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Texto IV
Dá pra desenhar?
Segundo o editor Carlos Andreazza, que lançou a campanha pela 'maioridade intelectual', vivemos o 'triunfo total da não-leitura'.
Quando abro a porta de meu apartamento dou de cara com uma estante cheia de livros, meus troféus. Ali estão meus favoritos da literatura brasileira, João Ubaldo, Veríssimo, Rubem Fonseca, Nelson Rodrigues, Cony, e também os estrangeiros, Saramago, Roth, Dostoievski, Tchekhov e muitos outros.
No quarto de meu filho a galeria de troféus aumenta um pouco a cada mês, somando-se ao folclore brasileiro e gibis da Turma da Mônica e Batman estórias da porquinha Olivia em português e espanhol e clássicos da literatura estrangeira, como The cat in the hat. A escola faz a sua parte, o troca-troca de livros entre os colegas e a ida semanal à biblioteca garante que, pelo menos, dois livros sejam lidos fora do horário de estudos formal, geralmente à hora de deitar para dormir.
Damos importância ao livro e, sobretudo, à leitura. Cultivamos o hábito da leitura, cultivamos o intelecto, a leitura como instrumento para a autonomia, para a construção da própria trajetória de vida, para a compreensão e interpretação do mundo que nos cerca a partir do nosso ponto de vista, e não de terceiros, uma empobrecida leitura mastigada, enviesada e, muitas vezes, coalhada de preconceitos e estereótipos.
Por outro lado, vivemos o “triunfo total da não-leitura”, conforme afirma o editor de não-ficção e literatura brasileira da Editora Record, Carlos Andreazza, que resolveu lançar a campanha pela “maioridade intelectual”, uma provocação à onda dos livros de colorir. Andreazza diz que, hoje, somos obrigados a falar redundâncias bárbaras como “livro para ler”. Uma piada de mau gosto porque livro pressupõe leitura.
Fonte: GRUMAN, Marcelo. Dá pra desenhar?, 2015. Disponível em <http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Cultura/Da-pra-desenhar-/39/33645>. Adaptado. Acesso em 07/06/2015. Adaptado.
Texto III
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A virtude dos livros de colorir para adultos é nos dar tempo para pensar
Há algumas semanas acompanhamos, estupefatos, a ascensão dos livros de colorir para adultos. Com a justificativa do combate ao estresse e valendo-se de gravuras super detalhadas para separá-los de desenhos que podemos imprimir de graça em qualquer site infantil, esses livros são um fenômeno editorial. Só no Brasil mais de 100 mil cópias já foram vendidas.
Livros de colorir fazem sucesso não por remeterem à infância, nem pelo desafio, muito menos para aflorar talentos adormecidos. Eles estão liderando os rankings de livrarias porque nos permitem desconectar, nos permitem mergulhar em nossos pensamentos. Permitem-nos ficar sem fazer nada.
Parece bobo, mas o ócio é muito importante. Seja lavando louça, seja colorindo um livro, todo respiro do tipo na nossa rotina é bem-vindo. São períodos para pensar melhor na vida, nos problemas, ou fugir deles. Duas coisas diametralmente opostas e igualmente sufocadas pela estimulação exacerbada e a atenção contínua que telas com rolagem infinita dos feeds do Facebook, do Twitter, do Tumblr ou qualquer outro app do tipo nos demanda.
Torço para que mais tendências como a desses livros para colorir apareçam. Ou melhor, se reinventem — afinal, esse papo de detalhes e a restrição “para adultos” é só uma nova roupagem, uma livre da culpa que fazer coisas de criança parece impor a gente grande. Como aqueles mesmos feeds viciantes do Facebook e outras redes sociais nos provam dia após dia, estamos precisando desesperadamente de mais tempo para refletir.
Fonte: GHEDIN, Rodrigo. A virtude dos livros de colorir para adultos é nos dar tempo para pensar, 2015. Disponível em <http://www.manualdousuario.net/livros-de-colorir-para-adultos/>. Acesso em 07/06/2015. Adaptado.
Os textos III e IV defendem