Nativos Digitais
Marcelo Sarkis
Nascidos a partir de 2000 formam a novíssima geração Z. Eles já vêm ao mundo totalmente conectados, não enxergam barreiras na tecnologia e influenciam hábitos e padrões de consumo e são os primeiros a entender como receber e filtrar o turbilhão de informações da era da internet.
[1] A ponta do dedo de Eric toca o visor do celular
da mãe e desliza em busca de novas imagens.
Com um ano e cinco meses, o guri apenas come-
ça a dizer as primeiras palavras, mas já aprendeu,
[5] sem muito esforço, o movimento que alterna as fo-
tos na tela do smartphone da mãe. Nascido em
2012, Eric é de uma geração que chega ao mundo
digital ainda antes de entrar no real – ainda na bar-
riga das mães, suas imagens são compartilhadas
[10] nas redes sociais, por exemplo.
Nascidos a partir do ano 2000, são conhecidos
como nativos digitais, geração Z, milenials, globa-
lists e tantas outras definições. Dos mais comple-
xos artigos acadêmicos a confusos textos em sites
[15] e blogs, todos estão tentando entender quem são
as crianças e os adolescentes que, a exemplo de
Eric, incorporam com facilidade tecnologias que
um senhor de 20 e tantos anos teria dificuldade de
absorver. Uma das corajosas que se aventuram
[20] nesse mundo é a analista de tendências Carolina
Althaller, da agência WMcCann: “Eles enxergam a
tecnologia e as redes como um meio. Usam o on-
line como ferramenta para se manter conectados,
não como um fim – explica”.
[25] Mais do que com tecnologia, nativos digitais
têm uma relação inédita com a informação. Domi-
nando a internet, a geração anterior, chamada de
Y, abriu caminho para que, além de consumidores,
todos fossem produtores de conteúdo. E em gran-
[30] de volume.
De acordo com o estudo da consultoria norte-
americana Qmee, a cada minuto que passa são
geradas, em média, 72 horas de vídeo no YouTu-
be, 41 mil posts no Facebook e 3,6 mil fotos no
[35] Instagram.
Essa é a quantidade de informação que deixou
a geração Y com problemas de ansiedade crônica,
mas que os nativos digitais parecem ser os primei-
ros a conseguir filtrar e processar.
[40] - É uma juventude que tem uma vida digital,
mas com bom senso de buscar experiências fora
do mundo virtual – avalia Bruna Paulin, pesquisa-
dora de comportamento que ministra, na PUCRS,
o curso de Elvis a Justin Bibier: comunicação,
[45] consumo, cultura e juventude.
- O mundo digital e o real se misturam, acaba
sendo uma coisa só – completa.
Embora nem sempre seja fácil para os mais ve-
lhos entender o que os nativos digitais têm a dizer,
[50] é importante compreender que se trata de uma ge-
ração pronta para contribuir com o mundo hiper-
conectado. A internet e a infinidade de gadgets
que os cercam fizeram com que eles desenvolves-
sem uma forma de pensamento não linear. Eles
[55] são e sabem várias coisas ao mesmo tempo, sem
medo de expressar suas diferenças e formas de
pensar e sem a necessidade de se encaixar em
um grupo específico.
(...) Para o doutor em comunicação Dado
[60] Schneider, é preciso abraçar as características da
gurizada que irá definir como a humanidade se re-
laciona e consome.
- Eles estão operando em um novo cenário,
mas os pais ainda exigem comportamentos anti-
gos. Isso é um absurdo. Não há nada de errado
em ser como eles são, reforça Carolina.
ZERO HORA, 1º de setembro de 2013.
O elemento “eles” (ℓ. 54) retoma, no texto,