Questões de Português - Leitura e interpretação de textos - Gêneros textuais - Verbais/Narrativos - carta
TEXTO
Queridos
É desconfortável para mim falar sobre racismo, prefiro falar sobre as coisas que amo, pasmem. Mas às vezes o silêncio sobre esse assunto pesa. Por isso, venho encontrando coragem para me expressar
Tem sido divertido entender minha própria maneira de fazer isso, estou aprendendo muito sobre mim. Estou cruzando fronteiras e amigos, desmantelando o racismo impregnado na minha pele. Sugiro que vocês embarquem comigo nessa viagem, pois o racismo também está em todos os seus poros. Não sou de apontar dedos, mas vocês o reproduzem inconscientemente o tempo todo. Ainda bem que aprendi desde cedo a força do perdão. Eu não seria amiga de vocês sem isso.
Sou fascinada pela arte como forma de protesto, meus ídolos têm isso em comum. É inspirada por eles que manifesto nesta tímida e honesta carta meu amor por vocês e o imenso descontentamento que sinto ao me lembrar das vezes que não enxergaram minha cor. Para mim, tão importante quanto protestar é louvar a vida que flui milagrosamente neste país há quinhentos anos, em meio a tanta barbaridade. Vida que, desde sempre, cria arte, pensamento, tecnologia, medicina, agricultura, educação. A vida negra é a vida que movimenta este país.
Tenho a sorte de ter vocês como amigos. Reconheço nossa caminhada juntos por uma existência mais consciente. Tenho refletido muito sobre isso. Não sejam ingênuos: viver de forma sustentável mesmo é ouvir os pretos, investir nas ideias geniais que nascem e diariamente morrem nas favelas e periferias do Brasil. É contratar e promover gente preta, criar oportunidades para que outros liderem a mudança que todos queremos ver. É dividir o pão, fazer o dinheiro – meio de troca ainda tão poderoso no mundo da matéria – circular por mais tempo entre aqueles que sofrem mais com o sistema. É reforma agrária e urbana, taxação de grandes fortunas, política de cotas, abolição do sistema penal. Vocês sabem o tamanho do desafio…
exto adaptado de LIMA, Ligia. Letras sensatas: aos meus amigos brancos. Revista Piauí. Edição 166, julho de 2020. Disponível em: . Acesso em: 06 ago. 2020.
Segundo o Texto, é correta a seguinte afirmativa:
TEXTO
Queridos
É desconfortável para mim falar sobre racismo, prefiro falar sobre as coisas que amo, pasmem. Mas às vezes o silêncio sobre esse assunto pesa. Por isso, venho encontrando coragem para me expressar
Tem sido divertido entender minha própria maneira de fazer isso, estou aprendendo muito sobre mim. Estou cruzando fronteiras e amigos, desmantelando o racismo impregnado na minha pele. Sugiro que vocês embarquem comigo nessa viagem, pois o racismo também está em todos os seus poros. Não sou de apontar dedos, mas vocês o reproduzem inconscientemente o tempo todo. Ainda bem que aprendi desde cedo a força do perdão. Eu não seria amiga de vocês sem isso.
Sou fascinada pela arte como forma de protesto, meus ídolos têm isso em comum. É inspirada por eles que manifesto nesta tímida e honesta carta meu amor por vocês e o imenso descontentamento que sinto ao me lembrar das vezes que não enxergaram minha cor. Para mim, tão importante quanto protestar é louvar a vida que flui milagrosamente neste país há quinhentos anos, em meio a tanta barbaridade. Vida que, desde sempre, cria arte, pensamento, tecnologia, medicina, agricultura, educação. A vida negra é a vida que movimenta este país.
Tenho a sorte de ter vocês como amigos. Reconheço nossa caminhada juntos por uma existência mais consciente. Tenho refletido muito sobre isso. Não sejam ingênuos: viver de forma sustentável mesmo é ouvir os pretos, investir nas ideias geniais que nascem e diariamente morrem nas favelas e periferias do Brasil. É contratar e promover gente preta, criar oportunidades para que outros liderem a mudança que todos queremos ver. É dividir o pão, fazer o dinheiro – meio de troca ainda tão poderoso no mundo da matéria – circular por mais tempo entre aqueles que sofrem mais com o sistema. É reforma agrária e urbana, taxação de grandes fortunas, política de cotas, abolição do sistema penal. Vocês sabem o tamanho do desafio…
exto adaptado de LIMA, Ligia. Letras sensatas: aos meus amigos brancos. Revista Piauí. Edição 166, julho de 2020. Disponível em: . Acesso em: 06 ago. 2020.
Considere as seguintes afirmações tendo como base o Texto;
I - Em sua carta, Ligia Lima aponta o remorso que seus amigos brancos sentem por suas atitudes racistas.
II - A carta revela que o curso e o desenvolvimento do país contam, em sua essência, com a cultura e a participação negra.
III - Na carta, a autora afirma que o racismo está impregnado na realidade do país e tem sido reproduzido ininterruptamente de forma inconsciente.
Estão corretas:
TEXTO
Em 1934, um redator de Nova York chamado Robert Pirosh largou o emprego bem remunerado numa agência de publicidade e rumou para Hollywood, decidido a trabalhar como roteirista. Lá chegando, anotou o nome e o endereço de todos os diretores, produtores e executivos que conseguiu encontrar e enviou-lhes o que certamente é o pedido de emprego mais eficaz que alguém já escreveu, pois resultou em três entrevistas, uma das quais lhe rendeu o cargo de roteirista assistente na MGM.
Prezado senhor:
Gosto de palavras. Gosto de palavras gordas,
untuosas, como lodo, torpitude, glutinoso, bajulador.
