Uma pesquisa publicada em novembro de 2017 no periódico acadêmico Nicotine & Tobacco Research traz novos dados sobre o poder viciante ligado ao simples contato primário com o cigarro. O objetivo era esclarecer a dúvida: “Qual é a proporção de pessoas que fumam um cigarro e se tornam fumantes cotidianos?”
Segundo a análise, 69% daqueles que fumaram um primeiro cigarro se tornaram fumantes cotidianos, mesmo que temporariamente. O tamanho da “taxa de conversão” reforça a importância de políticas públicas com o intuito de desincentivar jovens a experimentarem a droga.
(André Cabette Fábio. “Qual a chance de alguém se tornar fumante após o primeiro cigarro?” www.nexojornal.com.br, 30.01.2019. Adaptado.)
Considere um grupo de N jovens que nunca havia fumado e que decidiu fumar o primeiro cigarro.
Segundo a matéria, após esse primeiro contato, a probabilidade de que nenhum deles se torne fumante cotidiano é igual a
Uma empresa de consultoria em estratégia de negócios fez uma pesquisa sobre as expectativas do consumidor para marketing digital no Brasil. Em uma das perguntas feitas, o consumidor teria que indicar se a última compra realizada para determinado segmento foi feita em loja física (off-line) ou por internet (on-line). O resultado obtido foi o seguinte:
Dentre os segmentos apresentados, aquele cuja distribuição está mais próxima da razão de 9 compras off-line para cada 5 compras on-line realizadas, nesta ordem, é o de
Leia o poema de Cruz e Sousa (1861-1898) para responder à questão.
O Assinalado
Tu és o louco da imortal loucura,
O louco da loucura mais suprema.
A terra é sempre a tua negra algema,
Prende-te nela a extrema Desventura.
Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma Desventura extrema
Faz que tu’alma suplicando gema
E rebente em estrelas de ternura.
Tu és o Poeta, o grande Assinalado
Que povoas o mundo despovoado,
De belezas eternas, pouco a pouco…
Na Natureza prodigiosa e rica
Toda a audácia dos nervos justifica
Os teus espasmos imortais de louco!
(Lauro Junkes (org.). Roteiro da poesia brasileira − Simbolismo, 2006.)
O poema utiliza em sua construção palavras e expressões que denotam qualidades intensas, extremas.
Contrasta com esse tom de exagero a moderação de um elemento do verso
Leia o trecho da crônica de Lima Barreto (1881-1922) para responder à questão.
A estação teatral
O Theatro Municipal! É inviável. A razão é simples: é muito grande e luxuoso. Supondo que uma peça do mais acatado dos nossos autores provoque uma enchente, repercuta sobre a opinião, haverá no Rio de Janeiro e arredores gente suficiente para enchê-lo dez, vinte ou trinta vezes? Decerto, não. Se ele não encher pelo menos dez vezes, por peça, a receita dará para custear a montagem, pagar o pessoal etc.? Também não.
De antemão, portanto, pode-se afirmar, deixando de apelar para números exatos, que aquilo não é muito prático, é inviável. Bem: há adianto à educação artística da população em plateias vazias? Isso estimula autores que não são nem pateados1 nem aplaudidos? Até os próprios atores, quando olham as plateias vazias e indiferentes, perderão o passo, o gesto, o entusiasmo, ao declamarem lindas tiradas e tiverem que jogar um diálogo vivo.
Hão de concordar, pois, que isso de representar para duas dúzias de cadeiras simplesmente ocupadas e três camarotes abarrotados não constitui coisa alguma e não merece sacrifício nenhum dos poderes públicos.
Armaram um teatro, cheio de mármores, de complicações luxuosas, um teatro que exige casaca, altas toilettes2, decotes, penteados, diademas, adereços, e querem com ele levantar a arte dramática, apelando para o povo do Rio de Janeiro.
Não se tratava bem do povo. Eternamente ele vive longe desses tentamens3 e não é mesmo nele que os governantes pensam quando cogitam dessas cousas; mas vá lá; não foi bem para o povo; foi para o chefe da seção, o médico da higiene, o engenheiro da prefeitura, gente entre seiscentos mil- -réis e cento e pouco. Pelo amor de Deus! Os senhores veem logo que essa gente não tem casaca e não pode dar todo o mês uma toilette a cada filha, e também à mulher!
(Beatriz Resende (org.). Lima Barreto: cronista do Rio, 2017. Adaptado.)
1patear: bater com os pés no chão em sinal de desagrado ou protesto.
2toilette: ato de pentear, maquiar, vestir, para aparecer em determinadas cerimônias.
3tentâmen: tentativa, experimento.
A principal crítica do texto dirige-se ao fato de
Leia o trecho da crônica de Lima Barreto (1881-1922) para responder à questão.
