Com esses versos, o poeta nordestino Bráulio Bessa
Nesse poema, a voz autoral
Nesse haicai, Helena Kolody reflete sobre a
– Lampiãããããão morreeeu!...
Apanhado de susto, no papoco da notícia que acaba de atroar, Coriolano estremece de coração em rebates pegando a boca do peito. Freme-lhe o couro, esbarra a costura da chinela e apura as ouças de faro aguçado, espichando o pescoço pra fora da cacunda. Será, meu Pai do Céu, que o Herodes, enfim, desencarnou? Não, não pode ser! Na certa isto é capricho da idade! É o tal zumbido que se arranchou nos miolos, fazendo desta cabeça uma casa de mangangá, a ponto de me rodar o juízo desmareado, que bem carece umas cunhas pra não ficar assim tão bambeadeiro. Ou vá ver que é algum moleque me fazendo caçoada! Da mão imóvel e suspensa, pende e oscila a linha de pau dependurada no fundo da agulha, regulando ser uma cobra se retorcendo aumentada na sombra do candeeiro. Sequer os olhinhos se mexem, tal um cachorro sutil de focinho pegando o vento. Furando a escuridão lá de fora, relampeia aqui dentro a mesma voz: morreu o peste cego! Ouvira bem? Trafega-lhe no corpo um arrepio. Fora mesmo esse fio de mel que escorrera da zoada pra lhe adoçar as entranhas? Tomara, santo Deus, tomara! E sem ter mão de si, desgovernado numa vertigem sem qualquer ação, Coriolano larga a linha pra uma banda e pula do banquinho a rosnar vitoriado:
– Toma lá, satana dos infernos!
DANTAS, Francisco J. C. Os desvalidos. 3. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 13.
A respeito do romance Os desvalidos, está correto o que se afirma na alternativa
Getúlio Vargas voltou pelo voto popular e apoiou-se nisso para se sustentar no poder. As palavras agora eram: “populismo”, “nacionalismo”, “imperialismo”. [...]
Na noite de 24 de agosto, vítima de uma estranha ansiedade, saiu de casa e embrenhou-se no escuro parque entre o Palácio do Catete e a avenida Beira-Mar.
Toda a nação esperava a reação de Getúlio Vargas ao manifesto [que estava ocorrendo].
Antônio escalou uma palmeira cuja copa ficava no nível da única janela iluminada, no terceiro andar do palácio.
Nem bem acomodou-se entre as folhas, ouviu um tiro.
Em seguida, as duas bandas da janela se abriram e ele viu uma sombra se contorcendo, querendo sair, mas presa em alguma coisa dentro do quarto. [...]
Era Getúlio! O “bom velhinho” era o Velho! O tempo todo! E eu sou uma besta!
JAF, Ivan. O vampiro que descobriu o Brasil. Nova edição rev. e amp. São Paulo: Ática, 2012. p. 90-92. (Memórias de Sangue)
Inserindo-se o fragmento na obra, é correto afirmar que Antônio Brás, à procura de destruir o vampiro que lhe tirara o prazer de saborear uma lasca de bacalhau frito no azeite com vinho, ao longo da narrativa,
Estirou as pernas, encostou as carnes doídas ao muro. Se lhe tivessem dado tempo, ele teria explicado tudo direitinho. Mas pegado de surpresa, embatucara. Quem não ficaria azuretado com semelhante despropósito? Não queria capacitar-se de que a malvadez tivesse sido para ele. Havia engano, provavelmente o amarelo o confundira com outro. Não era senão isso.
Então por que um sem-vergonha desordeiro se arrelia, bota-se um cabra na cadeia, dá-se pancada nele? Sabia perfeitamente que era assim, acostumara-se a todas as violências, a todas as injustiças. E aos conhecidos que dormiam no tronco e aguentavam cipó de boi oferecia consolações:
— “Tenha paciência. Apanhar do governo não é desfeita.”
Mas agora rangia os dentes, soprava. Merecia castigo?
— An!
E, por mais que forcejasse, não se convencia de que o soldado amarelo fosse governo. Governo, coisa distante e perfeita, não podia errar. O soldado amarelo estava ali perto, além da grade, era fraco e ruim, jogava na esteira com os matutos e provocava-os depois. O governo não devia consentir tão grande safadeza.
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 35 ed. Rio de Janeiro, São Paulo: Record, Martins, 1976. p. 35.
O fragmento, retirado da obra Vidas Secas, revela