Gosto de palavras solenes, como pudico, ranzinza,
pecunioso, valetudinário. Gosto de palavras espúrias,
[5] enganosas, como mortiço, liquidar, tonsura, mundana.
Gosto de suaves palavras com “V”, como Svengali,
avesso, bravura, verve. Gosto de palavras crocantes,
quebradiças, crepitantes, como estilha, croque, esbarrão,
crosta. Gosto de palavras emburradas, carrancudas,
[10] amuadas, como furtivo, macambúzio, escabioso, sovina.
Gosto de palavras chocantes, exclamativas, enfáticas,
como astuto, estafante, requintado, horrendo. Gosto de
palavras elegantes, rebuscadas, como estival,
peregrinação, Elísio, Alcíone. Gosto de palavras
[15] vermiformes, contorcidas, farinhentas, como rastejar,
choramingar, guinchar, gotejar. Gosto de palavras
escorregadias, risonhas, como topete, borbulhão, arroto.
Gosto mais da palavra roteirista que da palavra
redator, e por isso resolvi largar meu emprego numa
[20] agência de publicidade de Nova York e tentar a sorte em
Hollywood, mas, antes de dar o grande salto, fui para a
Europa, onde passei um ano estudando, contemplando e
perambulando.
Acabei de voltar e ainda gosto de palavras.
[25] Posso trocar algumas com o senhor?
Robert Pirosh
Madison Avenue, 385
Quarto 610
Nova York
Eldorado 5-6024.
(USHER, Shaun .(Org) Cartas extraordinárias: a correspondência inesquecível de pessoas notáveis. Trad. de Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.p.48.)
Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação verdadeira sobre o contexto da carta.
Para responder à questão, leia a carta enviada por Carlos Drummond de Andrade ao jornalista Carlos Castello Branco.
Rio, 20 de maio de 1976.
Castello,
Acabo de saber, por uma amiga comum, que foi notada, na correspondência dirigida a você pela perda do seu filho, a ausência de manifestação de minha parte. Devo dizer que, como toda criatura sensível e experimentada pela vida, senti muito, senti com você e com sua mulher, a tristeza do acontecimento. Se não a manifestei, foi devido a um movimento de discrição, que me inibiu de dirigir-me a você por serem tão vagas e distantes as nossas relações pessoais, apesar da admiração que voto à sua inteligência e à sua linha cívica — admiração que nunca escondi das pessoas com quem trato. Achei que iria, de certa maneira, invadir aquele território a que só têm acesso os amigos — e eu nunca tive oportunidade de estabelecer com você laços de amizade, o que lamento. Entre os meus defeitos creio não figurar a algidez diante da dor humana, e a de vocês dois atrai imediatamente todas as solidariedades, expressas ou silenciosas. Triste é também que, ao me aproximar de você, como agora o faço, o motivo seja dessa ordem, quando poderia ser festivo ou ocasional. Não quero, entretanto, que perdure em seu espírito a menor dúvida sobre a minha reação ante o fato que o acabrunhou. Nada posso dizer ou fazer no sentido de induzi-lo a um estado de conformidade e aceitação do inelutável. Eu sei, de ciência própria, que só as forças interiores — e você as tem, apuradas — são capazes de nos fazer assimilar uma perda como essa e de criar as condições para o ressurgimento ou recuperação da vida moral. Ignoro se você é homem de fé. Eu não tenho nenhuma, porém me alentaram, mais de uma vez, as reflexões de Kierkegaard sobre os mortos e o relacionamento entre eles e nós.
Receba, com sua mulher, o abraço de fraternal sentimento, meu e de Dolores.
Seu Carlos Drummond.
(Sérgio Rodrigues (org.). Cartas brasileiras, 2017.)
Em “Eu sei, de ciência própria, que só as forças interiores [...] são capazes de nos fazer assimilar uma perda como essa”, a expressão sublinhada alude à ideia de
Leia o poema “Sociedade”, de Carlos Drummond de Andrade, publicado no livro “Alguma poesia”, em 1930, para responder à questão seguinte.
Sociedade.
O homem disse para o amigo:
— Breve irei a tua casa
e levarei minha mulher.
O amigo enfeitou a casa
e quando o homem chegou com a mulher,
soltou uma dúzia de foguetes.
O homem comeu e bebeu.
A mulher bebeu e cantou.
Os dois dançaram.
O amigo estava muito satisfeito.
Quando foi hora de sair,
o amigo disse para o homem:
— Breve irei a tua casa.
E apertou a mão dos dois.
No caminho o homem resmunga:
— Ora essa, era o que faltava.
E a mulher ajunta: — Que idiota.
— A casa é um ninho de pulgas.
— Reparaste o bife queimado?
O piano ruim e a comida pouca.
E todas as quintas-feiras
eles voltam à casa do amigo
que ainda não pôde retribuir a visita.
Leia, atentamente, a terceira estrofe do poema, reproduzida a seguir.
O homem comeu e bebeu.
A mulher bebeu e cantou.
Os dois dançaram.
O amigo estava muito satisfeito.
Assinale a alternativa que faz uma leitura CORRETA do valor semântico que emerge da relação entre os versos.
Texto
Correspondência (Millôr Fernandes)
Querido mano,
Anteontem futebolei bastante com uns amigos. Depois cigarrei um pouco e nos divertimos montanhando, até que o dia anoiteceu. Então desmontanhamos, nos amesamos, sopamos, arrozamos, bifamos, ensopadamos e cafezamos. Em seguida, varandamos. No dia seguinte, cavalamos muito.
Abraços do irmão,
Maninho.
O narrador do texto “Correspondência”, de Millôr Fernandes, criou palavras novas para se comunicar. Que transformação o fez produzir essa “inovação” textual?
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