? Ninguém faz
mais nada escondido. E, se fizer, câmeras estão filmando a criatura desde o momento
[20] em que ela sai pela porta da casa, entra no elevador, cruza a garagem do prédio, circula
pelas ruas e chega ao escritório, sem falar na fiscalização dentro dos bancos,
restaurantes, boates, lojas, agências lotéricas e igrejas. Igrejas, sim, não duvido.
Além disso, você pode ser filmado enquanto faz sexo e pode ser fotografado por
algum celular enquanto tem um ataque epilético na rua. Vai tudo pro YouTube. Todos
[25] sabem o que você fez no verão passado e no minuto que passou também.
Ninguém mais consegue dar uma sumida. Não existem mais portas, não existem
mais paredes. Alguém sabe exatamente onde você está, com quem e em que está
pensando. Se não sabe, você mesmo irá contar.
Julian Assange, o criador do site WikiLeaks, justifica a revelação de documentos
[30] confidenciais com o argumento de que tem “aversão a segredos”. É uma frase que
parece heroica, mas me apavora. Tudo agora é rastreável: não existe mais o secreto, o
particular, o reservado. Estamos dando adeus à matéria-prima da poesia, do sentimento,
da introspecção, do delírio e da liberdade. Optamos por viver todos atados uns nos
outros – curiosamente, com tecnologia wireless.
Fonte: Jornal Zero Hora, 8 de dezembro de 2010.
No primeiro e segundo parágrafos, quanto ao uso de dois pontos, podemos dizer que foram empregados, respectivamente,
I- para apresentar, na sequência, uma explicação sobre o referente (linha 1), para substituir um articulador e, com ironia, opinar sobre uma ideia citada (linha 11), para apresentar uma explicação sugerindo um fato novo (linha 12).
II- para marcar, exclusivamente, uma opção estilística.
III- estão mal empregados, uma vez que dificultam o estabelecimento das relações lógico-conceituais, que deveriam ser melhor apresentadas.
Assinale a alternativa correta.