Leia o texto a seguir para responder a QUESTÃO
Texto
As Crianças Chatas Não posso.
Não posso pensar na cena que visualizei e que é real. O filho está de noite com dor de fome e diz para a mãe: estou com fome, mamãe. Ela responde com doçura: dorme. Ele diz: mas estou com fome. Ela insiste: durma. Ele diz: não posso, estou com fome. Ela repete exasperada: durma. Ele insiste. Ela grita com dor: durma, seu chato! Os dois ficam em silêncio no escuro, imóveis. Será que ele está dormindo? - pensa ela toda acordada. E ele está amedrontado demais para se queixar. Na noite negra os dois estão despertos. Até que, de dor e cansaço, ambos cochilam, no ninho da resignação. E eu não aguento a resignação. Ah, como devoro com fome e prazer a revolta.
Fonte: LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p. 23.
Sobre aspectos morfossintáticos e semânticos, assinale a alternativa INCORRETA.
Leia o texto a seguir para responder a QUESTÃO
Texto I
Empatia, exigência do mundo atual
Na atualidade, precisamos do homo empaticus mais do que do homo ‘vingativus’. Empatia significa capacidade psicológica para sentir o que sentiria outra pessoa caso estivesse na mesma situação. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo. A empatia leva as pessoas a ajudar umas às outras; está intimamente ligada ao altruísmo – amor e interesse pelo próximo – e à capacidade de ajudar. Quando um indivíduo consegue sentir a dor ou o sofrimento do outro ao se colocar no seu lugar, desperta a vontade de ajudar e de agir seguindo princípios morais.
A capacidade de se colocar no lugar do outro, que se desenvolve pela empatia, ajuda a compreender melhor o comportamento em determinadas circunstâncias e a forma como o outro toma as decisões. Ser empático é ter afinidades e se identificar com outra pessoa. É saber ouvir os outros, compreender os seus problemas e emoções. Quando alguém diz “houve uma empatia imediata entre nós”, significa que houvegrande envolvimento, identificação imediata. O contato com a outra pessoa gerou prazer, alegria e satisfação. Houve compatibilidade. Nesse contexto, a empatia pode ser considerada o oposto de antipatia.
[...] A empatia é diferente da simpatia, porque a simpatia é majoritariamente uma resposta intelectual, enquanto a empatia é uma fusão emotiva. Enquanto a simpatia indica vontade de estar na presençade outra pessoa e de agradar a ela, a empatia faz brotar a vontade de compreender e conhecer outra pessoa.
[...] A empatia é, de fato, um ideal que tem o poder tanto de transformar nossas vidas quanto de promover profundas mudanças sociais. A empatia pode gerar uma revolução: uma revolução nas relações humanas. [...]
Estamos excessivamente absortos em nossas próprias vidas para dedicar muita atenção a qualquer outra pessoa.
Empatia é a arte de se colocar no lugar do outro por meio da imaginação, compreendendo seus sentimentos e suas perspectivas e usando essacompreensão para guiar as próprias ações. A empatia é uma questão de descobrir esses gostos diferentes. [...]
Por essa atitude, nasce o reconhecimento da importância de tentar olhar por meio dos olhos das pessoas que usarão os produtos que são criados. Olhar com os olhos dos outros torna-se um esforço pessoalmente desafiador (às vezes divertido), mas tem extraordinário potencialcomo força de mudança social.
Empatia = compreensão de que o tamanho único não serve para todos.
A ideia de empatia não é nova. Na última década, porém, apesar da força da ideia de que somos criaturas egoístas por definição, preocupadas em se autoproteger, voltadas para os próprios fins individualistas, essa ideia foi deixada de lado por evidências de que somos também homo empathicus – fisicamente equipados para sentir empatia. E três frentes tornaram o avanço da empatia algo importante:
• Neurocientistas identificaram em nosso cérebro um ‘conjunto de circuitos da empatia’ com 10 seções que, se danificado, pode restringirnossa capacidade de compreender o que outras pessoas estão sentindo;
• Biólogos evolucionistas mostraram que somos animais sociais que evoluímos naturalmente para sermos empáticos e cooperativos, comonossos primos primatas;
• Psicólogos revelaram que até mesmo crianças de três anos são capazes de sair de si mesmas e ver a partir da perspectivas de outraspessoas [...]
