Leia o início da crônica “Casa Dias”, de Félix Valois, publicada no Diário do Amazonas (edição de 12/09/2014, p. 6), para responder à questão.
Plantada ali na esquina das ruas Luís Antony e Alexandre Amorim, em Aparecida, a Casa Dias era talvez o último remanescente do comércio como ele existia nos meados do século passado, muito antes da Zona Franca. Vendia de tudo, de ferragens a alimentos, indo do ferro de engomar a carvão ao leite Nestogeno. Era ali que o professor Valois (meu pai) fazia as compras criteriosamente listadas por dona Lucíola (minha mãe), em um caderno no qual o balconista anotava os preços a serem honrados no final do mês. Não se sabia o que era cartão de crédito e o uso do cheque era restrito a uns poucos capitalistas que conseguiam manter contas no Banco do Brasil ou no Banco da Borracha, como era conhecido o Banco da Amazônia. Outros particulares corriam por fora, como o Banco Ultramarino, de capital acentuadamente português, e o Lloyd Bank, herança remota dos tempos em que os ingleses aqui mandavam e desmandavam, até levarem nossa seringueira para a Ásia e abandonarem o porto de lenha com seus bondes e o cais flutuante.
Uma tarde dessas passei em frente à casa Dias. Já não é a mesma, atingida, creio, por essa coisa inexorável que, com maior ou menor exatidão, chamamos progresso. A mixórdia dos produtos parece ter deixado de existir e são eles exibidos com a regularidade monótona dos supermercados, a forma dinâmica do comércio nos dias atuais. Fazer o quê? Se a mola do sistema é o lucro e se este depende da superação da concorrência, não seria sensato esperar que a estagnação acabasse por inviabilizar o empreendimento. Mas que senti saudade lá isso senti.
De acordo com o teor do texto, a palavra “mixórdia”, que está no início do terceiro período do segundo parágrafo, tem o sentido de: