Em meio ao vaivém acerca da produção de vacinas, dúvidas sobre a capacidade de armazenamento dos imunizantes, incertezas sobre quando será possível vacinar em larga escala, resistência ao uso de más- cara, aglomerações em profusão e crescimento avassalador da segunda onda da pandemia no hemisfério norte, a Covid-19 está atormentando o sono de muita gente.
É verdade que parte considerável da população está dormindo mais. Porém está dormindo mal, demo- rando a pegar no sono, que não anda nada tranquilo. E não é para menos. Quando pequenos prazeres do cotidiano, como abraçar um amigo ou sair pela rua respirando livremente, são motivos de desassossego, parece normal que pesadelos tão assustadores quanto recorrentes ganhem vida.
Se você está se identificando, saiba que não está sozinho. Há dados variados e de fontes diversas apon- tando para uma mesma direção. Cerca de metade dos brasileiros – mais de 100 milhões de pessoas – sofreram alterações no padrão de sono. É muita gente.
E há dados de pesquisas oficiais, como as do Ministério da Saúde, acadêmicas, como a realizada em par- ceria entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as universidades de Valência (Espanha) e de McMaster (Canadá), e de organismos internacionais.
Na calada da noite, a aflição gira em torno de problemas de saúde, isolamento social, dificuldades econô- micas, alteração radical da rotina, limitações pessoais, problemas de convivência, falta de espaço e, claro, o medo da morte. Ao despertar, restam os desgastes físico e mental.
Em situações de elevado nível de estresse, o sono costuma mesmo ser afetado. O interessante neste caso talvez seja a lição que a perturbação coletiva pode ensinar. Não importa se o corpo repousa sobre lençol de seda ou de poliéster, em circunstâncias extremas, o pesadelo mais assustador pode ser o de encarar as próprias limitações.
(ROSA, Ana Cristina. Que pesadelo! Folha de S.Paulo. Opinião. A2. 16 nov. 2020.)
Em relação à estrutura linguística utilizada no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. No primeiro parágrafo, o termo “a Covid-19” é classificado como sujeito.
II. No primeiro parágrafo, o uso recorrente de vírgulas serve para enumerar uma sequência de elementos coordenados.
III. No terceiro parágrafo, os travessões têm função de isolar um aposto explicativo.
IV. No terceiro parágrafo, no trecho “sofreram alterações”, o verbo na 3ª pessoa do plural está em desacordo com a norma padrão da língua.
Assinale a alternativa correta.