É preciso pensar novas rotinas, novos desafios, novas ações, novas sensações, pois cuidar de si mesmo está se tornando uma aspiração ultrapassada, à medida que começamos a perceber que a empatia está no cerne do ser humano. Estamos no meio de uma grande transição da era cartesiana, de ‘penso, logo sou’ para uma era empática de ‘você é, logo sou’. [...]
Quase todas as pessoas possuem capacidade de criar empatia, ainda que nem todas a usem. [...]. Mas não vivemos num mundo insensível: a empatia é a matéria em meio à qual nos movemos.
Só que, neste momento da História, estamos sofrendo um ‘déficit de empatia’ crônico, tanto na sociedade quanto em nossa vida pessoal. Há mais pessoas morando sozinhas e passando menos tempo envolvidas em atividades sociais e comunitárias que promovam a sensibilidade empática. As redes sociais são boas para disseminar informações, mas – pelo menos até agora – pouco competentes em difundir empatia.
Violência urbana, política e étnica, intolerância religiosa, pobreza e fome, abusos dos direitos humanos, aquecimento global – há uma necessidade urgente de utilizar o poder da empatia para enfrentar essas crises e transpor as divisões sociais. Isso exige que pensemos sobre a empatia não apenas como uma relação entre indivíduos, mas como uma força coletiva que pode alterar os contornos da paisagem social e política.
Precisamos reconhecer que a empatia não apenas nos torna bons – ela nos faz bem. Stephen Covey afirma que "‘a comunicação empática’ é uma das chaves para o aperfeiçoamento das relações interpessoais. (...) O pensamento criativo também melhora com uma injeção de empatia, pois ela nos permite ver problemas e perspectivas que de outra maneira permaneceriam ocultos". [...]
Empatia é o antídoto para o individualismo absorto em si mesmo que herdamos do século passado. Vamos pensar em uma era da ‘outrospecção’,na qual encontramos melhor equilíbrio entre olhar para dentro e olhar para fora; é a ideia de descobrir quem somos e como devemos viver saindo de nós mesmos e explorando as vidas e perspectivas de outras pessoas. E a forma de arte essencial para Era da Outrospecção é a empatia. O movimento do pêndulo histórico equilibra melhor a introspecção aceitando o movimento de outrospecção. Precisamos de um movimento para fora do ‘eu’.
Mas não sejamos ingênuos. A empatia não é uma panaceia para todos os problemas do mundo, nem para todas as lutas que enfrentamos em nossas vidas. É importante ser realista com relação ao que ela pode e não pode realizar. A maneira mais eficaz de promover uma profundamudança social não está nos meios tradicionais da política partidária e na introdução de novas leis e políticas, mas na mudança do modo como as pessoas se tratam umas às outras num plano individual – em outras palavras, por meio da empatia.
Fonte: NUNES, Claudia. Empatia, exigência do mundo atual. Revista Educação Pública, v. 19, nº 1, 8 de janeiro de 2019. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/1/empatia-exigencia-do-mundoatual. Acesso em: 01 março 2023. (adaptado)
Sobre o conceito de empatia discutido no texto, analise as afirmativas:
I. A empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, compreendendo seus sentimentos e suas perspectivas.
II. A empatia significa estar presente na vida de outra pessoa e agradá-la. Assim, a empatia é predominantemente uma reação intelectual.
III. Empatia significa capacidade psicológica para sentir o que sentiria outra pessoa caso estivesse na mesma situação, sendo, desse modo, um antídoto para o individualismo.
IV. Empatia é quando A consegue sentir a dor ou o sofrimento de B ao se colocar no seu lugar, todavia não desperta em A o desejo de ajudar B conforme princípios morais.
Assinale a alternativa CORRETA.
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Texto I
Empatia, exigência do mundo atual
Na atualidade, precisamos do homo empaticus mais do que do homo ‘vingativus’. Empatia significa capacidade psicológica para sentir o que sentiria outra pessoa caso estivesse na mesma situação. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo. A empatia leva as pessoas a ajudar umas às outras; está intimamente ligada ao altruísmo – amor e interesse pelo próximo – e à capacidade de ajudar. Quando um indivíduo consegue sentir a dor ou o sofrimento do outro ao se colocar no seu lugar, desperta a vontade de ajudar e de agir seguindo princípios morais.
A capacidade de se colocar no lugar do outro, que se desenvolve pela empatia, ajuda a compreender melhor o comportamento em determinadas circunstâncias e a forma como o outro toma as decisões. Ser empático é ter afinidades e se identificar com outra pessoa. É saber ouvir os outros, compreender os seus problemas e emoções. Quando alguém diz “houve uma empatia imediata entre nós”, significa que houvegrande envolvimento, identificação imediata. O contato com a outra pessoa gerou prazer, alegria e satisfação. Houve compatibilidade. Nesse contexto, a empatia pode ser considerada o oposto de antipatia.