A estação teatral
O Theatro Municipal! É inviável. A razão é simples: é muito grande e luxuoso. Supondo que uma peça do mais acatado dos nossos autores provoque uma enchente, repercuta sobre a opinião, haverá no Rio de Janeiro e arredores gente suficiente para enchê-lo dez, vinte ou trinta vezes? Decerto, não. Se ele não encher pelo menos dez vezes, por peça, a receita dará para custear a montagem, pagar o pessoal etc.? Também não.
De antemão, portanto, pode-se afirmar, deixando de apelar para números exatos, que aquilo não é muito prático, é inviável. Bem: há adianto à educação artística da população em plateias vazias? Isso estimula autores que não são nem pateados1 nem aplaudidos? Até os próprios atores, quando olham as plateias vazias e indiferentes, perderão o passo, o gesto, o entusiasmo, ao declamarem lindas tiradas e tiverem que jogar um diálogo vivo.
Hão de concordar, pois, que isso de representar para duas dúzias de cadeiras simplesmente ocupadas e três camarotes abarrotados não constitui coisa alguma e não merece sacrifício nenhum dos poderes públicos.
Armaram um teatro, cheio de mármores, de complicações luxuosas, um teatro que exige casaca, altas toilettes2, decotes, penteados, diademas, adereços, e querem com ele levantar a arte dramática, apelando para o povo do Rio de Janeiro.
Não se tratava bem do povo. Eternamente ele vive longe desses tentamens3 e não é mesmo nele que os governantes pensam quando cogitam dessas cousas; mas vá lá; não foi bem para o povo; foi para o chefe da seção, o médico da higiene, o engenheiro da prefeitura, gente entre seiscentos mil- -réis e cento e pouco. Pelo amor de Deus! Os senhores veem logo que essa gente não tem casaca e não pode dar todo o mês uma toilette a cada filha, e também à mulher!
(Beatriz Resende (org.). Lima Barreto: cronista do Rio, 2017. Adaptado.)
1patear: bater com os pés no chão em sinal de desagrado ou protesto.
2toilette: ato de pentear, maquiar, vestir, para aparecer em determinadas cerimônias.
3tentâmen: tentativa, experimento.
Metáfora é a figura de linguagem na qual um termo é utilizado em sentido figurado no lugar de outro, semelhante, emprestando ao texto parte de sua significação própria.
Ocorre uma metáfora em
Leia o texto de Leão Serva para responder à questão.
Um procedimento essencial ao jornalismo que necessariamente induz à incompreensão dos fatos que narra é a redução das notícias a paradigmas que lhes são alheios, mas que permitem um certo nível imediato de compreensão pelo autor ou por aquele que ele supõe ser seu leitor. Através desse procedimento, noticiários confusos aparecerão simplificados para o leitor, reduzindo consequentemente sua capacidade real de compreensão da totalidade do significado da notícia.
Um caso clássico de redução na política internacional recente foi a exploração, durante a campanha eleitoral peruana de 1990, das supostas semelhanças entre o então recém- -empossado presidente Fernando Collor, no Brasil, e o então candidato liberal à presidência do Peru, Mario Vargas Llosa. A comparação se dava apenas nos aspectos mais superficiais (dois “bonitões”, com discurso liberal, propondo abertura de seus países ao exterior, contrários ao modelo de desenvolvimento adotado por seus países, fortemente alicerçado em investimentos estatais), eclipsando as diferenças entre esses dois políticos e as semelhanças mais intensas entre Fernando Collor e Alberto Fujimori, o candidato que enfrentou Vargas Llosa no segundo turno. Por decorrência da exploração dessa suposta semelhança, o sequestro das contas bancárias no Brasil, logo após a posse de Collor, em março de 1990, teve forte impacto negativo sobre a candidatura de Vargas Llosa. No entanto, as semelhanças essenciais entre Fujimori e Collor, perceptíveis a analistas políticos com formação em populismo, não apareciam na imprensa: o arrivismo1 dos dois; o desprezo pelas estruturas partidárias; a falta de bases de sustentação nas instituições democráticas — o que poderia levá-los a tentar saídas não convencionais para os embates políticos convencionais; a crítica de estilo fascista a todo o sistema político etc., eram semelhanças perceptíveis que se revelaram determinantes para as diferentes tragédias que marcaram cada uma das duas administrações — uma pelo fracasso do modelo e outra pela afirmação de uma ditadura civil por uma década inteira.
A eleição dos dois é apontada como fruto do uso da mídia, no sentido de obter colaboração dos indivíduos que operam os meios. Em boa medida isso que parece ser uma verdade cristalina se deve não à capacidade dos candidatos de “usar a mídia” (o que seria uma crítica profunda ao conjunto dos profissionais dos meios “de informação”, que afinal se deixam usar sem contrapor a esses usuários sem nenhum criticismo), mas a características sistêmicas essenciais imanentes ao jornalismo.
(Jornalismo e desinformação, 2005.)
1arrivismo: característica daquele que se determinou a triunfar a qualquer preço, mesmo que prejudicando outras pessoas.
No terceiro parágrafo, na expressão “verdade cristalina”, a palavra “cristalina” é equivalente a