INSTRUÇÃO: Leia o texto que segue para responder às questões propostas.
AS TRÊS EXPERIÊNCIAS
Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para
escrever, e nasci para criar meus filhos. O “amar os outros” é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com
o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo
urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que
[5] conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.
E nasci para escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo. Eu tive desde a infância várias vocações que
me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei por que foi esta que eu segui. Talvez
porque para as outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que, para escrever, o aprendizado
é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós. É que não sei estudar. E, para escrever, o único estudo é
[10] mesmo escrever. Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder. E no
entanto cada vez que vou escrever, é como se fosse a primeira vez. Cada livro meu é uma estreia penosa e feliz.
Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que eu chamo de viver e escrever.
Quanto a meus filhos, o nascimento deles não foi casual. Eu quis ser mãe. Meus dois filhos foram gerados
voluntariamente. Os dois meninos estão aqui, ao meu lado. Eu me orgulho deles, eu me renovo neles, eu
[15] acompanho seus sofrimentos e angústias, eu lhes dou o que é possível dar. Se eu não fosse mãe, seria sozinha no
mundo. Mas tenho uma descendência e para eles no futuro eu preparo meu nome dia a dia. Sei que um dia abrirão
as asas para o voo necessário, e eu ficarei sozinha. É fatal, porque a gente não cria os filhos para a gente, nós os
criamos para eles mesmos. Quando eu ficar sozinha estarei cumprindo o destino de todas as mulheres [...].
Fonte: LISPECTOR, Clarice. Crônicas para jovens. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2010. Adaptado.
Quando o assunto é tempo e modo verbais, há, no português contemporâneo, formas equivalentes ao futuro do pretérito e ao futuro do presente.
Vejamos:
a) Futuro do pretérito: quanto ao tempo verbal pretérito imperfeito do modo indicativo, ainda encontramos, comumente, em linguagem corrente, o seu uso com valor de futuro do pretérito do indicativo, em casos como: “Se eu tivesse dinheiro, comprava aquele vestido.”
Disponível em: http://educacao.globo.com/portugues/assunto/usos-da-lingua/tempos-e-modos-verbais.html. Acesso em: 20 set. 2019. Adaptado.
b) Futuro do presente: corresponde à nossa própria intuição do que seja o futuro, ou seja, aquilo que está por vir, seja como expectativa, torcida, desejo. Possui três formas alternantes no português atual, por exemplo: “Estudará” (cada vez mais restrita a contextos formais);
“Vai estudar” (de uso crescentemente aceito, mesmo em contextos não excessivamente formais);
“Irá estudar” (que equivale a uma ênfase da última forma).
Disponível em: http://educacao.globo.com/portugues/assunto/usos-da-lingua/tempos-e-modos-verbais.html. Acesso em: 20 set. 2019. Adaptado.
Acerca dessas possibilidades de substituição de tempos verbais mencionados, assinale a alternativa INCORRETA.