[...] A empatia é diferente da simpatia, porque a simpatia é majoritariamente uma resposta intelectual, enquanto a empatia é uma fusão emotiva. Enquanto a simpatia indica vontade de estar na presençade outra pessoa e de agradar a ela, a empatia faz brotar a vontade de compreender e conhecer outra pessoa.
[...] A empatia é, de fato, um ideal que tem o poder tanto de transformar nossas vidas quanto de promover profundas mudanças sociais. A empatia pode gerar uma revolução: uma revolução nas relações humanas. [...]
Estamos excessivamente absortos em nossas próprias vidas para dedicar muita atenção a qualquer outra pessoa.
Empatia é a arte de se colocar no lugar do outro por meio da imaginação, compreendendo seus sentimentos e suas perspectivas e usando essacompreensão para guiar as próprias ações. A empatia é uma questão de descobrir esses gostos diferentes. [...]
Por essa atitude, nasce o reconhecimento da importância de tentar olhar por meio dos olhos das pessoas que usarão os produtos que são criados. Olhar com os olhos dos outros torna-se um esforço pessoalmente desafiador (às vezes divertido), mas tem extraordinário potencialcomo força de mudança social.
Empatia = compreensão de que o tamanho único não serve para todos.
A ideia de empatia não é nova. Na última década, porém, apesar da força da ideia de que somos criaturas egoístas por definição, preocupadas em se autoproteger, voltadas para os próprios fins individualistas, essa ideia foi deixada de lado por evidências de que somos também homo empathicus – fisicamente equipados para sentir empatia. E três frentes tornaram o avanço da empatia algo importante:
• Neurocientistas identificaram em nosso cérebro um ‘conjunto de circuitos da empatia’ com 10 seções que, se danificado, pode restringirnossa capacidade de compreender o que outras pessoas estão sentindo;
• Biólogos evolucionistas mostraram que somos animais sociais que evoluímos naturalmente para sermos empáticos e cooperativos, comonossos primos primatas;
• Psicólogos revelaram que até mesmo crianças de três anos são capazes de sair de si mesmas e ver a partir da perspectivas de outraspessoas [...]
É preciso pensar novas rotinas, novos desafios, novas ações, novas sensações, pois cuidar de si mesmo está se tornando uma aspiração ultrapassada, à medida que começamos a perceber que a empatia está no cerne do ser humano. Estamos no meio de uma grande transição da era cartesiana, de ‘penso, logo sou’ para uma era empática de ‘você é, logo sou’. [...]
Quase todas as pessoas possuem capacidade de criar empatia, ainda que nem todas a usem. [...]. Mas não vivemos num mundo insensível: a empatia é a matéria em meio à qual nos movemos.
Só que, neste momento da História, estamos sofrendo um ‘déficit de empatia’ crônico, tanto na sociedade quanto em nossa vida pessoal. Há mais pessoas morando sozinhas e passando menos tempo envolvidas em atividades sociais e comunitárias que promovam a sensibilidade empática. As redes sociais são boas para disseminar informações, mas – pelo menos até agora – pouco competentes em difundir empatia.
Violência urbana, política e étnica, intolerância religiosa, pobreza e fome, abusos dos direitos humanos, aquecimento global – há uma necessidade urgente de utilizar o poder da empatia para enfrentar essas crises e transpor as divisões sociais. Isso exige que pensemos sobre a empatia não apenas como uma relação entre indivíduos, mas como uma força coletiva que pode alterar os contornos da paisagem social e política.
Precisamos reconhecer que a empatia não apenas nos torna bons – ela nos faz bem. Stephen Covey afirma que "‘a comunicação empática’ é uma das chaves para o aperfeiçoamento das relações interpessoais. (...) O pensamento criativo também melhora com uma injeção de empatia, pois ela nos permite ver problemas e perspectivas que de outra maneira permaneceriam ocultos". [...]
Empatia é o antídoto para o individualismo absorto em si mesmo que herdamos do século passado. Vamos pensar em uma era da ‘outrospecção’,na qual encontramos melhor equilíbrio entre olhar para dentro e olhar para fora; é a ideia de descobrir quem somos e como devemos viver saindo de nós mesmos e explorando as vidas e perspectivas de outras pessoas. E a forma de arte essencial para Era da Outrospecção é a empatia. O movimento do pêndulo histórico equilibra melhor a introspecção aceitando o movimento de outrospecção. Precisamos de um movimento para fora do ‘eu’.
Mas não sejamos ingênuos. A empatia não é uma panaceia para todos os problemas do mundo, nem para todas as lutas que enfrentamos em nossas vidas. É importante ser realista com relação ao que ela pode e não pode realizar. A maneira mais eficaz de promover uma profundamudança social não está nos meios tradicionais da política partidária e na introdução de novas leis e políticas, mas na mudança do modo como as pessoas se tratam umas às outras num plano individual – em outras palavras, por meio da empatia.
Fonte: NUNES, Claudia. Empatia, exigência do mundo atual. Revista Educação Pública, v. 19, nº 1, 8 de janeiro de 2019. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/1/empatia-exigencia-do-mundoatual. Acesso em: 01 março 2023. (adaptado)
Sobre a interpretação do texto, assinale a alternativa INCORRETA:
Leia o texto a seguir para responder a QUESTÃO
Texto I
Empatia, exigência do mundo atual
Na atualidade, precisamos do homo empaticus mais do que do homo ‘vingativus’. Empatia significa capacidade psicológica para sentir o que sentiria outra pessoa caso estivesse na mesma situação. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo. A empatia leva as pessoas a ajudar umas às outras; está intimamente ligada ao altruísmo – amor e interesse pelo próximo – e à capacidade de ajudar. Quando um indivíduo consegue sentir a dor ou o sofrimento do outro ao se colocar no seu lugar, desperta a vontade de ajudar e de agir seguindo princípios morais.
A capacidade de se colocar no lugar do outro, que se desenvolve pela empatia, ajuda a compreender melhor o comportamento em determinadas circunstâncias e a forma como o outro toma as decisões. Ser empático é ter afinidades e se identificar com outra pessoa. É saber ouvir os outros, compreender os seus problemas e emoções. Quando alguém diz “houve uma empatia imediata entre nós”, significa que houvegrande envolvimento, identificação imediata. O contato com a outra pessoa gerou prazer, alegria e satisfação. Houve compatibilidade. Nesse contexto, a empatia pode ser considerada o oposto de antipatia.
[...] A empatia é diferente da simpatia, porque a simpatia é majoritariamente uma resposta intelectual, enquanto a empatia é uma fusão emotiva. Enquanto a simpatia indica vontade de estar na presençade outra pessoa e de agradar a ela, a empatia faz brotar a vontade de compreender e conhecer outra pessoa.
[...] A empatia é, de fato, um ideal que tem o poder tanto de transformar nossas vidas quanto de promover profundas mudanças sociais. A empatia pode gerar uma revolução: uma revolução nas relações humanas. [...]
Estamos excessivamente absortos em nossas próprias vidas para dedicar muita atenção a qualquer outra pessoa.
Empatia é a arte de se colocar no lugar do outro por meio da imaginação, compreendendo seus sentimentos e suas perspectivas e usando essacompreensão para guiar as próprias ações. A empatia é uma questão de descobrir esses gostos diferentes. [...]
Por essa atitude, nasce o reconhecimento da importância de tentar olhar por meio dos olhos das pessoas que usarão os produtos que são criados. Olhar com os olhos dos outros torna-se um esforço pessoalmente desafiador (às vezes divertido), mas tem extraordinário potencialcomo força de mudança social.
Empatia = compreensão de que o tamanho único não serve para todos.
A ideia de empatia não é nova. Na última década, porém, apesar da força da ideia de que somos criaturas egoístas por definição, preocupadas em se autoproteger, voltadas para os próprios fins individualistas, essa ideia foi deixada de lado por evidências de que somos também homo empathicus – fisicamente equipados para sentir empatia. E três frentes tornaram o avanço da empatia algo importante:
• Neurocientistas identificaram em nosso cérebro um ‘conjunto de circuitos da empatia’ com 10 seções que, se danificado, pode restringirnossa capacidade de compreender o que outras pessoas estão sentindo;
• Biólogos evolucionistas mostraram que somos animais sociais que evoluímos naturalmente para sermos empáticos e cooperativos, comonossos primos primatas;
• Psicólogos revelaram que até mesmo crianças de três anos são capazes de sair de si mesmas e ver a partir da perspectivas de outraspessoas [...]
É preciso pensar novas rotinas, novos desafios, novas ações, novas sensações, pois cuidar de si mesmo está se tornando uma aspiração ultrapassada, à medida que começamos a perceber que a empatia está no cerne do ser humano. Estamos no meio de uma grande transição da era cartesiana, de ‘penso, logo sou’ para uma era empática de ‘você é, logo sou’. [...]
Quase todas as pessoas possuem capacidade de criar empatia, ainda que nem todas a usem. [...]. Mas não vivemos num mundo insensível: a empatia é a matéria em meio à qual nos movemos.
Só que, neste momento da História, estamos sofrendo um ‘déficit de empatia’ crônico, tanto na sociedade quanto em nossa vida pessoal. Há mais pessoas morando sozinhas e passando menos tempo envolvidas em atividades sociais e comunitárias que promovam a sensibilidade empática. As redes sociais são boas para disseminar informações, mas – pelo menos até agora – pouco competentes em difundir empatia.
Violência urbana, política e étnica, intolerância religiosa, pobreza e fome, abusos dos direitos humanos, aquecimento global – há uma necessidade urgente de utilizar o poder da empatia para enfrentar essas crises e transpor as divisões sociais. Isso exige que pensemos sobre a empatia não apenas como uma relação entre indivíduos, mas como uma força coletiva que pode alterar os contornos da paisagem social e política.
Precisamos reconhecer que a empatia não apenas nos torna bons – ela nos faz bem. Stephen Covey afirma que "‘a comunicação empática’ é uma das chaves para o aperfeiçoamento das relações interpessoais. (...) O pensamento criativo também melhora com uma injeção de empatia, pois ela nos permite ver problemas e perspectivas que de outra maneira permaneceriam ocultos". [...]
Empatia é o antídoto para o individualismo absorto em si mesmo que herdamos do século passado. Vamos pensar em uma era da ‘outrospecção’,na qual encontramos melhor equilíbrio entre olhar para dentro e olhar para fora; é a ideia de descobrir quem somos e como devemos viver saindo de nós mesmos e explorando as vidas e perspectivas de outras pessoas. E a forma de arte essencial para Era da Outrospecção é a empatia. O movimento do pêndulo histórico equilibra melhor a introspecção aceitando o movimento de outrospecção. Precisamos de um movimento para fora do ‘eu’.
Mas não sejamos ingênuos. A empatia não é uma panaceia para todos os problemas do mundo, nem para todas as lutas que enfrentamos em nossas vidas. É importante ser realista com relação ao que ela pode e não pode realizar. A maneira mais eficaz de promover uma profundamudança social não está nos meios tradicionais da política partidária e na introdução de novas leis e políticas, mas na mudança do modo como as pessoas se tratam umas às outras num plano individual – em outras palavras, por meio da empatia.
Fonte: NUNES, Claudia. Empatia, exigência do mundo atual. Revista Educação Pública, v. 19, nº 1, 8 de janeiro de 2019. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/1/empatia-exigencia-do-mundoatual. Acesso em: 01 março 2023. (adaptado)
Em “Quase todas as pessoas possuem capacidade de criar empatia, ainda que nem todas a usem.” (14º parágrafo), o elemento em destaque introduz uma oração:
Leia o poema a seguir para responder a QUESTÃO.
Texto
deixa que choro por você
quando estiver down
e achar que não vale a pena,
quando estiver assim
e pensar que já está demais
não se desespere
e nem faça nada pra interromper;
quando estiver triste
e achar que não vale a luta,
quando estiver assim
e pensar que já não é capaz
não se desanime
e nem faça nada pra desistir;
quando for lágrimas
e achar que não vale a dor,
quando for saudade
e achar que não vale a lembrança
não se cobre tanto
e nem faça nada pra lhe punir;
enfim, quando for agonia
e concluir que não vale a crença,
quando for despedida
e achar que não vale o adeus
não se martirize
e nem faça tanto pra ficar;
e depois de tudo
se ainda assim quiser chorar
deixa que eu choro por você,
se ainda assim quiser chorar
deixa que eu enxugo
as lágrimas pra você
deixa, deixa, deixa...
Fonte: PINHEIRO, Tião. Amorosamente: (Poemas). Palmas-TO: PROMIC,2022, p. 144.
Sobre a construção de sentidos do texto, é INCORRETO afirmar que:
Leia a crônica a seguir para responder a QUESTÃO.
Texto
Eu sei, mas não devia
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Fonte: COLASSANTI, Marina. Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.
Sobre a temática do texto, é possível afirmar que: